quinta-feira, 9 de julho de 2015

Fogo amigo entre aliados, para manter o poder, agrava guerra política, judicial e midiática no Brasil



Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

O infernal fogo amigo começa a consumir, em processo de autofagia, os "aliados" que partilham o poder no "Condomínio" Brasil. A construção de um processo democrático e transparente no País, se a Elite Moral conseguir botar na ordem do dia uma pauta de mudança estrutural, ganha imensa contribuição com a autodestrutiva batalha, midiática, política e judicial, com poucas chances de acordo, conchavo ou conciliação, entre Lula, Dilma Rousseff, Michel Temer, Renan Calheiros, Eduardo Cunha & cia.

A alta probabilidade de novos indiciamentos de figurões pela Lava Jato e o risco de Dilma Rousseff tomar no TCU por causa das ilegais pedaladas fiscais bagunçam com a desgovernança do crime institucionalizado. Tudo fica ainda mais tenso porque o cidadão-simples-mortal que começa a sofrer, na pele e no bolso, os efeitos perversos de uma das maiores crises política, econômica e moral nunca antes vista em nossa História. Todo mundo fica pt da vida (sem trocadilho infame). O impasse institucional se amplia. O risco de ruptura é visível no horizonte. O desfecho deste caos ainda é imprevisível.  

Sinal de que o conflito e caos se aprofundam foi abertura oficial de ação de improbidade contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a partir das investigações sobre o caso em que o senador foi acusado de receber propina da Mendes Júnior para bancar despesas com a jornalista Mônica Veloso, amante com quem teve um filho numa relação extraconjugal. Renan virou réu por denúncia de seis procuradores do núcleo de combate à corrupção da Procuradoria da República no Distrito Federal que foi acatada pelo juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, da 14ª Vara Federal do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.  

Na outra ponta da guerra de gigantes, a Polícia Federal abriu inquérito para investigar, nos processos da Lava Jato, Antônio Palocci Filho - super-consultor de empresas e ex-ministro (da Casa Civil e da Fazenda). O caso afeta diretamente Dilma Rousseff. A investigação é para saber se Palocci captou dinheiro, via doleiro Alberto Youssef, para a campanha presidencial de 2010 - conforme denúncia na delação premiada de Paulo Roberto Costa - ex-diretor de Abastecimento da Petrobras e que foi abastecido pelo corrupto esquema do Petrolão com pelo US$ 23 milhões de dólares (em acordo de devolução judicial).

Igual a Palocci, Renan também é alvo de um inquérito na Operação Lava-Jato. A Mendes Júnior também figura o "clube de empreiteiras" investigadas pelos desvios da Petrobras. O senador é acusado de se beneficiar o esquema de corrupção denunciado por Paulo Roberto Costa - aquele que, nos bons tempos, Lula chamava, intimamente, de "Paulinho". Sobre o rolo atual, Renal finge tranquilidade: "Toda e qualquer investigação é oportunidade para a pessoa se defender e esclarecer tudo. Estou absolutamente tranquilo. Trata-se de uma pseudo denúncia muito antiga, café requentado com óbvias motivações. Mas, como sempre, de forma clara, pública, como já o fiz há 8 anos, farei todos os esclarecimentos que a Justiça desejar. Nada ficará sem respostas concretas e verdadeiras".

A temperatura pode subir ainda mais no inferno invernal do cárcere da Lava Jato. O juiz Sérgio Moro voltou a defender a manutenção da prisão preventiva de Marcelo Odebrecht, presidente da empreiteira que leva o sobrenome dele e do avô. Moro argumentou indícios de conivência do investigado com o crime, já que a empresa sequer buscou firmar qualquer acordo de leniência e sempre negou todas as acusações feitas pelos "colabores premiados".

Além de Moro, a Força Tarefa do MPF fornece um consistente argumento para manter as prisões na Lava Jato: “O tipo de operações, altamente sofisticadas, para dissimular pagamentos de propinas, mostra que o sistema atual permanece em risco, caso os réus permaneçam em liberdade. Como não usaram o sistema oficial, mas sim o informal, é impossível fiscalizar e impedir novos pagamentos de propinas sem a sua prisão cautelar”.


O cerco de aperta ainda mais. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal recusaram proposta de delação premiada apresentada por advogados do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, preso desde janeiro, em Curitiba. PF e MPF só aceitam um acordo se Cerveró apresentar provas de fatos já apurados e também fizer revelações novas, inéditas. Alegando estar abalado psicologicamente no cárcere, Cerveró é acusado de receber US$ 40 milhões no esquema de corrupção investigado pela Lava-Jato. Cerveró já foi condenado a cinco anos de prisão por lavagem de dinheiro na compra de uma cobertura de R$ 7,5 milhões em Ipanema por meio de uma offshore no Uruguai.

A guerra política e judicial ganha novos componentes. O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou acesso do PSDB à delação de Ricardo Pessoa, dono da UTC. Investigado na Lava-Jato, Pessoa também é testemunha numa ação da Justiça Eleitoral, movida pelo PSDB, que pede a cassação da presidente Dilma. O empreiteiro teria dito que doações legais da UTC à campanha do PT estavam ligadas à corrupção na Petrobras. Pessoa também citou doações ao senador tucano Aloysio Nunes (SP) - que disputou a vice-Presidência da República na chapa de Aécio Neves, na eleição passada.
O tal e tão esperado "Juízo Final" estaria próximo? Esta ainda é a grande dúvida no Brasil da impunidade ampla, geral e irrestrita, com rigor seletivo que pune, apenas, aqueles escolhidos como "inimigos de ocasião" do sistema. Até os mais céticos percebem que as coisas mudam. Só a Lava Jato, em um ano, já propôs 20 ações criminais contra 103 pessoas na primeira instância da Justiça Federal. Também são investigadas outras 50 autoridades, com o absurdo direito a foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal.

A certeza, comprovada pelos fatos, é que "a chapa está esquentando". A maioria da sociedade começa a perder a paciência com tanta sacanagem que ainda não puniu os corruptos do topo da pirâmide do poder. Sempre que a insatisfação cresce e se torna insuportável, a História demonstra que algum movimento de reação mais brusco e intenso pode mudar o rumo dos acontecimentos...

Até no Brasil, onde tudo acontece diferentemente de outros lugares do planeta Terra, o ambiente atual de impasse institucional (provocado pela desqualificação da corrupta classe política), a crise econômica (causada por deficiências estruturais) e a desagregação social (gerada pela combinação caótica destes fatores) têm tudo para gerar as pré-condições para uma profunda transformação... Ou não?! 

Perdidos na bolsa que assusta

A Bolsa Brasileira já perdeu mais de 13% de investidores pessoas físicas.

A continuar baixa a maré, a previsão para 2016 é que tenhamos apenas 250 mil investidores no Brasil.

Só para comparar, nos EUA são 30 milhões e, na Europa, 50 milhões de investidores pessoas físicas.

Tem culpa quem?

Alguns tentam explicar o "efeito manada" com o medo da perda em grande escala.

Mas especialistas de mercado garantem que a fuga dos investidores é um efeito da corrupção que gerou estranheza em relação aos papéis mais fortes e blues chips.

Também apontam que a crise resulta de uma fiscalização tardia, inócua e ineficiente da Comissão de Valores Mobiliários - um órgão direta e equivocadamente vinculado ao Ministério da Fazenda.

Mudança estrutural

Se a Xerife CVM não acordar e punir com dez anos de inabilitação os responsáveis por grandes escândalos na gestão de empresas, principalmente as estatais de economia mista, a tendência é que, daqui a 5 anos, restarão uns 50 mil aplicadores pessoas físicas.

Para que isso aconteça será necessária uma profunda mudança estrutural que dê independência, de direito e de fato, à CVM, blindando-a das influências da politicagem e do poderio econômico.

Além disso, será preciso mudar a legislação com sanções mais rápidas e multas mais altas contra os infratores e delinquentes contumazes do mercado de rentismo tupiniquim.

Paulada preliminar

A direção da Petrobras ficou pt da vida porque o Tribunal Arbitral proferiu decisão cautelar considerando como um único campo as concessões de Baleia Anã, Baleia Azul, Baleia Franca, Cachalote, Caxaréu, Jubarte e Pirambu.

A decisão obriga a Petrobras a depositar, trimestralmente, em favor da Agência Nacional de Petróleo & Gás, aproximadamente R$ 350 milhões.

O montante correspondente às diferenças históricas que chegam a R$ 2,2 bilhões e que deixaram de ser cobradas até a data da decisão preliminar da ANP.

Redução da Maioridade Penal - Chega de impunidade


Adendo rubro-negro

O Inter jogou mal demais. A forte chuva atrapalhou ambos os times. O Flamengo, no entanto, não jogou muito diferente dos jogos anteriores, onde perdeu. O meio de campo continua lento demais na comunicação com o ataque. O Paolo Guerrero teve de recuar, várias vezes, para buscar a bola, quanto a bola é que tem de chegar a ele... A defesa continua insegura, embora ontem não tenha falhado, a não ser no final do jogo - a síndrome de sempre do Clube de Regatas do Flamengo nesta temporada... Mais uma vez, temos um time para brigar pelo décimo lugar no campeonato, naquele sistema de perde e ganha. O Flamengo não vai longe sem um treinador de peso e alta capacidade técnica, como tinha o Luxemburgo, burramente demitido pelo Conselho Gestor de Rentistas, que só enxerga ganhos no curto prazo...



© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 9 de Julho de 2015.

Renan conseguiu sobreviver e reconquistar poder e influência, mas o passado o persegue…


Há sete anos, Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, teve de renunciar à presidência do Senado, mas conseguiu manter seu mandato. Havia ainda voto secreto, e ele conseguiu se safar. Não conseguiu explicar antes e não conseguiria explicar agora, se tentasse, o imbróglio mantido, então, com a Mendes Junior, que pagava uma pensão à jornalista Mônica Veloso, mãe de uma filha sua. Renan apresentou, então, alguns comprovantes de uma suposta renda que teria para arcar com aqueles desembolsos, mas os documentos foram considerados falsos. Muito bem! Poucos políticos teriam resistido àquela saraivada. E ele resistiu e conseguiu se refazer como um dos homens mais poderosos do Congresso, que ele preside por estar, de novo, no comando do Senado, cargo ao qual teve de renunciar no passado. Mas o caso o persegue. O Ministério Público Federal recorreu à Justiça Federal de Brasília com uma denúncia contra o senador, que foi aceita, por enriquecimento ilícito e falsificação de documentos. Trata-se de uma ação civil por improbidade administrativa, que não passa pelo crivo do Supremo. Esse episódio da Mendes Júnior também levou a PGR a apresentar ao STF, em 2013, uma denúncia criminal contra Renan, mas a corte ainda não decidiu se vai ou não abrir a ação penal. O relator era o ministro Ricardo Lewandowski, que passou o caso para Luiz Edson Fachin. Renan é também um dos investigados da Operação Lava Jato. Nesse caso, o Ministério Público pediu apenas a abertura de inquérito. Para quem se movimenta com a sua saliência, é evidente que não se trata de uma situação confortável. Mas, convenham, quem não se intimida com o mais — o risco da ação criminal, que está no Supremo, e os desdobramentos da Lava-Jato — talvez não se intimide com o menos. Uma coisa é inequívoca, e, até agora, ninguém conseguiu dar uma explicação razoável. Depois que Rodrigo Janot incluiu Renan no rol das pessoas investigadas em inquérito, ele passou a tratar o governo federal na ponta da botina. Por alguma razão, vê na coisa o dedo do Planalto. Com um inquérito em curso, uma pedido de ação penal parado no Supremo uma ação civil por improbidade administrativa, é pouco provável que Renan baixe a guarda. Percebeu que seu ativismo antigovernista o aproxima mais do noticiário de política do que do de polícia. Por Reinaldo Azevedo

CAIADO CHAMA LULA DE "BANDIDO" OUTRA VEZ, AO SABER QUE ESTÁ SENDO PROCESSADO


Em fevereiro, o senador escreveu em sua conta no Twitter uma mensagem chamando o ex-presidente de "bandido". "Lula tem postura de bandido. E bandido frouxo! Igual à época que instigava metalúrgicos a protestar e ia dormir na sala do delegado Tuma", escreveu Caiado na rede social. Quando soube do processo, Caiado reiterou suas palavras: "Ameaçar a população com "exército de Stédile" é comportamento de bandido!


8 coisas que as pessoas felizes fazem

8 coisas que as pessoas felizes fazem8 coisas que as pessoas felizes fazem, mas não comentam


A maioria das pessoas gosta de pensar que é feliz, mas no fundo elas podem não necessariamente acreditar ou se sentirem realmente felizes.

Quando você olha ao redor e vê pessoas com quem cresceu tirando o máximo proveito da vida enquanto você continua indo para um trabalho que você não gosta e repetindo a mesma rotina dia após dia, é fácil se sentir menos grato pela a vida que tem.

Então, quais são os segredos das pessoas felizes? O que elas fazem de diferente para tirar o máximo proveito da vida enquanto o resto de nós apenas observa?

1. Elas dão

Focar apenas no dinheiro é a maneira mais certa de ser infeliz. De fato, em estudos sobre afelicidade, os pesquisadores descobriram que uma vez que você tem dinheiro suficiente para satisfazer suas necessidades básicas, existem apenas duas outras maneiras que o dinheiro pode ajudá-lo. Uma delas é melhorando a sua posição social e o outra é para doar. Ao usar o seu dinheiro para ajudar aos outros, em vez de desnecessariamente amontoá-lo, as pessoas felizes se sentem como se elas estivessem fazendo uma contribuição positiva para o mundo.

2. Elas evitam o drama

Pessoas felizes tendem também a cuidar de suas próprias vidas. Enquanto outras pessoas apegam-se à provocações e fofocas, as pessoas felizes optar por concentrar-se em suas próprias coisas. Elas prestam maior atenção em si mesmas e deixam que outras pessoas vivam e digam o que quiserem.  Com certeza essa  é uma maneira simples para maximizar a felicidade.

3. Elas são gratas

Elas não passam o tempo todo querendo o que as outras pessoas possuem ou sonhando com uma vida melhor. Em vez disso, elas reservam alguns momentos de cada dia para pensar sobre todas as coisas que elas apreciam e fazem questão de serem gratas por elas.

4. Elas olham para o lado positivo
8 coisas que as pessoas felizes fazem
Quando as coisas ficam difíceis, os verdadeiramente felizes são muitas vezes inabaláveis. Fixar-se em falhas e imaginar o pior cenário pode ser a opção padrão para a maioria das pessoas, mas se você realmente quiser ser feliz, você precisa ter fé que as coisas vão dar certo. Mantenha a sua perspectiva e saiba que, não importa o que aconteça, você pode voltar  atrás , recomeçar ou tentar coisas novas.

5. Elas valorizam os relacionamentos

Em vez de se concentrar apenas no dinheiro e buscar implacavelmente a progressão na carreira, trabalhando longas horas, as pessoas mais felizes concentram mais do seu tempo em relacionamentos pessoais. No final de sua vida, você não vai se lembrar muito do tempo que você gastou no trabalho. Em vez disso, você vai valorizar as refeições em família e tempo compartilhado com os amigos. Colocar as pessoas antes que o dinheiro é uma ferramenta poderosa para alcançar a felicidade.

6. Elas cultivam muitas partes diferentes de suas vidas

As pessoas felizes não se definem por um aspecto de suas vidas. Elas mantêm carreiras que elas gostam, elas têm passatempos, e elas adoram aprender e crescer como indivíduos. Ao prestar atenção a vários aspectos de suas vidas, as pessoas felizes não ficar sobrecarregadas quando um elemento da sua vida diária sai fora dos trilhos. Se ela levar um fora, ela ainda têm uma carreira gratificante. Se ela se lesiona e não pode jogar seu esporte favorito por um tempo, ela ainda têm amigos para sair.  Não colocar todos os ovos na mesma cesta é uma chave para ser uma pessoa feliz.

7. Elas não se concentram em coisas materiais

Enquanto alguns de nós podem pensar que o shopping é uma ótima maneira de aliviar o stress e que ter coisas nos fará mais felizes, outros optam por experiências de valor. É uma delícia ter roupas novas, mas é difícil obter o máximo de prazer de uma camisola. O que você acha de um mergulho em um recife de corais?  Qual dessas histórias será mais significativa a longo prazo?

8. Elas seguem suas paixões

Finalmente, as pessoas felizes seguem suas paixões. Se elas acordarem e perceberem que estão insatisfeitas com seus trabalhos, elas não têm medo de deixá-los para perseguir algo que elas realmente se importam. Elas assumem o risco e podem até fracassar, mas as pessoas felizes não têm medo de colocar seu pescoço para fora e perseguir o que todo mundo está com medo. 

Por isso são felizes. :)

Por STEVE KUX, via life hack



Traduzido e adaptado por Josie Conti

Do original: 8 Things Happy People Do But Rarely Talk About

OS GRANDES DILEMAS DOS NEGÓCIOS FAMILIARES




Nesta semana eu atendi um empresário que estava vivendo um grande problema. Raul é o seu nome. Ele tem um camping no interior de São Paulo. Não é um camping normal. Pelo que vi, é uma verdadeira cidade, 5 hectares com cachoeiras, rios, lagos, vários espaços para barracas, trailers e casas para alugar, três restaurantes e cinco lanchonetes, espaços para esportes e entretenimento. Um grande empreendimento que fatura R$ 3,5 milhões por ano, fruto dos esforços de Raul ao longo de 25 anos. Agora ele está se aposentando e pretende deixar o negócio para os filhos. Correção: pretendia.
Seus três filhos não estão preparados para assumir o negócio. Hoje ele vê isso e se arrepende de não ter planejado melhor a carreira deles. Não é só uma questão de formação. Segundo ele, o mais velho, Adolfo, já construiu uma carreira como médico e não quer assumir o negócio. A filha do meio é a arquiteta Renata e foi a que mais se envolveu. Começou a trabalhar com o pai há 3 anos e adora o negócio. O caçula Júnior não se formou ainda, e ninguém na família acredita que ele vai servir para qualquer coisa nesta vida. Para Raul, Júnior acha que não precisa estudar nem trabalhar, pode viver só do que o camping vai lhe proporcionar.
Como se não bastasse, Raul disse que o gerente-geral, Pinheiro, seu braço direito, fiel escudeiro com mais de 20 anos de dedicação ao camping, está confiante de que a saída de Raul representa a oportunidade para ele se tornar o CEO finalmente. Para piorar as coisas, Raul tem um sócio no camping, Lima, um amigo de infância, com 30% das ações, mas que não se envolve no dia a dia. Aparece de vez em quando e mesmo assim para passar o fim de semana de graça com um monte de amigos.
A saída mais adequada, ele imagina, seria dar a Renata uma formação em negócios e deixar o camping com ela. Embora possa parecer injusto para com os demais envolvidos, o negócio não é suficientemente grande para que todos trabalhem nele. Ele sabe que a filha vai se dar bem com Pinheiro, mas não tem certeza se a recíproca será verdadeira. Também sabe que ela não vai se dar bem com Lima. Um dilema típico em negócios familiares. Expliquei a ele os três universos dos negócios familiares – a gestão, a propriedade e a família:
   Reprodução
Esses três universos podem ser independentes entre si ou intercalados. Para entender como essas relações funcionam, vamos primeiro entender cada um deles individualmente:
Quem está na gestão do negócio (A) são funcionários, contratados exclusivamente para se dedicar às funções do trabalho em troca de um salário. É o caso de Pinheiro. O universo da família (B) é o de parentes do empreendedor, mas não tem nada a ver com o negócio. O universo da propriedade (C) é o dos sócios do negócio, como Lima, que não trabalham nele e nem são da família. São três universos bastante distintos. Vamos agora ver como eles se mesclam:
Algumas pessoas da família trabalham na empresa (grupo identificado no gráfico como AB). Não são sócios no negócio, não têm participação e sim um salário. Raul citou como exemplo um primo dele que cuida do estoque dos restaurantes.
Alguns sócios do negócio também atuam na empresa (grupo identificado no gráfico como AC). Não necessariamente são da família. É o caso de funcionários com participação acionária ou sócios que possuem um cargo, funções e responsabilidades nos negócios e vão todos os dias trabalhar.
Alguns parentes são sócios no camping (grupo identificado no gráfico como BC). São membros da família que acabam herdando a participação acionária, porém não atuam no negócio. É o caso aparente de Adolfo e Júnior.
Por fim, algumas pessoas da família podem ser sócias no negócio e ter um cargo na empresa (no gráfico está como ABC), como Renata e o próprio Raul.
Esse modelo ajuda a entender que os papéis dentro da empresa e na família podem ser diferentes sem gerar conflito. Dessa forma é mais fácil vislumbrar soluções para a situação. Assim, não tem problema nenhum Lima não atuar no negócio, desde que ele não receba salário, apenas os dividendos.
Adolfo também pode ser um sócio no negócio, retirar dividendos, mas não precisa atuar nele. Júnior pode até querer atuar no negócio, mas precisa demonstrar competência para isso, e assim passar de BC para ABC. Da mesma forma, Renata pode passar de ABC para BC se demonstrar dificuldade na gestão do negócio. Mas se isso acontecer – Raul me pergunta – ABC ficaria vazio? Respondi que ABC não ficará vazio, pois Renata continua trabalhando na empresa, mas ela não precisa assumir responsabilidades acima da sua competência.
Raul confia em Adolfo, que aparentemente tem condições de assumir o negócio. Para que não haja conflitos entre Renata, a dona, e Adolfo, o CEO, Raul pode oferecer sociedade a Adolfo, assim, ele passaria de A para AC. Em empresas familiares, os parentes podem atuar na gestão sem participação (AB), ser acionista sem trabalhar no negócio (BC), ou até ficar só como família, mas não precisa ser ABC.
Essa explicação deixou Raul mais tranquilo. Embora facilite a compreensão de que cada universo precisa ser avaliado de forma isolada e eles são independentes entre si, outros tipos de conflitos podem surgir e outras soluções podem ser necessárias.
*Marcos Hashimoto é professor de empreendedorismo da ESPM, consultor e palestrante (www.marcoshashimoto.com)
fonte: http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI324680-17141,00.html