sábado, 24 de janeiro de 2015

Microsoft cria óculos holográficos que unem realidade e computação gráfica


Conheça o HoloLens e o que o torna diferente

Marcela Agra, Administradores.com, 
Divulgação/ Microsoft
Os óculos prometem mesclar intuitivamente realidade e hologramas
Depois do "hype" criado em torno do Google Glass, é a vez da Microsoft lançar uma tecnologia interativa envolvendo lentes. A empresa de Bill Gates deu um passo além da concorrente ao desenvolver óculos holográficos, que transformam o mundo como o vemos em um mundo do jeito que quisermos ver. "Visualizamos um mundo onde a tecnologia pode se tornar mais pessoal - onde ela poderia se adaptar aos modos naturais através dos quais nos comunicamos, aprendemos e criamos. Onde nossas vidas digitais facilmente se conectariam com a vida real", diz o site da marca sobre o gadget.
Mesclando realidade e holograma, com as HoloLens é possível criar, compartilhar e projetar conteúdos sem que a visão do mundo real sofra interferência. Segundo o site da marca, as lentes são transparentes e possuem sensores avançados que permitem que o usuário veja e se mova com confiança, sem obstruções, e sem tanto perigo de tropeçar ou esbarrar em algo. Comandos são dados com gestos, olhos navegam pelo sistema (Windows 10) , e, usando a voz, o usuário se comunica com os apps.
Assim, é possível criar e modelar hologramas à vontade, usando as mãos. No site, a Microsoft promete que os óculos proporcionam interação com conteúdo da forma mais natural e intuitiva possível. Pode-se emparelhar dois ou mais HoloLens e compartilhar o que se está vendo e criando com outros usuários. Ao utilizar o Skype, por exemplo, o usuário pode conversar com alguém compartilhando sua visão com esta pessoa. 
Em relato sobre sua experiência testando um protótipo do HoloLens, um jornalista do site Gizmodo afirma que o que mais lhe impressionou foi a forma como a Microsoft conseguiu unir realidade e computação gráfica nesse gadget, criando uma experiência 3D sem desconectar o usuário completamente da realidade. É possível criar projeções holográficas na sua sala de estar, por exemplo, como uma lista de tarefas na parede, e assistir Netflix ao mesmo tempo, em outra parede. O mundo holográfico criado pela HoloLens preserva o mundo real, se o usuário assim desejar. 
Para mais informações, confira o site criado para o HoloLens.

Lava Jato pode prender Gabrielli, complicar Dirceu, indiciar políticos e confirmar inevitável culpa de Dilma

Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net





Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net

Mais cedo ou mais tarde, Dilma Rousseff tende a ser indiciada, na Corte de Nova York, por sua participação desastrosa na aquisição da refinaria texana de Pasadena. Além de ter gerado prejuízos milionários à Petrobras e seus investidores, a negociata já é encarada como uma das chaves para desvendar e comprovar todos os empreiteiros, dirigentes estatais e políticos corruptos que se beneficiaram da grana suja do Petrolão. A "Ruivinha" (referência obtida em um grampo telefônico da Operação Lava Jato à planta industrial da sucateada e enferrujada refinaria) destruirá as bases corruptas do desgoverno nazicomunopetralha? Tudo indica que sim... Dilma já era, sem nunca ter sido...

Antes de virem à tona, oficialmente, os nomes de dezenas de deputados (entre 40 e 50) e uns 8 senadores, o Petrolão atingirá sua tensão máxima quando for decretada a prisão de José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras na gestão Lula da Silva. A ordem para a detenção preventiva ou provisória de Gabrielli já é encarada como inevitável nos bastidores do judiciário. Só falta a decretação pelo juiz Sérgio Fernando Moro ou por sua substituta, Gabriela Hardt, da 13a Vara Federal em Curitiba. Se for preso, a expectativa é que Gabrielli rompa definitivamente com a cúpula petista e chute o balde contra quem mais odeia: Dilma Rousseff.

Gabrielli e seu ex-diretor Internacional, Nestor Cerveró, atestam que Dilma autorizou a compra de Pasadena, junto com eles, toda a diretoria executiva e o conselho de administração da Petrobras. Embora a máquina de contrainformação governamental tente plantar o contrário na mídia amestrada, o Estatuto da Petrobras coloca diretores e conselheiros como responsáveis pelas decisões. Antes de ser a poderosa presidente do Brasil, Dilma foi a "presidente" do Conselho de Administração da Petrobras que deliberou pela compra da "Ruivinha".

As falcatruas em torno dessa negociata texana chamaram a atenção de investidores e investigadores norte-americanos - principalmente aqueles da National Security Agency que Edward Snowden acusou terem espionado a estatal brasileira. Tais informações foram a verdadeira base para o estouro da Operação Lava Jato. O resto veio e ainda vem como consequência da negligência dos corruptos. Todos abusaram de ostentações, na aquisição de imóveis de luxo, carrões importados e na movimentação atípica de dinheiro nas inúmeras viagens feitas ao exterior.

Já se estima que o rombo do Petrolão chegue a um inimaginável montante de US$ 25 bilhões. Grande parte do dinheiro foi desviada para campanhas políticas, através do esquema dos doleiros Alberto Youssef e da pouco falada Maria de Fátima Stocker (que está presa na Espanha). Outro tanto da grana desviada acabou com diretores corruptos da Petrobras. Uma parte menor ficou com dirigentes de empreiteiras - que agora aproveitam as "colaborações premiadas" para delatarem que foram achacados, dando nome aos achacadores, seus chefes e beneficiários.

MENTIRA, DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO - por Percival Puggina


 Artigo publicado em 

Em setembro de 1980, a jornalista Janet Cooke trabalhava na seção de temas "Semanais" do Washington Post, onde, para ingressar, inflara significativamente seu nível de formação profissional. Nessas condições, ela escreveu um artigo - "Jimmy's World" - no qual relatou a surpreendente história de um menino de oito anos que se tornara adicto à heroína, levado a isso pelo namorado da mãe. A história teve enorme repercussão. Enquanto ela "preservava sua fonte" (o caso inteiro era uma invenção), as autoridades se empenhavam, inutilmente, em procurar pistas que levassem à criança. Dentro do próprio jornal surgiram dúvidas sobre a veracidade do relato. A direção, porém, bancou a funcionária e sua matéria. Candidatou-a ao cobiçado "Pulitzer Price for feature writting" (textos de especial interesse humano). O menino, o namorado da mãe, a mãe, a jornalista e o principal postulador do prêmio para a autora de Jimmy's World dentro da comissão de seleção era um militante negro, interessado em revelar aos brancos a realidade das drogas na comunidade negra.
Janet Cooke ganhou o mais cobiçado troféu do jornalismo norte-americano. Só foi desmascarada, dias após, porque a divulgação de seu perfil profissional fez com que a universidade onde obtivera o bacharelado suspeitasse de que tudo mais que ela dissera de si mesma era falso. E a teia das mentiras foi se rompendo. O Post divulgou o que ficara sabendo, extraiu a confissão da moça, e pediu a retirada do prêmio.
Pois bem, existem mentiras de todo tipo, mentiras piedosas, mentiras avulsas. Existem, também, como no relato acima, mentiras que envolvem compromissos. Estas últimas são construídas dentro de uma rede de solidariedade. Precisam de apoios. Precisam de quem as repita e de quem as referende.
Agora, passo ao Brasil. São mentiras assim que estão em curso no nosso país, já há bom tempo. Graças a elas, a Nação é empacotada como besouro colhido em teia de aranha. Usadas como instrumento da política, essas mentiras são multiplicadas graças à teia de solidariedade entre interesseiros mentirosos, que acabam envolvendo nela a nossa liberdade e a nossa vitalidade como indivíduos e cidadãos. Os compromissos firmados em torno das mentiras paralisam a Nação. Não esqueçamos: a aranha tem objetivo final bem conhecido em relação à sua presa.
Poderíamos usar a fórmula e a cadência de certos preceitos mágicos incluídos na Constituição Federal e afirmar que, aqui no Brasil, a mentira é direito de todos. E dever do Estado. De fato, nossa legislação protege o mentiroso. E ninguém mente mais à Nação do que o Estado. Durante a campanha eleitoral, a presidente Dilma mentia para trás, vangloriando-se de inexistentes realizações e conquistas dos governos petistas. Mentia para a frente, anunciando um futuro brilhante para o próximo quadriênio. Atribuía, falsamente, intenções perversas a seus opositores. Essas mentiras eram repetidas, país afora, por uma rede de multiplicadores formada por milhões de ativistas.
Findo o pleito, mantida a cadeira e a caneta, a presidente passou a fazer nada do que havia prometido. E foi adiante. Jogou inteiro sobre a sociedade o saco de maldades que, durante a campanha, ela mesma se encarregara de pendurar nas costas de seu adversário. Mesmo assim, são poucos, muito poucos, os que erguem a voz para denunciar que caímos numa rede de mentiras ante as quais nada podemos fazer porque, como disse, no Brasil, a mentira é direito de todos. E dever do Estado.
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* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.

BNB, um banco público, troca garantias de empréstimo para cervejaria por doação de R$ 17 milhões para campanha de Dilma

sábado, 24 de janeiro de 2015



No começo de 2013, o empresário Walter Faria, dono da Cervejaria Itaipava, a segunda maior do País, queria expandir seus negócios ao Nordeste. A primeira parte do plano envolvia a construção de fábricas na região. Ele optou por erguer a primeira em Alagoinhas, na Bahia, em razão de generosos incentivos fiscais. Faltava o dinheiro para a obra, e conseguir crédito não seria uma missão fácil. Faria e seu Grupo Petrópolis, que controla a Itaipava, tinham nome sujo na praça – e uma extensa ficha policial. Deviam R$ 400 milhões à Receita, em impostos atrasados e multas por usar laranjas, além de notas fiscais. Em 2005, Faria fora preso pela Polícia Federal, acusado de sonegação fiscal. Ficou dez dias na carceragem da Polícia Federal. Três anos depois, em outra operação da Polícia Federal, Faria acabou denunciado pelo Ministério Público Federal por corrupção ativa, formação de quadrilha e por denúncias caluniosas. Segundo as investigações, Faria armara um esquema para retaliar os fiscais da Receita que haviam autuado sua cervejaria anos antes. Iria difamá-los. Contratara para o serviço ninguém menos que o operador do Mensalão do PT, Marcos Valério Fernandes de Souza. A Polícia Federal encontrou R$ 1 milhão na sede da Itaipava em São Paulo – dinheiro que, segundo a acusação, serviria para pagar chantagistas. Marcos Valério foi preso. Mas Faria perseverou. Diante dessa ficha, qual banco toparia emprestar dinheiro para Faria e suas empresas? O Banco do Nordeste, o BNB, criado no governo de Getúlio Vargas para ajudar no desenvolvimento econômico da região – mas que, desde então, é usado com alarmante frequência para ajudar no desenvolvimento econômico dos políticos que mandam nele. Desde que o PTchegou ao poder, em 2003, o BNB, custeado com R$ 13 bilhões em dinheiro público, vem sendo aparelhado pelo partido. As previsíveis consequências transcorreram com regularidade desde então. Escândalos, escândalos e mais escândalos. O último deles, em 2012, revelado por ÉPOCA, derrubou a cúpula do banco após a Polícia Federal entrar no caso – e deflagrou uma cascata de investigações dos órgãos oficiais, como a Receita, o Tribunal de Contas da União e o Ministério Público. Apesar disso, o aparelhamento petista no BNB perseverou, como Faria perseverara. Ambos perseveraram porque partidos como o PT precisam de empresários como Walter Faria, e empresários como Walter Faria precisam de partidos como o PT. No segundo mandato de Lula, Faria, segundo fontes do PT e no BNB, tornou-se próximo dos líderes do partido, como o ex-presidente da República e o tesoureiro informal da legenda, João Vaccari. E manteve essas boas relações. Pelas leis da política, a história que se narra a seguir – fundamentada em documentos internos do BNB, relatórios do TCU e entrevistas com os envolvidos – era inevitável. Ainda no começo de 2013, Faria conseguiu obter do BNB um empréstimo de R$ 375 milhões para construir a fábrica na Bahia. Naquele momento, a nova cúpula do BNB, sob o trauma recente do escândalo que derrubara a diretoria anterior, relutava em fazer negócio com Faria. O então presidente do banco, Ary Joel Lanzarin, fez questão de que Faria apresentasse garantias sólidas para o empréstimo. Exigiu uma garantia conhecida como carta-fiança, em que outro banco garante cobrir o valor devido em caso de calote. Para quem empresta, como o BNB, é um ótimo negócio – praticamente zera o risco de calote. Para quem recebe o dinheiro, nem tanto. Uma carta-fiança tem um custo anual, que varia entre 0,5% e 3% do total do empréstimo. Durante as tratativas, Faria reclamava. Dizia que perderia muito dinheiro com a carta-fiança. Mas capitulou. Ao fim, obteve dois empréstimos, ambos sob as mesmas condições. O de R$ 375 milhões seria destinado à construção da fábrica em Alagoinhas. Outro, fechado depois, em abril de 2014, no valor de R$ 452 milhões, serviria para construir outra fábrica da Itaipava, em Pernambuco. No total, portanto, Faria obteve quase R$ 830 milhões do BNB. Cada empréstimo tinha como principal garantia uma carta-fiança, que cobria integralmente o valor emprestado pelo BNB. Faria teria juros baixos, 11 anos para pagar e dois anos de carência para começar a devolver o dinheiro. Os técnicos do BNB classificaram a operação como segura, em virtude da carta-fiança. Em conversas com os diretores do BNB, no entanto, Faria não desistia de rever a garantia da carta-fiança. Queria porque queria que o banco abdicasse dela, topando ter como principal garantia as fábricas construídas com o dinheiro emprestado. Faria dizia, nesses encontros, que a exigência da fiança lhe custava o equivalente a 2% do valor dos empréstimos – o equivalente a quase R$ 17 milhões ao ano. Para o BNB, era um pedido aparentemente impossível de atender, como seria para qualquer banco privado. Ainda mais porque, pelo contrato de empréstimo, os juros eram pré-fixados. Ou seja: o BNB não poderia compensar a garantia pior com um aumento nos juros do empréstimo. Segundo as regras do Banco Central e três especialistas de três grandes bancos, se o BNB aceitasse as condições de Faria, teria de rebaixar internamente a classificação de qualidade do empréstimo. Essa medida é obrigatória e forçaria o BNB a reservar dinheiro próprio para pagar ao menos parte da dívida de Faria, caso ele desse calote. No jargão do mercado, isso se chama “provisionamento”. Nenhum banco toparia fazer isso. É um péssimo negócio. “Nunca vi alguém aceitar algo parecido”, diz um economista que trabalha com esse tipo de operação para um grande banco brasileiro. Mas o impossível é sempre uma possibilidade na política brasileira. Ainda em abril de 2014, Ary Lanzarin, o presidente que tentava moralizar o BNB, deixou o cargo. O PT pressionava para voltar ao comando absoluto do banco. A presidente Dilma Rousseff aceitou. As diretorias do BNB foram entregues novamente a afilhados de políticos petistas, como o ministro da Defesa, Jaques Wagner. Procurado por ÉPOCA, Wagner preferiu não comentar o assunto. O jogo mudara. Meses depois, no auge da campanha à reeleição de Dilma e dos esforços de arrecadação dos petistas, Faria conseguiu o impossível. No dia 10 de setembro, protocolou o pedido de dispensa da fiança do empréstimo da fábrica na Bahia. Uma semana depois, o pedido foi analisado – numa velocidade espantosa para os padrões de um banco tão lento e burocrático quanto o BNB. Num intervalo de pouco mais de 24 horas, o pedido passou por cinco instâncias do BNB e foi aprovado pelo Conselho de Administração do banco, segundo os documentos obtidos por ÉPOCA. Estava no papel: o BNB aceitara, em tempo recorde, abdicar de uma garantia 100% segura por outras mequetrefes, se comparadas à carta-fiança. De quebra, teve de reservar R$ 3,6 milhões no balanço – o tal “provisionamento” – para cobrir o mau negócio que fechara. Alguns técnicos do banco não gostaram da solução encontrada. Para demonstrar insatisfação, deixaram claro que a dispensa da fiança não seria inócua para o BNB. Em um documento interno obtido por ÉPOCA, funcionários afirmaram: “O nível de risco atualmente corresponde a 8,75 (AA), quando considerada a fiança bancária. Quando considerada a garantia hipotecária do complexo industrial, passa a ser 6,05 (B)” (leia abaixo). Fica claro que a substituição da fiança só interessava mesmo a Faria. A decisão do BNB também contrariou frontalmente uma das principais cláusulas que permitiram a assinatura do contrato: “Outras instituições financeiras de primeira linha estarão comprometidas com o projeto durante o prazo de 11 anos, visto que a fiança que comporá a garantia da operação terá vigência por todo o período do financiamento”. No dia 29 de setembro, apenas 12 dias após seu Grupo Petrópolis obter o impossível no BNB, Faria depositou R$ 5 milhões na conta da campanha de Dilma. Até o dia 3 de outubro, a campanha dela receberia outros R$ 12,5 milhões. No total, Faria doou R$ 17,5 milhões. Tornou-se, assim, o quarto maior doador da campanha da presidente. É aproximadamente esse valor que Faria gastaria com as fianças anuais dos dois empréstimos. O pedido para que o segundo empréstimo, o da fábrica em Pernambuco, também seja dispensado da carta-fiança será feito em breve. Segundo fontes na cúpula do BNB, está encaminhado para ser aprovado.


Procurado por ÉPOCA, o Grupo Petrópolis afirmou, por meio de nota, que a dispensa da fiança gerou economia para a empresa, mas não disse quanto. Afirmou ainda que a fiança foi substituída por outras garantias com “valores até maiores”. Ainda de acordo com a nota, Faria conhece Vaccari, mas negou ter pedido ajuda a ele ou a qualquer pessoa para que a fiança usada no empréstimo do BNB fosse dispensada. Disse, ainda, que todas as doações à campanha da presidente Dilma cumpriram as regras eleitorais. Também por meio de nota, Vaccari disse jamais ter tratado do interesse de qualquer empresa com o BNB. O presidente do BNB, Nelson de Souza, afirmou que a substituição da fiança está prevista nas regras do banco e que nunca esteve com o empresário Walter Faria. Disse, no entanto, que o empresário já esteve com dirigentes do banco para tratar assuntos do interesse dele. (Época) 

Eduardo Cunha promete não deixar passar pedido de impeachment contra Dilma.

Videversus
Posted: 24 Jan 2015 08:23 AM PST

Uma das maiores preocupações do PT com a eventual eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara é que ele acate um pedido de impeachment da presidente da República por causa do escândalo de corrupção na Petrobras. Conselheiros da presidente sugeriram a Dilma, logo após as eleições de outubro, que fosse feito um acordo com Eduardo Cunha para evitar tanto a instalação de uma nova CPI como um pedido de impedimento. O vice Michel Temer também advertiu que as investidas do governo contra Eduardo Cunha poderiam criar um inimigo para o Palácio do Planalto na presidência da Câmara. Não houve jeito. O PT manteve a candidatura de Chinaglia e o governo acionou seus aliados para bombardear o peemedebista. Na viagem ao Ceará, por exemplo, o governador e o prefeito locais cancelaram de última hora uma agenda institucional que teriam com Eduardo Cunha. O candidato, no entanto, assegurou que o temor do PT e do Palácio do Planalto não procede: "Se depender de mim, arquivo sumário". E depende. O regimento da Câmara prevê que seu presidente pode arquivar sumariamente eventuais pedidos de impeachment protocolados na Casa. Já aconteceu em mais de um governo, desde a redemocratização. E tem mais: se as investigações em curso mostrarem que a presidente da República teve alguma responsabilidade nos casos de corrupção revelados, ainda assim Eduardo Cunha tem argumentos para enviar um pedido de impeachment para o arquivo: "Arquivo sumário diante de qualquer quadro", disse o peemedebista. "A menos que seja uma coisa..." Ele para, pensa e completa: "Tenho uma filosofia: tudo que aconteceu com relação às denúncias que existem hoje aconteceu no mandato passado, encerrou no dia 31 de dezembro. Não vejo como responsabilizar, do ponto de vista político, em nenhuma circunstância, a presidente da República". Nos costumes, pode-se esperar um presidente da Câmara ultraconservador como foi o candidato a deputado federal Eduardo Cunha nas últimas eleições. Quando ele fala que terá respeito às minorias, refere-se à proteção que pretende dar às bancadas de oposição contra o rolo compressor governista, sempre que este for acionado. Nem de longe está pensando em liberalização em relação a temas como aborto ou descriminalização da maconha. São projetos que não pretende colocar em votação. Ponto. "Vão ter que me derrotar, tem o regimento, tem instrumentos para fazer isso", diz. Resumidamente: o deputado faz um requerimento de urgência, que deve ser assinado pela maioria dos líderes partidários para ser colocado em pauta. Ultrapassando essa barreira, o requerimento precisa ter no plenário uma votação da maioria absoluta para o projeto ser pautado. Ou seja, 257 deputados. Uma barreira intransponível, na atual relação de forças do Congresso. "Descriminalização de drogas, legalização de união civil de pessoas do mesmo sexo, qualquer cogitação em termos de aborto são temas, em minha agenda, inteiramente fora de cogitação", diz. Tem outro, muito caro ao PT: a regulação de mídia. "Serei frontalmente contrário, vão ter que passar por cima do meu cadáver para poder votar um projeto de regulação de mídia".

CHARGE DO SINOVALDO

Esta charge do Sinovaldo foi feita originalmente para o

Sobre o "paraíso" alardeado pelos impostores

Fonte - Blog Fusca Brasil  http://fuscabrasil.blogspot.com.br/2015/01/sobre-o-inferno.html

O PT alardeia que o Brasil está "um paraíso", com inclusão de mais de 25 milhões de pobres, com a Nova Classe média que tem renda acima de R$ 290,00 por mes por pessoa, com a "perfeição" nas escolas, na saúde, etc.
Os fatos desta semana contradizem:

  • milhões de brasileiros sofrem com a saúde cada vez pior, com um número crescente de mortes nas filas do SUS e nas mãos de médicos despreparados, inescrupulosos, não-médicos traficados em condições de escravidão, etc. Exemplo extremo é o Distrito Federal, estado mais rico e sede do governo federal, com estado calamitoso dos hospitais e postos de saúde destruídos pelo desgoverno petista de Agnelo Queiroz;
  • mais de 525.000 jovens com nota 0 (zero!) no ENEM, número crescente de analfabetos a cada ano, recordes mundiais de analfabetismo funcional, incapacidade matemática, etc. sem falar nos salários de professores;
  • criminalidade crescente, com facções comandando de dentro e fora das prisões, dentro e fora do desgoverno federal que as defende. Dilma coerentemente defendeu traficante brasileiro condenado à morte na Indonésia, mas ela e seu chefe, o presidente de facto Lula da Silva, não tiveram clemência ao deportarem os atletas cubanos que buscavam asilo no Brasil;
  • segundo dados do próprio governo, o número de favelados dobrou durante o regime lulopetista, leia em http://noblat.oglobo.globo.com/noticias/noticia/2011/12/censo-numero-de-pessoas-em-favelas-quase-dobrou-em-uma-decada-422841.html 
  • enquanto isso, um reduzido número de magnatas do PT enriquece ainda mais, destacando-se o Lulinha "fenômeno" empresarial, a Dilminha multiempresária e agora os megamilionários de segundo escalão, a começar por Mercadantinho, que virou megaempresário no setor de petróleo, depois que o ministério que papai comandava liberou R$ 148 milhões para sua empresa, a Petra Energia (deve ser em homenagem ao papai PETRAlha): http://www.diariodopoder.com.br/noticias/empresa-de-filho-de-ministro-fatura-r148-milhoes-2/ 
  • Dilma, seu mandante e presidente de facto Lula da Silva e o comissariado da facção que tomou posse do Brasil parecem fazer com nosso povo o mesmo que os fanáticos clérigos fundamentalistas e mandantes do terrorismo islâmico fazem com os jovens cooptados para o genocídio: falam em Paraíso para ocultar a verdade.


Mas Deus está vendo tudo isso, e enquanto a Justiça local vai sendo dominada e impedindo o indiciamento, bloqueio de bens e julgamento dos chefes da facção dominante, o caldo vai se tornando cada vez mais propício a uma virada que não será mais contida com algoritmos da empresa venezuelana SmartMatic em nossas urnas eletrônicas.

O VERBO FOR - João Ubaldo Ribeiro





Vestibular de verdade era no meu tempo. Já estou chegando, ou já cheguei, à altura da vida em que tudo de bom era no meu tempo; meu e dos outros coroas. O vestibular, é claro, jamais voltará ao que era outrora e talvez até desapareça, mas julgo necessário falar do antigo às novas gerações e lembrá-lo às minhas coevas (ao dicionário outra vez; domingo, dia de exercício).

O vestibular de Direito a que me submeti, na velha Faculdade de Direito da Bahia, tinha só quatro matérias: português, latim, francês ou inglês e sociologia, sendo que esta não constava dos currículos do curso secundário e a gente tinha que se virar por fora. Nada de cruzinhas, múltipla escolha ou matérias que não interessassem diretamente à carreira. Tudo escrito tão ruybarbosianamente quanto possível, com citações decoradas, preferivelmente. Os textos em latim eram As Catilinárias ou a Eneida, dos quais até hoje sei o comecinho.

Havia provas escritas e orais. A escrita já dava nervosismo, da oral muitos nunca se recuperaram inteiramente, pela vida afora. Tirava-se o ponto (sorteava-se o assunto) e partia-se para o martírio, insuperável por qualquer esporte radical desta juventude de hoje. A oral de latim era particularmente espetacular, porque se juntava uma multidão, para assistir à performance do saudoso mestre de Direito Romano Evandro Baltazar de Silveira. Franzino, sempre de colete e olhar vulpino (dicionário, dicionário), o mestre não perdoava.

— Traduza aí quousque tandem, Catilina, patientia nostra — dizia ele ao entanguido vestibulando.

— "Catilina, quanta paciência tens?" — retrucava o infeliz.

Era o bastante para o mestre se levantar, pôr as mãos sobre o estômago, olhar para a plateia como quem pede solidariedade e dar uma carreirinha em direção à porta da sala.

— Ai, minha barriga! — exclamava ele. — Deus, oh Deus, que fiz eu para ouvir tamanha asnice? Que pecados cometi, que ofensas Vos dirigi? Salvai essa alma de 
alimária. Senhor meu Pai!

Pode-se imaginar o resto do exame. Um amigo meu, que por sinal passou, chegou a enfiar, sem sentir, as unhas nas palmas das mãos, quando o mestre sentiu duas dores de barriga seguidas, na sua prova oral. Comigo, a coisa foi um pouco melhor, eu falava um latinzinho e ele me deu seis, nota do mais alto coturno em seu elenco.

O maior público das provas orais era o que já tinha ouvido falar alguma coisa do candidato e vinha vê-lo "dar um show". Eu dei show de português e inglês. O de português até que foi moleza, em certo sentido. O professor José Lima, de pé e tomando um cafezinho, me dirigiu as seguintes palavras aladas:

— Dou-lhe dez, se o senhor me disser qual é o sujeito da primeira oração do Hino Nacional!

— As margens plácidas — respondi instantaneamente e o mestre quase deixa cair a xícara.

— Por que não é indeterminado, "ouviram, etc."?

— Porque o "as" de "as margens plácidas" não é craseado. Quem ouviu foram as margens plácidas. É uma anástrofe, entre as muitas que existem no hino. "Nem teme quem te adora a própria morte": sujeito: "quem te adora." Se pusermos na ordem direta...

— Chega! — berrou ele. — Dez! Vá para a glória! A Bahia será sempre a Bahia!

Quis o irônico destino, uns anos mais tarde, que eu fosse professor da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia e me designassem para a banca de português, com prova oral e tudo. Eu tinha fama de professor carrasco, que até hoje considero injustíssima, e ficava muito incomodado com aqueles rapazes e moças pálidos e trêmulos diante de mim. Uma bela vez, chegou um sem o menor sinal de nervosismo, muito elegante, paletó, gravata e abotoaduras vistosas. A prova oral era bestialíssima. Mandava-se o candidato ler umas dez linhas em voz alta (sim, porque alguns não sabiam ler) e depois se perguntava o que queria dizer uma palavra trivial ou outra, qual era o plural de outra e assim por diante. Esse mal sabia ler, mas não perdia a pose. Não acertou a responder nada. Então, eu, carrasco fictício, peguei no texto uma frase em que a palavra "for" tanto podia ser do verbo "ser" quanto do verbo "ir". Pronto, pensei. Se ele distinguir qual é o verbo, considero-o um gênio, dou quatro, ele passa e seja o que Deus quiser.

— Esse "for" aí, que verbo é esse?

Ele considerou a frase longamente, como se eu estivesse pedindo que resolvesse a quadratura do círculo, depois ajeitou as abotoaduras e me encarou sorridente.

— Verbo for.

— Verbo o quê?

— Verbo for.

— Conjugue aí o presente do indicativo desse verbo.

— Eu fonho, tu fões, ele fõe - recitou ele, impávido. — Nós fomos, vós fondes, eles fõem.

Não, dessa vez ele não passou. Mas, se perseverou, deve ter acabado passando e hoje há de estar num posto qualquer do Ministério da Administração ou na equipe econômica, ou ainda aposentado como marajá, ou as três coisas. Vestibular, no meu tempo, era muito mais divertido do que hoje e, nos dias que correm, devidamente diplomado, ele deve estar fondo para quebrar. Fões tu? Com quase toda a certeza, não. Eu tampouco fonho. Mas ele fõe!

 João Ubaldo Ribeiro

fonte - http://saber-literario.blogspot.com.br/2015/01/o-verbo-for-joao-ubaldo-ribeiro.html

CHARGE DO SPON


A sina argentina - Caio Blinder


Cristina Kirchner é uma figura tão desoladora, tão atabalhoada e tão frenética que ela é capaz de levar os argentinos à loucura, quem sabe ao suicídio induzido. Agora, a presidente diz estar convencida de que o promotor Alberto Nisman não cometeu suicídio no domingo, um dia antes de falar no Congresso sobre suas denúncias de que o governo acobertou o suposto papel do Irã no atentado de 1994 no centro comunitário judaico, AMIA, em Buenos Aires, que deixou 85 mortes, em troca de benefícios comerciais.
Cristina, a frenética, fora ágil para desenrolar a versão do suicídio horas depois da morte de Nisman. A nova versão oficialesca não altera o empenho para assassinar a reputação do promotor. Agora, o essencial é uma investigação transparente e isenta, o que é uma perspectiva turva no Rio da Prata. De acordo com uma recente pesquisa da firma Latinobarómetro, apenas 1/3 dos argentinos têm confiança na polícia e no sistema judicial.
O cinismo aumenta ainda mais quando estão envolvidos poderes políticos e econômicos. Segundo a pesquisa Ipsos, 70% dos argentina acreditam que Nisman tenha sido assassinado e 82% que suas denúncias eram confiáveis.
O governo Kirchner faz o que pode para aparelhar  o sistema judicial, selecionando gente de fidelidade canina para cargos de juízes e promotores. Um dos lances para manchar a reputação póstuma de Alberto Nisman é apregoar que dois oficiais do serviço de inteligência demitidos em dezembro plantaram informações nas investigações do promotor, que há dez anos empreendia um trabalho infatigável, ironicamente por escolha do falecido ex-presidente Néstor Kirchner, marido de Cristina.
Caso a verdade sobre a morte de Nisman e as investigações sobre o papel iraniano no terror em Buenos Aires irrompa, será um teste crucial para as já frágeis instituições argentinas. S ão dia de intensa, passional e indignada mobilização popular, a temporada eleitoral esquenta e o governo Kirchner é capaz das piores tramóias mafiosas para acobertar a verdade. São dias de incredulidade e de ansiedade sobre o futuro da Argentina.
O escândalo Nisman é mais um golpe devastador na credibilidade interna e externa do governo Kirchner (exceto na conexão Teerã-Caracas). Como diz um texto do jornal espanhol El País, o caso AMIA é um estigma para a Argentina. São 20 anos sem respostas oficiais e sem responsabilidades, apenas subterfúrgios, acordos venais com o estado terrorista do Irã e acobertamentos.
Sobre alguns países, fala-se que tiveram décadas perdidas. Sobre a Argentina é uma história perdida. Que se ganhe alguma coisa desta tragédia, desta farsa, deste escândalo. Yo Soy Nisman!

MELHOR PRIVATIZAR O ITAMARATY - Carlos Chagas


O atual ministro das Relações Exteriores só tem uma saída: atravessar a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes, dirigindo-se à portaria do palácio do Planalto para entregar a qualquer bedel a chave do Itamaraty. Vergonha maior fica difícil encontrar do que o reconhecimento de que seu ministério deixará de enviar às embaixadas, este mês, recursos para pagamento de luz, água, telefone, internet e outras despesas imprescindíveis ao seu funcionamento. Em muitos países as representações brasileiras já foram avisadas dos imediatos cortes de fornecimento, ou seja, ficarão isoladas. Deveriam fechar também.
A humilhação é flagrante para um país que se apresenta como a oitava economia do planeta. Bilhões de reais não faltaram para a Petrobras irrigar seus diretores, empreiteiras e políticos corruptos. Muito menos para reajustar vencimentos no Executivo, Judiciário e Legislativo. Sequer vale referir a orgia da construção ou reforma de estádios de futebol.
Parece cruel, mas é necessário assinalar: essa bancarrota em nossas relações exteriores deve-se ao profundo desprezo que a presidente Dilma dedica ao Itamaraty. Nem se fala do tratamento grosseiro que vem dedicando aos chanceleres, tratados como serviçais desimportantes. Pior é a chefe do governo virar as costas para nossa política externa, permitindo a presença de um corpo estranho com gabinete no palácio do Planalto decidindo e dando palpites numa estratégia que já ocupou lugar fundamental na ação do poder público. O clímax vem agora, com esse evidente descaso: nem a internet consegue ser acessada. Instruções e comunicados passam a ser interrompidos, como se de nada valessem. Vem de meses o calote aplicado nos credores, muitas vezes superado pela conta bancária pessoal de nossos embaixadores.
A solução seria privatizar o Itamaraty. Entregá-lo a um empreiteiro, a um dono de banco ou até a um doleiro, capazes todos de arcar com as despesas de nosso relacionamento com o mundo.
A semana que começa amanhã será crucial na Procuradoria-Geral da República para a definição final da lista de abertura de inquéritos e até de denúncias contra políticos envolvidos no escândalo da Petrobras. Nos primeiros dias de fevereiro Rodrigo Junot deverá enviar suas conclusões ao ministro Teori Savaski, relator da matéria no Supremo Tribunal Federal. Saber quem está dentro e quem escapou tornou-se preocupação fundamental no Congresso, que por sinal inaugura daqui a uma semana a nova Legislatura.
Parlamentares em final de mandato e não reeleitos rezam para a lista demorar a ser divulgada, coisa que os faria réus na primeira instância da Justiça Federal do Paraná. Os processos poderiam levar meses e anos para ser julgados, com todos os recursos subsequentes aos tribunais. Já os deputados reeleitos ou os senadores com seus mandatos mantidos serão julgados pela maior corte nacional de justiça, em tempo bem mais rápido. Tem gente tremendo ao ouvir que o número de denunciados pode chegar a quarenta. Caso condenados, mesmo não sendo automática, a perda de seus mandatos parece óbvia, pela recomendação dos respectivos conselhos de ética. Bem feito…

A política à moda do PT - ESTADÃO


Obcecado pela ideia de se perpetuar no poder, não importa a que preço, o PT enfrenta cada disputa que o jogo democrático do voto lhe impõe com a aplicação de dois princípios - digamos assim - com os quais se tem dado bem: primeiro, na disputa política não existe adversário, mas inimigo, que como tal não deve ser vencido, mas destruído; segundo, o voto, precisa ser conquistado a qualquer custo. O mais notável exemplo da aplicação dessas regras de conduta foi a campanha da candidata Dilma Rousseff, na qual os inimigos foram violentamente atacados sob a alegação de que, se eleitos, fariam exatamente tudo o que a presidente reeleita está fazendo.
Reproduz-se agora o receituário, em outra disputa de votos, desta vez para a presidência da Câmara dos Deputados. Para os brasileiros, estaria bem - na falta de melhor - que vencesse o candidato menos ruim. Mas para o governo coloca-se uma questão vital: manter sob o controle do Palácio do Planalto uma das casas do Parlamento - um poder da República que a Constituição diz ser independente e autônomo, a quem cabe a responsabilidade de legislar e de fiscalizar os atos do Poder Executivo.
Na vida real do presidencialismo de coalizão que Lula&Cia. transformaram numa vulgar ação entre amigos, o Congresso Nacional - com poucas e honrosas exceções - tem se conformado em pagar com uma humilhante submissão às benesses distribuídas aos "aliados" do poder central. Esse hábito vinha sendo cultivado com muito engenho e alguma arte. Mas como o governo do PT não é mais comandado por uma raposa peluda da política, mas por uma praticante convicta do centralismo democrático, a química com os representantes do povo desandou.
O resultado é a candidatura favorita à presidência da Câmara de um aliado rebelde, o peemedebista Eduardo Cunha (RJ), que tem explorado o discurso da autonomia e independência da Casa, mas cujo trunfo mais poderoso é a insatisfação de seus pares com a incompetência do governo petista na administração do toma lá dá cá.
Diante da ameaça representada pelo deputado fluminense, o comando político do governo desembarcou na Câmara dos Deputados com a caixa de ferramentas aberta. E, pelo que já se pode notar, os petistas estão, como de hábito, dispostos a fazer o que for preciso para destruir o inimigo. Eduardo Cunha denunciou na terça-feira passada uma "armação" de que estaria sendo vítima. Distribuiu para os jornalistas cópias da gravação de um diálogo entre dois homens não identificados que o comprometeria com o escândalo da Petrobrás: "É mais uma tentativa de farsa e montagem para constranger minha candidatura", declarou o deputado, fazendo referência ao fato de que, dias antes, seu nome fora envolvido, junto com o do senador eleito e ex-governador mineiro Antonio Anastasia (PSDB), numa denúncia que acabou se revelando improcedente sobre a participação de ambos no esquema de propinas da Petrobrás. E acrescentou Cunha: "Quem estaria orquestrando ou montando faria parte da cúpula da PF, não quer dizer que seria o diretor".
Quem testemunhou durante a campanha presidencial a sequência de destruições de reputações pela militância petista certamente não duvidará de que tudo pode acontecer até o dia da eleição dos próximos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. No Senado não deverá haver disputa, com a recondução de Renan Calheiros à presidência. Mas o governo assumiu claramente sua intenção de beneficiar seu candidato na Câmara, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), ao anunciar que as nomeações para o segundo escalão e para os bancos oficiais estão suspensas até que se defina quem comandará as duas Casas do Congresso.
O governo colocou em campo sua tropa de choque a serviço do adversário petista de Eduardo Cunha. Na quarta-feira, o ministro das Relações Institucionais, Pepe Vargas, foi acusado pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) de estar prometendo "vantagem indevida a parlamentares para votarem em favor da candidatura do deputado Arlindo Chinaglia à presidência da Câmara dos Deputados". O PT no governo tem os recursos e conhece como ninguém as "técnicas de persuasão".