Ralph J. Hofmann Uma semana atrás publiquei um artigo falando de lâmpadas Coleman, fogareiros Primus, chuveiros Pilling moedores de carne propelidos por musculatura humana.
A reação foi incrivelmente gratificante. Muitos comentários e contribuições no Blog em si e outras por e-mail direto de amigos. Os comentários lembravam não dó os produtos como o complemento, que é a relação afetiva com uma época e com uma circunstância de vida.
Por outro lado detive-me num outro aspecto. Gosto de usar cafeteiras elétricas. Há anos uso essas máquinas. Herdei da minha mãe uma dessas, “Made in Brazil”.
A cafeteira da minha mãe devia ter uns dez anos. Continuei a usá-la por mais sete anos. Um dia ela foi para o descanso merecido nas campinas eternas.
Fui imediatamente comprar outra para substituí-la. Em dois anos já tive duas delas, de marcas diferentes. Ambas simplesmente pararam um dia. Claro, as marcas podem ser brasileiras, mas o produto foi produzido às margens do Rio Yang Tze, com as bênçãos de Kung Fu Tseh (Confúcio para os ocidentais).
Estou atualmente me virando com filtros de papel e considerando seriamente a possibilidade de adquirir uma cafeteira do tipo italiano que não precise de resistências elétricas nem tem termostato. O calor do fogão evapora a água que atravessa o café e se condensa acima. É, como muitas outras coisas, tal como meus moedores de carne, nozes ou queijos que usam força muscular e não energia elétrica, produzidos nos anos 30, à prova dos apagões da Dilma.
Na realidade se eu voltar a viver numa casa, se esta não tiver chaminé para um fogão à lenha, vou tratar de reformá-la. Colocarei uma chaminé. Aquecerei água vinda do aquecedor solar (que não tem peças móveis, mas que poderá ter sido produzida por alguma tríade (sociedade secreta criminosa) chinesa, assarei carnes, no inverno estarei a salvo de apagão de gás de cozinha ou de energia elétrica para aquecer a casa. Tratarei de ter também chaminés nos quartos e na sala para os fogões “salamandra” que comprarei.
Preferivelmente viverei no litoral pois sempre há peixe ou crustáceos se o transporte da carne falhar. Talvez construa um defumador de carne.
Como vêem, estou psicologicamente preparado para o mundo pós PT, em que a infra-estrutura básica, já insuficiente e de má qualidade hoje terá deixado de existir. Estou procurando um velho Aero Willys ou Simca Chambord (foto) para guardar numa garagem e um gerador de gás de madeira da segunda guerra para quando faltar gasolina ou álcool. Não creio que se possa usar injeção e ignição eletrônica com esse combustível.
Uma das cartas de amigos lembrou a caixinha de metal em que se guardava um seringa de injeção e suas agulhas. Vou ao Bric do Parque aqui em Porto Alegre catar uma. Creio que as seringas descartáveis ficarão apenas para uso dos grandes líderes do PT. Punha-se a seringa e as agulhas com água na caixinha, álcool na tampa, e punha-se fogo no álcool para esterilizar tudo. Pena que as agulhas ficavam rombudas, mas há uns truques para afiá-las. Vou ter de descobrir como. Também terei de redescobrir a técnica da afiar lâminas de barbear.
Uma amiga me despertou para o fato de que no andar da carruagem vamos ter de viver de caça novamente. Achei interessante porque ela forneceu instruções para não ficarmos sem munição:
“Quantos objetos estão em minhas memórias que hoje seria peça de museu. Tinha uma balança que meu pai usava para fazer os cartuchos das espingardas. Pesava a pólvora, eu gostava de olhar ele fazer. Ficava lá pertinho calada só olhando. Recordo-me cada ato que terminava com a espoleta que era perigoso de explodir. Eu parava de respirar neste momento com medo.
Tínhamos que sair, mas eu ficava olhando sem que ele visse, não saia. Nunca falava apenas olhava só quando ele terminava eu saia. Quando ele me via falava é perigoso agora tem de sair. A maquina que selava o cartucho, as pontinhas enroladinhas e depois de pronto eu achava lindo. Gostava dos cartuchos azuis,tinha de vários tamanhos. Ainda me lembro das balas de metralhadoras que tinha ,relíquias. Nunca perguntei o que foi feito delas. Mas quantas vezes eu pegava e olhava e pensava na guerra. “
Enfim, temos muito para recordar, especialmente no momento em que existe sério risco de voltarmos a viver como em 1899.
Por outro lado vejam abaixo mais alguns itens saudosistas levantados pelos leitores.
Instruções para o uso de Lampião
O lampião era Aladim ou Coleman e tinha uma chaminé comprida e fina; o pavio tinha que ser aparado de vez em quando com uma ferramenta que acompanhava o lampião; a camisa nova parecia uma gaze e ficava dura e frágil quando era acesa a 1ª vez.
De acordo com o vetusto editor, nosso consultor para conhecimentos inúteis, a camisa era feita de fios de seda que, uma vez queimada, reagia como um filamento de lâmpada. Só não precisava de vácuo para funcionar.
Óleo para cozinhar
Comprava-se óleo de amendoim para cozinhar, vendido em tonéis também com uma bombinha manual, mas também tinha o de caroço de algodão.
Geladeira
E geladeira que punha um pedaço de gelo na parte de cima ?
Depois vieram as geladeiras de querosene.
Luz de Carbureto
Alô Pessoal ficou faltando falar na luz de carbureto, meu tio (professor pardal) colocava na parede do lado de fora da casa uma espécie de balde fechado com uma pedras geladas dentro que emitiam gases e um duto de metal que saia desse balde fechado entrava na casa e aparecia do lado de dentro,na parede, como se fosse um piloto, riscava-se um fósforo e emitia uma luz branquinha, durante algumas horas dentro de casa. Essa casa ficava num lugarejo chamado cipó, na extinta linha férrea entre Santos e Mairinque, onde passávamos férias inesqueciveis.!!!
Espiriteiras a álcool (usadas pelos operários para aquecer marmitas). Eram bem simples de ferro fundido zincado a fogo
Como limpar um fogareiro a querozene
Caso você queira fazer uma limpeza no fogareiro, o processo é bem simples; compre uns litros de vinagre, jogue tudo num balde e coloque o fogareiro dentro…esqueça ele ali por umas 2 semanas, mas vá dando uma olhadinha de vez em quando…como o vinagre é um ácido fraco, ele fará uma limpeza superficial bem leve, a ponto de não comprometer a superfície do metal.
Depois, é só enxaguar com água e enxugar com pano seco, pra não manchar…