quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Frente Patriótica Manuel Rodrigues: um pouco de história


Posted: 11 Sep 2014 03:28 AM PDT

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Sonia Ilich e Carlos Ilich Santos Azambuja
A Frente Patriótica Manuel Rodriguez (FPMR) foi constituída em 14 de dezembro de 1983 comobraço armado do Partido Comunista Chileno.

Alguns membros do Comitê Central do partido qualificaram a criação da FPMR como um erro político. Outros, todavia, alegaram que a existência da FPMR foi resultado das contradições e da luta ideológica que existiam, na época, no interior do partido.

Em 1974, cerca de um ano após a deposição do Presidente Salvador Allende, o PC Chileno, na clandestinidade, aceitou o oferecimento de Cuba de preparar militantes em diversas especialidades militares. Preparar quadros militares profissionais em anos de instrução e treinamento. Pode ser dito que foi esse o primeiro passo de um longo caminho cheio de contradições, mudanças e retrocessos da incorporação de um componente militar – como se denominava então – à linha política do partido.

Como resultado, o PC Chileno, através desse grupo, adquiriu um novo arsenal político-ideológico e teórico-técnico no processo de transformação que vinha sofrendo desde a queda do governo da Unidade Popular. Esse foi o início daquilo que, por muitos anos, foi denominado de tarefa militar do partido.

No início de 1975 teve início essa longa e profunda preparação de um numeroso contingente de comunistas, composto por jovens estudantes, trabalhadores e camponeses, oriundos de todas as partes do Chile. É provável que ninguém possa quantificar seu número exato.

Alguns sabiam claramente o que iam fazer, enquanto outros foram se inteirando aos poucos da tarefa militar prolongada, na medida mesmo em que recebiam um uniforme militar.

Foi ministrado um treinamento nas mais diversas especialidades das ciências militares, em cursos prolongados que exigiram dedicação e intensos estudos. Alguns Quadros cursaram os mais altos níveis da educação militar superior. Todos se consideravam “quadros estratégicos do partido”, mas não foi somente em Cuba. A partir de 1977, outro grupo de comunistas chilenos passara a viver uma experiência similar na Bulgária.

Na medida em que o tempo transcorria, a direção do partido, sem saber o que iria fazer com esse numeroso contingente, provocou o abandono da tarefa por um importante grupo desses jovens comunistas. Sabe-se que alguns passaram apenas alguns dias nos centros de treinamento militar em Cuba, outros alguns meses e anos, e muitos resistiram todo o tempo. Estes ultrapassaram todas as difíceis provas, e o PC Chileno, em meados de 1979, pela primeira vez em sua História, passou a dispor de um contingente de militantes especializados em tarefas militares.

Nesse sentido, a direção do partido, em 1979, organizou a chamada Frente Zero, como o primeiro passo orgânico, no interior do país, a fim de compor uma estrutura para o componente militar. Essa estrutura foi denominada Frente Zero, pois o Um era o Secretário-Geral, o Dois era o Secretário de Organização e o Três o Secretário de Educação. Chamar de Frente Zero o encarregado do trabalho militar revelava uma intencionalidade de prioridade.
A Frente Zero passou a existir em todas as grandes cidades do país, e seu funcionamento estava intimamente relacionado com as estruturas regulares do partido, nunca se tornando uma estrutura paralela, até 1983, quando foi constituída a Frente Patriótica Manuel Rodriguez.

Na Nicarágua havia uma guerra insurrecional, desde os anos 60, contra o governo de Anastácio Somoza, e Cuba vinha dando todo o apoio ao Movimento Sandinista. No início de 1979, Cuba propôs à direção do PC Chileno enviar à Nicarágua um contingente dos comunistas que havia concluído o treinamento armado, a fim de colaborar com os sandinistas.

Essa experiência iria influir no futuro da política militar do PC Chileno, pois a participação junto aos sandinistas foi maciça. Foi aí que o contingente que havia recebido treinamento em Cuba assumiu seu próprio comando e, nos anos posteriores à guerrilha na Nicarágua, foi mantido esse mesmo estilo de direção, independente do Comitê Central.

Poucos meses durou essa guerra para os comunistas chilenos, uma vez que em julho de 1979 a Frente Sandinista assumiu o poder. Outros grupos numerosos de socialistas e de militantes do Movimiento de Izquierda Revolucionária (MIR), bem como um numeroso grupo de uruguaios, combateram na Nicarágua. Muitos morreram e outros foram feridos.

Em setembro de 1980, a direção do PC Chileno, ao aprovar um enunciado apoiando todas as formas de luta contra o governo do General Pinochet, deu o primeiro passo para a política de rebelião popular. Esse planejamento, no entanto, nunca foi levado à prática pelo partido, pois seus dirigentes careciam de conhecimentos político-militares específicos sobre tão delicados e decisivos temas.

Nesse sentido, a composição e o nascimento da Frente Patriótica Manuel Rodriguez, como uma força militar própria, foi um longo processo teórico e prático que ocorreu dentro das estruturas do PC Chileno, tanto no Chile como no exterior.

O primeiro grupo de militantes com treinamento militar regressou ao Chile no primeiro semestre de 1983, passando a formar parte da ainda inexistente FPMR, que só viria a ser criada em dezembro - 14 de dezembro de 1983 é a data oficial de constituição da Frente Patriótica Manuel Rodriguez.

Sobre tudo isso, nada melhor do que passar a palavra a Orlando Millas, já falecido, dirigente do Partido Comunista Chileno, que fora Ministro no governo Allende. Orlando Millas escreveu em suas Memórias, 1957-1991, Ediciones Chile-América, Santiago, 1995, páginas 186 e 187, o seguinte:“Reunimo-nos em Moscou em 1974, os membros da Comissão Política do partido que estávamos no exílio, ou seja, os titulares Volodia Teitelboim, Gladys Marin (atual Secretária-Geral do PC Chileno), e eu, e o suplente Manuel Cantero. Nessa oportunidade soube do acordo a que haviam chegado, em Havana, dirigentes dos respectivos partidos  (chileno e cubano), para que contingentes de militantes comunistas chilenos fossem aceitos como alunos, na qualidade de cadetes, na Escola Militar de Cuba.
Foi recrutado para essa tarefa o melhor do melhor da nova geração no exílio. Senti que os conduzíamos a queimar-se no Chile em tarefas impossíveis. Quem menos direito tem de criticá-los somos nós, que assumimos a responsabilidade, estremecedora, de sugerir-lhes, sendo adolescentes, que o caminho para serem dignos de seu povo deveria ser percorrido empunhando armas”.

A Frente Patriótica Manuel Rodriguez acabou, como afirmam alguns noticiários e análises? Não. O tablóide “El Rodriguista” nº 16, em matéria comemorativa do 17º aniversário de fundação da FPMR, afirma: Para os Rodriguistas a tarefa ainda não foi cumprida. Viver só do passado carece de sentido para os revolucionários”. A propósito, segundo o noticiário da imprensa chilena, dois atentados terroristas ocorreram, neste mês de setembro no Chile - mês do 41 aniversário da queda de Allende.


Sonia Ilich e Carlos Ilich Santos Azambuja são Historiadores.

O Brasil será o grande perdedor


Posted: 11 Sep 2014 03:29 AM PDT

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Marcos Coimbra
Seja quem for o vencedor do próximo pleito presidencial em nosso país, os brasileiros serão os grandes derrotados. Isto porque nenhum dos três principais candidatos possui, em nosso entendimento, condições razoáveis de ser o primeiro mandatário de uma Nação como a nossa, em um cenário bastante complexo e adverso. Inclusive, dos dez candidatos, seis foram ou são petistas. Escapam apenas quatro: o tucano Aécio, o pastor Everaldo e os Srs. Levy e Eymael.

A candidata à reeleição revelou-se incapaz de administrar o Brasil de forma sequer razoável. A sequência de escândalos já atinge o limite máximo imaginado. O último, realçado pelas bombásticas revelações do ex-diretor Sr. Paulo Roberto Costa, fere profundamente a todos nós, brasileiros nacionalistas, defensores ferrenhos da nossa eterna Petrobras.

É triste verificar o aparelhamento político-partidário da empresa símbolo do Brasil com suas nefastas consequências.

O “mensalão 1” já foi uma dose cavalar. Seguiram-se então Pasadena, Abreu Lima e outros. Não é possível acreditar que a “grande gerente”, tendo exercido as funções de ministra de Minas e Energia, da Casa Civil, presidente do Conselho de Administração da Petrobras e agora na Presidência, de nada sabia. Neste caso, então é de uma incompetência gritante. Se sabia e nada fez para impedir os “malfeitos” é no mínimo conivente.

A situação econômica é grave. Temos uma taxa de inflação no teto da meta, apesar do represamento de inúmeros setores (energia, combustíveis e outros), um crescimento pífio do Produto Interno Bruto (PIB) com a previsão de algo inferior a 1%,um déficit estimado do Balanço de Pagamentos em Transações Correntes no corrente ano de cerca de US$ 80 bilhões, uma taxa de desemprego, segundo o DIEESE de 10,8% em junho do corrente ano, e de 7% segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, contra 5% da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), uma dívida externa de US$ 526,3 bilhões, considerando os empréstimos intercompanhia de US$ 197,9 bilhões.

O real está sobrevalorizado devido à atuação do Banco Central. Estima-se um reajuste de pelo menos 15 % após as eleições. A taxa de investimento não consegue ultrapassar o patamar de 18% e a taxa de poupança fica em 14% do PIB. O ministro da Fazenda torna-se um “pato manco”, pois já foi anunciada sua saída ainda restando quatro meses de “governo”.

Isto sem contar o Passivo Externo Bruto, em torno de US$ 1,3 trilhão já em 2010, segundo o Prof. Reinaldo Gonçalves. A corrupção campeia livremente sem ser devidamente coibida. Centenas de milhões de dólares são doadas a “governos amigos”, com o perdão de dívidas, ou através de financiamentos do BNDES a empreiteiras privadas, generosas doadoras de campanhas eleitorais, que também nunca serão ressarcidos devidamente. Ganham as empreiteiras, os países agraciados e perde o povo brasileiro. E ainda afirmam que não temos recursos para investir na saúde, na educação, na segurança, enfim, na infra-estrutura econômico-social. Até para os quase dez milhões de aposentados que recebem pouco mais de um salário mínimo de aposentadoria não há dinheiro para reposição de seus “benefícios”.

Na expressão política, com a reeleição, teremos a definitiva implantação de um regime bolivariano no Brasil, a exemplo do ocorrido na Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua e outros sob a inspiração castrista. Os exemplos da Venezuela e da outrora próspera Argentina são gritantemente esclarecedores das consequências do populismo autoritário e da incompetência explícita. Se agora, já está assim, imaginem se a reeleição de Dilma ocorrer. Teremos a aplicação, na prática, dos piores pesadelos dos defensores da democracia, com a confirmação das previsões do genial escritor George Orwell (Eric Blair). E o pior. A falta de confiabilidade das urnas eletrônicas de primeira geração da Diebold, que está sendo processada nos tribunais dos EUA.

O senador Aécio possui compromissos políticos que o impossibilitam na prática de administrar o país com soberania e independência. Sua dependência a FHC piora o quadro, pois o pecado da reeleição foi cometido pelo sociólogo, quando na prática prorrogou seu mandato por mais um período. Não revela carisma e os indicadores de seu desempenho são decepcionantes a começar pela sua posição atual nas pesquisas em MG que o apresentam em terceiro lugar. Pode ser que se recupere agora, pois não foi atingido pelo “mensalão 2”.

Quanto à messiânica Marina, ela representa um salto no escuro, se bem que é notória representante dos interesses anglo-saxões no Brasil, bem como apresenta em sua assessoria representantes do segmento financeiro e de ONGs ligadas ao movimento mundial de oposição ao desenvolvimento de Nações emergentes, apesar de suas origens no PCR (Partido Comunista Revolucionário) e no PT. Porém, para manter-se no poder terá que fazer alianças mais programáticas do que os já repudiados acordos do denominado “presidencialismo de coalizão”.

Resta-nos apoiar a quem cause menos prejuízo ao nosso Brasil.

Marcos Coimbra é Economista, Professor, Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil Soberano.Página: http://www.brasilsoberano.com.br/

 Correio eletrônico: mcoimbra@antares.com.br

Pesquisas induzem polarização entre gêmeas Dilma e Marina sabotando chances de Aécio que não decola



Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Analistas políticos profissionais, contratados por partidos a peso de ouro, estão mais confusos que diabético em loja de doces, na hora de analisar o que pode ocorrer nesta eleição presidencial que só tem um resultado previsível: o Brasil está perdido. As pesquisas sugerem resultados imprecisos, ao gosto de cada freguês, sempre indicando um estranho poderio de Dilma Rousseff (desgastada na imagem, mas com a máquina aparelhada), uma força estranha de Marina Silva e uma perda de massa política de Aécio Neves.

Na prática, as pesquisas induzem o eleitor a apostar em uma polarização entre Dilma Rousseff e Marina Silva. O problemaço é que as duas são farinha do mesmo saco ideológico e da mesma matriz de militância partidária. As duas variam apenas no radicalismo. Dilma já comprovou que não têm competência para administrar sequer uma loja de R$ 1,99. Marina, como ministra do governo Lula, é adepta do fracassado modo petista de governar: bom nas promessas, ruim na execução delas, transformando os sonhos, rapidamente, em pesadelos. Dilma e Marina são idolatradas por seguidores de suas seitas políticas.

O poder econômico conseguiu produzir um estranho fenômeno. A Oligarquia Financeira Transnacional já abandonou Dilma há muito tempo, indicando que aposta em sua derrota. Aparentemente, fechou seu apoio, recentemente, a Marina Silva – herdeira Eduardo Campos, que começava a crescer e ser visto como alternativa, até sofrer o acidente fatal de avião. Aécio Neves, que seria um candidato apoiável pelos poderes globalitários, claramente, sofreu uma sabotagem política. Cai nas pesquisas amestradas e, midiaticamente, não é credenciado como capaz de vencer a desgastada Dilma – que caminha para um desastre, se perder ou até se ganhar.

Novamente, a campanha eleitoral se resume a uma guerra entre torcidas organizadas de time de futebol. E não a uma disputa em torno de ideias, projetos e programas viáveis para recolocar o Brasil no caminho do crescimento, do desenvolvimento e as sustentabilidade – como acontece na maioria dos países não dominados pelo fingimento de uma batalha ideológica de Itararé. No Brasil, o nazipetralhismo, o socialismo moreno da Marina ou a socialdemocracia de esquerda envergonhada do Aécio & Cia indicam seguir os mesmos remédios errados rumo à morte do paciente.

Eis o drama da conjuntura eleitoreira, na qual a classe política, pintada como bandida, continuará eleita pelo obrigatório voto popular para continuar na bem remunerada governança do crime organizado.

Empregos garantidos


De um lobista político muito sacana, ontem, sobre o futuro de Guido Mantega, tecnicamente demitido pela Dilma Rousseff:

“Mantega já tem emprego garantido assim que deixar o governo de verdade: vai ser assessor do Pateta na Disneylândia”.

“E a Dilma Rousseff, se perder, pode pedir por lá uma vaga como Alice no País das Maravilhas, com direito a levar a amiga Graça Foster para abrilhantar o cast”.

Show de lorotas


O negócio é atrapalhar

Foi enxergada como uma decisão para atrapalhar a ordem do supremo ministro Teori Zavascki para que a Justiça libere, em 48 horas, todo o teor dos depoimentos bombásticos de Paulo Roberto Costa à CPMI da Petrobras.

O conteúdo da delação premiada de Paulo Roberto, para não atrapalhar os desdobramentos de investigações, deveria ser mantido em sigilo.

Na hora em que fica aberto para os olhos profanos dos congressistas, duas possibilidades ficam abertas: ou as informações comprometedoras virão filtradas, ou as informações que forem antecipadas facilitarão a estratégia de defesa de notáveis acusados pelo ex-diretor de abastecimento da Petrobras – que saiu elogiado do cargo pelo presidente do conselho de administração da empresa, Guido Mantega...

Clube dos Canalhas

A diretoria do Clube dos Canalhas está convocando seus integrantes para a reunião nesta sexta-feira, dia 12/09.

O evento acontecerá no Johnny's Bar, na rua Celestino Bourrol, 180, Limão, ao lado do Estadão, a partir das 21 horas.

Espera-se a presença de todos os canalhas...

Sem autonomia


Grandes companhias




© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 11 de Setembro de 2014.

POEMA DA NOITE Horizonte de eventos, por Sérgio Cohn


saudade pertence ao
antigo léxico
Jorge Mautner
era um ser sem saudade
o que significa o máximo exílio,
desterro.
não tinha saudade porque vivia
num mundo de instantâneos
simulacros.
a presença constante
de tudo que desejasse.
saudade, já em si,
é um simulacro
ao avesso.
ausência preenchendo espaço.
saudade é quando a coisa
pertence ao espaço
e não ao tempo do encontro.
quando permanece mesmo partida.
não sei se era um ser feliz.
não tinha noção de morte,
a nostalgia de um tempo que não vivemos.
era um ser sem questões.
o fato é que foi se tornando pedra,
uma imensa rocha cravada à beira do mar.
o rosto voltado para cima
eternamente
se deliciando com a mutação das nuvens.
Passeio
Esta é uma cidade
inabitada
em suas ruas, pela
madrugada,
todo passeio é possível:
saltar parque lage adentro
ou caminhar
à sombra
dos próprios pensamentos
no muro lá fora
um mendigo rabiscou
mandalas:
é possível encontrar
as mesmas em quase
toda cidade
construindo uma geografia
outra, íntima
uma aventura talvez
para o olhar
assim também
seu corpo para
mim:
o que se abre,
o que se reflete,
em sorriso
nenhum crime, nenhum castigo

Sérgio Cohn (São Paulo, 16 de abril de 1974) - Além de poeta é editor da Azougue Editorial. Publicou: Lábio dos Afogados (São Paulo: Nankin Editorial, 1999); Horizonte de Eventos (Rio de Janeiro, Azougue Editorial, 2002); O Sonhador Insone (Rio de Janeiro, Azougue Editorial, 2006). Como editor, organizou livros de Celso Luiz Paulini, Jorge Mautner, Vinicius de Moraes, entre outros. Além de ter realizado livros como 'Nuvem Cigana - Poesia e Delírio no Rio na Década de 1970' e Poesia.Br - Poesia Brasileira das Origens ao Século XXI.

11/09/2014
 às 6:48

O homem que lidera de trás de frente para o mundo

Um bom discurso, mas só o começo
Um bom discurso, mas só o começo
Três horas antes do décimo-terceiro aniversário dos atentados do 11 de setembro, em que os EUA foram atacados pelo jihadismo ensandecido da rede Al-Qaeda, o presidente Barack Obama fez discurso solene na quarta-feira à noite sobre seus planos para enfraquecer e, por fim, destruir o Estado Islâmico, outra onda de jihadistas ensandecidos que com seus métodos fazem a rede Al-Qaeda parece um grupo de escoteiros. Foi um bom discurso para um presidente que há duas semanas confessou que ainda não tinha uma estratégia para lidar com o Estado Islâmico.
Na quarta-feira, de frente aos americanos e ao mundo estava Obama, o presidente que lidera de trás. Pelo menos era assim que ele gostaria de ser. Mas, não, ele não pode, (no, he can’t!). Era a ilusão do desengajamento, apesar da exaustão das guerras do Afeganistão e do Iraque, que resultaram dos atentados do 11 de setembro.
No caso do Iraque, foi fruto de uma má leitura, uma leitura fajuta do governo Bush, uma leitura ignorante de que as coisas poderiam ser mudadas a toque de caixa no Oriente Médio e a mudança foi para pior com o fortalecimento do Irã dos aiatolás e da mutação do terror sunita para algo ainda mais horrendo na forma do Estado Islâmico, que migrou do Iraque para a Síria e agora criou o monstrengo chamado Siraque.
Na sua excessiva cautela, Obama se revelava até agora um mau leitor das oscilações do estado de espírito dos americanos. Ele é um mau líder. Na frase de Robert Kagan, Obama entregou aos americanos a política externa que eles queriam e os americanos não gostaram. O Estado Islâmico, ironicamente, se mostra um melhor leitor do espírito americano.
Os artíficies da barbárie entregaram as cabeças decapitadas de dois jornalistas americanos e liberaram os americanos do seu torpor, de sua mentalidade de avestruz. As bestas do Estado Islâmico, como a rede Al Qaeda, querem atrair os americanos e demais ocidentais para o seu terreno. Deliram com a ideia do seu califado combatendo os cruzados infiéis (e eventualmente cometendo algumas barbáries no terreno dos inféis, Europa e EUA).
Tropas americanas no Iraque em 2007
Tropas americanas no Iraque em 2007
O jogo é selvagem e ardiloso. Obama, depois do seu torpor, promete uma reação mais esperta do que a de Bush, nada de estilo da guerra iraquiana. Nada de tropas de combate, com a promessa de arregimentar aliados árabes para o trabalho pesado. E sem ilusões. Alguém vai precisar despachar tropas e forças especiais americanas serão cada vez mais necessárias no solo, tanto no Iraque, como na Síria, teatro de operacões e de barbárie do Estado Islâmico. Não será fácil obviamente diante das rivalidades entre estes aliados e a desconfiança dos americanos no Oriente Médio. No trabalho pesado, para valer, os americanos parecem por ora contar com os tradicionais aliados curdos.
Existem reclamações sobre o papel diminuto dos EUA na região e um clamor por liderança. No entanto, os americanos sempre perdem. Frustram quando mandam a cavalaria (ou os aviões não tripulados) e frustram quando vacilam. Na avaliação de uma boa antena no mundo árabe, o libanês Rami Khouri, a combinação de militarismo ocidental (mesmo quando cauteloso) e ações de regimes autocráticos pró-Ocidente alimenta o terror.
No entanto, Rami Khouri antecipa as coisas. Obama, o homem que lidera de trás, chega atrasado e atrapalhado. Há um ano, ele quase lançou ações militares contra a ditadura de Bashar Assad por seu uso de armas químicas contra civis na guerra civil síria. A barbárie de Assad não comoveu a opinião pública americana e o Congresso disfuncional. Agora sim. Existe comoção com a decapitação de dois jornalistas americanos pelos jihadistas.
No entanto, o jogo é selvagem e ardiloso. Não dá para atacar o Estado Islâmico na Síria e, ao mesmo tempo, dar colher de chá para Assad. Eventualmente serão realizados bombardeios aéreos contra o Estado Islâmico na Síria. Mas, para o meu alívio, no discurso de quarta-feira, o presidente se distanciou do carniceiro Assad, que, como o Estado Islâmico, aterroriza a população civil. Obama quer agora, com três anos de atraso, ajudar o que sobrou de rebeldes de confiança na guerra civil síria.
Na fria avaliação de Richard Haass, do Council on Foreign Relations, este é o calcanhar de Aquiles da estratégia. Como contar com estes rebeldes de confiança a esta altura do campeonato?  Ao mesmo tempo, ele espera que aliados como Arábia Saudita e Turquia deixem de ajudar os jihadistas de sua preferência que não são afinados com o Estado Islâmico. Sintomático que horas antes do discurso solene, Obama tenha telefonado para o rei Abdullah, da Arábia Saudita, país campeão do fundamentalismo islâmico. E em uma base saudita, “rebeldes” sírios moderados serão treinados. Doutrina da quadratura do círculo.
É muita sutileza para a cabeça dos eleitores americanos (e provavelmente para muitos dos meus leitores). Os americanos querem providências contra os decapitadores. A contragosto, Obama é arrastado para uma encrenca sem fim. Ele achou que teria a ganhar caindo fora dos atoleiros do Oriente Médio. E, de fato, Obama ganhou duas eleições, entre outras coisas, com a promessa de desengajamento do Iraque e Afeganistão.
O jogo, porém, mudou e 2/3 dos americanos desaprovam a política externa de Obama. Por uma pesquisa Wall Street Journal/NBC News, 58% dos eleitores confiam mais nos republicanos para lidar com os desafios de segurança nacional e defesa. Apenas 16% nos democratas. No entanto, este novo ardor ativista dos impacientes americanos pode se evaporar rapidamente caso a expansão das ações de Obama no Oriente Médio não apresente resultados relativamente rápidos ou as coisas derrapem (algo que costuma acontecer rapidamente na região).
Aleppo, um dos maiores cenários de destruição na Síria
Aleppo, 2013, um dos maiores cenários de destruição na Síria
Neste cenário político e com um vácuo de liderança no Oriente Médio (na hora do maior sufoco, há o clamor pelos americanos), não dá mais para Obama liderar de trás. Tampouco adianta choramingar. Meu guru Jeffrey Goldberg, fã de Obama, observa que caos e colapso no Oriente Médio não podem ser somente ou até mesmo em muitas situações em grande parte atribuídos às estratégias, aos discursos e às ideias mal concebidas ou equivocadas de presidentes americanos. No entanto, existe o fardo de superpotência e Obama neste final de mandato vai precisar carregá-lo.
E Goldberg tem mais uma observação: a presidência de Obama será julgada um fracasso no âmbito de segurança nacional se a Al-Qaeda, o Estado Islâmico e outros grupos jihadistas ainda forem capazes de manterem santuários no Oriente Médio e adjacências quando ele deixar a Casa Branca em janeiro de 2017 e tambem se o Irã continuar rumo ao limiar para fabricar a bomba atômica.
No  caso específico desta expansão do combate ao terror islâmico no Siraque (Siria + Iraque), o desafio é ir adiante sem dar oxigênio a aliados dos iranianos como a ditadura de Bashar Assad e esquemas xiitas no Iraque. De trás ou de frente, a missão de Barack Obama é penosa.

Uma breve história da mentira na política - FERNANDO MARTINS


GAZETA DO POVO - PR - 10/09


A palavra em latim diabolus significa “caluniador”, aquele que faz acusações falsas. Deu origem ao termo “diabo” – também chamado, na tradição cristã, de pai da mentira. Faz tempo, porém, que mentir perdeu o peso moral da religião. A prática tem sido relativizada, sobretudo na política. E talvez não haja período mais profuso em manipulações e dissimulações que as campanhas eleitorais. Na busca por votos, muitos candidatos adotam sem pudores a inverdade como estratégia. Classificar essa conduta de diabólica pode soar antiquado, mas a história política da mentira permite tachá-la de maquiavélica e até mesmo de nazifascista.

Quem primeiro demonstrou que a mentira é útil na arte de conquistar e manter o poder foi o pensador italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527) – principalmente na obra clássica O Príncipe. Até hoje há controvérsia se ele defendia o que escreveu ou se apenas constatava um fato. Mas o fato é que “maquiavélico” virou sinônimo de ardiloso, oportunista. De qualquer modo, Maquiavel representou uma mudança na forma de encarar a política – antes vista como uma extensão pública da ética ou da religião (nada mais estranho ao mundo contemporâneo).

Foram necessários 500 anos para a mentira mudar de patamar como arma política. E isso foi obra do totalitarismo germânico. Todos costumam se lembrar da famosa máxima do ministro da Propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels: “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. A lógica é apostar que a população passará a duvidar da falsidade da mentira pela insistência e, numa segunda etapa, vai considerá-la verdadeira.

Menos conhecida, mas igualmente pérfida, é uma declaração de Adolf Hitler: “As massas acreditam muito mais facilmente numa grande mentira do que numa pequena”. Nesse caso, a estratégia é tornar a farsa tão inacreditável que, paradoxalmente, poucas pessoas poderiam supor que alguém seria capaz de expô-la em público sem constrangimentos. Como a mentira é apresentada como verdadeira pelas autoridades, é porque não pode ser falsa. Só um louco seria capaz de mentir de forma tão grandiloquente. Foi assim que o nazismo conseguiu se manter no poder.

Nenhum político em sã consciência defende hoje o totalitarismo. Mas não é difícil identificar traços do DNA de Goebbels no discurso político contemporâneo. Não se trata, portanto, de algo sem consequências. A mentira na política é a perigosa semente de uma erva daninha que pode enfraquecer a democracia. Afinal, mentir é ocultar, não dar transparência – algo incompatível com os princípios democráticos.

Contadora é ameaçada - REVISTA VEJA



Testemunha-chave da polícia, Meire Poza foi procurada por um homem que se apresentou como advogado das empreiteiras envolvidas com Alberto Youssef. A conversa foi gravada.

ROBSON BONIN

As máfias são sociedades secretas que crescem à sombra do Estado, nutrem-se do crime, espalham tentáculos pelas instituições oficiais e se protegem empregando a violência. À medida que avançam as investigações da Polícia Federal sobre os negócios criminosos do doleiro Alberto Youssef, tornam-se mais evidentes os sinais de que uma organização ilegal se instalou no coração da maior estatal brasileira, a Petrobras. Um esquema que envolve políticos, partidos e algumas das maiores empresas do país. Há dois meses, a contadora Meire Poza colocou-se na linha de fogo entre os criminosos e a polícia. Ela, que comandou a engenharia financeira da quadrilha por quase quatro anos, que sabe quem pagou, quem recebeu, quem é corrupto, quem é corruptor, decidiu mudar de lado e colaborar com as investigações. A máfia, porém, não costuma perdoar traição.

Há duas semanas, Meire entregou à Polícia Federal uma gravação que pode criar sérios problemas a quatro grandes empreiteiras do país. Nela, um homem identificado como Edson tenta convencer a contadora a aceitar os serviços de um escritório de advocacia contratado pelas empreiteiras envolvidas no escândalo de desvio de dinheiro de obras da Petrobras. O encontro aconteceu na noite de 22 de julho deste ano, em um shopping de São Paulo. A gravação não deixa dúvidas sobre as más intenções do grupo, claramente incomodado com o avanço das investigações da polícia, e muito preocupado com a colaboração de Meire. A intenção é intimidá-la.

Edson, um suposto advogado, se diz representante das empreiteiras Camargo Corrêa, OAS, UTC e Constran. A conversa, gravada pela contadora, começa descontraída, amigável, e vai evoluindo para a ameaça. Prestativo, ele se põe à disposição para ajudar, dar apoio jurídico, mas a oferta é recusada. Em um tom de voz linear, o emissário passa a revelar os verdadeiros propósitos do encontro: "Sabemos que tem uma filha, que são somente vocês duas", diz. No mesmo tom linear, lembra que Meire pertence a um "grupo fechado" e que, como pessoa de confiança de Alberto Youssef, não pode sair desse grupo ou recusar a ajuda de seus clientes. E vai ao ponto central do problema: "Dona Meire, o importante é não falar demais! De repente, uma palavra mal colocada pode ser perigoso, pode ser prejudicial".

Meire tenta se esquivar das ameaças, diz que está começando a não gostar do rumo da conversa, mas o advogado é ainda mais direto: "A senhora pode, sem querer, ir contra grandes empresas, políticos, construtoras. As maiores do país, a senhora entendeu?". Percebendo um sinal de nervosismo na contadora, ele avança, pergunta se Meire acha que ainda tem alguma coisa a acrescentar para a polícia e que tipo de acordo ela pretende fazer. Ela diz que não sabe como procederá. E o advogado vai direto ao ponto mais uma vez: "A gente não pode deixar que a senhora não aceite essa ajuda". Diante da pressão. Meire finalmente reage. Afirma que se sente ameaçada, que não quer ajuda das empreiteiras e encerra a conversa com um recado: "O senhor provavelmente vai estar lá com os seus clientes, com a Camargo (Corrêa), com a UTC, com a Constran, com a OAS... Manda todo mundo ir tomar..."

A polícia ainda tenta descobrir a verdadeira identidade de Edson. Meire Poza contou que conheceu o porta-voz das ameaças no escritório do advogado Carlos Alberto da Costa Silva, segundo ela o responsável por coordenar uma equipe de advogados contratados pelas empreiteiras. Procurado, ele confirma ter recebido Meire Poza em seu escritório para tratar da Operação Lava-Jato. "Essa moça me procurou para pedir ajuda. Ia prestar depoimento à polícia e queria aconselhamento jurídico. A única coisa que fiz foi indicar um colega para acompanhá-la." Costa Silva foi preso na Operação Anaconda, em 2003, acusado de participar de um esquema de venda de sentenças judiciais em São Paulo. E o tal Edson? "Não conheço, nunca ouvi falar." A memória, ao que parece, não é o ponto forte do advogado.

Meire Poza contou que foi apresentada a Costa Silva depois de procurar as empreiteiras para cobrar uma dívida de 500 000 reais que elas tinham com Alberto Youssef antes da prisão do doleiro. As empreiteiras prometeram saldá-la, mas queriam que a contadora se comprometesse a manter silêncio sobre as relações com o grupo — e indicaram Costa Silva para cuidar do acordo. "Adoraria atuar por esses grandes clientes, mas infelizmente não atuo." Em nota encaminhada a VEJA, a UTC, que também controla a Constran, confirmou que o escritório de Costa Silva, ao contrário do que ele disse, presta, sim, serviços jurídicos ao grupo. Se houve a ameaça, a empresa desconhece e garante que nada teve a ver com isso. A Camargo Corrêa negou qualquer envolvimento com o advogado ou com a contadora. A OAS não se manifestou.

O cerco não se restringiu à ameaça. Meire tomou a decisão de entregar a gravação à polícia depois de descobrir que um de seus e-mails fora invadido duas semanas atrás. "Quem acessou meus dados pessoais tomou o cuidado de modificar o número de celular da conta. Acho que fizeram isso para que eu soubesse da invasão. Foi um recado de que eles têm meus dados pessoais e sabem onde eu moro. Fiquei muito assustada", disse a contadora. Desde que virou testemunha da Polícia Federal nas investigações sobre a quadrilha de Youssef, Meire Poza tornou-se um perigo real para os envolvidos, principalmente os  corruptores. Ciente disso, ela avisa que já buscou proteção policial.

Os fazedores de besteiras - MARTHA MEDEIROS


ZERO HORA - 10/09


Sei que o assunto Patricia Moreira já cansou, mas não dá pra perder a oportunidade de olhar para o próprio umbigo e perguntar se somos tão nobres a ponto de nos darmos o direito de atirar pedras no telhado dos outros. Fazendo uma viagenzinha no tempo, você não consegue lembrar de nenhuma besteira já cometida? Nunca foi idiota por um dia?

Eu até que não fui das mais torpes, desde cedo desenvolvi um senso de justiça que me fazia ir contra o rebanho se preciso fosse. Mas isso não me isenta de também já ter ido a favor do rebanho, com mugido e tudo. Simplesmente porque fazer coisas sem sentido é típico de quem ainda não reconheceu seu papel no mundo.

Fecho os olhos e me vejo na estrada, num carro lotado de adolescentes empunhando latinhas de cerveja. Eu era alguma espécie de delinquente? Nem perto disso. A mais correta e ajuizada das criaturas, mas não mandava parar o carro para descer. Eu queria seguir com eles, que hoje são respeitados advogados, administradores, biólogos. Éramos jovens desbundados em busca de uma identidade comum.

A garota Patricia, símbolo do caso Aranha x Grêmio, entrou na onda furada de xingar o goleiro do time adversário porque se sentiu segura para extravasar e fazer bobagem sob a proteção de um grupo. Quem não? Certa vez, fui assistir a um jogo do Grêmio contra o Corinthians, quando o craque do time paulista era Ronaldo, o Fenômeno. Dias antes da partida, o travesti que Ronaldo levara a um motel havia falecido. Pois bastava o atacante tocar na bola para o Olímpico inteiro berrar: vi-ú-vo, vi-ú-vo! Eu não segui o coro, mas se houvesse uma câmera me focalizando, me flagraria rindo. Era uma chacota.

Chamar alguém de macaco não é chacota, e sim ofensa racista, e racismo é crime. Patricia será penalizada juntamente com seus companheiros de imbecilidade e nunca mais repetirá o gesto, tenho certeza, e nós, de fora, também não. Para isso servem as penalizações: para educar, alertar, servir de exemplo. A guria, ironicamente, agiu como macaca de auditório, termo que caiu em desuso por motivos óbvios, e deu-se mal. Assim é. Sempre há um mártir por trás das mudanças de comportamento.

Que agora a Justiça tome conta do caso e basta de perseguições pessoais. A garota não é diferente de nenhum adolescente que já dirigiu sem carteira, que fez brincadeiras de mau gosto com gays, que praticou bullying na escola, que passou trotes por telefone, que fez uma prova chapado, que falsificou carteirinha de estudante, que arranhou o carro de um desafeto, que roubou a namorada do irmão. Tudo errado, mas dentro da previsível tacanheza juvenil.

Sou a favor de penalizar. O Brasil é este caldeirão de escândalos por causa da impunidade. Mas pegar para Cristo é hipocrisia.

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO


“Quem gosta de dinheiro deve evitar a política”
José Mujica, presidente do Uruguai, a políticos brasileiros em sua visita a Porto Alegre



PSDB QUER O EXPURGO DE POLÍTICOS DENUNCIADOS

Com o objetivo de promover estrago na base governista no Congresso, o PSDB tentará usar a lista de políticos citados na delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa para impedir a reeleição deles em outubro. O PSDB tenta reeditar “expurgo” de 2006, quando Carlos Sampaio (SP), sub-relator da CPI dos Sanguessugas, pediu a cassação de 72 parlamentares. Destes, 67 não se reelegeram.

CORRIDA CONTRA O TEMPO

Segundo Carlos Sampaio, a briga é para ter acesso o quanto antes à lista negra dos parlamentares: “Isso precisa vir à luz antes da eleição”.

PARA CONSTAR

Tem 2,5 linhas o ofício do presidente da CPMI da Petrobras, Vital do Rêgo (PMDB-PB), pedindo acesso à delação do Paulo Roberto Costa.

VERGONHOSO

As perguntas do relator Marco Maia (PT-RS) ao esquisitão Nestor Cerveró, ontem, na CPMI, foram insultos à inteligência dos brasileiros.

DE PERTO

A mulher de Cerveró, Patrícia, acompanhou de perto as lorotas do marido na CPMI da Petrobras. Sentou-se na lateral da mesa diretora.

MINISTÉRIO DAS CIDADES TORNA CALOTE SUA MARCA

Entre os “quinta colunas”, o Ministério das Cidades é o campeão na arte de gerar insatisfação contra o governo. Além de protagonizar escândalos de corrupção, mantém atrasadas quase 60% das obras do PAC e aplica calotes milionários em fornecedores de bens e serviços, até em veículos que divulgaram campanhas, a maioria sobre educação do trânsito, num arremedo do sonhado controle “econômico” da mídia.

GENTE ATRASADA

Segundo levantamento do Instituto Trata Brasil, estão atrasadas 58% das 219 obras (149 de esgoto e 70 de água) do Ministério das Cidades.

INCOMPETÊNCIA

Expiraram contratos das três agências de publicidade e o Ministério das Cidades não teve interesse nem competência de abrir nova licitação.

EXPLICAÇÃO

Parcela do PP, que controla o Ministério das Cidades, seguiu o senador Francisco Dornelles (PP-RJ) e apoia a eleição do tucano Aécio Neves.

GREVES DE JUÍZES

Pela primeira vez na vida, juízes do Tribunal de Justiça do DF votaram indicativo

de greve, em assembleia considerada histórica. A gota d’água foi um veto de Dilma à lei que deixa a magistratura em situação de desigualdade salarial, em relação ao Ministério Público.

CERIMONIAL AMIGO

Na cerimônia de sua posse na presidência do Supremo Tribunal Federal, o microfone do ministro Ricardo Lewandowski ficou aberto. Mostrou que, além de afinado, ele conhece a letra do Hino Nacional.

JOAQUIM QUEM?

Joaquim Barbosa fez questão de faltar à posse do sucessor Ricardo Lewandowski. A indelicadeza teve troco: ele foi solenemente ignorado no discurso do empossado, e nas saudações do ministro Marco Aurélio e do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

PIMENTA RIFADO

Aécio Neves (PSDB) exibiu em seu programa na televisão uma dezena de tucanos ilustres pedindo votos para ele. Menos Pimenta da Veiga, candidato do partido ao governo de Minas Gerais. Estranho...

ADRENALINA

Foi de tensão o clima ontem da reunião da CPMI da Petrobras para tratar da delação premiada Paulo Costa. O preocupado líder do PT, Humberto Costa (PE), defendeu adiar o depoimento do ex-diretor.

VEXAME HISTÓRICO

Convertido em marqueteiro pelo padrinho Rui Falcão, presidente do PT que caiu em desgraça, o lobista Valdemir Garreta entrega ao partido dois fracassos: um no Rio de Janeiro e outro em São Paulo. Os dois candidatos petistas não chegam a atingir dois dígitos, segundo o Ibope.

NO LIMITE

Um poço de mágoas com o PSOL, por quem foi rifado para dar lugar a Luciana Genro na disputa a presidente, o senador Randolfe Rodrigues (AP) está a um passo de declarar apoio à candidatura de Marina Silva.

TREZE ANOS

O mundo lembra nesta quinta o mais dramático episódio da História recente: o dia em que terroristas jogaram aviões sequestrados contra as Torres Gêmeas, em Nova York, e outros locais nos Estados Unidos.

PERGUNTA NO CAFEZINHO

Na CPMI da Petrobras, as lorotas do enroladíssimo Nestor Cerveró foram combinadas, como no depoimento anterior?


PODER SEM PUDOR

SONHO IMPOSSÍVEL

Adhemar de Barros estava em campanha para a Presidência da República, em 1960, pelo PSP, quando certa vez tocou num assunto delicado: defendeu a aproximação do Brasil com a União Soviética.

A declaração causou surpresa e o repórter logo provocou:

- O sr. é favorável à legalização do Partido Comunista Brasileiro?

- Claro! - respondeu - Desde que permitam instalar um diretório do PSP em Moscou...