Inicio a série dedicada aos belos fortes coloniais que hoje enfeitam nosso litoral com a Fortaleza de Santa Cruz da Barra localizada no lado oriental da barra da Baía de Guanabara, no bairro de Jurujuba, município de Niterói, no estado do Rio de Janeiro.
Foi mandada construir pelo almirante francês Nicolau Durand de Villegaignon para proteger a entrada da Baía de Guanabara contra os portugueses que, ele sabia muito bem, iriam voltar para defender o que julgavam seu.
Isso foi em 1555. Dois anos depois, os franceses expulsos, o governador-geral do Brasil, Mem de Sá, mandou que aproveitassem a pequena fortaleza francesa, ampliassem e fortificassem suas instalações. E deu-lhe o nome de Fortaleza de Nossa Senhora da Guia.
Em 1612, com Portugal e Espanha unidos num só reino, a fortaleza recebeu vinte peças de artilharia de diversos calibres e passou a ser denominada como Fortaleza de Santa Cruz da Barra, tendo o seu regimento sido aprovado em 24 de Janeiro de 1613 pelo governador da Capitania, Afonso de Albuquerque, que determinou a escavação de cinco celas na rocha viva, com as dimensões de dois metros de altura por sessenta centímetros de largura.
Com a transferência da capital, de Salvador para o Rio de Janeiro (1763), ela passou por uma de suas reformas mais importantes visando proteger o embarque do ouro e diamantes que das Minas Gerais vinham para o porto do Rio de Janeiro e daqui para Lisboa.
Eis como um viajante francês a descreveu em meados do século XVIII:
"A Fortaleza de Santa Cruz, a mais importante do país, está situada sobre a ponta de um rochedo, num local onde todos os barcos que entram ou saem do porto são obrigados a passar a uma distância inferior ao alcance de um tiro de mosquete. A fortificação consiste numa compacta obra de alvenaria de 20 a 25 pés de altura, revestida por umas pedras brancas que parecem frágeis. Sua artilharia conta com 60 peças de canhão, de 18 e 24 polegadas de calibre, instaladas de modo a cobrir a parte externa da entrada do porto, a passagem e uma parte do interior da baía. Cada uma das peças referidas foi colocada no interior de uma canhoneira, o que gera um inconveniente: mesmo diante de um alvo móvel, como um barco à vela, elas só podem atirar numa única direção." (Biblioteca Nacional da Ajuda, Lisboa, apud: França, 1997).
Utilizada como presídio em diversas ocasiões da História do Brasil nela estiveram detidas figuras ilustres como José Bonifácio, Bento Gonçalves e Giuseppe Garibaldi; o primeiro presidente uruguaio Fructuoso Rivera; Euclides da Cunha; Juarez Távora, Alcides Teixeira e Estilac Leal (que dela escaparam com o auxílio de uma corda, a 28 de Fevereiro de 1930); Plínio Salgado; Luis Carlos Prestes; Teixeira Lott; Juscelino Kubitschek; Darcy Ribeiro; Miguel Arraes e João Pinheiro Neto.
São dignos de apreciação o relógio de sol, em pedra de lioz, datado de 1820; a Capela de Santa Bárbara; as masmorras; a chamada Cova da Onça (alegado local de torturas); o Pátio da Cisterna, onde aconteciam os enforcamentos; o Salão de Pedra (antigo paiol); as baterias de artilharia, o farol e a vista privilegiada da barra e da cidade do Rio de Janeiro.
Uma visita à Fortaleza de Santa Cruz é uma verdadeira aula de História, além de ser uma excelente oportunidade de tomarmos conhecimento das maravilhas que temos em nosso Brasil e de como é bom vê-las conservadas.
Fortaleza de Santa Cruz da Barra, Niterói. RJ
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