sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Presidente do BB paga multa para não explicar enriquecimento


Segundo a reportagem, Aldemir Bendine foi notificado por não comprovar a origem de cerca de R$ 280 mil informados em sua declaração anual de ajuste do Imposto de Renda

Manchete de capa do jornal Folha de S.Paulo revela que o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, preferiu pagar multa de R$ 122 mil à Receita Federal a prestar esclarecimentos sobre a evolução de seu patrimônio pessoal, além da compra de um apartamento à vista, “com dinheiro vivo”. Segundo a reportagem, Bendine foi notificado por não comprovar a origem de cerca de R$ 280 mil informados em sua declaração anual de ajuste do Imposto de Renda – prova, segundo o Fisco, de que a evolução patrimonial do dirigente não é compatível com os rendimentos declarados.
Bendine entrou na mira do Fisco em 2010, quando o próprio jornal revelou que ele comprara um apartamento pelo valor declarado de R$ 150 mil, integralmente pagos em espécie, além de obras no imóvel totalizando R$ 50 mil. Para explicar isso, o dirigente disse que guardava R$ 200 mil em casa desde 2009.
Diante dos indícios de enriquecimento ilícito, auditores da Receita enviaram em 2012 um questionário para Bendine sobre tais despesas. Ele explicou, mas não convenceu. Autuado em R$ 151 mil, pagou sem contestar, e à vista, o que lhe rendeu desconto – a conta ficou em R$ 122,4 mil. Procurado pelo jornal, disse que não comentaria o assunto por se tratar de questão familiar.
“[...] Bendine tem por hábito declarar que mantém dinheiro vivo em casa, de acordo com documentos aos quais a Folha teve acesso. Ele informou em suas declarações à Receita ter recursos em espécie quatro anos seguidos, entre 2009 e 2012, no valor de pelo menos R$ 400 mil. [...] Não é crime comprar imóveis com recursos em espécie. Assim como não é crime guardar dinheiro embaixo do colchão. Mas essas práticas são consideradas pelo Fisco como sinais de sonegação de tributos e por isso despertam a curiosidade dos auditores”, diz trecho da reportagem.
Corrupção
Outro destaque dos jornais é a crítica dura do ministro Gilmar Mendes contra a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na quarta-feira (26), de barrar a candidatura de José Roberto Arruda, com base na Lei da Ficha Limpa, ao Governo do Distrito Federal. Único da corte a votar a favor de Arruda, Mendes disse que o TSE agiu como “tribunal nazista” por alterar jurisprudência sem justificativa fundamentada.
No dia do julgamento, um vídeo foi veiculado na imprensa mostrando Arruda, em conversa reservada com um advogado, dizendo ter pedido ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso uma intervenção junto a Mendes em seu favor. FHC admite a consulta, mas nega ter intercedido em benefício de Arruda, que chegou a ser preso depois de revelado o esquema de corrupção conhecido como “mensalão do DEM”, em 2009.
Vice-presidente do TSE e membro do Supremo Tribunal Federal, Mendes foi enfático na crítica à corte eleitoral. “Todo tribunal tem escrúpulo ao mudar jurisprudência. E justifica. Quem tem responsabilidade institucional justifica: ‘Estou mudando por causa disso’. E não faz de conta que, ‘ontem eu estava votando assim, e hoje é assado’. Isso é brincadeira de menino. A gente não cria jurisprudência Ad hoc (para finalidade específica). Quem faz isso é tribunal nazista”, protestou o ministro, segundo o jornal O Globo.

Câmara paga até canal pornô para deputados




Pacote contratado por deputado dá acesso a canais de esporte e até produções de conteúdo adulto. Filme de Woody Allen foi comprado à parte. Clique para ampliar
Mais uma modalidade de uso questionável de recursos públicos está em curso na Câmara, desta vez por meio de TV por assinatura. Ao menos três deputados aproveitaram as benesses da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap), que garante fornecimento de produtos e serviços necessários ao exercício do mandato, para contratar pacotes especiais de televisão fechada. São mais de cem canais à disposição, dezenas deles em alta definição, com instalações nos gabinetes e até nas casas dos parlamentares. É de se imaginar que o interesse das excelências seja por notícias ou programas culturais. Mas há campeonatos de futebol e até canal pornô no conteúdo pago com o dinheiro do contribuinte.
Congresso em Foco teve acesso às faturas de TV fechada de três deputados: Flaviano Melo (PMDB-AC), José Airton (PT-CE) e Renato Molling (PP-RS). Eles contrataram pacotes especiais e ainda aderiram às ofertas das operadoras, que preveem até a abertura do sinal dos chamados “canais adultos”. Houve também compra de filmes e campeonatos de futebol no sistema pay-per-view (pague para ver, em tradução livre). Obviamente, com mais custos para o contribuinte, que é quem de fato paga a conta.
O benefício vem por meio do chamado “cotão”, como é mais conhecida a Ceap, verba multiuso destinada ao pagamento de inúmeras despesas, principalmente passagens aéreas, combustíveis e aluguel de veículos. Com essa cota, a Câmara e o Senado gastam por ano cerca de R$ 253 milhões. A verba varia de estado para estado – deputados do Distrito Federal recebem R$ 27,9 mil; os de Roraima, por exemplo, R$ 41,6 mil. A média dos gastos com o cotão na Câmara é de R$ 35 mil mensais por deputado.
Sex Zone HD

Lúcio Bernardo Jr./Ag. Câmara
Renato Molling: "O pacote que foi feito é o mínimo. Mas não sei o que tem lá”
Em seu segundo mandato, Renato Molling contratou o serviço “combo” da Sky, que oferece mais de cem canais e outros 34 itens opcionais em alta definição. No pacote de Renato, coube ainda o serviço de transmissão do futebol brasileiro (“Brasileirão série A ou B + 1 campeonato estadual”) e a “Sex Zone HD” (veja o site), uma zona digital dedicada a filmes, programas e demais atrações pornográficas. Nesse pacote, três equipamentos são fornecidos ao comprador – 1 Sky HDTV Plus, 1 Sky HDTV Slim e 1 Sky HDTV Zapper, entre outros mimos.

O valor, de R$ 279,60, sobe para R$ 299,60 com os itens opcionais. O ponto, de acordo com a fatura, está localizado em Sapiranga (RS), município da região metropolitana de Porto Alegre onde Renato mantém seu escritório político.
Em entrevista ao Congresso em Foco, Renato diz não ter ideia do que há em seu serviço de TV por assinatura. “É um pacote que foi feito. Não sou nem eu que faço. Fizemos essa assinatura para ficar por dentro das notícias, dos programas de política. Acredito que não deva ter isso [canais pornô, de futebol etc], porque o pacote que foi feito é o mínimo. Mas não sei o que tem lá”, afirmou o deputado.
Renato Molling disse que seu gabinete vai devolver à Câmara o que foi gasto com canais extras em observância ao sistema de custeio da cota parlamentar. “Estamos vendo como ressarcir aquilo que não pode ser feito. Agora, não sei o [canal] que pode e o que não pode. Já orientei o pessoal para não ter mais esse pacote. A gente olha notícia ou a parte cultural [dos programas]. Foi um lapso, e estamos corrigindo para que nunca mais volte a acontecer”, declarou o deputado, ressalvando que possui trajetória política ilibada. “Sempre me elegi dentro do que é correto.”
Combo “full top”

Gustavo Lima/Ag. Câmara
"Foi um erro involuntário", diz Flaviano Melo, que pediu desculpas e mandou cancelar o pacote
Já Flaviano Melo, também em seu segundo mandato, contratou o pacote mais caro, também da Sky, com serviços complementares e ampla oferta em transmissões de futebol – apenas este opcional custou, na fatura emitida em 4 de junho deste ano, R$ 69,90. Referente ao período entre 16 de junho e 15 de julho, o pacote escolhido pelo deputado é o “Combo Sky HDTV Full Top”, que dá direito a três campeonatos de futebol. O valor da fatura é de R$ 422,35, com “serviços do mês” em R$ 432,35.

Mas bastou uma ligação à Sky para saber que, no descritivo da fatura “Opcional 1 + Opcional 2″, o que se pede a mais é justamente o acesso a determinados filmes adultos, à livre escolha do usuário. O pedido especial foi feito entre os dias 16 de junho e 15 de julho, e custou R$ 42,90 a mais na conta final.
À reportagem, Flaviano não respondeu se foi ele quem pediu o filme adulto. Confrontado com a possibilidade de alguém de seu gabinete ou de sua convivência pessoal ter pedido o serviço extra, disse que tomaria providências para descobrir. Ele pediu desculpas à sociedade pelos excessos cometidos na contratação do pacote de TV fechada. Para Flaviano, a questão já foi resolvida.
“Já ressarci isso. Pedi à Câmara para me informar o valor que foi gasto com isso [canais extras]. Foi um erro meu? Foi. Mas foi um erro involuntário. Quando me alertaram, vi e corrigi. Nem estão debitando mais [na conta da Sky]”, declarou o peemedebista.
Dizendo ter havido confusão no instante em que o serviço foi instalado, o peemedebista admitiu que os canais estavam à disposição tanto na Câmara quanto em sua casa. E na mais vasta oferta. “Tem no meu escritório e tem em casa. Mas foi esse rolo todo, eles [instaladores] inverteram e colocaram também na minha casa. Está tudo [canais] lá, deve ter de tudo. Quando você compra esse pacote, compra tudo. Dei bobeira. Mas peço desculpa e já ressarci o pagamento. Estamos sujeitos a esses erros”, completou Flaviano.
Conexão Papicu
Já o deputado José Airton consumiu R$ 383 em TV a cabo, segundo a fatura emitida em 25 de junho, com vencimento em 7 de julho. Ao todo, no período entre 7 de julho e 6 de agosto, os “serviços do mês” totalizaram R$ 406,90 no pacote descrito como “Combos New Sky HDTV Super 2011 – M”, que custou R$ 299,90. Com o pacote opcional de futebol, esse valor foi acrescido de R$ 69,90. A fatura foi endereçada à Rua Riachuelo, 760, no bairro tradicional de Papicu, em Fortaleza (CE).
Procurado pela reportagem, tanto por e-mail quanto pelo telefone de seu gabinete em Brasília, José Airton não foi encontrado. O Congresso em Foco mantém o espaço aberto para que o deputado se manifeste sobre o assunto a qualquer momento.
Cotão
A Câmara e o Senado fazem análise apenas dos aspectos relativos à regularidade fiscal e contábil das prestações de contas dos parlamentares para autorizar o ressarcimento das despesas.  Os técnicos examinam apenas se o serviço contratado é contemplado pelo cotão.
No Ato da Mesa Diretora nº 43, que institucionalizou a Ceap em junho de 2009, registra-se que a verba é “destinada a custear gastos exclusivamente vinculados ao exercício da atividade parlamentar”. Entre as descrições de serviços e produtos designados como necessários a tal atividade está a assinatura de TV a cabo “ou similar”, sem restrições de canal ou tipo de programação. Os valores são pagos aos congressistas na forma de reembolso mediante apresentação de comprovantes de pagamento.
“Não é pelo valor em si que a gente deve fiscalizar [o uso do dinheiro público], mas pelo ato em si. Porque quem mexe com um valor pequeno sem responsabilidade pode, também, não ter responsabilidade para lidar com valores altos de dinheiro público. Essa atitude de fiscalizar, de cobrar, tem de ser independente do valor. Cada cidadão brasileiro tem a obrigação, até, de ser um fiscal, e cobrar dos gestores públicos uma posição mais coerente, mais correta para lidar com o dinheiro público”, disse à reportagem o ativista digital Lúcio Big, que se dedica a analisar como os congressistas gastam o cotão e descobriu os gastos com a TV por assinatura.

Limpando o bloco de anotações

http://vespeiro.com/2014/08/29/limpando-o-bloco-de-anotacoes-2/

by fernaslm

a2

Igualdade perante a lei

A imprensa, que noticia hoje com grande destaque a “queda” do assessor de Graça Foster (O Estado e O Globo), perde mais uma oportunidade de ser precisa e incisiva. Pois o homem que foi filmado fraudando a CPI da Petrobras e, portanto, escrachando com o Congresso Nacional inteiro, a Justiça e o povo brasileiros perdeu SÓ o cargo, ou melhor, nem isso: foi só transferido de Brasilia, onde fica o assessor nº 1 de dona Graça, para o Rio de Janeiro, de onde ele tinha vindo, onde fica o assessor nº 2 de dona Graça.
Nenhuma surpresa posto que a própria dona Graça um dia antes tinha sido isentada pelo Tribunal de Contas da União, aquele onde o falecido candidato “da mudança”, Eduardo Campos, colocou mãinha logo no primeiro dia de seu governo em Pernambuco, em cujo Tribunal de Contas (do Estado) colocou também sua amantíssima esposa, de ter seus bens embargados em função de sua participação na compra da refinaria de Pasadena e outras operações duvidosas da maior empresa do Brasil.
a4Dona Graça escapou, aliás, de ter os bens que não valem nada embargados pois os que valem ela, aconselhada por seu advogado, tinha transferido, junto com Nestor Cerveró, para filhos e parentes. Nestor Cerveró e mais 10 diretores e figuras graduadas da Petrobras, menos queridas da presidenta Dilma do que ela, continuam com os bens embargados sob a justificativa de seus nomes constarem da lista dos “culpados” por Pasadena, lista essa da qual o nome de dona Graça ficou de fora por um “erro técnico”.
Outro nome que ficou de fora mas está dentro da lista sem o “erro técnico” é o de Jorge Zelada. Mas como não haveria jeito de perdoar Graça sem perdoá-lo, ele tomou carona com madame e livrou-se também da rigorosa justiça brasileira.
a4Dilma, ela própria, sem cuja assinatura a compra de Pasadena não poderia ter sido concretizada, nem chegou a entrar ou sair de lista nenhuma, e assim pode mobilizar o Advogado Geral da União, Luis Inácio Adams, para manter pressão cerrada sobre os juizes do TCU, cujos gabinetes ele “visitou” incessantemente, um por um, até meia hora antes da sessão plenária teoricamente convocada para corrigir um mero erro técnico.
Resultado: 5 a 2 em favor da dileta amiga da presidenta “faxineira”.
Deu pra entender?

 ***

a3

PS

Neste ano da graça em que tudo isso rolou, o valor da Petrobras foi reduzido à metade e sua dívida transformou-se na maior de uma só empresa em todo o Planeta Terra, os diretores da maior empresa do Brasil, aí incluídos estes que estão com bens embargados, tiveram sua remuneração aumentada em 43%. De R$ 5,6 milhões, agora nós contribuintes e acionistas da Petrobras passamos a gastar R$ 8 milhões por ano pelo privilégio de contar com eles.

*** 

a12

O pinto e as galinhas

Resta lembrar que a Pasadena de US$ 42 milhões para US$ 1,2 bi em um ano de Dilma + Graça é pinto perto da Abreu e Lima de R$ 10bi para R$ 23 bi de Lula + Chavez (que Dilma também aprovou e Chavez nunca pagou).
É pinto também perto do que rola na Transpetro de ?? + Renan Calheiros, o único homem do mundo a ser o feliz proprietário de um pedágio em pleno mar.
É, o PT também governa “com os melhores”... do mal.

 ***

a15

Igualdade de oportunidades

O Judiciáio está, este ano, bem mais moderado que os petrobinos. Outorgou-se aumento de apenas 22%, o que arrasta o teto do funcionalismo inteiro para R$ 35,9 mil.
As televisões que noticiaram o fato esqueceram de relacioná-lo com seu par óbvio: o governo está propondo aumento do salário mínimo de 8,8%, para R$ 778.
É o espetáculo da igualdade de oportunidades.
a14

 ***

PS 2

Por essas e outras o Brasil encolheu 0,6% no segundo trimestre, pelo que vale lembrar à dona Dilma:
It’s the economy, stupid”!

 ***

a17

Banco do Brasil Ltda. 

Aldemir Bendine, presidente do Banco do Brasil, foi intimado pela Receita Federal a pagar multa de R$ 122 mil, pessoa física, para se livrar de questionamento de evolução de seu patrimônio incompatível com o que ganha e com as aplicações que fez.
É o terceiro ano consecutivo que isso acontece. O insigne financista andou comprando apartamentos no Rio de Janeiro com pacotaços de dinheiro vivo e alegou, na boa, que guarda R$ 400 mil debaixo do colchão, o que “não é crime”.
A “faxineira” acreditou, já que ele continua “dirigindo” o “maior banco da América do Sul”.

 ***

a10

Igualdade perante a lei 2

O STF pós mensalão negou a Roberto Jefferson, acometido de câncer no pâncreas, o benefício de ir se tratar em casa que concedeu a José Genoíno..., acometido de que mesmo?

 ***

Nem tudo é só lama

Dilma Roussef vetou pela segunda vez Projeto de Lei do Senado proporcionando a criação de mais 200 municípios.
Agora o Congresso pos essa lei em primeiro lugar na lista de propostas a serem apreciadas depois do recesso, o que pode travar a casa.
O feitiço virou contra a feiticeira: “Ladrões, unidos, jamais serão vencidos
a18

 ***

a19

O seu acordo com o BNDES

O BNDES acaba de oficializar o golpe no Tesouro Nacional de quem ele vem tirando dinheiro para entregar aos “campeões nacionais” que o governo financia para criar monopólios em setores estratégicos da economia que depois financiam o governo.
Fez uma “negociação” entre amigos pela qual o BNDES terá 26 anos para pagar o que tirou do Tesouro para dar aos amigos do PT, assim: 6 anos de carência em que não e paga nada; do 7º ao 21º, o BNDES paga 1/3 da TJLP, o juro oficial que nenhum empresário sem amigos em Brasilia consegue, até um máximo de 6% ao ano: a partir do 22º ano, o BNDES paga TJP integral ma também limitada a 6% ao ano.
Só a partir do 26º ano o BNDES começa a pagar o principal ao Tesouro.
Na mesma notícia, informou-se laconicamente que o Tesouro também mantém R$ 4 bi numa “conta paralela da União”.
Antes que você esqueça: “o Tesouro” é você.

 ***

a20

Viva a democracia!

A Copa acabou, “inglês” foi embora, o Exército deixou as ruas e o Rio voltou ao “normal”: 10 favelas com UPPs estão fechadas pela bandidagem para a campanha eleitoral; 41 incluindo as sem UPPs, estão nessa mesma situação.
Quando não é tráfico é milícia. Os dois fazem “cadastros de títulos eleitorais” de seus súditos. Seria para vender esses votos? Não se sabe. Mas alguns cobram R$ 10 mil para permitir que cadidatos entrem em seu território para fazer campanha.

*** 

a22

Velha política

Paulo Roberto Costa, o rapelador da Petrobras (e etc., etc., etc.), passou os dias de ontem e hoje negociando com o MP e com o juiz Sérgio Moro a sua delação premiada. A primeira rodada foi na sexta-feira passada e ele começou entregando “malfeitos” de políticos.
Estranhamente, porém, tanto o juiz quanto alguns figurões do MP instaram-no a por na frente os “malfeitos” dos corruptores da iniciativa privada (empreireiras e o de sempre)...
O juiz Moro, que teve o doleiro Alberto Youssef nas mãos em 2004, no caso Banestado, deu-lhe uma daquelas penas abaixo de oito anos que não valem prisão, e ele virou o Império que virou.
O juiz Moro, a propósito, está sendo cogitado por Dilma Rousseff para ocupar a vaga de Joaquim Barbosa no STF...

*** 

a23

Nova política

Como governador de Pernambuco, Eduardo Campos baixou decreto em 24 de setembro de 2011 anulando dispositivo de 2006 de seu antecessor, José Mendonça Filho, que impôs limites à Bandeirantes Companhia de Pneus LTDA para importar pneus.
Campos retirou todos os limites.
A Bandeirantes está em nome de Apolo Santa Vieira, processado por sonegação, que comprou em sociedade com o empresário pernambucano João Carlos Lyra de Melo Filho, o avião em que Marina Silva escapou de morrer junto com Eduardo por intervenção da providência divina.
Marina, é claro, não terá sabido de nada e terá pedido investigação rigorosa, doa a quem doer.
O resto o Willian Bonner já disse...

Cartas de Seattle: Verão, sim. Salmão, não, por Melissa de Andrade


Quem diria que as águas de Seattle um dia fossem ficar tão quentes que afugentariam até peixe?
"Quente" para o padrão local, claro.
Com temperatura em torno de 10 graus centígrados no verão, algumas áreas dos braços de mar ao redor de Seattle subiram até três graus este ano, graças a uma estação que começou surpreendentemente cedo. 
Felicidade para a população, que geralmente não sabe o que é verão até o fim de julho.
Mas aí foi o salmão que teve que passar as férias em outro lugar.
Três milhões de salmões do tipo sockeye foram pescados em águas canadenses, mais pro norte, contra somente 100 mil unidades pescadas em Seattle.
A conta geralmente é meio a meio. Essa é a disparidade mais alta dos últimos 60 anos.
Mas o que é que isso importa se o Alasca manda salmão suficiente para abastecer a demanda local e em qualquer parte da cidade é possível se refastelar da iguaria que faz a fama da região noroeste dos Estados Unidos?
O que importa se toda uma indústria pesqueira dependente do salmão está quebrando a cabeça diante da perspectiva do El Nino, mais pro fim do ano, continuar a trazer água quente para a região, podendo manter a situação até 2015?
Importa é que os churrascos nos parques começaram a ser feitos ainda em maio, mesmo com um casaquinho pra ajudar a se proteger do vento gelado.
Que as tardes preguiçosas com a gente esparramada de frente pros lagos já puderam ser aproveitadas em junho. Que o saudável esporte de reclamar do calor já pôde ser praticado em julho.
E que agosto vem sendo a coroação de um verão glorioso, com aluguel de caiaque, passeio de barco, hiking nas montanhas, braçadas nos lagos, acampamento nas reservas florestais e um montão de pôr-do-sol de cair o queixo.
Com ou sem salmão.

 

Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido. Ama teatro, gérberas cor de laranja e seus três gatinhos. Atua como estrategista de Conteúdo e de Mídias Sociais em Seattle, de onde mantém o blog Preview e, às sextas, escreve para o Blog do Noblat.

O racista que agride Aranha é o mesmo que elege (e aplaude) o Kanelão

Matheus Pichonelli
A imagem é clara. Do alto da arquibancada de cadeiras numeradas, com um sorriso de deboche e um agasalho azul confortável, a menina grita de boca cheia em direção ao gramado: “Ma-ca-co”. Fazia coro, junto com outros torcedores do Grêmio, às ofensas sofridas pelo goleiro Aranha, do Santos, na partida contra a equipe gaúcha, em Porto Alegre.

Não é a primeira vez que isso acontece – nem é um fenômeno apenas do Sul, diga-se. Dias atrás, torcedores de minha cidade, Araraquara, no interior paulista, hostilizaram as jogadoras de uma equipe do Nordeste que enfrentariam o time feminino da Ferroviária na Fonte Luminosa. Também não é um fenômeno apenas nacional, como atestam as agressões sofridas por Daniel Alves, na Espanha, e pelo volante Tinga, no Peru.

Nessas horas, fico tentado a dizer que o futebol é o último reduto da barbárie: lá, até mesmo os cidadãos bem-comportados das horas úteis se sentem à vontade para expelir todos os monstros que moram neles. Na arquibancada eles têm a companhia de uma legião de outros monstros expelidos pelo grito.

O fato é que a arquibancada é só um espaço de expressão coletiva represada nos ambientes restritos – não necessariamente privados. E se um torcedor se sente à vontade para chamar alguém de macaco em seu estádio é porque recebeu da sociedade a licença para atirar. Afinal, o que mais tem por aí é cabeça pensante (e branca) para dizer que o preconceito está na cabeça não pensante (os defensores do movimento negro, segundo eles). Existe livro para mostrar que não somos racistas. Colunistas que veem na militância a causa da agressividade – segundo eles, desnecessária.  Ou comediantes que chamam colegas de macacos sob o argumento de que não se importam em ser chamados de girafa.

O fato é que, em um país onde 50,7% dos habitantes se declaram negros ou pardos, segundo o Censo de 2010 do IBGE, o sentimento de conforto para agredir um atleta pelo fato de ele ser negro não nasce nem morre na arquibancada. É apenas a verbalização da violência encravada em uma sociedade que se acostumou a uma ordem pós-escravidão. Uma ordem segundo a qual negros e pardos ainda são maioria nas cadeias e nos bairros pobres, mas minoria nas universidades, nos postos de destaque das empresas e na frequência aos equipamentos culturais como cinema ou teatro.

Mas este é um blog de eleições, e o tema não tem nada a ver com política, certo? Pois só tem. Segundo os dados mais recentes do TSE, do total de 171 candidatos a governador neste ano, apenas 54 são da cor negra (15 negros e 39 pardos). Entre os 181 concorrentes ao Senado, apenas 55 são 40 ou negros. Para deputado, são 3.908 candidaturas brancas, 2.118 pardas e 671 negras. Isso apenas entre os postulantes: entre os eleitos, o funil é ainda maior. Em 2010, o Brasil elegeu 43 deputados e deputadas negros – 8,5% em todo o Parlamento, segundo o Congresso em Foco.

Isso significa que, com menos representantes nos espaços decisórios, menor será a sensibilização sobre as feridas abertas de uma escravidão até hoje mal encerrada (não adianta dar a carta de alforria e usar a cor da pele como critério de “boa aparência” para preencher vagas de emprego). Os fatores de exclusão, que vedam o acesso da maioria negra tanto às arenas de futebol como nas cadeiras do Legislativo, criam o colchão de conforto para manifestações observadas na Arena Grêmio. É o mesmo colchão que leva gente como o senhor Wilson B. Duarte da Silva (PMDB), vereador de Rio Grande (RS) conhecido como Kanelão, dizer que a lei das cotas não fazia sentido porque hoje em dia os negros eram quase brancos – afinal, argumentou, muitos tinham até carros e já saíam com mulheres loiras (atire a primeira pedra quem nunca ouviu esta frase em qualquer ambiente restrito).

O Kanelão é a inversão dos versos de Gil e Caetano de que negros quase brancos e brancos quase negros eram indiferentes apenas na pobreza e na prisão (“presos são quase todos pretos, ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres”). Em tempo: fora da arquibancada, digo, do plenário, o Kanelão se justificou dizendo que não era racista, pois tinha até funcionários negros (atire a segunda pedra quem nunca ouviu o mesmo discurso em casa, no trabalho, na escola).

Nesse caldo de violência assentida, trabalhadores como Aranha só deixarão de ser alvo de racismo quando admitirmos que o Brasil ainda é um país racista. E dizer que o Brasil é um país racista não significa dizer que somos um país dividido ou composto por uma maioria racista, mas sim que uma minoria, confortável pelo silêncio dos demais, é capaz de produzir estragos, seja por meio da ofensa, seja na pura descriminação – a que torna o acesso de negros a determinados espaços, como a universidade, mais difícil do que para os brancos.

E o que o seu candidato tem a dizer sobre isso? O que ele pensa do sistema de cotas nas universidades e no funcionalismo? É contra? A favor? O que propõe no lugar? O que ele pensa sobre as mortes de negros pelos policiais de seu Estado? E sobre as secretarias voltadas à defesa do movimento negro? Elas estão no pacote de pastas inúteis que devem ser enxugadas para economizar o orçamento?

As perguntas estão no ar e não são simples de serem respondidas. Mas cada vez que nós, eleitores, dizemos que Dia da Consciência Negra é papo de militante que não quer trabalhar, ou aceitamos que chamar alguém de macaco é igual chamar alguém de branquelo ou girafa, ou que o Mussum, sim, era um negro legal porque aceitava piada contra a própria cor, ou que os movimentos negros (e feministas, e LGBT e tantos outros) são expressões populistas de quem têm preconceito contra eles mesmos, nos transformamos cúmplices do crime que ontem atingiu o goleiro Aranha. Mesmo estando a quilômetros da Arena do Grêmio.

Não tenha dúvida: a estupidez da manifestação racista é tão nefasta quanto os políticos por quem juramos sentir nojo. Até porque ajuda a elegê-los.