quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Bismarck, Pedro II e Lula - GASTÃO REIS RODRIGUES PEREIRA


O ESTADÃO - 03/09

Karl Popper, um dos maiores pensadores do século 20, em célebre conferência proferida em agosto de 1982, em Alpbach, na Áustria, nos fala de três mundos. O primeiro é o mundo físico, dos corpos e dos estados, eventos e forças físicas. O segundo é o psíquico, das vivências e dos eventos inconscientes. E o terceiro é o que abarca os produtos do espírito humano, tais como livros, sinfonias, esculturas, sapatos, aviões, computadores, etc. Para ele, este último é o que nos diferencia no mundo animal. Só nós, os humanos, conseguimos "verificar nossas próprias teorias quanto à sua verdade por meio de argumentos críticos". Trata-se da nobre função argumentativa da linguagem: cré com cré e lé com lé, na expressão popular.

Quando pensamos em figuras como Bismarck e Pedro II, salta aos olhos o fato de se sentirem inteiramente à vontade neste mundo 3 de Popper, onde impera o registro escrito de ideias e fatos. Quanto a Lula, é evidente a sua falta de familiaridade com tais proezas da mente devidamente treinada, aquela que não sente sono ao ler um bom livro, como já confessou candidamente o próprio ex-presidente.

O que teria, então, Lula a aprender nesse domínio com figuras como o chanceler alemão Otto von Bismarck e o nosso Pedro II, além de compostura e respeito no trato do dinheiro público? Muita coisa. Mas antes cabe mencionar sua desinformação e sua falta de modéstia. É mais que reveladora sua língua solta ao se jactar de ter chegado à Presidência sem estudar. E seu conhecido pouco apetite de ler um livro e aprender com quem sabe mais do que ele até mesmo em benefício próprio, do País e do seu tão caro (caríssimo para nosso bolso!) PT. Apenas pensar dessa forma (iletrada) já seria temeroso, mas dizer isso em público é inaceitável pelo efeito deletério na cabeça da juventude, já tão sem referenciais pelos quais se pautar. Em especial num país que perdeu o rumo em matéria de ética na vida pública. Afinal, que país chegou ao pleno desenvolvimento "pensando" desse modo?

Nessa linha, vem a propósito uma citação de Bismarck: "Com leis ruins e funcionários bons ainda é possível governar. Mas com funcionários ruins as melhores leis não servem para nada". O que Bismarck não previu e Lula implementou, ajudado por Dilma, foi a maquiavélica combinação de leis ruins com funcionários piores ainda. A proposta de emplacar os conselhos populares e os inúmeros cargos comissionados (e como!) por companheiros da pior qualidade exemplificam bem esse estratagema pernicioso. Poderia também ter aprendido com Lincoln a máxima de que ninguém engana todos o tempo todo. A diferença é que o lenhador americano que chegou à Presidência dos EUA nunca se descuidou de se educar e ler muito. E ainda deu uma resposta de imenso significado humano ao senador oposicionista que fez questão de lembrar-lhe, no dia de sua posse, que era filho de um simples sapateiro: "Agradeço, senador, ter me lembrado do meu saudoso pai neste momento. Torço para que eu tenha a mesma competência dele como presidente como ele a teve em seu oficio de sapateiro". Estivesse onde estivesse, o pai de Lincoln muito se orgulharia dessa resposta. Já à dona Lindu, dadas as circunstâncias atuais de grossa bandalheira, restaria enrubescer de vergonha...

No plano institucional da preservação da democracia e da liberdade de pensamento e de expressão (pobre funcionária do Santander!), a visão de Pedro II em relação à imprensa lhe faria muito bem, se tivesse lido um pouco mais. Para Pedro II, a imprensa se combate com a própria imprensa. Ou seja, é o livre trânsito das ideias e da informação que fará a verdade vir à tona. Mais de um século depois, Lula ainda não aprendeu a lição, haja vista as repetidas tentativas, vale reiterar, de aprovar a lei de controle social dos meios de comunicação. Embarcou na canoa furada de que a verdade nada mais é do que a verdade da classe social que está no poder, como propagava Gramsci, o teórico comunista italiano. Lula ainda se vangloria de ter aprendido com Marx, por certo de orelhada, que a luta de classes é o motor da História. Pelo jeito, não se deu conta de todo que é a colaboração inteligente entre classes sociais que leva ao pleno desenvolvimento não só material, como espiritual.

Muito já foi dito sobre a demora de 20 a 30 anos das novas ideias em aportar no Brasil e mesmo na América Latina. Muito mais precisa ser dito sobre a lentidão com que nos livramos das ideias carcomidas do pensamento ideológico, aquelas que tendem a levar países inteiros à bancarrota. Além do que ocorre com a Venezuela e Cuba, outro triste exemplo são as livrarias de Buenos Aires, talvez a única grande capital do mundo onde textos marxistas ainda as inundam. Pelo que se sabe, os argentinos leem mais do que nós, mas estão lendo a coisa errada. Será que tomaram conhecimento da guinada da ex-URSS e da China em direção à economia de mercado?

Bismarck e Pedro II sabiam, como estadistas que eram, que a política e as políticas públicas precisam ser conduzidas com visão de longo prazo. Quando os interesses escusos de curto prazo predominam, é certo que a coisa vai desandar, como está ocorrendo. Basta ler os jornais e as revistas. Ou ir ao supermercado conferir os preços. Forças da sociedade civil organizada, intelectuais, artistas de renome, dentre muitos, vêm, cada vez mais, se afastando do PT. O que restou foi gente condenada pelo mensalão, outros (muitos) encastelados no aparelhamento do Estado e os que não querem ver a malversação atroz do dinheiro público. Lula, Dilma e o PT ficaram tão espertos politicamente que é difícil diferenciá-los dos Sarneys e Malufs da vida. Karl Popper nos alerta que o fundamental é que um mau governo dure pouco. Um regime parlamentarista bem estruturado nos teria livrado dos governos que já acabaram, mas continuam, como o de Dilma, porque o mandato ainda não terminou.

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO


DELAÇÃO DE EX-DIRETOR TIRA O SONO DOS POLÍTICOS

A expressão fechada dos principais líderes do Congresso, ontem, não tinha relação com a campanha eleitoral, tampouco com a pauta de votações do “esforço concentrado”. Eles estão na expectativa dos depoimentos, já iniciados, do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa ao Ministério Público Federal (MPF), em Curitiba, delatando muitos figurões da política, na tentativa de obter redução de pena.

OS DOIS PRIMEIROS

Circulou ontem que Paulo Roberto faz depoimentos minuciosos, por enquanto concentrados em dois importantes senadores, não revelados.

PROPOSTA SOB EXAME

Somente depois de Paulo Roberto Costa contar o que sabe é que o MPF avaliará a proposta de “delação premiada” feita pelo ex-diretor.

NINGUÉM VAI SABER

Delação premiada pressupõe sigilo absoluto, até mesmo sobre o fechamento ou não do acordo com o MPF, autorizado pela Justiça.

ACERTO DE CONTAS

Figurões dizem temer algum “acerto de contas” de Paulo Roberto Costa, com acusações sem provas, mas suficientes para destruí-los.

MARINA SILVA PODE LEVAR O LENDÁRIO PRC AO PODER

A eventual vitória de Marina Silva em outubro representaria a chegada ao poder do lendário Partido Revolucionário Comunista (PRC), onde a hoje candidata do PSB militou ao lado do ambientalista Chico Mendes. O PRC viu eleitas prefeitas em Fortaleza, Maria Luiza Fontenelle e Luizianne Lins, filiadas oficialmente ao PT, e o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), além do governador gaúcho Tarso Genro (PT).

TEM MENSALEIRO

Outro ilustre membro do PRC é o ex-deputado José Genoino, que até presidiu o PT e hoje cumpre pena por integrar a quadrilha do mensalão.

ASSASSINATO

O PRC voltou a ser lembrado após o achamento, dias atrás, dos restos do militante Epaminondas Oliveira, 68, torturado e morto pelo Exército.

FINANCISTAS OTIMISTAS

O fenômeno Marina Silva foi registrado no Bank of America, que em relatório atribui a ela a melhoria da expectativa externa para o Brasil.

TIRO DE INQUIETAÇÃO

Petistas espalham em Roraima que “articularam” operação da Polícia Federal para desgastar o governador Chico Rodrigues (PSB), que disputa a reeleição, e dar força a Ângela Portela (PT), em 3º. Outro candidato, Neudo Campos (PP), ficha suja, deve ser impugnado.

AÇÃO BIZARRA

O interventor do Sesc-RJ move ação de despejo contra o irmão-gêmeo Senac-RJ. É uma jogada para tentar fragilizar seu presidente, Orlando Diniz, opositor de Antônio Santos, carrapato agarrado à presidência da confederação do comércio (CNC) há 33 anos, e patrão do interventor.

O MÉTODO DA KGB

Em 1986, a KGB encontrou uma maneira de fazer do Hezbollah parar de sequestrar diplomatas russos: prendia e castrava familiares dos terroristas, e enviava os órgãos genitais aos familiares. Santo remédio.

OLHO NO BOLSO

Em oposição à reforma nos seguros de saúde de Barack Obama nos EUA, a Wal-Mart lançou as “Care Clinics”, postos de saúde dentro das lojas, cobrando US$ 4 de funcionários e US$ 40 para clientes.

PERGUNTA NA ARQUIBANCADA

Será que o Fluminense vai recorrer ao amigo Tapetão para herdar a vaga do Grêmio, que foi excluído da Copa do Brasil como punição pela atitude racistas de torcedores?

LULA VS. JOAQUIM

Em dois dias, o ex-presidente Lula conseguiu 10,5 mil seguidores no Twitter, ritmo bem menor que o do ex-presidente do STF Joaquim Barbosa, que ganhou 10,9 mil seguidores na metade do tempo..

QUE ACORDO?

Somente o Brasil adotou (apressadamente) o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em vigor há vinte meses. Portugal o rejeita e os demais países lusófonos relutam. O fracasso parece inevitável.

DEVERIA SER FERIADO

Em 4 de setembro de 1998, portanto há 16 anos, era criada na internet, nos Estados Unidos, a ferramenta que rapidamente se tornou imprescindível e hoje ninguém vive sem ela: a página de buscas Google.

A ESCOLHA DE MARINA

Marina diz que fará parte do que fez FHC e parte de Lula. Se imitar o segundo governo de FHC e o primeiro de Lula, será um desastre.


PODER SEM PUDOR

MEMÓRIA CURTA

Foi uma surra memorável. Candidato a vice-governador na chapa de Virgílio Távora em 1958, o ex-prefeito de Fortaleza Acrísio Moreira da Rocha não tinha o direito de esquecer aquela sova cívica. Mas esqueceu. Anos depois, numa entrevista, ele garantiu que jamais havia sido derrotado nas urnas.

- E a eleição de 58? - insistiu o repórter inconveniente.

Acrísio não perdeu a pose:

- Como é que eu poderia ganhar levando nas costas um piano pesado como Virgílio? Nem se fosse guindaste...

Plebiscito Constituinte: mais uma tentativa de golpe


Artigo publicado na Gazeta do Povo em 3 de setembro de 2014, seção Opinião.
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Começou na segunda-feira, dia 1 de setembro, uma ação coordenada em todo o Brasil por um movimento que se intitula Plebiscito Constituinte. Com uma roupagem patriótica, uma comunicação feita nas cores da bandeira brasileira e um apelo à juventude que foi às ruas em junho de 2013, esse movimento tenta viabilizar algo que há muito vem sendo considerado pelo atual governo e por todo o PT como uma peça chave para a supressão do estado democrático de direito: uma constituinte para modificar o sistema político brasileiro. Esta aberração foi sugerida pela primeira vez pela própria presidente, Dilma Rousseff, em seu pronunciamento em 24 de junho de 2013.
A ideia vai ao encontro das práticas bolivarianas usadas com sucesso para destruir as democracias vizinhas, como a da Venezuela. A substituição da democracia representativa pela chamada “democracia direta” tem sido a forma mais eficiente de corroer o jogo democrático usando suas próprias regras. Ao contrário do que diz o dito popular, a voz do povo não é a voz de Deus, e nunca foi. Legislar por meio de plebiscitos é algo inviável, principalmente num país com as dimensões do Brasil. A massa popular é muito mais manipulável do que algumas centenas de parlamentares, e a legitimidade de uma consulta popular só é, na aparência, maior que a de uma decisão votada no legislativo. Ou seja, para a maioria da população, participar de uma plebiscito soa como a coisa mais democrática possível, uma vez que essa mesma maioria não consegue enxergar que sua opinião está sendo moldada e manipulada pelo grupo que ocupa o poder, e com ele a maior máquina de propaganda já vista na história brasileira.
Mas voltemos ao tal movimento, que está nesse momento colhendo apoio nas ruas. É encabeçado por organizações de esquerda e extrema-esquerda, entre as quais o PT, o PCdoB, a CUT e dezenas de sindicatos. O objetivo final do movimento é forçar a convocação de uma constituinte exclusiva para modificar os artigos constitucionais que regem o sistema político brasileiro. Hoje, a única maneira de se fazer isso é através de uma emenda constitucional, que por sua vez requer maioria absoluta nas votações das duas casas do legislativo. Numa constituinte só é preciso maioria simples. Esse fato, mais o clima de pressão popular que tal constituinte geraria no país, permitiria que o grupo capitaneado pelo PT aprovasse medidas como o financiamento público de campanha e o voto em lista fechada, além de possíveis aberrações como o final da limitação de dois mandatos consecutivos, a inclusão na Constituição de mecanismos de participação popular, nos moldes do decreto 8.243, e outras monstruosidades antidemocráticas.
A experiência nos diz que é sempre prudente desconfiar de quem quer mudar as regras do jogo. Depois de doze anos, pela primeira vez a chance do candidato petista perder é maior do que a de ganhar. A população está deixando claro, diariamente, nas ruas, nas redes sociais, nas pesquisas, que não quer mais esse partido tomando conta do país. E é justamente diante dessa revolta, dessa insatisfação, que está sendo proposta uma solução de ruptura, algo projetado e planejado para ser a tábua de salvação de um grupo político que está afundando. Esse plebiscito tem cheiro de golpe. E de golpe estamos cheios.

POEMA DA NOITE A coisa estranha, por Álvaro de Campos


A coisa estranha e muda em todo o corpo, 
Que está ali, ebúrnea, no caixão, 
O corpo humano que não é corpo humano 
Que ali se cala em todo o ambiente; 
O cais deserto que ali aguarda o incógnito 
O assombro álgido ali entreabrindo 
A porta suprema e invisível; 
O nexo incompreensível 
Entre a energia e a vida, 
Ali janela para a noite infinita... 
Ele — o cadáver do outro, 
Evoca-me do futuro 
Eu próprio assim, eu mesmo assim...
E embandeiro em arco a negro as minhas esperanças 
Minha fé cambaleia como uma paisagem de bêbedo, 
Meus projectos tocam um muro infinito até infinito.

Álvaro de Campos nasceu em Tavira, Algarve, Portugal, e depois se mudou para Glasgow, Escócia, onde foi estudar engenharia. Primeiro mecânica, depois naval. "Quase se conclui do que diz Campos, de que, o poeta vulgar sente espontâneamente com a largueza que naturalmente projetaria em versos como os que ele escreve; e depois, refletindo, sujeita essa emoção a cortes e retoques e outras mutilações ou alterações, em obediência a uma regra exterior. Nenhum homem foi alguma vez poeta assim" afirmou Ricardo Reis em um de seus apontamentos. Álvaro de Campos é um dos mais conhecidos heterônimos de Fernando Pessoa.

Defesa avalia reprimenda a Comandante Militar do Sul por incitar tropas a derrotarem “inimigos internos”

Posted: 04 Sep 2014 03:35 AM PDT

Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Perto de ser tirada do poder, a comandanta-em-chefa Dilma Rousseff sofreu a primeira demonstração pública de descontentamento com a situação nacional feita por um Oficial General de quatro estrelas, em serviço ativo, e no comando de um dos mais importantes cargos do nosso Exército. O Comandante Militar do Sul, General de Exército Antônio Hamilton Martins Mourão, aproveitou um comentário no final da ordem do Dia do Comandante do Exército em 25 de agosto (Dia do Soldado), em Porto Alegre, para mandar um recado:

"Eu não poderia deixar de complementar a Ordem do Dia do Exmo Sr. Gen Peri. Dirijo-me aos meus Oficiais, Subtenentes, Sargentos, Cabos e Soldados, da ativa e da reserva. Ainda temos muitos inimigos internos que impedem o nosso caminho rumo ao progresso e à democracia. Mas se enganam aqueles que nos imaginam desprevenidos ou     despreparados. ELES QUE VENHAM!". No que a tropa, devidamente treinada, respondeu de bate pronto: "SERÃO DERROTADOS".

O recado militar ganha repercussão, circulando nos e-mails de generais da ativa e da reserva, com o título “Atenção à manobra”. As palavras do General Mourão foram ouvidas, na solenidade, pelo Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, General de Exército De Nardi. Desde ontem, no Ministério da Defesa, já se especula sobre uma “reprimenda ao General crítico” que o ministro Celso Amorim encomendaria ao Comandante do Exército, General Enzo Peri. No Palácio do Planalto, a recomendação é não colocar lenha no episódio para não fomentar o ambiente para uma crise militar em final de governo.

A mensagem do General Mourão foi interpretada como uma advertência direta à Comissão da Verdade e ao Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, pela recente manifestação em defesa de uma reinterpretação, na prática, da Lei de Anistia de 1979, para adequá-la aos tratados internacionais do Brasil sobre direitos humanos. O jogral do General, mandando os inimigos virem, com a tropa respondendo que serão derrotados é uma prova direta da desmoralização final do governo do PT.

Em conversas reservadas, os militares já se preocupam, seriamente, com o novo governo que se desenha pela via da indução das pesquisas eleitorais. Nas Forças Armadas, uma eventual vitória de Marina Silva é vista como “um grande atraso, um retrocesso institucional” – na visão de vários oficiais generais da ativa. Mesmo que Marina, cautelosamente, já tenha repetido em entrevistas que não mexerá na Lei de Anistia, os militares a consideram “uma incógnita radical que pode acelerar a marcha do Brasil a uma hegemonia de esquerda autoritária e populista, pela via de conselhos populares e grupos de protesto organizados”.

No meio militar, a previsão é de um ano de 2015 com “crises de vários tipos”.

Done for you

O economista chefe do Itaú-Unibanco, Ilan Goldfajn, e o economista Caio Megale, assinam um paper a investidores internacionais, em inglês, advertindo que a “estratégia do comitê de política monetária do Banco Central do Brasil não contempla uma redução da taxa selic em um futuro próximo:

“No entanto, a inflação perto do limite superior da meta, aumentos adicionais dos preços administrados previstos para 2014 e 2015 e uma depreciação provável do real nos próximos trimestres parecem não deixar espaço para uma menor taxa de juros no futuro próximo, em nosso ponto de vista. Assim, mantemos o nosso apelo de que a taxa Selic será mantida em 11% até o final de 2015”.

O recado parece feito para você, investidor de fora, que deseja continuar faturando alto com os juros no Brasil...

Desgraça dos juros

O vice-presidente do Sinditêxtil-SP (Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de São Paulo), Francisco José Ferraroli dos Santos, acredita que, após o péssimo resultado do PIB, com recessão técnica, e o aumento da inflação, não há mais espaço para a utilização da política de juros altos, que foi mantida ontem pelo Copom do BC do B:

“Os juros altos são um remédio inútil contra a inflação, além de contribuírem para o enfraquecimento da economia nacional. Outros fatores agravantes desta situação são os impostos e taxas demasiadamente onerosos, inclusive incidentes sobre investimentos e folha de pagamentos; os fretes, cada vez mais atrasados e caros, majorados pela precariedade dos transportes e a burocracia exacerbada. Precisamos definir estratégias de longo prazo, desonerar efetivamente a produção, remover o controle artificial da inflação e oferecer ao mercado um cenário claro e transparente para estimular os investimentos produtivos”.

O triste é que nenhum dos candidatos à Presidência deixa clara a intenção de baixar os juros e mexer com rentabilidade dos bancos – grandes gargalos para a economia brasileira voltar a ser viável e produtiva para quem trabalha e investe...

Propaganda sem graça

O Tribunal Superior Eleitoral decidiu, na sessão desta quarta-feira, multar a presidente da Petrobras, Graça Foster, em R$ 212 mil, por propaganda veiculada pela estatal de economia mista dentro do período vedado pela lei eleitoral e com caráter eleitoral.

Graça Foster vai recorrer da decisão ao próprio TSE, com embargos declaratórios, contra a punição pela publicidade da Petrobras que tinha o seguinte texto:

"A gente faz tudo para evoluir sempre. Por isso, modernizamos nossas refinarias e hoje estamos fazendo uma gasolina com menos teor de enxofre. Um combustível com padrão internacional que já está nos postos do Brasil inteiro. Para levar o melhor para quem conta com a gente todos os dias: você".

Novidade

A multa máxima de 100 mil Ufirs foi aplicada à pessoa física da presidente da estatal e não à Petrobras.

Os ministros Luiz Fux, João Otávio Noronha e o presidente do TSE, Dias Tóffoli, concordaram com Gilmar Mendes que era preciso elevar o valor da multa, para que tivesse um “efeito educativo”. 

Os ministros Admar Gonzaga, Luciana Lóssio e Maria Thereza até tentaram aliviar o valor para menos...

Quebradeira


Fuga global




© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 4 de Setembro de 2014.

OBRA-PRIMA DO DIA Espelho: curiosidade, vaidade, paixão, medo, arte

Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa 
Julgado útil ao conhecimento de si mesmo pelos filósofos gregos, ou maléfico pela Igreja medieval, esse objeto aparentemente banal carrega um forte simbolismo. Segundo Jean Cocteau, "O espelho faria bem em apreciar o que faz antes de devolver nossa imagem'.
O espelho antigo era um pequeno disco de bronze, convexo, apoiado num pequeno suporte, com mais ou menos vinte centimetros de diâmetro. Segundo Sócrates, esse auxiliar do "conheça-te a ti mesmo" levava o homem a vencer seus limites e a triunfar sobre seus vícios e fraquezas. O filósofo propunha um espelho para os bêbados para que sua imagem repulsiva os dissuadisse de beber. Para Sêneca, o espelho levava o homem a agir de acordo com sua imagem.
Isso na teoria. Na prática, os homens abandonaram a lição do espelho. Em vez de se ver, passaram a se admirar e a se contemplar. Na mitologia grega, Narciso, ao contemplar seu reflexo na água, fica perdidamente apaixonado e morre de desgosto (abaixo, Eco e Narciso, em tela de John William Waterhouse).
 
                                                                
Na Idade Média surge o espelho de vidro, um objeto de luxo emoldurado em ouro ou prata, protegido por uma pequena caixa esculpida muitas vezes em marfim. Os espelhos de metal continuam a ser fabricados - 'de estanho', como eram chamados na época - e eram os mais comuns.
Durante a Inquisição, ter um espelho era prova de bruxaria. Para a Igreja, o espelho continha demônios dentro dele. O uso do espelho era considerado pecaminoso. O que não impediu que os mais poderosos príncipes do mundo de então, dentre os quais Catarina de Medicis, mulher de Henrique II de França, recorressem à adivinhação pelo espelho para tomar suas decisões políticas.
A apologia da exibição teve sua apoteose no século XVII. Em Veneza, os mestres vidraceiros, utilizando o vidro soprado, conseguem uma matéria mais transparente que o cristal de rocha, o que torna o espelho mais brilhante e o eleva à condição de arte.

                Espelho veneziano, com a moldura em pasta de vidro ao estilo de Murano do século XVII

Mas foi na França, entre 1690 e 1720, que um novo método permitiu obter espelhos comparáveis em qualidade aos de Veneza, mas com dimensões muitas vezes maior. A Galeria dos Espelhos, em Versailles, é o melhor exemplo (abaixo).



Os moralistas continuavam a se bater contra o espelho, alegando que quanto mais nós nos olhamos, menos nos vemos. Condenavam a contemplação de si mesmo.
O espelho muitas vezes é associado à verdade, como por exemplo no Espelho da Rainha em Branca de Neve. E também é tido como aquele que dissimula a verdade, como em Don Quixote, onde o Cavaleiro dos Espelhos, Sansão, o bacharel,  é inimigo jurado do Fidalgo e lhe rouba a inspiração.
No século XIX o espelho torna-se objeto útil para as mulheres e para os homens.  Sem distinção...

                                    Objetos de toilette de Napoleão I


Jacques Lacan definia o estágio do espelho, como aquele em que a criança se dá conta que está se vendo no espelho. Esse reconhecimento de si mesma, posto que antes de se ver num espelho uma criança não conhece como é seu rosto, se dá, em geral, entre os 18 e os 24 meses. É o momento em que a criança compartilha vários sentimentos, tais como empatia, orgulho, vergonha, aceitação ou negação de si mesmo, curiosidade, alegria.
É também o símbolo de uma porta, do limite em direção a um outro mundo, como bem valorizado na Alice de Lewis Carroll.



Não faz tanto tempo assim, em termos de História, nas casas onde houvesse um falecimento, cobriam-se os espelhos e tapavam-se os recipientes de água para que a alma do defunto não ficasse prisioneira. A ideia do malefício ligado ao espelho ainda persiste já que, quebrado, dizem logo que trará sete anos de azar...

Nove povoados fantasma


Entre o mistério e a curiosidade do viajante, lugares que impõem respeito, da Austrália a Saragoça

 3 SEP 2014 - 19:00 BRT
  •                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    
    Um hotel remoto em Silverton (Austrália), antiga comunidade mineira abandonada que conta agora com uma pequena população e estúdios de artistas. / DAVID TROOD
    Há certos lugares pelos quais bem poucos se atrevem a passar. Minas abandonadas, povoados sepultados por vulcões, cidades que em outro momento conheceram tempos de glória. Entre os mistérios e a curiosidade do viajante, nove cenários que nos fazem refletir sobre o passado, e que impõem sempre certo respeito...

    01 Viagem à catástrofe de Chernobil

    PRIPYAT (UCRÂNIA)

    Atrações abandonadas na zona de exclusão de Chernobil (Ucrânia). /ALEXEY NIKOLAEV
    Há um tipo de turismo que desafia o convencional. A prova são as viagens a lugares como Chernobil. Uma roda-gigante melancólica sobre uma cidade abandonada. Carrinhos de supermercado cheios de mato. Casas com goteiras e escombros. Automóveis oxidados e trens abandonados ao relento; sim, é a zona de exclusão que rodeia o enclave do grande desastre nuclear soviético. Pripyat, uma cidade da atual Ucrânia, antes espetacular, com bulevares amplos e esquinas simétricas, construída para acolher os trabalhadores da central de Chernobil, era habitada por 50.000 pessoas. Foi esvaziada em dois dias depois que um reator da central explodiu em 1986 e provocou uma chuva radioativa nas áreas ao redor. Quem se animar pode contratar um tour para duas pessoas por Chernobil e Pripyat a partir de 190 euros (560 reais).

    02 Avenidas e bibliotecas para os ursos

    PYRAMIDEN (SVALBARD, NORUEGA)

    Vista de Pyramiden, assentamento mineiro soviético abandonado nas ilhas Svalbard (Noruega). / TOMAS ZRNA
    No que diz respeito a povoados fantasmas, é difícil superar um por cujas ruas vazias perambulam ursos polares e renas, e que tem o piano de cauda mais setentrional do mundo. Pyramiden, nas ilhas Svalbard, foi vendida pela Suécia a uma comunidade mineira russa em 1927 e se transformou em um típico assentamento soviético. Nos anos cinquenta viviam ali uns 2.500 russos, havia empresas, um hotel e até a piscina mais ao norte do mundo. Quando o carvão começou a escassear na década de noventa, a empresa abandonou o lugar rapidamente, tanto que ficaram para trás até livros nas estantes e gangorras nos parques. Por causa do frio extremo, essa localidade congelada no tempo continuará assim por muitos anos. É curioso ver seus edifícios de arquitetura soviética dos anos setenta, como o palácio de esportes e o antigo hotel, onde se vendem alguns objetos curiosos da fase soviética. A Pyramiden se chega de barco: é necessário um guia armado para espantar os ursos polares. É um bom dia de viagem desde Longyearbyen.

    03 Uma Pompeia no Caribe

    PLYMOUTH (PEQUENAS ANTILHAS)

    O antigo tribunal de Plymouth, na ilha de Montserrat (Antilhas), enterrado pela cinza depois das erupções do vulcão Soufrière Hills. / RICHARD ROSCOE
    Há muitos anos, a ilha de Montserrat era um porto caribenho de cartão postal: águas claras, praias douradas e um ambiente relaxante que atraía como um ímã viajantes de todo o planeta. Mas no verão de 1995 o vulcão adormecido das colinas de Soufrière despertou e arrasou o setor turístico em uma enorme investida. Plymouth, a capital, desapareceu sob um mar de cinzas e se transformou em uma cidade fantasma. Hoje a ilha oferece bons mergulhos e navegação de primeira, além de passeios por essa Pompeia moderna. Antes da visita é importante consultar o nível de alerta vulcânico na página do Montserrat Volcano Observatory.

    04 Uma mina de cinema

    SILVERTON (AUSTRÁLIA)

    Carro usado na rodagem de 'Mad Max 2', no povoado de Silvertone. (Austrália). /WARWICK KENT
    Na década de 1880, Silverton era uma pequena comunidade dedicada à mineração da prata, com uma equipe de futebol, jornal local e clube hípico, mas a abertura de novas explorações na vizinha Broken Hill acabou com tudo. Muitos se foram levando o que puderam (inclusive casas). Hoje resta uma parte da cidade original, incluindo alguns edifícios importantes, como o hotel e a prisão. Cercada por terra vermelha e agreste, é um sonho para quem busca cenários, e apareceu em muitos filmes como Mad Max 2 e As Aventuras de Priscilla, a Rainha do Deserto. É fácil sentir aqui todo o charme da roça. Além disso, recuperou um pouco de vida graças aos licores e à cerveja do pub, e também a uma pequena comunidade de artistas que mantém seus estúdios aqui. Mais além de Silverton não há praticamente nada, mas vale a pena percorrer cinco quilômetros até o mirante de Mundi Mundi, com vista tão extensa da planície homônima que se chega a ver a curvatura da Terra. Na realidade, Silverton não é tão fantasma, pois tem uma pequena população que administra o setor de turismo.

    05 Quando os alicerces falham

    CRACO (ITÁLIA)

    A cidade medieval de Craco, no sul de Itália, foi abandonada depois de um forte terremoto em meados do século XX. / CORBIS
    Não construas uma casa sobre a argila, esse é o ensinamento moral de Craco, uma cidade medieval de montanha, abandonada, no sul da Itália. Manteve-se de pé durante vários séculos até que os terremotos a sacudissem. Sua população já tinha minguado com a guerra e as migrações, mas em meados do século XX os sismos agravaram os problemas de seus alicerces em terreno argiloso; um muro de contenção construído com urgência reteve, sobretudo, a água, o que umedeceu mais o terreno e provocou deslizamentos de terra que acabaram por desfigurar definitivamente o conjunto. Os habitantes se mudaram para o vale e Craco ficou como sentinela, triste e em ruínas. Para chegar a Craco é preciso passar por Maera, uma localidade famosa por suas casas escavadas, como cavernas (sassi), que recordam um passado muito duro – quase miserável – e bem recente, que ficou registrado no livro Cristo Parou em Eboli, de Carlo Levi. Hoje os sassi são patrimônio mundial da Unesco e se transformaram em atração turística. Craco fica ao sul de Basilicata e aparece em A Paixão de Cristo, de Mel Gibson.

    06 Ecos de guerra

    BELCHITE (SARAGOÇA)

    Ruínas do velho povoado de Belchite, na província de Saragoça. / JOSÉ FUSTE
    Este povoado de Saragoça ficou destruído pela famosa batalha que leva seu nome, em 1937. Ao lado se ergueu um novo povoado, mas deixaram os restos do antigo como recordação da Guerra Civil Espanhola. O município arrasado, com suas paredes em ruínas cheias de buracos de bala, é dominado pela estrutura vazia de sua igreja. É possível visitar o interior, uma simples carcaça, mas muitas partes estão fechadas aos visitantes por serem pouco seguras. Passear por esse lugar convertido em mera armadura serve de recordação comovedora de como essa guerra destruiu muitas vidas. Os amigos dos mistérios dizem que entre suas pedras ainda se pode escutar os ecos da batalha. A antigo Belchite requer um passeio de 20 minutos a pé desde o novo povoado, acessível de ônibus desde Saragoça.

    07 Na tumba de Shackleton

    GRYTVIKEN (ANTÁRTIDA)
    Antiga estação baleeira de Grytviken, nas ilhas Geórgias do Sul. / KONRAD WOTHE
    As ilhas Geórgias do Sul estão no meio das tempestuosas águas do Atlântico sul, próximas da Antártida. Não parecem ser um bom lugar para viver, mas acolheram várias ondas de ocupantes. Os primeiros caçadores de focas, no século XIX, o fizeram até não aguentarem mais. No começo do século XX, uma comunidade baleeira se estabeleceu em Grytviken e acabou com os ovos de ouro: caçaram baleias até quase extingui-las e a estação foi abandonada na década de 1960. É possível visitar os restos oxidados do povoado e a tumba do grande explorador Ernest Shackleton, de barco. Perto da antiga estação baleeira há um pequeno museu, administrado pelo Reino Unido. Nada mal para uma pequena conversa e para entender muitas coisas do lugar.

    08 Da prata ao peiote

    REAL DE CATORCE (MÉXICO)
    Igreja da Virgem de Guadalupe, em Real de Catorce (México). / DANNY LEHMAN
    Real de Catorce, nome mais sensato que o original (Real de Minas de Nuestra Señora de la Limpia Concepción de Guadalupe de los Ángeles de Catorce), é uma cidade quase fantasma com uma localização impressionante, na base da Serra Madre Oriental mexicana. Foi uma comunidade rica graças às jazidas de prata até princípios do século XX. Há pouco ainda estava quase deserta, com as ruas cheias de edifícios em ruínas, mas na década de 70 ficou famosa pelo peiote (cacto alucinógeno), sendo visitada por peregrinos lisérgicos. Agora o lugarejo cresce de novo, portanto é preciso ser rápido para poder desfrutar da essência fantasmagórica de suas ruínas, edifícios abandonados e portas empurradas pela brisa. O Mesón de la Abundancia oferece comida e cama em um edifício restaurado do século XIX, um tesouro local.

    09 Até que o cobre acabou

    SEWELL (CHILE)
    Edifícios de cor pastel na cidade mineira de Sewell, construída junto às jazidas de cobre de El Teniente, nos Andes chilenos. / PABLO BANCO
    Dá vontade de se mudar para a belacidade das estrelas dos Andes chilenos, Sewell, com ruas vertiginosas, edifícios de cor pastel e uma escola art déco. Foi construída em 1905 para os trabalhadores da mina de cobre de El Teniente e se chama assim por causa do nome de batismo de um executivo da empresa de mineração norte-americana que a explorava. Quando a febre mineradora acabou, a empresa começou a direcionar a população no vale e no fim de 1970 já não havia vida em Sewell, patrimônio mundial desde 2006. Chega-se a Sewell por Rancagua, no Vale de Colchagua, cujas adegas são a grande atração turística da região vinícola, a maior e mais consolidada do país. Rancagua pode ser alcançada em uma cômoda excursão de um dia a partir de Santiago do Chile, de trem ou ônibus. É fácil organizar um circuito em Sewell consultando sua página oficial na internet.
    Mais informação no guia Lonely Planet – 1000 lugares únicos e emwww.lonelyplanet.com