sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Uma herança parlamentarista



Carlos Chagas
Herdada do presidente Lula, mas com raízes na doutrina do parlamentarismo, lança-se a presidente Dilma uma vez mais na retaliação de seu próprio governo para contentar forças partidárias capazes de apóia-la. Acaba de ser criado o trigésimo nono ministério, agora para abrigar o PSD do prefeito Kassab. Será o ministério da Micro e Pequena Empresa, com um ministro extraordinário, um secretário-executivo e 66 cargos em comissão.
Como o governo vai bem e a presidente é popularíssima, existirão outros pequenos partidos de goela aberta para ganhar benesses e integrar o bloco oficial. Receberão ministérios?
O resultado, com todo o respeito, é uma balbúrdia administrativa dos diabos, aliás, característica dos últimos governos. Aparece um problema, ou abre-se a chance de mais alguns votos no Congresso? Novos ministérios como solução.
Quem remou contra essa maré dispersiva foi Fernando Collor, na primeira fase de sua gestão. Reduziu os ministérios a seis, fora os três militares, já que não havia sido criada a pasta da Defesa, por ironia uma tradição parlamentarista. Depois, em meio à crise, o caçador de marajás cedeu a sugestões para contemplar possíveis aliados, coisa que não deu certo.
A disposição da presidente Dilma de ampliar o número de ministros pode ir consolidando sua maioria no Congresso, mas é prejudicial ao bom desempenho da máquina administrativa. São muitas as funções redundantes. Há ministros batendo cabeça por conta de suas atribuições, como há ministros em férias permanentes, daqueles que só entraram uma vez no gabinete presidencial. Se não criam problemas, já é bom.
De qualquer forma, sofre a eficiência governamental, ainda mais porque boa parte dos titulares dos ministérios só no dia da posse foi apresentada às questões que precisaria gerir. É constrangedor dar exemplos, quase todos dispõem de boa vontade, mas cuidar de empresas sem nunca ter sido empresário não deixa de ser estranho. Vamos aguardar a nomeação do novo ministro para indagar se ele já dirigiu uma quitanda, um botequim ou uma carrocinha de cachorro-quente…
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VIOLÊNCIA DESNECESSÁRIA
“Não apenas razoável, como imperativo”, escreveu o ministro Joaquim Barbosa em seu despacho ao determinar o confisco dos passaportes dos 25 réus do mensalão. O relator alega a necessidade de medida cautelar, já que os acusados estão condenados e que só com autorização jurisdicional poderiam ausentar-se do país.
O problema é a truculência da medida, além de tudo inócua. Porque se tivessem querido fugir, os mensaleiros já teriam fugido, e jamais pelos principais aeroportos, senão pelas vastas fronteiras do país. Hipótese ainda em aberto, na teoria, claro que sem o passaporte oficial. Disfarçado e com papéis falsos, qualquer um consegue escafeder-se sem dificuldade.
Acresce que se for para impedir os condenados de escapar de avião ou navio, com sua própria personalidade, basta distribuir seus nomes e fotografias para os postos da Polícia Federal.
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A SOMBRA DA PRESCRIÇÃO
Depois, o ministro Ricardo Lewandowski sente-se agredido, fica magoado e se diz injustiçado. Mas não dá para deixar de relacionar seu voto para a aplicação da pena mínima para Ramon Hollerbach no caso da acusação de evasão de divisas. Porque se tivesse sido vitorioso, o advogado do réu logo apresentaria pedido para que se aplicasse o princípio da prescrição, absolvendo-o desse crime. Importa menos que o sócio de Marcos Valério já tenha sido condenado a 25 anos de prisão pela prática de outros crimes, somados. Prescrição, hoje, é palavra rejeitada não apenas pelo ministro-relator e pelo Ministério Público, mas pela voz rouca das ruas…

O MILAGRE GREGO



Laurence Bittencourt,(1)
Por muito tempo fui um apaixonado por teatro, em especial o teatro grego. Li praticamente todas as peças escritas pelos autores gregos antigos: Ésquilo, Eurípides, Sófocles e Aristófanes. Li também muita critica sobre o teatro grego. Os gregos deram inicio ao que hoje chamamos de “mundo acadêmico” em suas várias vertentes, como também inauguraram a literatura e o teatro, que por sua vez também foram inseridos nesse mesmo “mundo acadêmico”.          É interessante ressaltar que para alguns autores e estudiosos dos gregos antigos, espantados com a fascinante aventura desse povo que resolveu privilegiar o conhecimento, a cultura, o entendimento do que somos, tudo aquilo que eles legaram ao mundo no sentido cultural pôde ser designado como o “milagre grego”. E sem dúvida foi mesmo um milagre.
Imaginar as condições em que viveram e por isso mesmo imaginar o que eles fizeram e deram ao mundo é algo impensável e inimaginável, ainda que real. Um milagre como dizem alguns.
Se tomarmos como experiência de conhecimento e reflexão a tragédia grega, por exemplo, o palco da aventura humana e toda sua larga experiência se iluminam com uma grandeza impar.
Isso porque a pergunta sobre do que se trata a tragédia, pode ser respondida com outra pergunta: qual o conceito de tragédia.
Obviamente que tal conceito não se restringe apenas a explicações puramente estéticas, a partir da escrita e encenação de uma peça de teatro, e sim, a um conceito muito mais amplo, que envolve não só a dimensão simbólica, real (no sentido de realidade) como também dos mitos, como da metafisica (dos deuses), e também do ser. Tudo se reporta em última análise a fala e a escrita, dentro de um universo maior que é a linguagem.
A tragédia encenada pelos gregos e analisadas por Aristóteles num livrinho intitulado por ele de “Poética”, Poesis, fala do ser individual e coletivo. Fala das leis, do repúdio as leis e da queda de um personagem envolvido em um conflito que lhe escapa enquanto conhecimento, ou mais precisamente, lhe escapa enquanto verdadeiro conhecimento.
A essa noção de um saber desconhecido foi tomado modernamente pela psicanálise como um “saber inconsciente”, uma divisão no íntimo do ser, logo desconhecido para o sujeito que vive o conflito, mas determinado por ele.
O destino trágico elaborado literariamente pelos gregos resultou e representou a possibilidade de tratamento e de conhecimento sobre uma das facetas da condição humana, e que ainda hoje, desperta interesse e curiosidade. Mas, mais do que isso, desperta interesse cientifico sobre aquilo que somos em verdade. Um milagre, sem dúvida, na aurora do pensamento humano.
(1) Jornalista. laurenceleite@bol.com.br
(2) Mascaras da tragédia e da comédia

Procurador sonha com prisão imediata dos mensaleiros, mas o Supremo pode deixá-los livres, leves e soltos.



Carlos Newton
Além de terem de entregar os passaportes, os 25 condenados no processo do mensalão correm o risco de serem presos antes de esgotados os recursos cabíveis no Supremo Tribunal Federal – embargos de declaração de caráter modificativo e outras medidas desesperadas, digamos assim, lembrando a célebre obra do poeta chileno Pablo Neruda.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, anunciou que apresentará um pedido de prisão imediata dos condenados do mensalão, confirmando um propósito que já havia expressado no parecer que apresentou na abertura do julgamento e que depois reafirmara em outubro, quando as condenações foram declaradas pelo Supremo.
O procurador-geral contestou o argumento de que eles não devem ser presos porque não oferecem perigo à sociedade, assinando que não se trata de “uma questão de necessidade” (pedir a prisão imediata), mas de “dar efetividade à decisão” (da condenação). Por isso, a Procuradoria Geral da República vai continuar insistindo com a prisão e apresentará um novo pedido.
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JURISPRUDÊNCIA
O problema de Gurgel é a jurisprudência do Supremo, que garante o direito de o réu permanecer em liberdade até se esgotarem todos os recursos e a condenação transitar em julgado. Mas sempre há exceções, como no caso do goleiro Bruno, que foi preso antes de ir a julgamento, sem flagrante e sem sequer o corpo da vítima, que é a prova material do crime.
Além do mais, está na hora de o Supremo modificar essa jurisprudência, que tem deixado à solta muitos criminosos condenados, especialmente quando se trata de crimes cometidos por empresários (colarinho branco) políticos ou autoridades, que no Brasil parecem estara acima da lei e da ordem.
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DIRCEU NO DESESPERO
Questionado se a decisão do ministro Joaquim Barbosa, que pediu a entrega dos passaportes dos condenados ao Supremo, Gurgel classificou a medida como “normal”, porque o Código de Processo Penal prevê essa providência.
O ex-ministro José Dirceu criticou duramente a decisão do relator do processo do mensalão, o ministro Joaquim Barbosa, de recolher os passaportes dos réus condenados na ação. Para o petista, trata-se de “puro populismo jurídico e uma séria violação aos direitos dos réus ainda não condenados, uma vez que o julgamento não acabou e a sentença não transitou em julgado”.
No despacho em que determina o recolhimento dos documentos, Barbosa critica acusados que teriam comportamento “incompatível com a condição de réus condenados e com o respeito que deveriam demonstrar para com o órgão jurisdicional perante o qual respondem por acusações de rara gravidade”.
Em São Paulo, as informações são de que Dirceu está entrando em desespero, porque julgou que teria apoio integral do PT e do governo, através da organização de passeatas e movimentos populares, mas o ex-presidente Lula deu sinal vermelho e a presidente Dilma Rousseff achou melhor não entrar nessa questão.

Me engana que eu gosto…



Marcos Coimbra (Correio Braziliense)
Será amnésia? Desinformação? Ou apenas nossa velha conhecida, a vontade que a realidade seja como desejada? Quem lê a abundante produção de nossos comentaristas políticos a respeito das eleições municipais recém concluídas não deve estar entendendo nada. Afinal, tudo que sabíamos sobre elas estava errado?
Não somos, propriamente, novatos na matéria. Se contarmos as que ocorreram desde a redemocratização, já são 8, cobrindo um período de quase 30 anos. Desta vez, não era a primeira vez que as fazíamos. Somos, portanto, tarimbados o suficiente para esperar mais discernimento na hora de interpretá-las.
Se há uma coisa que temos obrigação de saber sobre a relação entre a escolha de prefeitos e a de presidente da República é que ela inexiste. Só quem tomou bomba na escola primária da política ignora fato tão básico.
Parece, no entanto, que nossos analistas se esqueceram disso. Tanto que quase tudo que vêm publicando versa sobre as consequências das eleições deste ano na definição de quem ocupará o Palácio do Planalto a partir de 2015. Reeditam a teoria do “primeiro capítulo”, que assegura que a eleição municipal “antecipa” a presidencial.
O problema dela é ser errada, com ampla evidência a demonstrá-lo. Nenhuma das eleições presidenciais brasileiras modernas foi “antecipável” pelo ocorrido dois anos antes, quando o eleitorado, pensando em uma coisa completamente diferente, procurou identificar os melhores candidatos a prefeito e vereador nas cidades.
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EXEMPLOS
Collor não “tinha” mais que meia dúzia de prefeitos – fora em Alagoas – quando se lançou. Fernando Henrique ganhou e se reelegeu sem precisar de “prefeitama” nenhuma.
Na eleição de Lula, a vastíssima maioria dos prefeitos estava com Serra, que pilotava uma coligação imensa, congregando todos os partidos mais bem sucedidos na eleição de 2000 – incluindo os três maiores no número de prefeitos, PSDB, PMDB e PFL.
Na reeleição e com Dilma, a importância do tamanho das “bases municipais” voltou a se mostrar pequena.
Em que pese o óbvio, a mídia anda cheia de especulações sobre os impactos de 2012 em 2014. Talvez porque nossos comentaristas desejam que existam e modifiquem o cenário mais provável.
Qual o critério para definir os “grandes vencedores” de 2012? Ter feito mais prefeitos e vereadores, vencido em mais capitais, tido a maior taxa de crescimento, conquistado as prefeituras das capitais mais importantes, se desempenhado melhor em cidades médias, tido a performance mais bem equilibrada nas regiões do País? Ou haver conseguido a melhor combinação disso tudo?
PSD e PSB, entre os partidos médios, fizeram um bom número de prefeitos. O PSDB venceu em duas capitais do Norte e duas do Nordeste. São do PSB os prefeitos de cinco capitais, do PMDB os de duas, do PT os de quatro. O PTC venceu em uma. E daí?
No plano objetivo, nada. Em primeiro lugar, porque, para a imensa maioria dos eleitores, o voto no prefeito nada tem a ver com o voto na eleição presidencial. Em segundo, porque é ínfima a proporção que escolhe o candidato a presidente “por influência” do prefeito.
No máximo, a eleição municipal projeta uma imagem de vitória. Como em alguns casos simbólicos – vencer em São Paulo, por exemplo. É, talvez, por ter Fernando Haddad vencido na cidade que os analistas da mídia conservadora andam tão ansiosos à cata de qualquer “vencedor” que não seja o PT.

O melhor dos EUA é a educação universalizada



Mauro Santayana
Muitos são os estudos sobre a relação entre o mito e a realidade na formação espiritual dos Estados Unidos. Esses estudos remontam aos passageiros do Mayflower, animados pela visão teológica do contrato dos homens com Deus e com o destino, fundado na Última Ceia de Jesus com seus discípulos. The convenants se chamava a seita protestante chefiada por William Bradford, o líder dos peregrinos que chegaram em 1620 à baía de Plymouth, e fundaram a colônia que deu origem política à Nova Inglaterra. Os convenants, reconhecem os historiadores, eram uma dissidência – ou heresia – de esquerda no anglicanismo, e com essa orientação Bradford governou diretamente a comunidade, durante 30 anos. A mesma orientação seguiu John Winthrop, na Colônia de Massachusetts, um pouco mais ao norte.
O melhor dos Estados Unidos surgiu ali, na Baía de Massachusetts, com a educação universalizada, as decisões tomadas democraticamente, o trabalho persistente e a solidariedade. O pior, também, com o fanatismo religioso, a repressão ao amor não convencional, a caça às bruxas. Não é por acaso que Arthur Miller recorre às feiticeiras de Salém a fim de explicar o irracional processo do macarthismo, em sua peça clássica, The Crucible, de 1952.
Uma análise mais acurada da história dos Estados Unidos encontrará na palavra escrita o grande vetor de seu desenvolvimento. No primeiro século, foram a Bíblia e os textos religiosos impressos que construíram o mito, ao qual se ajustava a realidade. No século 18, foram os textos jornalísticos, inspirados na filosofia moral e política inglesa, fundada no pensamento greco-romano. Esses textos impressos na Nova Inglaterra – alguns deles traduzidos para o entendimento popular, como os de Thomas Payne, entre os quais o mais lúcido de todos, The Common Sense – mobilizaram as colônias para a autonomia.
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OS PAPÉIS IMPRESSOS
Meditados e discutidos, foram o germe da Declaração da Independência e da Constituição de 1787. A partir de então, os papéis impressos se encarregam de fazer a realidade norte-americana, na reconstrução mítica da História, e na projeção ficcional da contemporaneidade de cada tempo. Tratou-se de um processo dialético, no qual a ficção e a contrafacção histórica alimentaram a realidade e essa realidade induzida realimentou o mito. E, nisso, chegamos às eleições de hoje.
Em texto publicado na edição online do New York Times, o professor de História da Academia Naval dos Estados Unidos, e ex-oficial da Marinha, Aaron O’Connell, trata da permanente militarização dos Estados Unidos, contra a qual Eisenhower advertira, há 51 anos, e a atribui, entre outras razões, ao mito da superioridade militar norte-americana no mundo.
“Nossa cultura militarizou-se desde Eisenhower – escreve O’Donnel – e os civis, não os serviços armados, são a causa principal disso. Dos congressistas que apelam para o apoio às nossas tropas, a fim de justificar os gastos com as guerras, aos programas de televisão e aos jogos como os “NCIS”, “Homeland” e “Call of Duty” ao vergonhoso e irreal reality show “Stern earn Stripes”, os norte-americanos são submetidos à sua dieta diária de estórias que valorizam o militarismo, enquanto os redatores dessas estórias cumprem a sua tarefa por oportunismo político e seus resultados comerciais”.
O’Connell poderia ir mais atrás em suas reflexões, lembrar “O Destino Manifesto” de John Sullivan e o endeusamento dos assassinos de índios, como o general Custler, e os heróis de fancaria, como Buffalo Bill e os reles assassinos do Oeste, elevados à glória pelas revistas de cinco centavos, entre eles Jesse James, Billy the Kid, Doc Holliday – e, do outro lado, o lendário Wyatt Earp, também muito menor do que a sua lenda.
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VETERANOS
O’Connell pondera que os veteranos de guerra merecem todo o respeito e o afeto de seus concidadãos, como os merecem também os policiais, os que se dedicam aos trabalhos nas emergências, e os professores. Mas nenhuma instituição, e menos ainda as que são mantidas com o dinheiro dos contribuintes, está imune às críticas.
O mesmo autor cita, ainda, outra frase de Eisenhower, ao assumir a presidência, em 1953: “Cada arma que é fabricada, cada nave de guerra lançada, cada foguete disparado, significa, em seu sentido final, um roubo contra aqueles cuja fome não foi satisfeita, contra aqueles que têm frio e não foram agasalhados”.
É conhecido o telegrama do grande magnata do jornalismo ianque, na passagem do século 19 para o século 20, William Hearst, a seu repórter-ilustrador Frederic Remington enviado a Havana – que comunicara ao patrão a inexistência de fatos em Cuba que merecessem cartoons de denúncia contra os espanhóis: “você me forneça os desenhos, e eu fornecerei a guerra”. O envenenamento da opinião pública foi de tal intensidade, pelas duas grandes cadeias de jornais (a de Hearst e a de Pullitzer) que William James, ao falar para os estudantes de Harvard, e se opor à guerra que a imprensa pedia, foi intensamente vaiado.
Um dos mais respeitáveis pensadores do mundo, James – pai da psicologia moderna – comparou os jovens que o insultavam, por pedir a paz, a uma imensa horda de lobos sedentos de sangue. Com esse passado de ambigüidades e conflitos morais e ideológicos, os Estados Unidos vão hoje às urnas.
Se Frederic Remington não houvesse fornecido as imagens falsas de Cuba, Hearst talvez não tivesse conseguido a guerra, e a história dos Estados Unidos no século 20 fosse outra. O governo de McKinley relutara o máximo em seguir os belicistas.
Esta é uma lição para muitos jornalistas brasileiros, que sabem muito bem do que estamos falando.
(Transcrito do Blog de Santayana)

CRÔNICA Cartas de Seattle: Referendo aprova casamento gay e maconha



Esta semana as atenções estiveram voltadas para Washington, capital do país, para a eleição do presidente dos Estados Unidos. Garantida a vitória de Obama, foi o outro Washington, o estado, que ganhou notoriedade com a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo e também da legalização da maconha para uso recreativo.
Sim, Maine e Maryland também votaram a favor do matrimônio deixar de ser exclusividade de um homem e uma mulher. E sim, Colorado também aprovou o uso da maconha. Mas foi em Washington que, numa tacada só, duas das questões mais polêmicas do debate nacional ficaram resolvidas.
Eu sabia que morava numa cidade liberal, mas não sabia o que esperar dos resultados. A maior parte do estado é conservador. Não havia clima de “já ganhou”. Foram só quatro pontos percentuais de vantagem em prol do casamento entre pessoas do mesmo sexo. A margem a favor da maconha foi mais folgada: 55,3% a 44,7%.
Washington foi o primeiro estado americano a adotar a união civil, apelidada de “tudo menos casamento”, num referendo de 2009. No começo deste ano o casamento virou direito também para casais do mesmo sexo (leia nesta Carta de Seattle).
Foi quando os oponentes conseguiram assinaturas suficientes para levar o pleito a voto popular, contando com o conservadorismo da população.
Antes de terça, o casamento entre homossexuais nunca tinha sido aprovado num referendo. Nos seis estados que já permitem o casamento gay, e também no Distrito Federal, a lei foi decisão da Justiça ou do Legislativo, não dos eleitores.
Foram oito derrotas em várias eleições, incluindo a deste ano em Minnessota. Por isso mesmo a vitória histórica em Washington, Maine e Maryland foi muito comemorada em todo o país.

Seattle

Enquanto uns celebram o amor, outros celebram paz e amor. Dizem que uma grande festa em celebração à legalização da maconha estava marcada para amanhã, mas os organizadores foram avisados que ainda é ilegal portar a erva.
A nova lei só entra em vigor em 6 de dezembro: maiores de 21 anos podem possuir até 28 gramas de maconha e seis plantas que produzem a droga em casa. No âmbito federal, a questão continua ilegal.
Como a comercialização vai funcionar ainda é incerto. O que se sabe é que a maconha será vendida legalmente em estabelecimentos licenciados pelo Estado. A venda como é hoje, portanto, continua proibida.
As antigas lojas oficiais de venda de bebida alcoólica do estado, esvaziadas quando um referendo recente permitiu que bebidas de alto teor alcoólico fossem vendidas em redes de varejo (sim, era proibido), poderão ter novo destino.

Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido. Ama teatro, gérberas cor de laranja e seus três gatinhos. Atua como estrategista de Conteúdo e de Mídias Sociais em Seattle, de onde mantém o blog Preview e, às sextas, escreve para o Blog do Noblat.

HOCUS&POCUS



Ralph J. Hofmann
“Uma questão de Fé”
Caros Hocus & Pocus
Gostaria de entender por que um homem de profunda fé religiosa como o ex presidente Lula está sendo perseguido pelo judiciário brasileiro?
Carolus Crenti
Caro Crenti
Infelizmente não entendemos sua pergunta. Pedimos esclarecimentos ou que espere até que o Dr. Alz termine o tratamento do Dr. Hocus e o Dr. Heimer termine o tratamento do Dr. Pocus.
Saudações
Hocus & Pocus
Caros Drs.
Não venham com essa não. Não se escondam atrás destes dois alemães para evitar responder minha carta. Se não me responderem adequadamente terei de concluir que abandonaram sua legitimidade acadêmica para condenar este santo homem que é o Lula.
Carolus Crenti
Sr. Crenti
Ante sua insistência que passou dos limites do bom senso e  boas maneiras, posto que, sendo essencialmente pessoas afáveis, simplesmente não desejávamos ferir suas susceptibilidades de “mico de realejo” do regime que ora ocupa o governo federal, passamos a sugerir que consulte dados oficiais de:
Processo: 0007807-08.2011.4.01.3400 em que o Ministério Público Federal (MPF) de Brasília pediu à justiça o bloqueio dos bens do ex-presidente Lula da Silva, a quem acusa de improbidade administrativa por ter usado verba pública com claro intento de promoção pessoal
Além disto sugerimos consultar o link Ministério Público pede bloqueio debensde Lula
com artigo do jornal português Correio da Manhã.
Não apenas isto Sr. Crenti, como também nos custou entender de onde tirou a idéia de que Lula tem profunda fé religiosa. Após longas considerações acabamos entendendo que isto se vincula ao fato de que ao deixar o planalto levou consigo a cruz que estava na sala do presidente.
Para dizer a verdade temos certeza de que a remoção da cruz pouco tem a ver com a natureza religiosa do indivíduo e sim com o fato que a cruz estava ali e podia ser levada com certa facilidade.  Ou seja configura-se o roubo de um bem da coletividade brasileira, qualificando Lula, sem meias palavras,  como ladrão.
Lula ainda poderia ter dito que a cruz veio, por engano com seus badulaques da mudança de Brasília, e devolvido a cruz. Não tendo tomado esta medida apenas podemos concluir que não se  preocupa nem um pouquinho com  a opinião de quem quer que seja.
Isto indica, que longe de ser um homem temente a Deus, Lula se crê um deus.
Passe muito bem Sr. Crenti.
Hocus & Pocus

Dmitri Hvorostovski em 'Toreador ' (Carmen de Bizet)



Ah! essa tal de Liberdade!, por Maria Helena RR de Sousa



Não temos em português duas palavras para Liberdade. Tentei achar o equivalente às inglesas 'Liberty' e 'Freedom', não achei. Pena, pois elas facilitam o entendimento.
Vou explicar como me foi explicado: nós não temos direito à ‘freedom’. Temos direito à ‘liberty’ – que é ‘freedom’ restringida apenas pelas garantias legais outorgadas pelo Estado de Direito.
Em todos os artigos ou livros que pesquisei, o primeiro exemplo que dão é do safado que grita Fogo! num teatro lotado, só de brincadeirinha.
'Liberty': o Estado não me proíbe de gritar Fogo! no teatro, seja aviso falso ou não. Mas se eu gritar por gritar, ou com a intenção de causar tumulto, serei processada por colocar em risco a vida dos outros e eu não tenho direito à essa 'freedom'.
'Liberty', pois, é um dos direitos e garantias individuais concedidos ao cidadão pelo Estado. E 'freedom' é, simplesmente, o conceito amplo de Liberdade.
'Freedom of speech' (Liberdade de Expressão) significa que eu não posso ser amordaçada, minha fala não pode ser censurada, nem meu desejo de gritar Fogo! pode ser reprimido.
'Liberty' (Liberdade) significa que embora eu tenha a liberdade de fazer ou dizer aquilo que me aprouver, posso e devo ser responsabilizada pelo que disse ou fiz.
Isso é 'Liberty' e 'Freedom', ou seja, isso é Democracia.
E é isso que falta aos membros do PT compreender, mensaleiros ou dirigentes. Eles podem, e é natural que o façam, reclamar das decisões do STF, mas não podem, de modo algum, falar o que andaram falando e que em boa hora, ao que dizem, Lula freou.
O que vem mais uma vez provar que nem sempre a escola é a melhor conselheira. José Dirceu é bacharel em Direito, mas foi preciso o torneiro-mecânico dar o tom...
De nossa oposição não falo. Emudeceu.Tenho a impressão que estão sem voz.
Mas falo dos militantes de ambos os lados. Os petistas só comprometem o partido e há até os que ameaçam os opositores dizendo: Vocês vão ver o que vai acontecer com vocês! Bem, a menina em Florianópolis, e sua família, já viram...
Já os tucanos... que mentezinha estreita. Qualquer elogio à Cuba; demonstração de simpatia pela esquerda; admiração por um pensador que não seja de direita, etc., o mundo cai.
O preconceito é abissal! Li noutro dia um leitor aqui do Blog perguntar se o Lula sabe ler!
É lastimável ver o obscurantismo político e espiritual em que nos encontramos. Tenho muitas críticas aos EUA, mas eles acabam de nos dar mais um belíssimo exemplo de como respeitar seu país. Porque amam a Democracia.
Vamos tentar evoluir?

VALÉRIO, DIRCEU & CIA.




Plínio Zabeu
A uma conclusão pelo menos o povo consciente  conseguiu  chegar. Que o mensalão existiu de verdade e muito, muito dinheiro nosso foi roubado e repartido entre os componentes, Tudo  fartamente  comprovado.  O responsável financeiro foi o primeiro a ser condenado. Sua pena, por ora, é de pelo menos 40 anos de cadeia. E, embora pareça muito, ainda não se chegou ao final. Poderá ser mais ainda.  O STF retomou os trabalhos focalizando a dosimetria, ou seja, a definição de quanto cada um dos criminosos terá como  pena.  Mas, ao que parece e como soe acontecer no Brasil, algumas coisas ocorrerão e certamente o final de tudo só será conhecido em meados do próximo ano.  Algo vai acontecer. O mais recente foi o desejo do Valério de dar “com a língua nos dentes”.  Ele citou nomes importantes no assunto: Lula, Palocci e Celso Daniel. O ex presidente,  que por muito tempo vociferou que  “de nada sabia”,  teve que mudar porque as provas foram contundentes. Palocci entrou  depois do julgamento e, como foi ponto importante no governo  – ministro da fazenda – também será importante no final. Quanto a Celso Daniel todos os que acompanharam os acontecimentos, a partir dos promotores de Justiça não concordaram com a conclusão policial nas investigações. O prefeito foi assassinado por motivos políticos partidários e não  por um assaltante comum. Muitas evidências foram sendo postas de lado. Inclusive ocorreram  7 mortes de gente envolvida no assunto. Vale a pena reabrir tudo e recomeçar as investigações.
Já o Zé Dirceu continua sua defesa garantindo que o mensalão não existiu  e que tudo não passou de “golpe da mídia”  para tudo controlar. Como já também está condenado ele cuida agora de um movimento encabeçado pelo seu partido para implantar de vez o controle da informação seguindo seus ídolos (seus e de Lula) Fidel, Evo, Chávez, Cristina e mais alguns para acabar de vez com o bem maior duramente conseguido que é a liberdade de imprensa.  Não sabemos como ele se explicará à presidente Dilma que, ao tomar posse deixou gravada uma frase de alto saber e importância. Disse ela a respeito da mídia: “Prefiro  o ruído da imprensa livre  que o silêncio da ditadura”.  Para lembrar,  a ditadura militar foi um recurso contra outra pior de todas, a comunista encabeçada por Fidel Castro  pela qual muitos brasileiros lutaram, inclusive o Zé Dirceu e a própria  Dilma.  Vamos contar com o bom senso e preservar a liberdade da imprensa, nossa maior arma sem dúvida.
São mais de 20  os condenados que aguardam a dosimetria.  Por isso haverá demora.  Mas, enquanto isso, seria útil que se ouvisse de novo o Valério  que, mesmo ciente que corre  sério risco de vida (quem não se lembra do que aconteceu como PC Farias quando prometeu contar tudo o que sabia?), sabe muito e tem muita coisa para dizer.
Acabe o julgamento  como acabar,  o  que sobrou de bom e útil foi a esperança de tempos melhores e mais seriedade e amor à pátria da parte dos nossos governantes, legisladores e juízes para que nosso país se torne finalmente o “país sério” para mudar o adjetivo feito pelo  presidente  De Gaulle.

LASCOU-SE



Magu
Leio no G1 do Rio Grande do Norte, que o Ministério Público de lá culpa Micarla de Sousa por caos administrativo e financeiro em Natal. A Procuradoria Geral de Justiça afirma que cenário foi provocado pela ineficiência da então prefeita. Indivíduos sem noção de gestão pública estavam interessados em dinheiro. O MP é incisivo na petição pedindo o afastamento. Sua administração é “desastrosa e criminosa”. Participação dela, seu marido e ex-secretários envolvendo o recebimento de propinas pagas por empresas contratadas para gerir unidades de saúde. A operação foi chamada de Assepsia e ela foi afastada do cargo no dia 1º de Novembro, dia de todos os santos. Não é interessante? Agora me perguntem a que partido ela pertence: PV. Na lista do Ibope dos prefeitos das 26 capitais, ela era a pior da lista. (-91%)
Mais uma curiosidade: No site web democracia, há uma lista dos piores políticos brasileiros. Só para constar, os 6 primeiros colocados, em ordem do 1º para o 6º – José Sarney – Renan Calheiros – Collor – Roseana Sarney – José Sarney Filho – Genoíno.
O Imperador do Maranhão e família está dando de lavada. E continuam sendo eleitos… Vá entender essa merda!

Ministério Público constata que o governo Cabral fraudou as estatísticas de homicídios no Estado do Rio de Janeiro.



Carlos Newton
A denúncia é do ex-prefeito Cesar Maia, que se elegeu vereador no Rio de Janeiro pelo DEM. Manuseando as estatísticas informadas pela Secretaria de Segurança, através do Instituto de Segurança Pública, Maia mostra em seu Blog que em 2011, de janeiro a dezembro, teriam sido registrados 4.286 homicídios. E entre janeiro e setembro de 2012 foram 3.028 homicídios. Total: 7.314 homicídios.
Citando a coluna de Ancelmo Gois em O Globo, o ex-prefeito então afirma que “segundo estudo do Ministério Público baseado em números da Policia Civil, de janeiro de 2011 a setembro de 2012 houve 7.799 homicídios dolosos”. Ou seja, a diferença é de 485 homicídios, que teriam sido omitidos nas estatísticas oficiais.
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HOMICÍDIOS SEM SOLUÇÃO
Reportagem de Luciene Câmara, no jornal O Tempo, revela que Minas Gerais aparece em terceiro lugar no ranking de Estados brasileiros com o maior número de inquéritos de homicídio sem solução, com 12.032 casos instaurados até 2007 ainda em aberto. Além disso, tem a pior colocação porcentual na lista da força-tarefa criada para mudar o quadro.
O esforço nacional foi realizado de janeiro de 2011 a abril deste ano. Do total de apurações, apenas 992 foram concluídas, o equivalente a 8,2% – 55% delas foram arquivadas.
A repórter mineira comenta que o levantamento foi feito pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que criou um medidor de processos, chamado de inqueritômetro, para divulgar o andamento da força-tarefa. Acre e Piauí aparecem no topo da lista, já que concluíram todas as investigações (ver ranking ao lado). No Sudeste, São Paulo teve o melhor desempenho, dando fim a 78,6% de seus 1.423 casos; seguido do Rio de Janeiro, com 32,5% de um total de 47.177 procedimentos, e do Espírito Santo, que deu conta de 15,9% dos 16.148 inquéritos.
Tudo muito bom, muito bonito, mas o que houve não foi solução dos crimes, mas simples arquivamento em massa, com uma maquiagem estatística que realmente nunca teve precedentes.

Uma campanha que só desarmou o cidadão honesto



Francisco Vieira
O Estatuto do Desarmamento só desarmou o cidadão honesto e não atingiu os marginais que obtém suas armas por meios ilegais. Também permite que os ricos e as autoridades continuem portando armas ou recorrendo a guarda-costas armados, afinal, podem pagar por segurança privada. Para essas pessoas, membros da “Casta Superior”, as armas são boas e conferem proteção eficaz, tanto para suas propriedades quanto para seus familiares.
Hoje para cada policial que faz a segurança da sociedade, existem cinco seguranças particulares  fazendo a segurança das autoridades! Quem não puder pagar, que se dane!
Para os demais cidadãos da “Casta Inferior” (os pagadores de impostos como você), as armas são ruins, não servem para nada e só causam desgraças. Não vale a pena serem empregadas para defenderem essas famílias.
Essa “elite” o considera um incompetente, um incapaz que não tem a menor chance diante de um bandido armado (em caso de assalto, não reaja! Em caso de estupro, relaxe e goze!). Além disso, você é visto como ignorante, rude, violento, alcoólatra e covarde e, se tiver uma arma na mão, vai matar sua esposa, seu vizinho, seus amigos no bar e outros motoristas no trânsito.
O então Ministro da Justiça, Marcio Tomaz Bastos, disse claramente: “O desarmamento não é para tirar armas dos criminosos, mas do homem de bem”.
Se as autoridades acreditassem nesse Estatuto elas seriam as primeiras a dispensar os seguranças armados. Você conhece alguma que dispensou o seu? Você conhece alguma que deixa os filhos saírem à noite sem segurança – paga com o seu dinheiro?
E o mais curioso: quando as armas eram vendidas a qualquer cidadão de bem o índice de homicídios por habitante era menor. E isso não é opinião. É estatística!
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E AS GREVES?
Por usar apenas a segurança particular ou policiais exclusivos de gabinetes, essas autoridades “não estão nem aí” para as greves das polícias civil e militar estaduais. Afinal, não se precisa de um serviço que não se usa! Que se danem ou que peçam demissão!
Vocês não viram no que deu a greve da Polícia Federal? Se essa greve permitiu a entrada de drogas e armas, faz pouca diferença para eles! Como não precisam de segurança pública, tanto faz se estão em greve ou não. Se pararam um dia, um mês ou um ano! Estão pouco preocupados, pois já têm a segurança de toda a família garantida.

Todo cuidado é pouco



09 de novembro de 2012 | 2h 02

Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
A negociação entre investigadores e investigados para entrega de informações em troca dos benefícios judiciais não é algo simples nem imune a riscos.
Um caso ocorrido em 2004 e hoje longe da memória nacional vem bem a propósito nesse momento em que a defesa de Marcos Valério Fernandes de Souza tenta obter melhores condições para o cumprimento das penas decorrentes de todos os processos relativos ao mensalão.
O episódio encerrou a carreira do subprocurador da República José Roberto Santoro, atuante em casos de repercussão nacional como o desmonte de quadrilhas incrustadas no aparelho de Estado no Acre e no Espírito Santo.
Santoro trabalhava no escândalo Waldomiro Diniz, braço direito de José Dirceu na Casa Civil e conhecido do Brasil depois da divulgação de um vídeo em que tentava extorquir o bicheiro Carlos Cachoeira quando era presidente da loteria estadual do Rio de Janeiro (Loterj), no governo Anthony Garotinho de quem o PT era aliado.
O contraventor procurou o Ministério Público buscando benefícios em troca de informações sobre um alegado esquema de arrecadação de recursos para o PT, que receberia parte da propina pedida e cuja cúpula teria conhecimento das ações de Waldomiro.
José Roberto Santoro chamou Cachoeira ao seu gabinete numa madrugada para questioná-lo a respeito do que ele teria a oferecer à Procuradoria. Queria o vídeo original e completo do encontro de Waldomiro Diniz com o bicheiro.
No interrogatório, a certa altura o subprocurador pressionou Cachoeira a falar logo antes que o então procurador-geral Cláudio Fonteles chegasse e interpretasse a cena como uma tentativa de "ferrar" o ministro da Casa Civil, José Dirceu, "para derrubar o governo Lula".
O bicheiro estava gravando. O áudio foi entregue à TV Globo e usado pelo governo para politizar a história, dizendo que o diálogo era prova da "conspiração".
O escândalo, que até então era de corrupção, virou uma questão política com o subprocurador sendo acusado de usar o cargo para prestar serviço ao PSDB.
Estava negociando uma delação premiada que, distorcida, levou investigador e investigados a inverterem os papéis.
José Roberto Santoro deixou a procuradoria, abriu escritório de advocacia e hoje, oito anos depois, Carlos Cachoeira está na cadeia, Waldomiro Diniz condenado a 12 anos pela justiça do Rio e José Dirceu em vias de ser preso.
Ao bispo. A conta das perdas do Rio de Janeiro com a aprovação da nova lei de distribuição dos royalties do petróleo não pode ser cobrada só do Congresso.
Não fosse a mudança nas regras proposta pelo então presidente Lula no embalo da euforia do pré-sal, não haveria o prejuízo.
Confiante no peso de Lula sobre a vontade do Legislativo, o governador Sérgio Cabral embarcou numa canoa desde o início fadada a fazer água: se a quase totalidade dos Estados brasileiros é de não produtores, era óbvio que a representação no Congresso iria se posicionar para favorecer essa maioria.
Agora dificilmente a presidente Dilma Rousseff fará vetos que contrariem parlamentares, prefeitos e governadores.
Ilusão à toa. Começa a circular uma ideia lançada pelo governador da Bahia, Jaques Wagner, de que o PT poderia se comprometer desde já a ceder a cabeça da chapa presidencial para Eduardo Campos em 2018, em troca a permanência do governador de Pernambuco no campo governista em 2014.
Campos pode até continuar aliado do Planalto. Por razões de estratégia política, mas não motivado pela perspectiva de um acerto feito com seis anos de antecedência cuja moeda é nada menos que a melhor cadeira da República.
Digamos que esteja crescidinho demais para acreditar nesse tipo de promessa.

AINDA SOBRE A INCOERÊNCIA NO ENSINO



Mesmo já passado alguns dias, quero deixar registrado o meu agradecimento ao advogado e jornalista José de Anchieta Cavalcanti quando o mesmo fez comentários elogiosos ao meu artigo sobre a educação e mais uma vez mostrou a preocupação com o nosso ensino. Pois bem, retomo essas questões lembrando que os países que investiram e investem em educação por coincidência são os mais ricos. É bom pensar.
E para gerar riqueza é preciso produtividade e sem um ensino de qualidade é impossível. No Brasil tem em média 7,5 anos de escolaridade, contra 12 dos americanos. Temos aqui 11% da população com ensino superior e só 35% dos alunos que concluem o ensino médio são considerados alfabetizados.
É fácil por esses números, perceber que 13% dos trabalhadores (ai incluo todas as classes) de nível superior é quem nos coloca em números humilhantes quando se fala em inovação. Em 2010, O Brasil registrou 22.681 pedidos de patentes, enquanto nos Estados Unidos esses números representaram um total de 500 mil pedidos.
Ai vem a pergunta: será que isto não é uma ação determinada para manter a nossa sociedade analfabeta e cordeira para que eles, os políticos, possam governar somente para eles, pois somente que tem uma boa educação pode reivindicar. Os analfabetos vendem seus votos a troco de nada. E com isso mantém o que há de pior nos cargos chaves da nação brasileira.
Queria lembrar que um trabalhador brasileiro (não estou falando de funcionário público) – produz em torno de 22 mil dólares de riqueza ao ano, enquanto que um americano produz 100 mil dólares. Em suma, um trabalhador americano vale 5 brasileiros. Isto não quer dizer que eles sejam mais trabalhadores que os nossos, apenas que as linhas de montagem são de alta tecnologia e com isto a velocidade da produção os leva a fazer mais com menos.
Só para refrescar a nossa memória, quando Ford descobriu e instalou a linha de montagem ele dobrou o salário do operário (ao contrário do que pensam muitos, que com a linha de montagem o salário diminuiu) e este progresso se mantém e vem até hoje.
Infelizmente não temos uma elite para pensar nestes problemas que nos levaram até hoje a uma pobreza franciscana, mas, quem sabe, ganharemos o céu.
(1) Engenheiro civil e empresário. adautomedeiros@bol.com.br

INSS é o órgão mais processado do país e engarrafa o Judiciário



Roberto Monteiro Pinho
Um estudo detalhado do Conselho Nacional de Justiça  sobre a tramitação de processos na Justiça do Trabalho, revela um dado alarmante – a lista dos processados. A relação é encabeçada pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), liderando com folga o ranking dos 100 maiores litigantes do país.
A relação contabiliza as ações ingressadas na 1ª instância das justiças estaduais, Federal e do Trabalho, entre janeiro e outubro de 2011. Nas posições seguintes estão bancos, órgãos públicos e municípios, além de grandes concessionárias de serviços públicos.
Com 4,38% dos processos nas três esferas, o INSS lidera os percentuais tanto nos estados como na área federal. O conselheiro responsável pelo estudo, José Guilherme Werner, atribuiu a situação do INSS ao grande número de processos individuais de beneficiários ou cidadãos requerendo benefícios.
“Não há apenas uma causa que a gente possa apontar para isso, mas, em grande parte, o maior volume de ações é de execuções fiscais que os entes movem”, explicou Werner. No levantamento, o setor público federal aparece como litigante em 12,14% dos processos, seguidos por bancos (10,88%), municípios (6,88%), estados (3,75%) e empresas de telefonia (1,84%).

Os 'barracos' no STF



09 de novembro de 2012 | 2h 07

O Estado de S.Paulo
Na véspera da retomada do julgamento do mensalão, na quarta-feira, o relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, participava de um congresso de juristas, em Aracaju, quando foi perguntado sobre a sua popularidade, traduzida em cumprimentos, fotos e pedidos de autógrafos, por onde quer que passe. "Há uma identificação cada vez maior da população com as questões jurídico-institucionais tratadas pelo Supremo", comentou. "Esse julgamento trouxe o tribunal para dentro das famílias, e o que vem acontecendo no plano pessoal é consequência disso." A elegância e a modéstia destas suas palavras, no entanto, são tudo que lhe tem faltado no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), que completou ontem 44 sessões, enredado na questão dos critérios para a fixação das penas dos réus condenados por uma variedade de delitos.
As divergências a respeito estimularam Barbosa a reincidir no comportamento que vem caracterizando a sua participação no exame da mais importante ação penal da história da Casa. Desde as primeiras manifestações de inconformismo com o parecer do revisor da matéria, ministro Ricardo Lewandowski, a sua atuação destoa do que se espera de um membro da mais alta Corte de Justiça do País, ainda mais quando os seus trabalhos podem ser acompanhados ao vivo por todos quantos por eles se interessem. Em vez da serenidade - que de modo algum exclui a defesa viva e robusta de posições, bem assim a contestação até exuberante dos argumentos contrários -, o ministro como que se esmera em levar "para dentro das famílias" um espetáculo de nervos à flor da pele, intolerância e desqualificação dos colegas.
Um integrante do STF não pode reagir com um sorriso depreciativo à exposição de um ponto de vista de um de seus pares, por discrepar de suas convicções sobre a questão da hora. Foi o que se passou anteontem quando o ministro Marco Aurélio Mello defendia uma interpretação antagônica à do relator - e mais benigna para os réus - sobre crimes e penas. O desdém estampado na face do relator fez o colega adverti-lo: "Não sorria porque a coisa é muito séria. Estamos no Supremo. O deboche não cabe aqui". Barbosa retrucou dizendo saber aonde o outro queria chegar, para ouvir em seguida: "Não admito que Vossa Excelência suponha que todos aqui sejam salafrários e só Vossa Excelência seja uma vestal". Decerto ele não supõe nada parecido com isso, mas é a impressão que transmite, principalmente para aquela parcela do público que assiste pela primeira vez a um julgamento no Supremo.
Seria deplorável se também isso estivesse na raiz da súbita notoriedade de Barbosa - para a qual hão de ter contribuído a sua condição de negro e o seu manifesto desconforto físico provocado por um crônico problema na coluna. O relator merece aplausos, isso sim, pelo desassombro, coerência e conhecimento de causa com que evidenciou os delitos cometidos pela quadrilha do mensalão, entre eles o "sujeito oculto" do esquema corruptor armado em favor do governo Lula, o seu então braço direito José Dirceu. É de louvar igualmente a sua clareza ao apontar a gravidade incomum dos crimes praticados - por serem o que eram os réus e pelo efeito corrosivo de seus atos para as instituições políticas e a ordem democrática nacional. Mas ele deveria ser o último a dar azo a que os brasileiros confundam rigor com desrespeito pela opinião alheia. Nenhum juiz pode insinuar, como fez, que um colega se equipara aos advogados de defesa dos mensaleiros.
O estilo, digamos assim, do relator deve preocupar por outra razão ainda. A partir do próximo dia 18, quando o presidente do STF, Carlos Ayres Britto, deixar o cargo e a Corte por ter completado 70 anos, Barbosa o substituirá por um biênio. E de forma alguma é descabido perguntar se ele sabe que terá de domar o seu temperamento para conduzir o tribunal com a paciência e o comedimento demonstrados por Ayres Britto - duramente testados, aliás, nos "barracos" que teve de acalmar no curso deste julgamento. O presidente do tribunal incumbido de dar a última palavra também em demandas que envolvem a conduta alheia deve ser o primeiro a vigiar o próprio comportamento.

OBRA-PRIMA DO DIA - ARQUITETURA Teatro da Ópera de Budapeste (1884): Semana dos Teatros de Ópera


Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 
9.11.2012
 | 12h00m

O Teatro de Ópera de Budapeste não é somente uma das mais importantes relíquias dessa cidade, como símbolo das tradições operísticas húngaras que já completaram mais de 300 anos.
Na presença do Imperador Francisco José I, numa cerimônia de grande pompa, o Real Teatro de Ópera de Budapeste, seu nome de batismo, foi inaugurado em 27 de setembro de 1884. Era uma inauguração há muito esperada pelos húngaros.
Tal era a ansiedade da multidão que não houve controle possível e logo que as portas se abriram o saguão foi invadido, todos queriam ao menos dar uma olhada no palácio da música. E ninguém se decepcionou, ao contrário, saíram todos maravilhados com o que viram.


O grande lustre em bronze, originário de Mainz, e o mecanismo que regularia o palco, feito em Viena, foram aprovados por ser a última palavra em tecnologia.
Mas quem inaugurou o prestígio de Budapeste como centro de grandes interpretações na Música e na Dança foi ninguém menos que Gustav Mahler, o grande compositor que foi regente em Budapeste de 1887 a 1891. Daí em diante o Teatro de Ópera de Budapeste passou a ser considerado um dos templos da boa música.


Em meados da década de 70 do século passado, o estado precário do prédio do teatro levou as autoridades húngaras a organizar e patrocinar sua restauração. As obras começaram em 1980 e terminaram em 1984.


Em 27 de setembro de 1984, exatamente 100 anos depois de sua inauguração, o Teatro da Ópera de Budapeste foi reinaugurado, para alegria dos húngaros, apaixonados por Música e Histórias.


foto acima e as outras a seguir são das comemorações do dia 23 de outubro, feriado nacional. O Teatro fica com as portas abertas para quem quiser participar da festa que comemora esse dia tão importante na História da Hungria.
Concertos, balés, óperas, música de câmara, mágicos, contadores de história, leitura de poesia, são muitas as atrações que ocupam todos os espaços do teatro.


Ricamente decorado, o edifício é em estilo neo renascentista, com elementos barrocos. Seu auditório comporta 1261 assentos. Não é dos maiores em capacidade de público, mas em matéria de beleza e na qualidade da acústica, está entre os mais importantes de todo o mundo.
Diante do Teatro estão as estátuas de Ferenc Erkel, compositor do Hino Nacional da Hungria e de Franz Liszt, o mais célebre dos compositores húngaros.
Deixo com vocês esse trio que nem pisca diante da história que ouve:


Budapeste, Hungria