Sobre o ambiente da Burguesia
Na Idade Média o termo “burguês” referia-se aos moradores de um burgo, que eram povoados protegidos por muradas onde habitava a chamada burguesia (do francês, Bourgeoisie). Os burgos eram povoados pobres que circundavam os castelos medievais da nobreza e a Igreja.
Os burgueses eram indivíduos incultos e rústicos que começaram a produzir roupas, especiarias, artefatos artesanais, bem como prestar serviços em geral. Portanto, ao buscarem alguma independência, não foram benquistos pela nobreza que, suportada pela Igreja, era a efetiva detentora do poder no Reino.
Sendo assim, a burguesia teve origem em grupos de vassalos do poder medieval (séculos 11 e 12). Alguns deles, para não permanecerem submissos ao poder vigente e por terem iniciativa própria, dedicaram-se a atividades comerciais, criando uma fórmula real de produção que, séculos mais tarde, serviu como base para a escola do livre mercado.
As feiras livres eram os “shopping” dos burgueses
Em suma, os burgueses já eram a “classe média” de outrora. Sem eles, a nobreza não poderia realizar seus gastos, às vezes inexplicáveis tal como os atuais. Mas foi justamente usando o trabalho dos burgueses que a nobreza encontrou os meios para repor seu capital, através da “cobrança ostensiva de taxas para manter os dispêndios do Reino”.
Por fim, cabe ressaltar que as escolas da Idade Média eram todas de propriedade da Igreja e somente ensinavam a “devoção aos preceitos religiosos e nobres”. Foram os burgueses que criaram as primeiras escolas livres do poder do clero. Foram eles que ensinaram, construíram e divulgaram os conhecimentos ocidentais. Também foram os “burgueses classe média” que comandaram as necessárias revoluções, culminando com a Queda da Bastilha(Revolução Francesa), datada de 14 julho de 1.789, que veio a inaugurar a Idade Contemporânea.
Sobre o ambiente da Nobreza
Na Europa medieval a nobreza teve origem, essencialmente, na estrutura feudal ou senhorial dos Estados. A camada social superior era constituída pelos detentores da riqueza, sobretudo a fundiária, e do poderio militar. Durante todo esse período, os nobres mantiveram-se na condição de classe superior por seu poder econômico-político, ao lado do clero, que a este juntava “seu poder espiritual”, que alimenta a ignorância.
Cardeal Richelieu, o clero da nobreza francesa
Desde o século 12, a nobreza dividia-se em “ricos-homens e fidalgos”, desfrutando todos de privilégios especiais, tais como a representação nas Cortes, a exclusiva dependência do rei, isenção tributária, imunidades especiais, etc. Contudo, a nobreza não constituía propriamente uma classe fechada, visto que o acesso a títulos nobiliárquicos era possível a um burguês que fosse detentor de grandes riquezas, mas somente após obter a concessão real (do rei). Em outras palavras, era mais fácil perder todas as riquezas que acumulara do que se tornar um nobre titulado.
Rei Luís XVI, líder da nobreza francesa
Mantendo-se unidos por laços de “fidelidade e amizade recíprocas“, bem como de vassalagem, quando fosse o caso, os nobres asseguravam a continuidade do poder de suas famílias, transmitindo seu patrimônio e poder ao filho primogênito.
Na Idade Contemporânea a nobreza começou a definhar, em especial a partir da Revolução Industrial. Atualmente são poucos os países ocidentais que possuem dinastias e monarcas ativos. Mesmo assim, quase todos adaptados ao modo de vida capitalista, com liberdade para investir, trabalhar, produzir e gerir a nação de forma democrática.
Entretanto, a partir de século 20, no lugar de reis e monarcas elevaram-se alguns ditadores, e a tomada do poder deu-se, sobretudo, através de forças revolucionárias e guerras civis. Até agora seus resultados foram duas guerras mundiais, crimes contra a Humanidade, tensões geopolíticas crescentes, “primaveras” violentas visando à troca de ditadores, risco de mais guerras civis e regionais, disparidades econômicas, ameaça de extinção da “classe média” e povos vivendo em absoluta miséria.
Conclusões do blog
Nos dias de hoje, é um engano razoável, senão grave, importar conceitos do século 19 para julgar pessoas e comportamentos livres no século 21. Tentar manter a dicotomia “burguesia versus proletariado” é simplesmente ridículo. Por sinal, o filósofo Karl Marx provinha de família relativamente abastada, que lhe deixou boa herança patrimonial e meios de trabalho privado.
Portanto, segundo sua própria teoria (seita), pertencia à “burguesia capitalista” de sua época, mas optou por ser crítico, fundando-se na defesa de políticas socialistas e comunistas, propondo a luta de classes sangrenta e, tal como umidealista utópico, criar um mundo ideal, “limpo de classes sociais“.
Os burgueses, desde a Idade Média e através dos tempos, são os principais responsáveis pela libertação do cidadão ocidental, tanto do jugo da antiga nobreza, como de seus atuais similares políticos – ditadores, autocratas,populistas e apaniguados. Outro comportamento cidadão que deve ser atribuído às ações primitivas da burguesia, refere-se a formação e ampliação da cultura ocidental, as inovações tecnológicas ligadas à transparência da informação e a cultura do enfrentamento de ditadores-populistas, presentes em todo o planeta.
FONTE - http://ambiente.kohn.eco.br/2013/05/05/um-conceito-abastardado-a-burguesia/