11/01/2014
Hoje não vou escrever nada. O que é verdade, porque já estou escrevendo. E duas negativas produzem uma afirmativa, diria meu antigo mestre de matemática. O caso é que acordei me sentindo chato, e não quero transmitir o vírus da chatice para ninguém. Tem dias em que a gente começa assim, né não?
Acordo, tomo meus primeiros remédios – que fui empurrando para baixo com metade de um abacate. Aí chega minha secretária e faz o café e um sanduíche de queijo. O mundo começa a acordar e vou ficando menos chato. Pelo menos, acho. Então penso: que tipos de chato eu conheço? Não vou ficar fazendo trocadilhos infames como os da época de nossa infância lá pelo meio do século passado, que o assunto é sério. Vou usar o gênero masculino por achar mais genérico, mas o que escrevo se aplica a ambos, ops, TODOS os sexos.
O pior tipo é chato UNIVERSAL, aquele que todo mundo acha chato e que não precisa abrir a boca para provar que é chato. Que se pode botar num envelope e jogar debaixo da porta – do inimigo. O chato que nos deixa grato e estupefato quando o pato constata o fato e diz, no ato: ”já me vou, acato e parto”. E isso, quando tem tato. Quando chega, a conversa acaba e cada pessoa se lembra de um compromisso inadiável. Ele tem aura de chato. Quando nasceu e abriu os olhos, a parteira o deixou com a mãe e foi lavar roupas. Esse é o que fala cuspindo, te agarra pelo braço e não solta nem com um tiro na cabeça. Até a voz dele é chata. O fato é que não não percebe o quanto é chato. Só existe porque é chato, a chatice é a razão de ser de sua existência.
Sabe àqueles programinhas canalhas como o HAO123 e o New Tab que aparece ao ligar o Chrome? Tu corta, apaga e eles voltam. É um exemplo do chato INSISTENTE. Aí não é mais só gente que tá nessa. Todo mundo odeia o horário eleitoral “GRATUITO”, todo mundo acha chato, desliga a TV mas não adianta. Os chatos filhosdaputa do TRE insistem em nos encher o saco enquanto se fazem pagamentos enormes para publicitários ensinarem idiotas a dizer: “Meu nome é Zé Chato, vote em mim!” (pagamos impostos para isso?). Ó dia, como é chato!
Tem um desses que todo dia me para na rua com o slogan: “Dá um cigarro?”. Respondo, todos os dias: “Parei de fumar há dez anos”. E ele: “Então me dá um troco, lembra d’eu? Trabalhei no teu prédio em milnovecentoseokatzo…”. Corto o longo papo, o cara trabalhou lá mesmo, foi mandado embora por dormir bêbado no serviço: “Não carrego dinheiro, só cartão de crédito. Tu tens a maquininha?”. Se continua insistindo, mando pedir àquele presidente (ou foi a presidenta?) que acabou com a pobreza no Brasil. Raios, vou parar de falar nesses bostas, estou me tornando (ou já me tornei) um chato FANÁTICO.
FANÁTICO é o chato que só tem um assunto. Por exemplo, política. Tu fala em muié, ele volta com política. Em automóveis, lá política travêiz. Falou em cinema, divinha o que vem?
Tem gente que não tem opinião. Desse grupo fazem parte os puxa-sacos que concordam com tudo e tricotam o ausente. Esse é o chato CARENTE. Quer tanto agradar que ninguém o suporta. São muito diferentes do chato ARROGANTE, que sempre têm a última palavra e não admitem jamais um erro. Quando encontra outro arrogante, por alguns momentos parece briga de galos, mas é briga de pombos. Depois os dois estufam o peito e saem cantando vitória. Chato GERSON é uma cobra que concorda aqui, agrada ali e quer sempre levar vantagem em tudo, mas como já se conhece como ele é, torna-se um camaleão semelhante ao carente, até vislumbrar algum bote.
E antiskimiskessa, tem o bichinho também, mas esse todo mundo conhece. De ouvir falar ou de coceira. Em comparação com alguns desses aí de cima, até que é menos chato. E vou parar por aqui porque nunca escrevi um texto tão chato.
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