JORGE OLIVEIRA
Diário do Poder
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Brasília - O Zé Dirceu está igual aquele cara que durante a orgia manda acender a luz porque até então só ele levou ferro. Se é verdade a confidencia que ele teria feito de que “eu, o Lula e a Dilma estamos no mesmo barco”, o ex-ministro decidiu sair da defensiva para botar farofa no ventilador. Aliás, já está na hora do Zé Dirceu abrir o bico e falar o que sabe sobre o envolvimento do Lula e da Dilma na corrupção no país, como já relataram os delatores da Petrobrás ao Juiz Sergio Moro que apura a bandidagem na estatal.
O ex-ministro, que ainda cumpre pena domiciliar, com restrição da liberdade, teme ser preso novamente pelo envolvimento na operação Lava Jato. Ele é citado como receptador do dinheiro roubado da Petrobrás. Para dissimular os milhões que embolsava das empreiteiras, ele forjava contratos de consultorias para legalizar a propina. No mesmo barco está também Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, várias vezes acusado de pertencer à conexão da máfia das construtoras.
O Zé está angustiado. Já anunciou que vai se mandar para Portugal depois que cumprir a pena pela condenação do mensalão, o escândalo que melou para sempre a ética petista, transformando muitos dos seus militantes – alguns da cúpula – em quadrilheiros. Ele sabe que a qualquer hora do dia ou da noite, a Polícia Federal pode bater à sua porta para conduzi-lo de volta ao presídio de onde certamente não sairá tão cedo pela reincidência do crime praticado. Decidiu, portanto, que não quer passar o resto da vida na cadeia, a exemplo do Marco Valério. Por isso, ameaça entregar o Lula e a Dilma, a quem chama de covardes, para que finalmente o país conheça os chefões da quadrilha.
Dirceu sabe que a sua carreira política foi para o brejo desde que foi cassado e condenado pelos crimes do mensalão. Preferiu o silêncio à delação, ao contrário do João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, no presídio, que ameaça falar tudo que sabe. O Zé vive choramingando pelos cantos porque se sente abandonado como confidenciou a amigos. Acusa o Lula e a Dilma, a quem ele ajudou a chegar ao poder, de abandoná-lo, discriminá-lo por ter sido condenado no crime de formação de quadrilha. Julga-se, inclusive, injustiçado por responder por todos os delitos cometidos pela quadrilha petista que se apossou do país há mais de dez anos.
Na verdade, até agora Dirceu apenas mandou recado. É tudo bazófia. Ele sabe que se abrir o bico também será cúmplice da gatunagem. Mas, como um animal acuado, pode simplesmente colaborar com a Justiça se for novamente preso por não provar a licitude do dinheiro que recebeu pelos contratos de consultoria com as empreiteiras que prestavam serviço à diretoria de Renato Duque, o diretor dele dentro da Petrobrás.
Dizer o que sabe da bandalheira, talvez fosse a melhor forma de Zé se redimir diante dos brasileiros. A sua contribuição à Justiça – quem sabe – poderia atenuar seus crimes de lesa pátria se ele realmente decidisse abrir o jogo para contar o que sabe sobre os bastidores da organização criminosa. Depois que foi abandonado por Dilma, Lula e seus companheiros petistas, parece que não existe outra alternativa a Zé Dirceu, outrora o homem mais poderoso da república, que não seja a de abrir o bico para que finalmente os brasileiros conheçam quem é quem nesse jogo sujo do poder. Só assim, o Brasil acordaria mais honesto.