quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

ACABOU-SE A POUCA VERGONHA - por Carlos Brickmann


 

BRICKMANN 2

Carlos Brickman


As orações dos bons cidadãos foram atendidas: o Brasil promove amplo combate à pobreza (os pobres estão perdendo por 7×1), o Governo tirou milhões da miséria (milhões devidamente embolsados por cidadãos que já estiveram acima de qualquer suspeita), e acabou-se de uma vez a pouca vergonha em Brasília, pois a pouca vergonha que existia já não existe mais.

O caso da nomeação de Cristiane Brasil para o Ministério do Trabalho é um fim de feira. E não apenas pela escolha para o Trabalho de uma pessoa já condenada duas vezes em processos trabalhistas: o pior é a entrega pública de um Ministério a Roberto Jefferson, proprietário do PTB e pai de Cristiane. Jefferson prestou um serviço inestimável ao Brasil ao revelar o Mensalão. Mas, para se vingar de José Dirceu, a quem acusava de ter-lhe prometido um pixuleco mais gordo que o efetivamente entregue, Jefferson revelou seus próprios e abundantes ilícitos – tantos que, apesar da delação, foi para a cadeia, de onde saiu há pouco tempo. É ele que manda num dos ministérios. E, para agradá-lo, Temer luta na Justiça para nomear sua filha.

Temer, político experiente, sabe que isso pega mal. Mas quer garantir os votos do PTB para a reforma da Previdência. O problema é que a compra dos votos dos parlamentares mais compreensivos já chegou a tal custo que talvez a reforma da Previdência, economicamente, não valha mais a pena.

Tem mais. Hoje, esta coluna inteira mostra o fim da pouca vergonha.

No Executivo…

O projeto de Orçamento de 2018 enviado pelo Governo ao Congresso prevê R$ 17.818,00 para o Gabinete da Vice-Presidência. Ocorre que o Brasil não tem vice-presidente e não o terá antes de 2019. Verba para que?

O Orçamento prevê também R$ 197,7 milhões para auxílio-moradia da Justiça do Trabalho. O Itamaraty, com 255 postos diplomáticos espalhados pelo mundo, tem menos: R$ 188,534 milhões. Segundo o bem-informado colunista Cláudio Humberto (www.diariodopoder.com.br), de Brasília, a Justiça do Trabalho, sozinha, custa mais do que toda a Justiça americana. A população dos Estados Unidos é 50% maior que a do Brasil.

…no Judiciário…

A Justiça trabalhista se esforça para manter-se à frente. O Tribunal Superior do Trabalho está comprando togas, becas e capas novas para seus dez ministros. São togas de gala, togas de serviço, os dois tipos com nomes bordados na parte interna, dez de cada; dez becas de secretário; 50 capas de serventuários; 30 conjuntos de jabor e punhos (os “punhos de renda”), com formato e comprimento sob medida. Valor da licitação: R$ 40 mil.

…na Justiça Eleitoral…

Coisa fina: a empresa Flextronics foi contratada pelo Tribunal Superior Eleitoral para desenvolver a impressora que, acoplada à urna eletrônica, imprima os votos, dificultando fraudes.

pedagio_assalto
olha a fraude aí , minha gente!

Algumas curiosidades: dois centros de excelência de tecnologia avançada, o IME, Instituto Militar de Engenharia, e o ITA, Instituto Tecnológico de Aeronáutica, se colocaram à disposição do TSE para desenvolver o projeto, a preço de custo; o TSE contratou a Flextronics, sem licitação.

A Flextronics investiu no projeto dinheiro do TSE, R$ 7,5 milhões, para depois vender este projeto ao próprio financiador. As urnas serão 30 mil, quando seriam necessárias, por lei, 600 mil. E quem ganhou a licitação para vender as impressoras? Pois é: a Smartmatic, a empresa de origem venezuelana que já fornecia ao Brasil.

…no Congresso…

Diz o artigo 57 da Constituição Federal, a Constituição Cidadã: “O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. Parágrafo 1º: As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil subsequente, quando recaírem em sábados, domingos ou feriados.” Só que não: 2 de fevereiro cai na sexta, e o retorno dos parlamentares, após as férias de fim de ano, deveria ocorrer no dia 5. Mas dia 13 é terça-feira de Carnaval. Dia 19 é segunda, e trabalhar na segunda é para quem não tem foro privilegiado nem auxílio-moradia. Os primeiros a voltar, portanto, chegarão ao Congresso no dia 20. A maioria volta mesmo é no dia 21.

…e os candidatos?

A equipe de Lula está convencida de que ele não será candidato apenas se não quiser. Se o recurso contra a sentença de primeira instância, que o condenou a nove anos e meio de prisão, for negado, ele cai na Lei da Ficha Limpa e não pode ser candidato; e pode ser preso imediatamente. Mas não é bem assim. O ótimo repórter Gabriel Manzano, no O Estado de S.Paulo, apurou cada uma das hipóteses – inclusive a pior para Lula, ser derrotado por 3×0. Os recursos no tribunal podem levar seis meses; e ainda pode recorrer ao STJ e Supremo. Se disputar a eleição e ganhar, quem o segura?

Quanto a Bolsonaro, disse a uma repórter que usava o auxílio-moradia, tendo casa em Brasília, para comer gente. Perdeu-se na primeira pergunta.


carlos@brickmann.com.br

Twitter@CarlosBrickmann

NÃO SOU RACISTA - por William Waack



william Waack
William Waack

 

FOLHA DE SP – 14/01 – Via Blog do Murilo

Se os rapazes que roubaram a imagem da Globo e a vazaram na internet tivessem me abordado, naquela noite de 8 de novembro de 2016, eu teria dito a eles a mesma coisa que direi agora: “Aquilo foi uma piada —idiota, como disse meu amigo Gil Moura—, sem a menor intenção racista, dita em tom de brincadeira, num momento particular. 

Desculpem-me pela ofensa; não era minha intenção ofender qualquer pessoa, e aqui estendo sinceramente minha mão.”

Sim, existe racismo no Brasil, ao contrário do que alguns pretendem. Sim, em razão da cor da pele, pessoas sofrem discriminações, têm menos oportunidades, são maltratadas e têm de suportar humilhações e perseguições.

Durante toda a minha vida, combati intolerância de qualquer tipo —racial, inclusive—, e minha vida profissional e pessoal é prova eloquente disso. Autorizado por ela, faço aqui uso das palavras da jornalista Glória Maria, que foi bastante perseguida por intolerantes em redes sociais por ter dito em público: “Convivi com o William a vida inteira, e ele não é racista. Aquilo foi piada de português.”

Não digo quais são meus amigos negros, pois não separo amigos segundo a cor da pele. Assim como não vou dizer quais são meus amigos judeus, ou católicos, ou muçulmanos. Igualmente não os distingo segundo a religião —ou pelo que dizem sobre política.

O episódio que me envolve é a expressão de um fenômeno mais abrangente. Em todo o mundo, na era da revolução digital, as empresas da chamada “mídia tradicional” são permanentemente desafiadas por grupos organizados no interior das redes sociais.

Estes se mobilizam para contestar o papel até então inquestionável dos grupos de comunicação: guardiães dos “fatos objetivos”, da “verdade dos fatos” (a expressão vem do termo em inglês “gatekeepers”). Na verdade, é a credibilidade desses guardiães que está sob crescente suspeita.

Entender esse fenômeno parece estar além da capacidade de empresas da dita “mídia tradicional”. Julgam que ceder à gritaria dos grupos organizados ajuda a proteger a própria imagem institucional, ignorando que obtêm o resultado inverso (o interesse comercial inerente a essa preocupação me parece legítimo).

Por falta de visão estratégica ou covardia, ou ambas, tornam-se reféns das redes mobilizadas, parte delas alinhada com o que “donos” de outras agendas políticas definem como “correto”.

Perversamente, acabam contribuindo para a consolidação da percepção de que atores importantes da “mídia tradicional” se tornaram perpetuadores da miséria e da ignorância no país, pois, assim, obteriam vantagens empresariais.

Abraçados a seu deplorável equívoco, esquecem ainda que a imensa maioria dos brasileiros está cansada do radicalismo obtuso e primitivo que hoje é característica inegável do ambiente virtual.

Por ter vivido e trabalhado durante 21 anos fora do Brasil, gosto de afirmar que não conheço outro povo tão irreverente e brincalhão como o brasileiro. É essa parte do nosso caráter nacional que os canalhas do linchamento —nas palavras, nesta Folha, do filósofo Luiz Felipe Pondé— querem nos tirar.

Prostrar-se diante deles significa não só desperdiçar uma oportunidade de elevar o nível de educação política e do debate, mas, pior ainda, contribui para exacerbar o clima de intolerância e cerceamento às liberdades –nas palavras, a quem tanto agradeço, da ministra Cármen Lúcia, em aula na PUC de Belo Horizonte, ao se referir ao episódio.

Aproveito para agradecer o imenso apoio que recebi de muitas pessoas que, mesmo bravas com a piada que fiz, entenderam que disso apenas se tratava, não de uma manifestação racista.

Admito, sim, que piadas podem ser a manifestação irrefletida de um histórico de discriminação e exclusão. Mas constitui um erro grave tomar um gracejo circunstanciado, ainda que infeliz, como expressão de um pensamento.

Até porque não se poderia tomar um pensamento verdadeiramente racista como uma piada.

Termino com um saber consagrado: um homem se conhece por sua obra, assim como se conhece a árvore por seu fruto. Tenho 48 anos de profissão. Não haverá gritaria organizada e oportunismo covarde capazes de mudar essa história: não sou racista. Tenho como prova a minha obra, os meus frutos. Eles são a minha verdade e a verdade do que produzi até aqui.

WILLIAM WAACK, 65, é jornalista profissional desde os 17; trabalhou em algumas das principais redações do país e foi correspondente internacional por 21 anos na Europa e Estados Unidos

Onyx Lorenzoni: ex-presidente, cidadão comum - Jornal Zero Hora

"Que 24 de janeiro transcorra normalmente e a justiça seja feita", diz deputado federal (DEM-RS)"


17/01/2018 - 03h15min

 Olhos e ouvidos estarão no TRF-4 em Porto Alegre, onde Lula será julgado em 2ª instância. 24 de janeiro será um dia histórico por se tratar de um ex-presidente. Apenas isso. Mas também é muito importante toda a cautela por parte das autoridades com a segurança das pessoas e da nossa capital. O interesse dos brasileiros é que a justiça seja feita. O interesse dos adoradores do condenado Lula é tumultuar e desqualificar o trabalho da justiça, o velho nós x eles. Lula segue sendo o mesmo. 


Que Lula e seus bajuladores, ideológicos e a soldo, deixem o Brasil em paz. As manifestações de lulopetistas que insistem em desenhar uma grande conspiração reforçam essa necessidade. Vão das bravatas e mentiras dos políticos, às ameaças a juízes e ao patrimônio público vindas de grupos que mais se parecem milícias. As redes sociais estão infestadas delas. Em comum a todas, além de terem sido parceiros de "governabilidade" do réu, está o pouco caso com o estado democrático de direito. Como se o condenado estivesse acima de tudo e todos. 

 No vale-tudo de Lula e da esquerda brasileira, ele não passa de uma vítima do sistema. Não cola. A única vítima nessa história é o povo brasileiro que sofreu e ainda sofre com os tentáculos do lulopetismo espalhados pela administração pública em todo o país, e o perverso legado do lulismo dos 13 anos de incompetência, gastança e corrupção, materializados no aumento da violência, nos milhões de desempregados, no PIB. Lula não é o semideus que imagina ser, tampouco o líder honrado que petistas, comunistas e demais esquerdistas querem fazer crer. É um cidadão comum, que foi julgado por seus atos, com amplo direito à defesa, e que já foi condenado a 9 anos e meio de prisão por um deles. A operação Lava-Jato está repleta de provas desse e outros atos. Só não vê quem não quer, ou tem outros interesses que não o artigo 5º da nossa Constituição, que diz que todos são iguais perante a lei. Que 24 de janeiro transcorra normalmente e a justiça seja feita. 

Que Lula e seus bajuladores, ideológicos e a soldo, deixem o Brasil em paz. Os brasileiros, os que querem virar essa triste página da história, agradecem.

FONTE - https://gauchazh.clicrbs.com.br/opiniao/noticia/2018/01/onyx-lorenzoni-ex-presidente-cidadao-comum-cjchzkt1s01wl01pha8mrji7d.html