sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Resposta à revista Veja sobre Eric Hobsbawm, um dos maiores intelectuais do século XX



No dia 1 de outubro, faleceu o historiador inglês Eric Hobsbawm. Intelectual marxista, foi responsável por vasta obra a respeito da formação do capitalismo, do nascimento da classe operária, das culturas do mundo contemporâneo, bem como das perspectivas para o pensamento de esquerda no século XXI.
Hobsbawm, com uma obra dotada de rigor, criatividade e profundo conhecimento empírico dos temas que tratava, formou gerações de intelectuais. Ao lado de E. P. Thompson e Christopher Hill, liderou a geração de historiadores marxistas ingleses que superaram o doutrinarismo e a ortodoxia dominantes quando do apogeu do stalinismo. Deu voz aos homens e mulheres que sequer sabiam escrever. Que sequer imaginavam que, em suas greves, motins ou mesmo festas que organizavam, estavam a fazer História. Entendeu assim, o cotidiano e as estratégias de vida daqueles milhares que viveram as agruras do desenvolvimento capitalista.
Mas Hobsbawm não foi apenas um “acadêmico”, no sentido de reduzir sua ação aos limites da sala de aula ou da pesquisa documental. Fiel à tradição do “intelectual” como divulgador de opiniões, desde Émile Zola, Hobsbawm defendeu teses, assinou manifestos e escolheu um lado.
Empenhou-se desta forma por um mundo que considerava mais justo, mais democrático e mais humano. Claro está que, autor de obra tão diversa, nem sempre se concordará com suas afirmações, suas teses ou perspectivas de futuro. Esse é o desiderato de todo homem formulador de ideias. Como disse Hegel, a importância de um homem deve ser medida pela importância por ele adquirida no tempo em que viveu. E não há duvidas que, eivado de contradições, Hobsbawm é um dos homens mais importantes do século XX.
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“IDIOTA MORAL”
Eis que, no entanto, a Revista Veja reduz o historiador à condição de “idiota moral” (cf. o texto “A imperdoável cegueira ideológica da Hobsbawm”, publicado em www.veja.abril.com.br). Trata-se de um julgamento barato e despropositado a respeito de um dos maiores intelectuais do século XX. Veja desconsidera a contradição que é inerente aos homens. E se esquece do compromisso de Hobsbawm com a democracia, inclusive quando da queda dos regimes soviéticos, de sua preocupação com a paz e com o pluralismo.
A Associação Nacional de História (ANPUH-Brasil) repudia veementemente o tratamento desrespeitoso, irresponsável e, sim, ideológico, deste cada vez mais desacreditado veículo de informação. O tratamento desrespeitoso é dado logo no início do texto “historiador esquerdista”, dito de forma pejorativa e completamente destituído de conteúdo. E é assim em toda a “análise” acerca do falecido historiador.
Nós, historiadores, sabemos que os homens são lembrados com suas contradições, seus erros e seus acertos. Seguramente Hobsbawm será, inclusive, criticado por muitos de nós. E defendido por outros tantos. E ainda existirão aqueles que o verão como exemplo de um tempo dotado de ambiguidades, de certezas e dúvidas que se entrelaçam. Como historiador e como cidadão do mundo. Talvez Veja, tão empobrecida em sua análise, imagine o mundo separado em coerências absolutas: o bem e o mal. E se assim for, poderá ser ela, Veja, lembrada como de fato é: medíocre, pequena e mal intencionada.
Diretoria da Associação Nacional de História

Charge do Sponholz



Leis para os mensaleiros e para os ladrões de galinha - Carlos Chagas



Quando condenados, um traficante, um sequestrador, um assassino e até um ladrão de galinha saem da sala do juiz ou do júri diretamente para a cadeia, se lá não estavam antes, presos preventivamente. Assim dispõe a lei.
 Chico (reprod. Globo)
A condenação real dos mensaleiros será conhecida no final deste mês, no máximo nos primeiros dias de novembro. Seus advogados, porém, calculam que só em meados do próximo ano entrarão nas penitenciárias aqueles que tiverem sido sentenciados a prisão fechada e, em alguns casos, prisão aberta, quando só precisarão dormir atrás das grades.
O rito, para os réus de colarinho banco, é demorado. Depois das condenações, os ministros do Supremo Tribunal Federal se reunirão para a chamada dosimetria, ou seja, a fixação das penas para cada um dos condenados, pelo diversos crimes em que tiverem incorrido. Trabalho longo, quando onze ou dez decisões sobre 36 réus serão expostas, cotejadas, somadas e submetidas à média afinal definida pelo plenário.
Em seguida vem a preparação do acórdão de mil páginas, a exigir, da mesma forma, entendimento entre os meretíssimos. Uma vez publicado o texto no Diário da Justiça, abre-se a temporada para os recursos. Apesar de última instância, a mais alta corte nacional de Justiça estará obrigada a examinar embargos de declaração, referentes a duvidas sobre as sentenças, e embargos infringentes, a que tiverem direito os réus que apesar de condenados obtiveram quatro votos a seu favor. Só então as condenações ganharão o finalíssimo registro do “transitado em julgado”. A etapa seguinte envolverá as varas de execuções penais dos diversos estados ou municípios onde residirem os réus, para definição dos locais de cumprimento das penas.
Em suma, muita água passará sob a ponte até que os mensaleiros vejam o sol nascer quadrado, se é que verão. Tudo de acordo com a lei, mas o que dizer daquela outra, citada inicialmente, para os ladrões de galinha? Ainda mais estando em ação luminares da ciência do Direito, como são os advogados dos réus, mestres na arte da procrastinação e do apelo a recursos…
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OS MESMOS ERROS
Não só pessoas costumam incidir nos mesmos erros antes praticados. Empresas também. Depois de escancarados fracassos na previsão dos resultados das eleições de domingo, os institutos de pesquisa atacam novamente. De forma açodada, apontam Fernando Haddad dez pontos acima de José Serra no segundo turno do dia 28.
Pode até ser, mas é temerário concluir qualquer coisa a partir de duas mil consultas num universo de milhões de eleitores. E antes que tenham começado o período de propaganda gratuita pelo rádio e a televisão. Fariam melhor os institutos se utilizassem seus recursos com mais cautela, porque pega mal ficar depois oscilando como biruta de aeroporto e concluindo que quem mudou foi o volúvel eleitor…
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A MESMO PERSONALIDADE
Ninguém se iluda sobre a performance de Joaquim Barbosa na presidência do Supremo Tribunal Federal. Na direção dos trabalhos da corte ele será o mesmo, quer dizer, inflexível, seco e duro como sempre foi. Não terá, é claro, adversários ou desafetos entre seus pares, mas manterá a mesmas características demonstradas desde muito. Até para o intervalo de que gozem os ministros entre as sessões, para o lanche, não deverá admitir delongas. Chá e café com leite deverão ser deglutidos no devido tempo.

Supremo elege Barbosa presidente e Lewandowski como seu vice



Dinastias nada republicanas nem democráticas



Sandra Starling
Quando o PT começou a participar de eleições, em 1982, realizamos inúmeros seminários para discutir programa de governo, conjuntura política e participação popular. Recordo-me bem de que o excelente professor e renomado sociólogo mineiro Otávio Dulci deu-nos, na ocasião, uma aula sobre as “famílias governamentáveis” de Minas Gerais, demonstrando como continuara concentrado o poder no Estado, mesmo após a proclamação da República. Ficamos todos boquiabertos com a prática da exclusão política, acompanhada da usual marginalização econômica. Havia sempre descendentes de sobrenomes famosos a mandar no território mineiro.
 Roseana, dinastia Sarney
A partir daí, e no período em que tive vida pública, pude notar que as poucas mulheres eram eleitas em função de pertencer a certas famílias (Roseana Sarney seria o protótipo) ou por serem esposas de políticos famosos, que as promoviam quando eles próprios, por alguma razão, ou não podiam se candidatar ou precisavam ocupar ao mesmo tempo duplo espaço público (este foi, por exemplo, o caso de Esperidião Amim, quando, eleito senador por Santa Catarina, lançou sua mulher, já deputada federal, ao governo, para fazê-la, dois anos depois, prefeita de Florianópolis, fincando estacas e marcando assim seu território de mando).
Quase todas as minhas colegas entre 1991 e 1998, na Câmara dos Deputados tinham essa origem que denominaria “dinástica”, valendo-me do ensinamento do Mestre Aurélio: “Série de soberanos pertencentes a uma mesma família”. Entre os homens, à época, a coisa era diferente: um zé qualquer podia alçar voo próprio na política do país, a partir de seus méritos, e virar, de repente, até presidente da República, como ocorrera, por exemplo, com Juscelino Kubitschek.
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ESTÁ PIORANDO
Verifico atualmente que a coisa anda piorando. Agora, homens e mulheres tomam o atalho da vida pública a partir de seus parentescos com gente já famosa na política. Em Santa Luzia, por exemplo, onde voto, há uma série de candidatos “fulano de tal” em que o “tal” é o nome do pai de quem ele pretende herdar a cabrestagem.
Mas como dizem que os discípulos sempre superam os mestres, a fúria da transmissão dinástica atingiu a esquerda, em especial o PT, de maneira impressionante, em todo o Brasil. Na nova safra de políticos petistas vão se consolidando filhos, esposas e irmãos dos ex-deputados federais e ex-prefeitos (inclusive na capital) que vão passando o bastão.
Aliás, onde sou eleitora, verifico que a candidata petista é irmã de um deputado federal com base eleitoral na região de Venda Nova. Dizendo-se professora luziense, nunca foi vista tão bonita quanto aparece nos cartazes colados por toda parte…
Quando as dinastias se consolidam,  o povo, sente-se traído no direito democrático e republicano de escolher quem quiser.

Conheça o golpe da placa do carro, nova criação dos ladrões de automóveis


Mariza Guimarães
A imaginação dos marginais não tem limites… Como os carros agora têm sofisticados sistemas antifurto, os criminosos se esmeram. O novo golpe funciona assim. Eles esperam num estacionamento, e depois de você sair do carro, tiram sua placa, assim não toca o alarme, e ficam à espera.
Depois, te seguem, te ultrapassam e mostram a placa pela janela, como se ela se tivesse desprendido do teu carro. Você fica surpreso ao reconhecer a tua placa e sem desconfiar porque acha que ela caiu, resolve parar para recuperá-la e agradecer a quem tão “generosamente” deseja devolver a placa que você nem reparou que tinha caído…
Parar é tudo o que eles querem que você faça. Aí já é tarde demais e terá sorte se não for violentamente tratado, sequestrado, ferido ou morto.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG - Outro golpe muito comum funciona assim. Os criminosos seguem sem carro e jogam uma pequena pedra nele. Você houve o barulho e acha que aconteceu alguma coisa. Aí é ultrapassado por outro carro, que diz estarem saindo fagulhas. Quando você para, já está nas mãos da quadrilha, que finge torcar uma peça de seu carro, pede pagamento em três ou quatro cheques de 100 reais e depois os transforma em cheques de 900 reais.
Não pare na estrada, seja por qualquer motivo. Se o carro tiver defeito, vai parar sozinho…

Uma mentira goebbeliana: PT e CUT usam dinheiro do povo na campanha contra o STF



Altamir Tojal
O brasileiro perdeu a paciência com a corrupção, mas não perdeu o bom-humor. Agora mesmo, uma frase – “A pizzaria fechou!” – traduz assim, com jeito de troça, o sentimento que cresce no Brasil de que a regra da impunidade começa a perder força nesse país, onde o direito protege desde sempre os poderosos e a lei pesa mais sobre o povo.

Parece mesmo que a corrupção passou a ser uma prática mais arriscada no Brasil. Há poucos meses, quase ninguém acreditava que essa mudança poderia acontecer. Mas a sociedade compreendeu que pode fazer as instituições cumprirem os seus papéis. Está aí o julgamento do mensalão condenando figurões com José Dirceu e José Genuíno, parlamentares, banqueiros e empresários.
Está sendo condenado, sobretudo, o modelo de fazer política que se tornou hegemônico nos últimos anos, baseado na corrupção, no aparelhamento do estado, na troca de favores, na compra de apoio político e na traição às idéias e compromissos apregoados nas campanhas eleitorais.
O julgamento do mensalão vinha sendo adiado por pressões e chantagens. E logo que começou, surgiram os ataques para desqualificar a denúncia, o processo, os procuradores, os juízes e o tribunal.
Essa estratégia é elaborada com requintes de marquetagem política. O terreno foi preparado com o bombardeio das teses do “julgamento pela imprensa” e do “era só caixa dois”. O início das sessões foi marcado pela alegação de desrespeito aos direitos dos acusados e a farsa do recurso a cortes internacionais se houvesse condenações. Agora é a afirmação de que os réus estão sendo condenados sem provas.
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JULGAMENTO DE EXCEÇÃO
Os laboratórios intelectuais petistas contribuíram com a fórmula “julgamento de exceção”, segundo a qual o STF é o Santo Ofício do Planalto e Joaquim Barbosa é a reencarnação de Torquemada. De lá pra cá, uma nota de desagravo ao presidente Lula comparou o julgamento ao Golpe de 64. Genuíno chamou jornalistas de “torturadores da ditadura”. E agora Dirceu e Genuíno repetem que se trata de processo “político de exceção”.
“Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Esse ensinamento de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler, tem sido usado e abusado pelo PT ao longo de sua história. A “campanha da falta de provas” está sendo agora difundida pela CUT, pelos blogueiros chapa-branca e por todo o resto da máquina de propaganda do PT, todos pagos, é claro, com dinheiro público.
Depois de se associar a Sarney, Collor e Maluf, depois de usar políticas sociais públicas como políticas partidárias, depois de oficializar a corrupção, de aparelhar o estado, de defender o controle da imprensa e de envergonhar e destruir a sua própria militância, o PT agora se volta contra a esperança da sociedade de “fechar a Pizzaria Brasil” e de conquistar uma justiça mais republicana.
(Do Blog Este Mundo Possível, texto enviado por Mário Assis)

A MÚSICA DO DIA Nat King Cole em You'll Never Know



Nat King Cole

Ouça You'll Never Know, de Harry Warren e Mack Gordon

Cairam as pedras do muro, por Sandro Vaia



Sim, o ex-presidente Lula tem razão: estamos preocupados com o Palmeiras ameaçado pelo fantasma da série B.
Mas ao contrário do que ele pensa e expõe na sutileza de sua metáfora, a gente sabe que se cair, levanta a cabeça, disputa a segundona com toda honra, e volta grande como sempre foi, e quem sabe com mais juízo e mais competência. Esse é o destino dos grandes.
É muito mais fácil manter a cabeça erguida com as infelicidades do futebol do que com uma condenação incontestável pela mais alta Corte do País por vários crimes de corrupção.
Por isso, a frase do ex-presidente é descabida e desrespeitosa para com a inteligência do brasileiro.
Se ele quis se referir especificamente à influência do julgamento do mensalão no resultado das eleições, pode estar lamentavelmente próximo da verdade.
Segundo uma medição da Datafolha – com todos os pés atrás que as pesquisas de opinião estão merecendo, principalmente em função da volatilidade da opinião pública- apenas 19% dos eleitores sofreria alguma influência dos resultados do julgamento do mensalão na escolha dos dirigentes municipais.
Acontece que a comprovação cabal da existência do mensalão e a consequente demolição da tese do “simples Caixa 2” por parte da Justiça, tem muito mais a ver com a construção dos fundamentos de um sistema politico ético para o futuro do que com o imediatismo do resultado eleitoral que conheceremos daqui a 20 dias.
Os comentários patéticos do ex-presidente, as cartas deprimentes dos condenados Dirceu e Genoino, as notas do partido e das suas linhas auxiliares, como a CUT, são um desrespeito às instituições democráticas e ao Estado de Direito.
O julgamento foi feito inteiramente dentro das regras do jogo democrático. Grande parte dos juízes da Corte foram nomeados pelos 3 últimos governos.
A única suspeição que pode ser arguida é exatamente sobre um dos juízes que mais absolveram.
Um juiz que trabalhou para um dos réus durante cinco anos. Foi seu subordinado funcional e esperava-se que em função disso se declarasse impedido de participar do julgamento. Mas participou e absolveu o mais vistoso dos acusados, exatamente seu ex-chefe.
A repercussão imediata do resultado do julgamento nas eleições é o que menos importa. A opinião pública, como observa César Maia, na base social, se cristaliza em ondas que requerem tempo.
Mudanças de hábitos e costumes políticos só se consolidam dentro de um tempo histórico.
Mas como as pedras do Muro de Berlim jamais serão recolocadas, os costumes políticos do Brasil, depois do episódio do Supremo, jamais serão os mesmos. A impunidade caiu, foi posta abaixo.


Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez. E.mail:svaia@uol.com.br

HUMOR A Charge do Chico Caruso



MENSALÃO: Nota do PT que se solidariza com Dirceu — sem, covardemente, dizer isso às claras — é cínica, mentirosa e totalitária


O PT não se emenda.
Não tem jeito.
Vejam o caso dessa reunião do alto comando do partido, em São Paulo.
Começa que teve a participação e, na prática, a condução do criminoso condenado pelo Supremo Tribunal Federal José Dirceu.
Em seguida, que apoiou inteiramente a tese do réu condenado segundo a qual “a melhor resposta” ao julgamento do Supremo — que está enviando para a cadeia ele e outros “cumpanheiros” — é a eleição do ex-ministro da Educação Fernando Haddad prefeito de São Paulo.
Me expliquem o que quer dizer isso!
Quer dizer que a decisão soberana do Supremo — no caso dele, Dirceu, por sonoros 8 votos a 2 em favor da condenação por corrupção ativa — precisa de uma “resposta”?
E por quê?
A decisão foi tomada por algum tribunal de países que Dirceu admira, como a Venezuela em que o coronel Chávez manda na Justiça?
Em que país Dirceu julga que vive? Na Cuba que visita sempre com prazer, e onde recebeu treinamento para uma guerrilha que nunca teve coragem de fazer?
E o que é que teria que ver uma eventual vitória de Haddad em São Paulo com a cadeia onde, se tudo correr bem, o ex-chefe da Casa Civil irá passar larga temporada?
O eleitorado estaria, por acaso, absolvendo os ladravazes do PT?
O sonho dos tucanos paulistas é trazer o mensalão para a campanha de José Serra contra Haddad. Dirceu está fazendo isso por eles.
Mas continuo.
Não bastasse esse bestialógico, o Diretório Nacional do PT, obviamente influenciado por Dirceu, lançou ao final da reunião uma daquelas notas vociferantes, com as tradicionais entrelinhas totalitárias e ameaçadoras de sempre, em que diz, a certa altura:
“Nosso desempenho nas eleições municipais ganha ainda maior significado, quando temos em conta que ele foi obtido em meio a uma intensa campanha, promovida pela oposição de direita e seus aliados na mídia, cujo objetivo explícito é criminalizar o PT.
Não é a primeira, nem será a última vez, que os setores conservadores demonstram sua intolerância; sua falta de vocação democrática; sua hipocrisia, os dois pesos e medidas com que abordam temas como a liberdade de comunicação, o financiamento das campanhas eleitorais, o funcionamento do Judiciário; sua incapacidade de conviver com a organização independente da classe trabalhadora brasileira.
Mas a voz do povo suplantou quem vaticinava a destruição do Partido dos Trabalhadores”
Comento, em seguida, alguns pontos dessa nota agressiva e mentirosa:
1. “Criminalizar o PT”
Quem criminalizou não o PT, mas ex-membros de sua alta cúpula dirigente, não foi “a oposição de direita e seus aliados na mídia”, mas o mais alto e respeitável tribunal do país.
Não custa lembrar, uma vez mais, com infinita paciência, que, além de tudo, dos 10 ministros que votaram, 7 estão no Supremo por indicação de governos petistas.
2. A “intolerância” dos “setores conservadores”
O que é a “intolerância” que os “progressistas” e “esquerdistas” do PT — aliados de Collor, Maluf, Sarney e Renan Calheiros — atribuem aos “setores conservadores”?
Onde está a intolerância — esta sim, apanágio do PT desde seu nascedouro?
Por acaso seria aplaudir a decisão do Supremo que a) atestou que existiu o mensalão, até então, para Lula et caterva, “uma farsa”; b) atestou que foi alimentado por dinheiro público; c) comprovou que se destinava a comprar o apoio de deputados no Congresso para o lulalato; d) comprovou, e decidiu de acordo, que Dirceu, pela posição que ocupava, cometeu, em diferentes ocasiões, o crime de corrupção ativa?
Pois então me incluam entre os “conservadores” e “intolerantes”.
3. Liberdade de comunicação
Que autoridade tem o PT para falar do assunto? Estão há anos tentando o “controle social da mídia” — que, sabemos desde o tristemente célebre Franklin Martins, é calar a boca da imprensa independente. Nem o ministro petista Paulo Bernardo, das Comunicações, apoiou ou apoia esses delírios, que claramente o partido quer recolocar em debate.
4. Funcionamento do Judiciário
O PT só gosta que o Judiciário funcione quando não é para colocar na cadeia seus figurões.
No que é, afinal, que os “setores conservadores” estão obstaculizando o funcionamento do Judiciário?
Quem, senão Lula, acusou o mensalão — depois de aceita a denúncia do Ministério Público pelo Supremo — de ser uma “farsa”?
5. ” Incapacidade de conviver com a organização independente da classe trabalhadora brasileira”
Não me façam rir. Estão falando com maria-vai-com-as-outras Paulinho da Força, que já foi adversário feroz de Lula, aderiu ao lulalato e agora, em São Paulo, resolveu apoiar o tucano José Serra?
Ou da CUT? Aí a piada é maior ainda, já que se trata da velha e conhecida correia de transmissão sindical do partido — o qual, uma vez no poder, vem sucessivamente premiando sindicalistas por sua instalação em postos nos quais estão preparados, principalmente, para embolsar os salários graúdos.
A nota do PT, que se solidariza com Dirceu sem, covardemente, assumir isso, é cínica, mentirosa e de tom totalitário. Também faltou coragem aos lulo-petistas para dizer às claras o que a nota só sugere: sua inconformidade com as decisões democráticas do Supremo.

Casa de Coco Chanel à venda por R$ 90 milhões


Churchill também viveu na morada da Riviera

18/02/2012| POR REDAÇÃO

casa_cocochanel (Foto: divulgação)
O romance com o Duque de Westminster vivido na década de 1920 rendeu a Coco Chanel uma não tão modesta parcela de 43.000 m² de terreno em Roquebrune-Cap-Martin, na Riviera Francesa, a poucos quilômetros da exclusivíssima Monte Carlo. Ali, a francesa – ícone absoluto da moda do século 20 – construiu uma de suas casas, que agora está à venda no seleto mercado imobiliário de luxo europeu por um valor inicial de 40 milhões de euros, ou R$ 90 milhões.
Chamada de La Pausa, a propriedade inclui uma mansão com nada menos do que 4 andares, 7 suítes e salas enormes, todas rodeadas por belíssimo jardim com oliveiras, jacarandás e acácias, de onde se descortinam vistas deslumbrantes para as montanhas e para o mar Mediterrâneo.
casa_cocochanel (Foto: divulgação)
Apenas pela qualidade da construção e de seus móveis, o valor da residência já estaria mais do que justificado. Mas a casa vem acompanhada por uma história que vai além do romance entre o nobre e a plebeia.
Para começar, reza a lenda que o duque teria escondido uma esmeralda bruta gigante embaixo de uma das árvores que decoram o jardim. A pedra jamais foi encontrada – e pode estar lá até hoje.
Encerrado o namoro, Coco Chanel continuou promovendo festas no local, algumas delas freqüentadas por gente como Pablo Picasso, Igor Stravinsky, Jean Cocteau e Pierre Bonnard. Isso até a casa ser vendida, em 1953, para o colecionador de arte Emery Reves.
casa_cocochanel (Foto: divulgação)
Ele e sua esposa deram seqüência à fama de La Pausa, alugando o imóvel a Winston Churchill, que isolou-se no local para escrever sua biografia. O isolamento, porém, não foi duradouro, uma vez que o ex-premiê do Reino Unido também era chegado numa festinha. Churchill promoveu memoráveis recepções ali, reunindo gente como Aristoteles Onassis, Greta Garbo, Rose Kennedy, o príncipe Rainier e a princesa Grace de Mônaco, entre muitos outros.
Desde sua construção, La Pausa sofreu uma série de modificações, mas todas só serviram para engrandecer seu glamour. Agora, quem dispuser dos R$ 90 milhões requeridos, pode entrar em contato, por exemplo, com a Sotheby’s Brasil, corresponsável pela venda.
casa_cocochanel (Foto: divulgação)
casa_cocochanel (Foto: divulgação)
casa_cocochanel (Foto: divulgação)
casa_cocochanel (Foto: divulgação)
casa_cocochanel (Foto: divulgação)
casa_cocochanel (Foto: divulgação)

casa_cocochanel (Foto: divulgação)
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casa_cocochanel (Foto: divulgação)
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HUMOR A Charge do Amarildo



CRÔNICA Cartas de Seattle: Emprego novo só com influência



Estou desatualizada com a busca de emprego no Brasil, mas aqui em Seattle o QI é o mais importante. Quem Indica. Em época de economia difícil, relacionamento é tudo.
“Até 85% das oportunidades de reposicionamento em Seattle são obtidas através de relacionamentos”, diz Paul Anderson, diretor da consultoria de carreira Prolango. Anderson viaja o país inteiro fazendo workshops, mas diz que é em Seattle que estão os grandes desafios.
Ele diz que os recrutadores, muito jovens, estão mergulhados em pilhas de currículos. E que investem segundos – sim, segundos! – para identificar se um candidato é bom ou não. Isso depois de o currículo ter passado pelo funil dos sistemas que identificam palavras-chave.
Ser visto por um recrutador através dos bancos de talento é praticamente um milagre. Mais eficiente, ensina o consultor, é desenvolver relacionamentos com pessoas da área em que você quer trabalhar. E também da(s) empresa(s) em que você quer trabalhar. Objetivo: que seu nome venha à tona quando houver uma oportunidade de trabalho.
Faz sentido, mas o jeito de ser local é um empecilho. Um sorriso gentil pode querer dizer “perca as esperanças porque não pretendo encontrar você para um café, mas não quero dizer isso na sua cara”. Muita gente prefere ignorar um e-mail a dizer que não vai poder recomendar você ao chefe. Eles acham que não é educado. Fica difícil construir relacionamento assim.

Foto: currículos@cc

Uma saída é procurar os eventos de networking. Um monte de gente querendo apresentar você a alguém porque sabe que um dia você pode retribuir o favor. Nunca vi tanta gente junta querendo conversar com desconhecidos. 
Nem parecia que eu estava em Seattle. 

Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido. Ama teatro, gérberas cor de laranja e seus três gatinhos. Atua como estrategista de Conteúdo e de Mídias Sociais em Seattle, de onde mantém o blog Preview e, às sextas, escreve para o Blog do Noblat.

Ativos e passivos, por Nelson Motta



Nelson Motta, O Globo
Lula achava que ministro do Supremo Tribunal Federal era cargo de confiança, da sua cota pessoal, deles esperava lealdade, fidelidade e gratidão. Mas os ministros que nomeou não sabiam disso, e estão fazendo o que tem que ser feito, a começar por Joaquim Barbosa.
Até as absolvições de Lewandowski e Dias Toffoli servem para legitimar, como minoria, as condenações que a maioria acachapante do STF impôs aos réus do mensalão, que foram defendidos pela seleção brasileira de advogados.
Data venia, com invejável coragem e sem medo do ridículo e do opróbio, o ministro Lewandowski tem feito das tripas coração, ou vice-versa, e usado o seu notório saber jurídico para fechar a cadeia de comando do esquema em Delúbio Soares.
O ministro gosta de citações e poderia atualizar a frase do Rei Luís XV, prevendo o caos e a destruição se seu reinado caísse, “Après moi, le déluge” (“Depois de mim, o dilúvio”), para “Après moi, le Delúbio”. Porque, se chegasse a Dirceu, o dilúvio de lama levaria a Lula.
Afinal, se continuasse funcionando em silêncio, o esquema garantiria a hegemonia política absoluta do PT, com uma base de apoio de dar inveja a Chávez, e poderia manter o partido no poder por vinte anos. Totalmente autossustentável.
Era o que todo mundo fazia, só que muito mais bem feito. Como professor de matemática, Delúbio sabia que os números fechavam — e tendiam ao infinito. Os oito anos de Lula, e mais oito de Dirceu, estariam assegurados. Se Roberto Jefferson ficasse calado.
Era um golpe no Estado e na democracia, como julgou o presidente Carlos Ayres Britto, ironicamente de um partido obcecado pelo golpismo, acusação com que responde a qualquer crítica.
Não era um projeto de enriquecimento pessoal, uma ladroagem das elites e da direita, mas uma audaciosa manobra política, digna de um grande estrategista como o capitão do time em que Lula era o técnico e o dono da bola, batia córner e cabeceava, dava os passes e fazia os gols, além de morder a canela dos adversários para proteger sua meta e defender os companheiros dos juízes, aos gritos. Como não saberia quem patrocinava o time?


Nelson Motta é jornalista

Fraga-Motta-Giunta Trio: Concerto no 'Notorious', Buenos Aires




NY vê Picasso em preto e branco


Exposição reúne obras P&B do artista

04/10/2012 | POR REDAÇÃO

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  (Foto: © 2012 Estate of Pablo Picasso/Artists Rights Society (ARS), New York / Photo: Gassull Fotografia)
A partir do dia 5 de outubro, os amantes de arte que passarem por Nova York poderão mergulhar no universo monocromático do espanhol Pablo Picasso. No Guggenheim, até 23 de janeiro, a exposição Picasso Black and White apresentará 118 obras – entre pinturas, esculturas e trabalhos em papel – de acervos privados e públicos. Dessa lista, seis nunca foram expostas ou publicadas anteriormente, e 38 terão sua primeira apresentação nos Estados Unidos.
A mostra, que reúne trabalhos datados de 1904 a 1971, enfoca o modo como o artista explorou, inventou e desenhou com o preto, o branco e o cinza durante sua carreira – mesmo nas obras mais expressivas, que abordavam atrocidades da guerra ou interpretações históricas vivas.
Um dos mais influentes artistas do século 20 e cofundador do movimento cubista, Picasso acreditava que a cor enfraquecia as linhas e estruturas de suas obras, por isso a tirou de cena – para realçar a estrutura e a autonomia inerentes à sua arte.
Denominada Picasso Black and White, a exposição está organizada em ordem cronológica e contará com um catálogo ilustrado completo para quem gosta de mais detalhes. Depois de Nova York, a exposição viajará para Houston, onde ficará em cartaz até maio de 2013.
Picasso Black and White
Local: Solomon R. Guggenheim Museum
Endereço: 1071, 5th Avenue, Nova York
Data: de 5 de outubro de 2012 a 23 de janeiro de 2013
Horário: de domingo a sexta, das 10h às 17h45; e, aos sábados, das 10h às 19h45. Fecha às quintas
Entrada: US$ 22  
  (Foto: © 2012 Estate of Pablo Picasso/Artists Rights Society (ARS), New York / Foto: © Archivo fotográfico Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid)

  (Foto: Herbert List / Magnum Photos)

  (Foto: © 2012 Estate of Pablo Picasso/Artists Rights Society (ARS), New York / David Heald)

  (Foto: © 2012 Estate of Pablo Picasso/Artists Rights Society (ARS), New York / Foto: Kristopher McKay /  © The Solomon R. Guggenheim Foundation, New York)

  (Foto: © 2012 Estate of Pablo Picasso/Artists Rights Society (ARS), New York / Foto: The Museum of Modern Art/Licensed by SCALA/Art Resource, NY)

  (Foto: © 2012 Estate of Pablo Picasso/Artists Rights Society (ARS), New York / Foto: Kristopher McKay © The Solomon R. Guggenheim Foundation, New York)

  (Foto: © 2012 Estate of Pablo Picasso/Artists Rights Society (ARS), New York Photo: © Archivo fotográfico Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid)

  (Foto: © 2012 Estate of Pablo Picasso/Artists Rights Society (ARS), New York / Foto: Béatrice Hatala)

  (Foto: © 2012 Estate of Pablo Picasso/Artists Rights Society (ARS), New York / Foto: Tom Jenkins)

  (Foto: © 2012 Estate of Pablo Picasso/Artists Rights Society (ARS), New York / Foto: Robert Bayer, Basel)

  (Foto: ©2012 Estate of Pablo Picasso/Artists Rights Society (ARS), New York / Foto: CNAC/MNAM/Dist. Réunion des Musées Nationaux/Art Resource, NY)