Melhor idade e o mercado Imobiliário
Paulo Viana Cunha
O mercado imobiliário ainda não
acordou para a oportunidade constituída por um segmento da população, que
cresce dia a dia, chamado terceira idade.
O número de idosos no Brasil
cresce devido à melhoria das condições de vida da população brasileira, ao desenvolvimento
da medicina e das indústrias de medicamentos e equipamentos médicos, além do
fato histórico, constituído pela explosão populacional observada nas últimas
décadas, cujos novos brasileiros, agora chegam nesta fase da vida.
Os idosos, pessoas com mais de 65
anos, geralmente aposentados e com renda definida, têm necessidades próprias
que os imóveis produzidos pelos empreendedores geralmente não contemplam, que
têm como objetivo melhorar a acessibilidade e a segurança do morador.
Corrimão nos boxes e paredes do
banheiro, ausência de degraus, portas e elevadores mais largas e maiores,
cabeamento de telefone em todos os cômodos, são alguns exemplos de melhorias
que podem ser do interesse deste público.
A legislação urbanística de Belo
horizonte não contém disposições especiais para as necessidades deste público.
Somente há pouco tempo nossa cidade passou a contar com leis que procuraram
melhorar a acessibilidade urbana para portadores de algumas necessidades
especiais, como a proibição de degraus nos passeios e calçadas, instalação de
piso tátil nas calçadas, rampas de acesso em prédios comerciais, vagas
especiais para idosos e portadores de necessidades especiais em estacionamentos
de alguns estabelecimentos comerciais, dentre outras.
É lamentável que poucos
empreendedores imobiliários e construtores estejam sensíveis para esta questão.
A gerontóloga Naira Dutra Lemos,
da Unifesp elenca as principais reclamações dos idosos com relação às
habitações:
* Prédios baixos, de até cinco
andares, pecam pelo excesso de escadas e a ausência de rampas e elevadores.
* Algumas edificações, sobretudo
as mais antigas, não possuem rampas que deem acesso à entrada do prédio. Neste
caso, um idoso ou um cadeirante sente muitas dificuldades para ingressar no
imóvel.
* Vãos das portas estreitos, que
dificultam o tráfego interno de um idoso que, por ventura, precise do auxílio
de um andador, cadeira de rodas ou até mesmo bengala.
* Banheiros sem pisos
antiderrapantes e com poucos pontos de apoio, como barras de segurança,
principalmente na área do banho.
* Ambientes com iluminação
precária, que facilitam os tropeços, esbarrões e, consequentemente, as quedas.
* Portas com fechaduras sem alça,
o que dificulta o apoio e o manuseio.
A especialista avalia que a nova
preocupação das construtoras com a terceira idade tem a ver com um novo
posicionamento do mercado. No Brasil, já é comum pessoas com idade acima de 60
anos continuarem plenamente ativas e com renda média até superior aos mais
jovens. “A medicina evoluiu, a tecnologia evoluiu e o idoso também evoluiu. Ele
hoje é tão consumidor quanto um adulto de 30 anos. Por isso, passou a exigir
acessibilidade adequada e habitações adaptadas a ele”, diz Naira Dutra Lemos,
lembrando que o idoso já enfrentar condições difíceis quando sai de casa, com
calçadas irregulares, e o mínimo que pode exigir é que a construção civil lhe
ofereça conforto em casa.
Portas com fechaduras invertidas
facilitam o apoio e evitam quedas
Áreas sem desnível com boa
luminosidade ajudam a evitar quedas
Banheiros com pisos
antiderrapantes e barras de apoio são os mais requisitados pelos idosos
Fonte: Cimento itambé
Entrevistada: Naira Dutra Lemos:
nairadutra@uol.com.br
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