FOLHA DE SP - 11/01
Maior fluxo de saída da moeda dos EUA da economia brasileira suscita alarmes, mas não chega a ser um problema crítico para o país
No ano passado, mais saíram do que entraram dólares na economia brasileira. O "fluxo cambial foi negativo", como diz o jargão. O fato não ocorria desde a crise de 2008.
Tais comparações podem suscitar algum alarme, mais ainda se o fenômeno é descrito como a maior fuga de dólares desde o conturbadíssimo ano de 2002.
No entanto, o que se pode dizer desse indicador financeiro é que se trata de um sintoma ainda suave da deterioração das condições da economia brasileira, em um ambiente de estresse devido à mudança da política econômica americana.
O saldo negativo, pouco mais de US$ 12 bilhões, é pequeno dado o tamanho da economia e das reservas internacionais do país, em torno de US$ 375 bilhões. Não é um problema crítico. Sua relevância está em ser indicação complementar de outros problemas.
O principal determinante da escassez relativa de dólares parece ter sido a mudança na política monetária dos EUA. Foi a partir de junho que os fluxos mensais se tornaram regularmente negativos.
Em maio, o banco central americano anunciou sua intenção de diminuir a injeção anual e bilionária de dinheiro na praça. A redução da oferta de incentivos e seu significado, recuperação da economia, implicaria uma redução da liquidez mundial (dinheiro disponível) e um interesse maior do capital de retornar aos Estados Unidos.
Tal transição ocorreu num momento em que se tornara patente a má fase da economia brasileira. Isto é, anos de baixo crescimento e perspectivas degradadas devido à má administração da política econômica (inflação e deficit externos altos mesmo com pequeno avanço do PIB, descaso com as contas públicas, intervenção equivocada do governo na economia etc.).
Tal cenário induziu a retração dos investimentos diretos estrangeiros (ditos "na produção") e das aplicações financeiras de não residentes. Como o saldo comercial brasileiro diminuiu sobremaneira, a renda do comércio externo não foi capaz de compensar a diferença negativa.
Não há, porém, "fuga" de dólares. Por ora, nota-se um ajuste sintomático dos investidores às expectativas reduzidas para o Brasil e às mudanças na economia dos EUA.
Sem dúvida pode haver deterioração mais preocupante. A política econômica continua entre errática e má, num ano de incertezas devidas à eleição presidencial. Ademais, sempre é difícil prever fluxos e refluxos da finança global.
Uma política econômica menos amadorística, porém, pode dar conta de evitar degradação maior no que diz respeito ao financiamento externo.
Maior fluxo de saída da moeda dos EUA da economia brasileira suscita alarmes, mas não chega a ser um problema crítico para o país
No ano passado, mais saíram do que entraram dólares na economia brasileira. O "fluxo cambial foi negativo", como diz o jargão. O fato não ocorria desde a crise de 2008.
Tais comparações podem suscitar algum alarme, mais ainda se o fenômeno é descrito como a maior fuga de dólares desde o conturbadíssimo ano de 2002.
No entanto, o que se pode dizer desse indicador financeiro é que se trata de um sintoma ainda suave da deterioração das condições da economia brasileira, em um ambiente de estresse devido à mudança da política econômica americana.
O saldo negativo, pouco mais de US$ 12 bilhões, é pequeno dado o tamanho da economia e das reservas internacionais do país, em torno de US$ 375 bilhões. Não é um problema crítico. Sua relevância está em ser indicação complementar de outros problemas.
O principal determinante da escassez relativa de dólares parece ter sido a mudança na política monetária dos EUA. Foi a partir de junho que os fluxos mensais se tornaram regularmente negativos.
Em maio, o banco central americano anunciou sua intenção de diminuir a injeção anual e bilionária de dinheiro na praça. A redução da oferta de incentivos e seu significado, recuperação da economia, implicaria uma redução da liquidez mundial (dinheiro disponível) e um interesse maior do capital de retornar aos Estados Unidos.
Tal transição ocorreu num momento em que se tornara patente a má fase da economia brasileira. Isto é, anos de baixo crescimento e perspectivas degradadas devido à má administração da política econômica (inflação e deficit externos altos mesmo com pequeno avanço do PIB, descaso com as contas públicas, intervenção equivocada do governo na economia etc.).
Tal cenário induziu a retração dos investimentos diretos estrangeiros (ditos "na produção") e das aplicações financeiras de não residentes. Como o saldo comercial brasileiro diminuiu sobremaneira, a renda do comércio externo não foi capaz de compensar a diferença negativa.
Não há, porém, "fuga" de dólares. Por ora, nota-se um ajuste sintomático dos investidores às expectativas reduzidas para o Brasil e às mudanças na economia dos EUA.
Sem dúvida pode haver deterioração mais preocupante. A política econômica continua entre errática e má, num ano de incertezas devidas à eleição presidencial. Ademais, sempre é difícil prever fluxos e refluxos da finança global.
Uma política econômica menos amadorística, porém, pode dar conta de evitar degradação maior no que diz respeito ao financiamento externo.
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