sexta-feira, 22 de junho de 2012

O advogado mais caro do Brasil e um bandido barato ameaçam o Estado de Direito


22/06/2012
 às 16:35 
Augusto Nunes


Carlinhos Cachoeira começou a captura do Poder Executivo com a compra de governadores. Prosseguiu a ofensiva com a contratação de Márcio Thomaz Bastos, um advogado disposto a tudo para livrar de castigos o chefe da quadrilha desbaratada pela Polícia Federal que vivia elogiando nos tempos de ministro da Justiça do governo Lula. E completou o serviço quando o Planalto ordenou à maioria governista que transformasse a CPI batizada com o apelido do delinquente goiano em mais um monumento à impunidade.
Carlinhos Cachoeira começou a captura do Poder Legislativo com o arrendamento de parlamentares, entre os quais o senador Demóstenes Torres ─ hoje reduzido a uma caricatura carnavalesca do personagem de ficção que funde Dr. Jekyll e Mr. Hyde. A ofensiva prosseguiu na CPI, com a debochada performance produzida e dirigida pelo doutor em truques de tribunal. E será consumada com o naufrágio anunciado de uma comissão de inquérito administrada por cúmplices dos investigados.
Carlinhos Cachoeira começou a captura do Poder Judiciário com o aluguel de comparsas  disfarçados de juízes. A ofensiva prosseguiu com a mobilização de desembargadores decididos a condenar os xerifes, libertar os bandidos e enterrar no mausoléu dos absurdos jurídicos o colosso de provas colhidas pelos detetives. As ameaças de morte que afastaram do caso o juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima, responsável pela prisão do comandante da quadrilha e seus generais, informam que Cachoeira está pronto para completar a desmoralização da Justiça.
“Não é o juiz quem tem de se afastar em nome de sua segurança, mas o Estado que precisa lhe garantir a vida, prender os autores das ameaças e assegurar condições para o desbaratamento dessa máfia”, adverte a jornalista Dora Kramer no artigo reproduzido na seção Feira Livre. “Qualquer coisa diferente disso equivale a transferir aos bandidos um poder de decisão que não lhes pertence e pôr de antemão o juiz (ou juíza) substituto sob suspeita ou risco de morte”.
A operação concebida por Cachoeira (e aperfeiçoada por um ex-ministro da Justiça) para a captura dos três Poderes tem de ser neutralizada já. Ou as instituições cumprem seu dever sem delongas ou formalizam publicamente a rendição vergonhosa. Nada justifica a libertação prematura dos quadrilheiros. Não se pode conceder o direito de ir e vir a quem pretende usá-lo para obstruir investigações, destruir provas, silenciar testemunhas, submeter desembargadores e intimidar magistrados.
Os integrantes da organização criminosa têm de aguardar engaiolados a merecidíssima condenação a longas temporadas na cadeia. Se ocorrer o contrário, como constata o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, o Estado Democrático de Direito terá sido algemado pela parceria que juntou o advogado mais caro do Brasil e um bandido barato, mas com dinheiro de sobra para pagar o que for preciso para continuar em ação. Os R$ 15 milhões que estimulam a inventividade de Márcio Thomaz Bastos, por exemplo. Ou propinas que amansam figurões do Executivo, do Legislativo e do Judiciário.

Se pedir socorro aos vizinhos trapalhões, Lugo pode acabar na embaixada brasileira como gerente da Pensão da Dilma


22/06/2012
 às 19:43
Augusto Nunes


Fernando Lugo (à esquerda) e Manuel Zelaya
Afastado da presidência do Paraguai pelo Congresso, Fernando Lugo resolveu recorrer à Justiça para recuperar o cargo. Os deputados e senadores entenderam que o chefe do Executivo fez o suficiente para perder o emprego. Lugo acha que não. Cumpre ao Judiciário decidir quem tem razão. Por enquanto, foram respeitadas as regras constitucionais. Melhor assim.
Pelo menos até agora, a vítima do impeachment resistiu à tentação de pedir a ajuda dos vizinhos. O venezuelano Hugo Chávez está permanentemente à disposição dos companheiros aflitos. E Dilma Rousseff, como revelou o blog de Lauro Jardim, ordenou ao chanceler Antonio Patriota que “fale grosso” com os responsáveis pela demissão do parceiro paraguaio.
Se tiver juízo, Lugo se limitará a brigar na Justiça. Em 2009, o mundo inteiro viu o que acontece quando o Brasil e a Venezuela resolvem socorrer em parceria um parceiro em apuros. O plano concebido pela dupla de trapalhões deveria devolver à presidência de Honduras o neobolivariano Manuel Zelaya, destituído pelo Poder Legislativo com o endosso da Suprema Corte. Deu no que deu.
Zelaya voltou clandestinamente a Tegucigalpa, hospedou-se na embaixada brasileira, transformou o prédio na primeira Pensão do Lula e ficou à espera das tropas prometidas por Hugo Chávez. Só deixou o local depois de 125 dias. Em vez da faixa presidencial no peito, levava na cabeça o chapelão  que simulava uma coroa de destronado. Se seguir o exemplo do colega hondurenho, Lugo pode acabar na gerência da Pensão da Dilma.
O governo lulopetista jamais abriu o bico sobre as abjeções colecionadas pela ditadura cubana, nem sobre os chiliques autoritários da viúva argentina que herdou a Casa Rosada, muito menos sobre o desmoronamento da democracia venezuelana. “O Brasil respeita a soberania nacional”, recitava Celso Amorim e recita agora Antonio Patriota para justificar a política externa da cafajestagem. O mantra perde a validade quando algum companheiro perde o poder.
Como ocorreu em Honduras, o Congresso paraguaio afastou o presidente amparado em normas constitucionais. Fez com Lugo o que faria com Fernando Collor o Legislativo brasileiro se o presidente que desonrou o cargo não tivesse renunciado pouco antes da destituição inevitável. O Planalto tem tanto a ver com a queda de Lugo quanto o governo paraguaio tinha a ver com o afastamento de Collor.
Como pôde acontecer uma coisa dessas em apenas dois dias?, choramingam os órfãos brasileiros do reprodutor de batina. Os paraguaios é que deveriam perguntar-se como pode o Brasil esperar sete anos pelo julgamento dos quadrilheiros do mensalão. Ou instaurar uma CPI que, depois de dois meses de tapeações, vigarices e patifarias, faz o que pode e o que é proibido para garantir a impunidade dos bandidos.

Destituição de Lugo é constitucional e democrática; diplomacia brasileira, mais uma vez, dá vexame


22/06/2012
 às 19:28


Posso começar este novo artigo sobre a crise do Paraguai com o Artigo 225 daConstituição do país, que trata justamente do impedimento do presidente por mau desempenho? Vamos a ele:
El Presidente de la República, el Vicepresidente, los ministros del Poder Ejecutivo, los ministros de la Corte Suprema de Justicia, el Fiscal General del Estado, el Defensor del Pueblo, el Contralor General de la República, el Subcontralor y los integrantes del Tribunal Superior de Justicia Electoral, sólo podrán ser sometidos a juicio político por mal desempeño de sus funciones, por delitos cometidos en el ejercicio de sus cargos o por delitos comunes.
La acusación será formulada por la Cámara de Diputados, por mayoría de dos tercios. Corresponderá a la Cámara de Senadores, por mayoría absoluta de dos tercios, juzgar en juicio público a los acusados por la Cámara de Diputados y, en caso, declararlos culpables, al sólo efecto de separarlos de sus cargos, En los casos de supuesta comisión de delitos, se pasarán los antecedentes a la justicia ordinaria.
O resultado, como sabem, foi bem superior a dois terços. Na Câmara, a denúncia foi acolhida por 73 votos a 1; no Senado, sua deposição foi decidida por 39 votos a 4. Isso é sinal de que o presidente, com o seu governo sem eixo, em franca colaboração com forças criminosas, havia perdido apoio parlamentar. Foi destituído de acordo com a Constituição democrática do país. Se não apelar para o vale-tudo, transfere o poder para seu vice, Federico Franco, e pronto. Em abril de 2013, estão previstas as eleições gerais.
Não adiantou a pressão da Unasul, com destaque para o papel equivocado de sempre da diplomacia brasileira, que tentou intimidar o Parlamento paraguaio. Escrevi hoje um post sobre um entendimento muito particular que as esquerdas latino-americanas passarama ter do seja “golpe”. Se o sistema não lhes dá licença para transgredir as leis, então elas gritam: “golpe!” Uma ova!
No Paraguai, triunfou a lei. É tão evidente a vinculação de Fernando Lugo com os ditos sem-terra, convertidos em força terrorista, que os dias a mais  para a defesa não fariam diferença no mérito. No máximo, esticariam o tempo do impasse e dariam tempo para a articulação das tentações, estas sim, antidemocráticas que buscariam manter Lugo no poder na base do grito.
O melhor que este ex-bispo fazedor de filhos tem a fazer é cair fora sem resistência. O sistema democrático pode sobreviver sem ele. E que o novo presidente tenha coragem e força para apurar as circunstâncias do confronto que resultou na morte de 17 pessoas. O resultado da votação na Câmara e no Senado é muito expressivo. Os parlamentares não se deixaram intimidar pela pressão de governos do subcontinente ideologicamente alinhados com Lugo. Eles deveria ter-se lembrado — espero que o Itamaraty tenha feito a devida advertência a Dilma — que o Venezuela ainda não faz parte do Mercosul justamente porque o Senado paraguaio se nega a aceitar a companhia do Beiçola de Caracas.
Governos latino-americanos tentaram criar uma nova “Honduras”. Lembram-se da novela sobre a deposição do chapeludo Manuel Zelaya e da confusão armada por Celso Amorim? Pois é… Também naquele caso, um presidente eleito tentou atropelar a Constituição que o elegeu. E mereceu a devida resposta do Parlamento. Parlamento, reitero, que também representa a vontade do  povo.
Cumpre aos governos latino-americanos — ao do Brasil, em especial, em razão de sua natural liderança — apoiar o novo governo do Paraguai, que se constitui segundo as leis. E a diplomacia brasileira recebe mais uma lição depois de um novo vexame: é preciso pensar um pouco antes de sair atirando. Ficamos sabendo que Dilma considerava “golpe” a ação legal contra Lugo. E agora?
Um governo que não sabe distinguir legalismo de golpismo chama de golpe o que é legal e acaba sendo obrigado a declarar legal o que acha ser golpe.
Por Reinaldo Azevedo

Em nota, CNBB cobra a punição dos ‘corruptos’



A CNBB, órgão máximo da Igreja Católica no Brasil, divulgou uma nota oficial para cobrar a punição dos corruptos. Escreve no texto que a proliferação da falta de ética na política e na administração pública “chega mesmo a colocar em xeque a credibilidade das instituições, que têm o dever constitucional de combater a corrupção e estancar a impunidade.”
Em conversa com os jornalistas, o presidente da CNBB, cardeal Raymundo Damasceno Assis, fez referência a dois temas que ardem nas manchetes: a CPI do Cachoeira e o julgamento do mensalão.
Sobre a CPI, disse: “Esperamos que dê em alguma coisa. O Congresso Nacional deve representar nossa sociedade. Isso é fundamental para que o trabalho dos deputados e senadores não termine em pizza.”
Sobre a ação penal do mensalão, com julgamento marcado para começar em agosto, declarou: “Se a Justiça não cumpre sua missão, isso servirá de estímulo para outros crimes.”
Observada pelo ângulo do seu telhado de vidro, a CNBB está coberta de razão. Mal comparando, dá-se com os políticos e gestores públicos corruptos algo parecido com o que se passa com os membros da Igreja acusados de pedofilia. Nos dois casos, grassa a impunidade.

São Paulo sob ataque. SSP alertou autoridades, mas continua negando informação ao povo


Pelo menos uma unidade da Polícia Militar foi atacada nesta sexta-feira supostamente por bandidos ligados ao Primeiro Comando da Capital, a oganização que hierarquizou e comanda o crime organizado na maior cidade do País. Até agora, chega a seis o número oficial de policiais assassinados nos últimos dez dias. Mas o número pode ser bem maior. Cinco deles  morreram em circunstâncias que evidenciam execuções pontuais -- eram tidos como honestos, estavam de folga e não vestiam fardamento (apenas uma das vítimas trajava o uniforme da PM).
A Secretaria de Segurança Pública nega, mas o serviço reservado da PM já alertou autoridades dos três Poderes do estado de São Paulo de que se trata de um ataque do PCC. Os alvos seriam "autoridades em geral", e não apenas policiais envolvidos em milícias e grupos de extermínio. Todos os destacamentos foram colocados em prontidão, com a escala de folgas suspensa neste fim-de-semana. O mesmo aconteceu com a Polícia Civil. Mas  até agora a secretaria de Segurança Pública continua negando para a população que São Paulo esteja sob ataque.
A ação é uma vingança do "partido", palavra que policiais e bandidos usam para se referir ao PCC, pela execução de seis integrantes da facção que agiam na Zona Leste no dia 29 de maio. Uma das vítimas foi sequestrada por uma viatura da ROTA e levada até um local ermo na beira da Rodovia Ayrton Senna, onde foi espancada e assassinada friamente. Uma testemunha que morava próximo ao local acionou o plantão policial e denunciou o crime.
Oficiais da Corregedoria da PM e do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) da Polícia Civil ainda tentaram "arredondar" o flagrante e evitar a prisão dos PMs assassinos. A tentativa fracassou graças à presença de promotores de justiça do Grupo Especial de Controle da Atividade Policial (GECEP) do Ministério Público paulista. Anderson Minhano, o homem que foi executado na beira da rodovia, teria sido assassinado pelos PMs porque era suspeito de ter matado um policial.
A reação do PCC acontece após um período de trégua de três anos. O "partido", segundo fontes da própria polícia, teria mudado a orientação para a realização de vinditas. Ao invés de promover grandes ataques, como os que se verificaram em 2009, agora prefere execuções pontuais. As ameaças, no entanto, já conseguiram parar escolas e fazer o comércio baixar as portas. São uma reação ao recrudescimento da violência policial, politica que tem sido sustentada pelo secretário de Segurança Antônio Ferreira Pinto.
As primeira informações sobre a iminência do ataque chegaram ao serviço reservado da PM há cerca de dez dias. Uma carta foi apreendida na cela onde estava preso Roberto Soriano, na penitenciária de segurança maxima de Presidente Venceslau. Ele é conhecido como "Tiriça", um dos líderes da facção criminosa. Nessa carta havia nomes de policiais militares que deveriam ser justiçados, instruções para o tráfico e uma menção ao crime do Bar Barracuda, que foi incenado por criminosos na madrugada passado. O preso foi transferido para o presídio de Presidente Bernanardes, onde permanece confinado e isolado no regime diferenciado em uma solitária.
O Blog repassa aos seus leitores o mesmo alerta que a SSP vem fazendo para as autoridades. A ordem é evitar deslocamentos desnecessários e permanecer em casa até que se consiga dimensionar corretamente  o que está acontecendo.

Carta anônima denuncia local dos restos mortais de Eliza Samudio



Bloig
quinta-feira, 21 de junho de 2012


Blogue do Frederico Luiz

Uma denúncia anônima pode por fir ao mistério sobre o desaparecimento de Eliza Samudio. O advogado José Arteiro Cavalcante, que representa a mãe da ex-namorada do goleiro Bruno Fernandes, afirmou ter recebido uma carta indicando o local onde estariam os restos mortais da suposta vítima do ex-atleta do Flamengo.


Segundo informações do G1, a carta foi recebida por Sônia Samudio, mãe de Eliza, nessa quarta-feira (20) em Belo Horizonte, onde ela participou de um programa de televisão. A mensagem anônima indica que os restos mortais de Eliza estão em um poço, que seria um lugar de desova, no bairro Planalto, na Região Norte da capital de Minas Gerais.



Arteiro já havia recebido informação semelhante e disse ao G1 que agora vai recorrer à polícia para investigar a denúncia, mas a assessoria da Polícia Civil informou que o chefe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Minas Gerais, o delegado Wagner Pinto, ainda não teve acesso à carta.



Desde 2010, quando Eliza despareceu, a polícia realizou diveras buscas pelo corpo da suposta vítima do goleiro, como no sítio do goleiro, em Esmeralda, que foi vasculhado pela polícia, e na casa do melhor amigo de Bruno, o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, em Vespasiano. 



Bruno reconhece filho de Eliza
O goleiro Bruno Fernandes já assinou os documentos para reconhecer o filho Bruninho, que teve com a ex-amante Eliza Samudio. O advogado Rui Pimenta, que defende o jogador, disse que a documentação foi enviada para a Vara de Família de Minas Gerais. 



Na segunda-feira (18), o advogado esteve na Penitenciária Nelson Hungria, em Minas Gerais, onde o jogador está preso. Rui Pimenta contou que Bruno perguntou pelo filho e mostrou-se animado com o fato de o reconhecimento já estar encaminhado.



Dois anos de desaparecimento
O desaparecimento de Eliza completou dois anos no início do mês. Além de Bruno, há sete réus no processo, que acumula 44 volumes e um amontoado de páginas. A modelo teve um relacionamento com o atleta e dizia que o filho dela era do goleiro. 



A Polícia Civil acredita que, a mando de Bruno, Eliza foi morta em junho de 2010. Bruno e mais dois réus estão presos em Minas Gerais. O goleiro, que vivia um dos melhores momentos da carreira jogando pelo Flamengo, foi detido em julho de 2010 sob acusação de homicídio.



O amigo dele, Luiz Henrique Romão, conhecido como Macarrão, e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, conhecido, segundo a polícia, como Bola, também aguardam o processo atrás das grades. O quarto acusado diretamente por homicídio é Sérgio Rosa Sales, que responde em liberdade.



Sequestro e morte
Para a polícia, Eliza foi sequestrada com o filho no Rio de Janeiro antes de ser morta em Minas Gerais no dia 9 de junho. De acordo com o inquérito, funcionários e amigos de Bruno, a ex-mulher e outra ex-namorada estiveram contato com a modelo e com o bebê.



Os advogados de defesa negam a autoria dos crimes imputados pela polícia, denunciados pelo Ministério Público Estadual e pronunciados pela juíza Marixa Fabiane Rodrigues Lopes, presidente do I Tribunal do Júri de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.



Enquanto houver negativa do pedido de liberdade do goleiro, ele segue preso, pois foi condenado pela Justiça do Rio de Janeiro a quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado e lesão corporal contra Eliza.

OBRA-PRIMA DO DIA - OURIVESARIA Objetos de Arte - Saleiro (Século XV)



Esse saleiro, de pequenas dimensões, foi introduzido na coleção de Luis XIV, grande apreciador de pedras preciosas, entre 1681 e 1684. É das raras peças do século XV que conserva sua estrutura original e que fez parte da coleção do Rei Sol.
Na Idade Média, os saleiros eram as primeiras peças colocadas na mesa. Tinham um papel privilegiado e complexo, ligado à simbologia religiosa do sal. Com efeito, o sal representava a Aliança de Deus com seu povo e o saleiro representava a presença do divino nas refeições.
Frequentemente tinham a forma de um fruto em gomos e a qualidade do saleiro devia estar em harmonia com a importância do conteúdo. Os saleiros que conhecemos dessa época eram todos muito ricos, como testemunha essa peça do acervo do Louvre. Os mais preciosos eram apanágio dos reis. De tal forma ficaram cada vez mais belos e valiosos, que passaram a ser os marcadores dos lugares de honra nas mesas.
Sabemos quando Luis XIV adquiriu seu saleiro, mas infelizmente não se sabe de quem, quem era a pessoa cujas iniciais estão repetidas nove vezes na base do saleiro: três vezes em esmalte negro e marrom, seis vezes em ouro rendado.
Os infantes no pilar que sustentam a taça em ágata lapidada são esmaltados em cor da pele. Muitas pérolas ornamentam o pequeno objeto. A base, em ouro trabalhado ou filigranado, é inteiramente gótica, com suas gárgulas, pequenas torres e arcadas.
Em diversos museus europeus, e no próprio Louvre, há saleiros deslumbrantes. Alguns mais ricos e mais ornamentados. Mas esse me pareceu o mais delicado e elegante. Como sempre, as escolhas...
Foi assim, em trajes de gala, que o sal foi para a mesa... Com o pão, ele é a base da hospitalidade. Desrespeita seu valor de símbolo e os talentos de quem preparou a refeição pegar o saleiro antes de provar o que se tem no prato. Um gesto desastrado com o saleiro na mão, é mau augúrio.
Em seu afresco A Santa Ceia, Da Vinci pintou um saleiro caido diante de Judas. Reza a lenda que começou mais ou menos por essa época o hábito de jogar uma pitada de sal por cima do ombro esquerdo...
Lenda ou não, superstição tola ou não, a importância e o valor do sal jamais poderão ser ignorados.
Medidas: altura, 10,3 cm; diâmetro, 4,9 cm; espessura da ágata, 0,35cm; diâmetro da base, 7,8 cm.

Acervo Museu do Louvre, Paris

Matador de jornalista maranhense envolve deputado em depoimento Íntegra do depoimento vazou nesta quinta-feira em blogs do Maranhão




SÃO LUÍS (MA) - Jhonatan de Sousa Silva, de 24 anos, acusado pelo assassinato do jornalista Décio Sá, em São Luís (MA), envolveu no crime o deputado estadual Raimundo Cutrim (DEM), em seu primeiro depoimento à polícia, no último dia 9. A íntegra do depoimento vazou nesta quinta-feira em blogs do Maranhão. Raimundo Cutrim é aliado do governo Roseana Sarney (PMDB), de quem foi secretário de Segurança Pública de julho de 1997 a janeiro de 2006. O atual ocupante do cargo, Aluísio Mendes, é alvo de constantes críticas do parlamentar na Assembleia Legislativa do estado.
Em seu primeiro depoimento à polícia maranhense, no dia 9, que durou sete horas (das 15h47 às 22h47), o pistoleiro Jonathan Silva citou várias vezes o nome do deputado como sendo um dos mandantes do assassinato do jornalista – informação que teria sido passada ao matador por José Raimundo Sales Chaves Júnior, o “Júnior Bolinha”, 38 anos, preso no último dia 13 sob a acusação de agenciar o pistoleiro.
Na página 3 do depoimento, o acusado fala pela primeira vez no nome de Raimundo Cutrim: “que o serviço tinha partido do Raimundo Cutrim; que perguntado qual Raimundo Cutrim é esse, e se é o deputado, assim se manifestou (confirmou)”.
Na página 5, Jhonatan Silva afirma que “tem o Gláucio (Carvalho, agiota) e esse Cutrim, sendo que esse Cutrim é citado pelo Júnior Bolinha como sendo o principal mandante da morte de Décio Sá”.
Deputado nega envolvimento
O deputado Raimundo Cutrim pôs, nesta quinta-feira, à disposição da polícia e do Ministério Público seu sigilo telefônico e bancário. Além disso, pediu que a apuração seja mais aprofundada para que os fatos demonstrem que não há envolvimento dele no caso.
- Quem conhece o meu trabalho sabe que, por onde andei, eu sempre procurei pautar o meu trabalho dentro da lei. O que eu quero é que a polícia apure isso. Eu tenho minhas diferenças com o secretário, isso é público e notório, mas conheço todos os policiais e sei que são competentes. O indiciado disse e cabe à polícia esclarecer. Não se pode jogar na parede: ‘foi fulano de tal’. Não se pode dizer ‘fulano matou’, sem provas. Eu disponibilizo meu sigilo telefônico e bancário, sou a pessoa mais interessada em esclarecer os fatos, sou um homem que tem a vida limpa e a verdade aparecerá no final - afirmou o parlamentar.
O deputado não negou que tenha relacionamento com o empresário José Raimundo Sales Chaves Júnior, o “Júnior Bolinha”, mas que é apenas no campo profissional.
- Conheci ele (Júnior Bolinha) no ano passado, eu tava precisando arrumar os açudes do meu sítio, eu aluguei máquinas dele, não tinha nenhuma ligação com ele. Depois dessa coisa do sítio, eu ligava para ele, sempre muito profissional, sempre falando de barro, areia, mas se limitava a isso, apenas assuntos bem profissionais, somente isso - afirmou Cutrim, que concluiu: - Quem não deve não teme, e eu não devo nada a ninguém, quero que as pessoas me respeitem.
Seis pessoas estão presas, acusadas de participação no assassinato do jornalista Décio Sá, em 23 de abril passado, num bar da Avenida Litorânea, em São Luís. Outros três acusados de envolvimento no crime ainda são procurados pela polícia.

Execuções de PMs podem ser retaliação do PCC





São Paulo está às voltas com uma nova onda de terror. Três policiais militares foram assassinados nos últimos sete dias -- o número de execuções pode chegar a 7, dependendo da fonte. Seria uma retaliação do PCC contra a execução sumária de um dos integrantes da facção criminosa pela ROTA, o "grupo de elite"da PM paulista.
A ação da ROTA foi denunciada pelo Blog do Pannunzio, assim como as primeiras ameaças de retaliação feitas pelo PCC, que mandou baixar as portas do comércio e impediu o funcionamento de escolas da Zona Leste de São Paulo.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo nega relação entre o assassinato de policiais e a política de extermínio levada a efeito pela tropa de choque da corporação. Não é de estranhar. O secretário Antônio Ferreira Pinto tem se empenhado na defesa do emprego da violência pela PM. É dele que a corporação deve cobrar responsabilidade pela retaliação.
Ferreira Pinto deu ordens expressas do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa para dificultar ao máximo o acesso do MP e da imprensa ao inquérito instaurado para apurar o comportamento dos PMs que executaram o traficante que supostamente teria ligações com o PCC. Tem movido uma cruzada contra o Ministério Público, que investiga excessos cometidos pela tropa. E conseguiu que o promotor do Juri encarregado da investigação decretasse segredo de justiça sobre o inquérito, privando a sociedade de saber o  que se passa.
Apesar da negativas formais do secretário, é clara a preocupação da polícia com os ataques do PCC. De acordo com fontes da própria polícia, a organização criminosa, que promoveu uma série de atos terroristas há três anos, mudou a tática. A ordem agora não é mais fazer ataques de grande porte que gerem comoção -- é fazer ações pontuais, no molde das execuções de PMs que se verificaram esta semana.
Caso a vingança fique comprovada, estará mais uma vez provado o axioma segundo o qual violência se paga com violência.
Triste, nesse contexto, é a viuvez das mulheres dos soldados mortos, a orfandade de seus filhos e o recrudescimento da sensação de insegurança que apavora a população paulistana. Uma conta salgada demais a ser paga pela doutrina da vciolência da Secretaria de Segurança Pública do governador Geraldo Alckmin.

Brasil não reabrirá investigação sobre Wladimir Herzog



Sérgio Roxo, O Globo
O governo brasileiro informou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos que não vai reabrir a ação criminal sobre a morte do jornalista Wladimir Herzog devido à Lei de Anistia.
O país havia dado a mesma justificativa quando foi questionado em 2010 pelas mortes na Guerrilha do Araguaia. A família de Herzog e entidades de direitos humanos vão contestar na Corte a resposta brasileira. O Brasil foi denunciado em março deste ano pelo caso Herzog.
— Recebemos com muita decepção. Estava esperançoso de que o governo, em função de instalação da Comissão da Verdade, fosse ter outra posição — desabafou Ivo Herzog, filho do jornalista, assassinado durante a ditadura.
Militante do Partido Comunista e diretor de jornalismo da TV Cultura, Herzog compareceu espontaneamente para prestar depoimento no dia 24 de outubro de 1975, na sede do DOI-Codi, em São Paulo, depois de ser convocado pelo Exército para esclarecer suas atividades políticas. 

Bacelar tentou vantagem em licitação dos Correios Deputado foi responsável pela indicação do diretor da estatal na Bahia





João Carlos Bacelar: deputado estava interessado em licitação de agências dos Correios e queria saber quais as mais rentáveis, segundo relato de sua ex-mulher
Foto: Divulgação
João Carlos Bacelar: deputado estava interessado em licitação de agências dos Correios e queria saber quais as mais rentáveis, segundo relato de sua ex-mulherDIVULGAÇÃO
BRASÍLIA - Além de ter negociado emendas ao Orçamento da União, o deputado federal João Carlos Bacelar (PR-BA) controlava os Correios no seu estado e, segundo relatou sua ex-mulher Isabela Suarez em conversa gravada, teria tentado conseguir vantagens em uma licitação de agências da estatal.
Na gravação, Isabela afirma que Bacelar desejava comprar agências dos Correios e, para isso, contaria com a ajuda do então diretor da empresa no estado, Jackson Jaques, que havia sido indicado por ele para o cargo. A tarefa de seu nomeado seria informar as agências mais lucrativas para Bacelar investir:
— O superintendente do Correio era indicação do João. Na época, o Correio de fato licitou algumas agências para serem compradas. Como a superintendência era indicação dele, o cara chegaria e facilitaria, apresentaria “essas são as que rendem mais, então entre na licitação nessas e nessas aqui” — afirmou Isabela.
A ex-mulher de Bacelar, na conversa, considera a iniciativa do deputado normal, a partir do momento em que a indicação política do diretor dos Correios foi entregue ao partido do deputado:
— Não tinha nada errado. Sim, é um favorecimento para indicar quais agências que vendem mais. Isso aí tem como você pesquisar sem precisar de favorecimento. E é normal, cada segmento ser controlado por um partido, não tem nada de mais.
Na conversa com Lílian, uma irmã de Bacelar, Isabela Suarez dá a entender, no entanto, que o parlamentar não teria concluído a operação de compra das agências. O motivo seria a perda do cargo na estatal para um grupo comandado pelo deputado federal Zezéu Ribeiro (PT-BA), apontado como patrono da indicação do atual diretor dos Correios na Bahia, Claudio Moras Garcia. Bacelar havia garantido a indicação para o cargo em 2009, como compensação por ter sido preterido na disputa pela indicação do diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) na Bahia.
Troca de diretor dos Correios teve ameaças
A troca de Jackson por Garcia, em junho do ano passado, provocou uma grave troca de ameaças. Na época, foi veiculado na Bahia que Bacelar procurou o presidente nacional dos Correios, Wagner Pinheiro, e ameaçou retaliar pedindo uma investigação na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara sobre a atuação dele quando presidia a Petros, fundo de pensão da Petrobras. Garcia, no entanto, foi mantido no cargo.
Segundo os Correios, entre 2009 e este ano foram licitadas 83 agências na Bahia, metade delas em Salvador. A empresa não confirmou, no entanto, se o então diretor era indicado por Bacelar e evitou comentar as declarações de Isabela: “Não temos conhecimento de indicações políticas e a empresa não se manifesta a respeito de suposições e declarações sem provas”, disse a assessoria. Procurado, Bacelar não quis comentar as acusações da ex-mulher.

Gurgel ainda examina se vai pedir que Toffoli não julgue o mensalão




José Dirceu, que é um dos 38 réus do processo, chefiou o ministro do STF



Dias Toffoli: “Tenho as férias pra pensar”, disse o ministro ao ser perguntado se abriria mão do julgamento
Foto: O Globo / Gustavo Miranda
Dias Toffoli: “Tenho as férias pra pensar”, disse o ministro ao ser perguntado se abriria mão do julgamentoO GLOBO / GUSTAVO MIRANDA
BRASÍLIA e SÃO PAULO - O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que está examinando se vai pedir o impedimento ou a suspeição do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), para participar do julgamento do mensalão. Ele afirmou que, se for o caso, fará isso no julgamento, marcado para começar em 1º de agosto. Antes, Gurgel vai esperar um pronunciamento de Toffoli sobre o assunto.
— Isso será examinado em um momento oportuno. Temos que aguardar a afirmação do ministro — disse.
Gurgel afirmou que ainda não tem convicção formada sobre a conveniência da participação de Toffoli no caso. O ministro, por sua vez, não está com pressa. Perguntado sobre o que vai fazer, respondeu:
— Ainda tenho as férias pra pensar.
Nesta quinta-feira, O GLOBO informou que setores do Ministério Público querem uma providência de Gurgel. Antes disso, perguntado sobre o assunto, o procurador-geral dizia que a decisão caberia só a Toffoli.
Segundo o Código de Processo Civil, um juiz deve se declarar suspeito para atuar em um caso se for amigo de uma das partes. Toffoli foi chefiado por um dos réus no processo do mensalão, o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, de 2003 a 2005. Além disso, Toffoli frequentava a casa de Dirceu.
A namorada de Toffoli, Roberta Rangel, foi advogada de um dos réus, o ex-deputado Professor Luizinho (PT-SP), para quem fez inclusive sustentação oral no plenário do STF em agosto de 2007, quando os ministros transformaram o inquérito em ação penal.
Outra polêmica no caso surgiu com as recentes declarações do ex-ministro da Justiça do governo Lula, o advogado criminalista Márcio Thomaz Bastos, que hoje defende o ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado, um dos 38 réus do mensalão. Quando falava sobre corrupção e reforma política no programa “Ponto a ponto”, da TV Bandeirantes, no último dia 9, ele disse que o país chegaria “ao ponto em que a democracia, pela sua prática”, iria “resolver a questão” do mensalão.
“Lembremos que, no início do século passado, na Câmara dos Comuns do Reino Unido, havia um guichê onde os parlamentares recebiam o dinheiro, uma espécie de mensalão entre aspas da época”, afirmou Bastos, em seguida salientando que isso não havia impedido que a Inglaterra se tornasse um “país altamente democratizado”.
Essas declarações “passaram despercebidas, admitindo claramente a existência do mensalão”, opinou Merval Pereira em sua coluna de quinta-feira no GLOBO. Procurado pelo jornal, Bastos não deu declarações. A opinião entre especialistas consultados, porém, é consensual: o advogado foi infeliz em sua fala.
— Um ato falho. Ele era ministro na época em que o escândalo estourou e atuou como gerenciador daquela e de outras crises envolvendo o PT. O partido sempre lutou em negar o mensalão. Bastos acabou, assim, admitindo sua existência — disse o cientista político Rubens Figueiredo, da USP.
Roberto Romano, professor de Ética e Filosofia da Unicamp, acha, porém, que tudo foi feito de “forma calculada”, para banalizar um julgamento que “tanto Bastos como o PT gostariam de protelar”:
— Ele é macaco velho, nada do que fala é espontâneo. Assim como Lula, tenta banalizar o mensalão, quer tirar o foco, minimizar sua importância. Afinal, defende um dos réus — diz Romano.

O satânico doutor Paulo, por Paulo Maluf


Enviado por Sandro Vaia - 
22.6.2012
 | 9h44m
POLÍTICA


“A fotografia é subversiva não quando assusta, perturba ou até estigmatiza, mas quando é pensativa”. ( Roland Barthes)
É muito provável que Paulo Salim Maluf jamais tenha ouvido falar de Roland Barthes nem de semiótica. Nem ele, nem Luiza Erundina. Mas com certeza nenhum dos dois desconhece o ditado “uma foto vale mais do que mil palavras”.
Muito mais de mil palavras já foram escritas e muitas ainda se escreverão sobre a imagem que junta Paulo Maluf, Lula da Silva e Fernando Haddad tendo como pano de fundo indícios do jardim babilônico da ostensiva pirâmide erguida à riqueza que é a casa do ex-prefeito de São Paulo no bairro dos Jardins, em São Paulo.
A foto sela uma inusitada aliança política, mas não escandaliza pela aliança. Escandaliza pela imagem. No caso, diriam os semióticos, o significante vale mais do que o significado.
Já foi o tempo em que a tenra planta da democracia brasileira se abalava com as chamadas “alianças espúrias”.
A bem da verdade, nunca se abalou, a não ser na consciência irredutível de alguns turrões defensores ortodoxos do decoro político como Mário Covas, que em boa hora impediu a revoada de seus companheiros tucanos no momento em que se dispunham a jogar um salva-vidas para salvar o desastroso governo Collor.
Governar é preciso, diriam os navegantes do pragmatismo, e por isso alianças ditas “espúrias” ajudaram FHC e Lula e estão ajudando Dilma a atravessar as marolas da governabilidade.
O partido de Maluf está instalado em um nicho da base do governo há muito tempo, como está ocupando um lugarzinho quente no governo de Alckmin, e só não está na campanha de Serra por uma questão de divergência nos meios de pagamento.
Acontece que a simbologia que conta no imaginário político brasileiro floresce em torno de pessoas e não de legendas ou siglas. O diabo é Maluf e não o partido de Maluf. É assim que se joga o jogo. E Maluf, o esperto dos espertos, sabe disso. Resolveu vender caro o seu minuto e meio de TV.
Procurado pela Interpol, acusado de desviar montanhas de dinheiro público, estigmatizado e demonizado em gestos, atos e palavras pela essência do petismo, que se auto-construiu como a sua antítese moral e ética, Maluf viu no episódio da aliança com Haddad a oportunidade da revanche perfeita.
Com requintes de sadismo, exigiu, para selar a aliança, que seu detrator máximo descesse de seu pedestal imperial e comparecesse ao jardim de sua casa, levando pelo braço o seu candidato de engonço, e posasse para um batalhão de fotógrafos submetendo-se ao cinismo deslavado do famoso sorriso industrial que o inimigo histórico traz impresso como uma tatuagem no rosto.
A vingança é um prato que se come cru.
Erundina, com seu ar misto entre a madre superiora ultrajada e a stalinista tardia, abandonou o barco, não em repúdio à aliança mas à escandalosa cena explícita da aliança. Era como se dissesse, mutatis mutandis, estupra mas não mata. Ou melhor: apoia mas não fotografa.
Mas o satânico dr.Paulo fotografou, relaxou e gozou.

Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez. E.mailsvaia@uol.com.br

FRASE DO DIA



Queremos um pedido oficial de desculpas e o reconhecimento de que ele não se suicidou. Há 37 anos esperamos por isso e a cada dia que passa o Estado confirma sua cumplicidade no crime e na mentira.
Ivo Herzog, filho do jornalista Wagner Herzog, morto por militares durante a ditadura, após o governo brasileiro afirmar a OEA que não é mais possível investigar sua morte.
Blog do Noblat

Paraguai cumpre sua tradição de depor presidentes e encerra hoje a Era Lugo



by Fábio Pannunzio

O Senado paraguaio deve depor hoje o presidente do Paraguai, Fernando Lugo. Apesar da drasticidade, o processo está embasado em prerrogativas constitucionais do Congresso e nem de longe se confunde com um golpe de Estado. É uma situação análoga à que apeou do poder o ex-presidente de Honduras, o corrupto Manoel Zelaya, em 2009. Na época, o Brasil interveio de maneira equivocada, cedendo o espaço de sua embaixada para que o presidente deposto pudesse fazer seu proselitismo pós-golpe e tentasse a volta "pelos braços do povo", manobra que não prosperou.
Eleito pela esquerda, Lugo tentou governar pela direita sem fazer as reformas de que o Paraguai necessitava para consolidar sua jovem democracia. Desde o princípio, negou-se a confrontar as oligarquias corruptas que mandam no país desde os tempos do governo Stroessner. Abduzido pelo inimigo, contava com a adesão do Partido Colorado, seu oposto no campo ideológico, ao qual permitiu manter intactos e ainda fortalecer os esquemas de poder que terminarão por atalhar seu mandato.
Lugo encampou causas de seus adversário históricos porque não conseguiu fazer o que se comprometeu: mudar o Poder Judiciário, as polícias e o Ministério Público. Sem isso, ficou refém da nata da corrupção que move o País desde os tempos imemoriais da ditadura militar. Encastelados em cargos-chaves, corruptos notórios transformam o narcotráfico em mola-mestra da economia paraguaia, tendo como único paralelo o poder dos contrabandistas. Estes, Lugo não quis saber de enfrentar.
Uma das maiores contradições de seu governo foi a tolerância para com torturadores que agiram durante a longa ditadura paraguaia. Foi o caso do comissário Saturnino Antônio Gamarra, promovido por ele apesar das denúncias de que havia participado das sessões de tortura aplicadas a três ex-militantes do Movimento Pátria Livre que foram depois acolhidos no Brasil como refugiados políticos. O assunto foi tratado pelo blog no post Lugo promove torturadores de militantes refugiados no Brasil, de maio de 2010.
Parece inacreditável que um ex-bispo socialista esteja encerrando sua carreira como mandante da execução de 17 pessoas, vítimas do confronto entre a polícia e camponeses do MST local. Mas a crise não se resume apenas a isso. A deposição que deve acontecer hoje é o ponto final da carreira de um personagem cuja biografia começou a se despedaçar quando se descobriu que sua praxis política era tão hipócrita quanto seu voto de castidade. Assim que foi eleito, o bispo Lugo teve que se defrontar com seis processos de investigação de paternidade.
 Governantes de países vizinhos tentaram ontem se articular para impedir a ação fulminante do Congresso, que em apenas dois dias abriu e votou um processo de impeachment. A reação internacional foi encampada e liderada pela presidente brasileira Dilma Rousseff, que rapidamente mobilizou outros chefes de estado alinhados com a esquerda latino-americana.
É compreensível que governantes tenham ojeriza de situações como esta e engendrem reações solidárias. Mas seria impensável uma articulação nos moldes do desastre diplomático protagonizado pelo governo Lula, que interveio claramente em assunto afeto à autodeterminação do povo hondurenho quando da deposição de Zelaya.
Ainda estão frescas na memória dos nossos vizinhos as lembranças de três intervenções recentes do governo brasileiro em episódios agudos de crise institucional no Paraguai: o acolhimento do ex-ditador Alfredo Strossner, que terminou seus dias isolado em uma mansão do Lago Norte, em Brasília; o asilo dado ao presidente deposto Raul Cubas em 1999, deposto sob a acusação de encomendar o assassinato de seu vice-presidente Luis Maria Argaña; e o refúgio concedido ao general golpista Lino Oviedo.

Após 2 votos contra, STF adia decisão sobre poder do Ministério Público


by Fábio Pannunzio

FELIPE SELIGMAN
O Supremo Tribunal Federal interrompeu ontem julgamento sobre o poder do Ministério Público de fazer investigações criminais sem a necessidade de participação policial. Dois ministros votaram pela restrição.
Segundo Cezar Peluso, a Constituição não dá ao Ministério Público o direito de investigar diretamente um crime, prerrogativa que, segundo ele, é exclusiva das polícias Federal e Civil.
Afirmou, porém, que o poder investigatório pode ser exercido em casos excepcionais e propôs a criação de alguns critérios como fazer a investigação apenas quando a polícia se negar a apurar fatos criminosos.
Além disso, as investigações feitas por promotores ou procuradores deverão seguir as mesmas regras de um inquérito policial, como a que concede cópia aos investigados de todas as provas. Lewandowski seguiu os argumentos de Peluso.
Os ministros iniciaram a discussão sobre dois casos, um recurso de um prefeito de Minas e um habeas corpus de Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, denunciado como mandante do assassinato do então prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT).
O resultado, no entanto, terá efeito generalizado, já que o tribunal reconheceu no tema a repercussão geral, mecanismo que permite a extensão de uma decisão específica a casos semelhantes.
Para o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o voto de Peluso restringiu demais o poder do Ministério Público que, segundo ele, só investiga casos excepcionais.

‘Queremos evitar o narcoturismo’, diz membro do governo do Uruguai


by Fábio Pannunzio

O comércio legal de maconha no Uruguai, anunciado na quarta-feira pelo governo, será apenas para quem mora no país. “Queremos evitar qualquer alternativa, qualquer tipo de narcoturismo”, diz ao GLOBO o secretário-geral da Secretaria Nacional de Drogas uruguaia, Julio Calzada. Com 75 mil usuários mensais da droga, é um mercado “perfeitamente administrável”, afirma na entrevista em que detalha outros pontos do projeto — inédito no mundo.
O GLOBO: O que já foi definido no que toca à maneira como será feita a venda?
CALZADA: (Avaliamos) o modelo de estanco (lojas exclusivas) para tabaco na Espanha, mas não vai ser um modelo de gestão estatal, é muito complexo e custoso em princípio. O Estado deteria a execução da produção e da distribuição, e a execução do varejo ficaria a cargo do comércio (privado). Pode ser um modelo de lugares especiais de venda que não sejam de gestão estatal ou pode ser um modelo de utilizar pontos de venda que já existem no campo dos produtos da saúde (como farmácias).
O GLOBO: Na produção seriam utilizados terras privadas ou públicas?
CALZADA: Provavelmente será feita em terras públicas, mas isso pode ser ajustado. O certo é que a produção será controlada pelo Estado.
O GLOBO: Houve alguma polêmica sobre o cadastro de compradores. Haverá cadastro ou não?
CALZADA: Isto é uma proposta que temos bastante avançada. A existência de um cadastro está vinculada a dois aspectos fundamentais. Primeiro, evitar o desvio da produção para o mercado negro. Além disso, (a legalização do comércio da maconha) é uma medida que está sendo adotada em um só país. Não está sendo adotada nos países vizinhos. Temos que garantir que a produção não seja desviada para o mercado negro, principalmente do Brasil e da Argentina. É certo que é polêmico mas é a forma que temos de garantir que não vamos criar desvios.
O GLOBOO cadastro seria exclusivo para os habitantes de Uruguai ou estrangeiros também poderiam comprar a droga?
CALZADA: Em princípio será para os nacionais. Queremos evitar qualquer desvio, qualquer alternativa para o narcoturismo. Para isso também (serve) o cadastro. Não seria para estrangeiros.
O GLOBO: E se estudam criar lugares específicos para o consumo da droga?
CALZADA: Pensamos mais na lógica de ponto de venda. Temos de ter em conta, por exemplo, que temos uma regulamentação muito estrita para uso do tabaco, que vale para todo produto fumígeno. Não se poderia fumar em lugares fechados
O GLOBO:Qual é o mercado hoje de usuários de maconha?
CALZADA: Trabalhamos com o número de 75 mil usuários mensais. Calculamos que esse grupo consumirá cerca de 30g mensais (que seriam suficientes para dois cigarros por dia), o que nos permite dizer qual é o volume de produção que seria necessário para abastecer o mercado interno e não facilitar a ida destas substâncias para o mercado negro. Entendemos que é um mercado perfeitamente controlável, que podemos ter uma produção perfeitamente controlável nesse sentido.
O GLOBO: Quando o senhor espera que a proposta esteja aprovada?
CALZADA: Estamos na fase de elaboração e ajustes de diferentes detalhes. Esperamos que tenha um rápido trâmite parlamentar, mas de qualquer maneira a regulamentação de algo desse tipo não é para amanhã. A produção de maconha está associada à existência de possibilidade de um cultivo anual. Terá seu tempo de implantação.
O GLOBO:Como o senhor avalia a reação que houve à apresentação dessa proposta? O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, criticou-a.
CALZADA: Nós tomamos conhecimento do posicionamento do presidente Santos. Ele foi muito claro. Neste momento, a realidade da Colômbia não é a realidade do Uruguai. Esperamos que progressivamente esta iniciativa seja pelo menos posta em debate no marco da Unasul (União dos Países Sul-Americanos) e dos mecanismos regionais. Nós, com este desenho, queremos dar garantia ao conjunto dos países de que a produção que se faça será estritamente para o consumo interno.

Recusa ao chamado, por Marina Silva


by Fábio Pannunzio

Mesmo com a visão tolhida pela proximidade dos fatos, arrisco-me a dizer o que saiu 100% vitorioso dessa "Rio-20". Foram as posições defendidas abertamente pelos negociadores dos EUA -e adotadas por Índia, China e Rússia-, de recusa a submeter seus interesses a decisões multilaterais -uma das melhores formas para encontrar saídas para a grave crise ambiental que ameaça o futuro do planeta.
A Europa, que durante 20 anos sustentou política e operacionalmente a tese da primazia do multilateralismo junto com um grupo de países, entre eles o Brasil, manteve esse discurso no Rio, mas, ao mesmo tempo, transferiu para a burocracia diplomática o papel de subtrair dele a imprescindível chancela da ação.
Já o Brasil optou pela renúncia à ousadia e perdeu o acanhamento em assumir-se conservador no agir e no falar. Esse documento anódino aprovado pode ter sido muito duro para o multilateralismo, na medida em que lhe passa atestado de incompetência como espaço de negociação. Não faltará quem advogue o ocaso do multilateralismo para resolver a crise ambiental. Os resultados pífios da agenda oficial dessa lamentável "Rio-20" devem-se à trama de interesses e de vontades que agiu persistentemente desde a Rio 92, para que nenhuma mudança os afetem ou possa vir a ameaçar sua hegemonia geopolítica.
Em 1992, o apelo da menina Severn Suzuki aos chefes de Estado, para que assumissem compromissos ambientais, comoveu o mundo. Agora, a neozelandesa Britanny Trilford foi mais incisiva: "Vocês estão aqui para salvar suas imagens ou para nos salvar?". E mais: "Cumpram o que prometeram". Rostos impassíveis ouvindo a crítica. Será que essa denúncia contundente de sua inação os abala de fato?
A conferência mostrou a distância crescente entre os povos e os Estados. O contraste não foi apenas entre as cores barulhentas da diversidade social e as formalidades do Riocentro. Trata-se de um deslocamento que a sociedade faz, um trânsito na civilização que não é acompanhado pelos governos. Estes limitam-se a falar do futuro enquanto disputam o espólio do século passado e se prestam a ser os guardiães da insustentabilidade.
A grande decepção, infelizmente, foi a recusa do governo brasileiro em assumir a liderança inovadora que sua condição de potência socioambiental lhe dá, afastando-se de sua tradição diplomática na agenda ambiental.
Ao permitir-se ser a mão que enfraqueceu o multilateralismo e reforçou as estratégias exclusivistas dos países ricos, rendeu-se à mesma lógica que levou ao retrocesso interno expresso no Código Florestal. Faltou atitude aos países, e o Brasil nada fez para reverter essa situação ou denunciá-la.