Ministros, ex-ministros e a própria presidente Dilma Rousseff estão por trás da decisão de expurgar do balanço financeiro da Petrobras as perdas decorrentes do assalto à estatal, no maior caso de corrupção da História do Brasil e um dos maiores de todos os tempos, no mundo, desmantelado pela Operação Lava, da Justiça Federal. Dilma inclusive participou pessoalmente Das tratativas. Os exministros petistas Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento) estiveram à frente dos entendimentos e cuidaram da “maquiagem” do balanço financeiro, a pedido de Dilma, segundo fontes do Planalto. Na concepção dessas pessoas, incluir o prejuízo no balanço colocaria em risco a empresa, que poderia ter suas contas rejeitadas por CVM e SEC (órgãos de controle das bolsas de valores no Brasil e nos Estados Unidos, respectivamente), com sérias consequências para a diretoria e conselheiros. Mantega presidiu e Miram Belchior integrou o conselho de administração da Petrobras, no período do assalto à empresa. Graças a essa decisão, já no primeiro dia após a divulgação do balanço as ações “derreteram” e a estatal passou a valer R$ 13,9 bilhões a menos.
A presidente da Petrobras, a petista Graça Foster, afirmou na tarde desta quinta-feira, 29, em teleconferência com analistas e investidores, que as perdas com corrupção, estimadas pela empresa em R$ 4 bilhões, podem ser maiores, caso novas denúncias de desvios de recursos apareçam. O cálculo do rombo da corrupção no patrimônio da companhia considerou os projetos firmados com empresas investigadas pela Polícia Federal, na Operação Lava Jato. Do total orçado dos projetos, foram descontados 3%, que seria o pagamento de propina, segundo denúncia feita pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa à Polícia Federal. De acordo com a petista Graça Foster, a companhia poderá reavaliar os dados apresentados em seu balanço quanto aos valores imobilizados e contratos relacionados às empresas sob investigação da Polícia Federal. Segundo a executiva petista, a companhia poderá ampliar o escopo dos contratos sob análise, os períodos e também o valor dos ajustes estimados inicialmente no balanço. “Novas informações oriundas das investigações em curso podem causar novos ajustes, ampliação do escopo dos contratos e empresas e também do período analisados”, disse. “É importante frisar que o período analisado não foi escolhido pela companhia, mas extraído dos depoimentos recebidos como “prova emprestada” pela Petrobras”, acrescentou. Graça Foster disse, ainda, que recomendou ao conselho de administração que não fosse utilizada a metodologia de valor justo para calcular o efeito da corrupção em seu patrimônio. Isso porque considera essa metodologia – em que o valor contábil é corrigido pelo valor de mercado – falha, por utilizar inúmeras variáveis. Entre as variáveis utilizadas que podem comprometer o resultado da análise dos ativos, a petista Graça Foster cita mudanças de preços e margens de insumos, dos equipamentos, salários, deficiência no planejamento de projetos, contratações de bens e serviços antes da conclusão dos projetos básicos das obras – além da “cartelização de fornecedores, corrupção e sobrepreços”. “Recomendamos ao conselho de administração que não utilizaríamos essa metodologia, por ser uma composição de muitas variáveis”, afirmou a presidente da Petrobras. Em seguida, ela acrescentou que, agora, “o trabalho é fazer uma limpeza dedicada em tudo o que tivermos que fazer”. E que a intenção é “ter uma avaliação correta para o patrimônio líquido e o ativo imobilizado”. Graça disse também que o esquema de corrupção na empresa não afetou a posição de caixa da petroleira.
A Petrobrás poderá deixar de pagar dividendos aos acionistas se entender que atravessa uma situação de “estresse financeiro”. A avaliação é do diretor Financeiro da companhia, Almir Barbassa. Segundo ele, essa é uma prerrogativa da Lei das S.A, mas a companhia ainda não analisa a possibilidade no momento. “A alternativa poderá ser considerada a depender da avaliação da situação financeira da companhia”, afirmou Barbassa. Segundo ele, “em situação normal de negócio”, a política da Petrobrás é remunerar as ações preferenciais e garantir 25% de distribuição do lucro. Mas o diretor frisou que esse pagamento dependerá da avaliação da situação da estatal. “Há uma possibilidade, e ela não está sendo colocada nesse momento, mas poderá sê-lo, que se refere à não haver pagamento de dividendos. Se uma companhia, qualquer companhia, julga que há situação de estresse financeiro, há possibilidade de não haver pagamento”, explicou. O balanço divulgado nesta quarta-feira sem o aval da auditoria independente e sem baixas contábeis frustrou a expectativa de investidores. Entre julho e setembro do ano passado o lucro foi de R$ 3,1 bilhões, queda de 38% em relação ao segundo trimestre de 2014 e de 9% em relação ao terceiro trimestre de 2013. O Ebitda ajustado foi de R$ 11,7 bilhões – queda de 28% ante mesmo período de 2013. A companhia atribuiu a queda no lucro líquido ante o trimestre anterior às maiores despesas operacionais, principalmente pela baixa dos valores relacionados à construção das refinarias Premium I (R$ 2,1 bilhões) e Premium II (R$ 596 milhões), devido à descontinuidade desses projetos. Segundo a empresa, a divulgação dos resultados sem a revisão dos auditores independentes tem o objetivo de atender obrigações da companhia (covenants) em contratos de dívida e de cumprir seu dever de informar o mercado e agir com transparência no episódio da Lava Jato. A companhia diz que entende ser necessário fazer ajustes no balanço para corrigir os valores dos ativos, mas não houve consenso sobre a metodologia adequada para a correção.
Até quando os brasileiros suportarão, sem reagir, contra as mentiras repetidas sistematicamente pela propaganda oficial do desgoverno? A Presidenta Dilma Rousseff rompeu ontem seu longo silêncio midiático, para fazer um pronunciamento repleto de inacreditáveis argumentos ficcionais, na Granja do Torto, depois de uma reunião com seus 39 ministros. Dilma teve a coragem de proclamar que o governo cumpriu seu papel nas contas fiscais para manter o emprego e a renda. Viajou na maionese estragada...
O discurso dela é completamente descolado da alarmante realidade nestes tempos de crise com previsão de agravamento. O apagão energético e a carência hídrica, com risco concreto de racionamento de luz e água, vão gerar redução da atividade industrial, com efeitos danosos sobre a produção, o custo de vida e o emprego. O problema deve agravar a inflação somada à recessão. A previsão mais realista é de tensão social, com alto risco de convulsão.
O clima ruim e adverso (no sentido conotativo e denotativo) vai gerar uma pressão nunca antes vista sobre a governabilidade de Dilma. A Presidenta ficará refém de três problemas de complicada solução. Primeiro, os desdobramentos econômicos das denúncias de corrupção. Segundo, a quase certa eleição do inimigo Eduardo Cunha para a Presidência da Câmara dos Deputados. Terceiro, a autofagia dentro do próprio Partido dos Trabalhadores - que já tem "dissidentes" batendo no próprio governo, em ato de suicídio político explícito.
Dilma ontem foi obrigada a sinalizar uma de suas mais cruéis preocupações: o efeito negativo das investigações da Lava Jato (mais de 120 inquéritos) sobre as grandes empreiteiras parceiras do aparelho capimunista tupiniquim. A Presidenta já tem informações concretas de que as empresas vão promover milhares de demissões, alegando que não recebem do governo (nos cortes drásticos de gastos do Joaquim Levy) ou porque não conseguem mais firmar contratos com a administração pública. Jogam a culpa no combate á corrupção, e não no sistema de corrupção institucionalizada. A fala mecânica de Dilma vai na onda delas:
"Temos que apurar com rigor tudo de errado que foi feito. Temos que aprimorar mecanismos para que coisas como essas não voltem a acontecer. Temos que saber apurar e investigar. Nós temos de saber fazer isso sem prejudicar a economia e as empresas. Queria dizer que punir, ser capaz de combater a corrupção, não quer dizer destruir as empresas. As pessoas tem que ser punidas, e não as empresas. Temos que fazer um pacto implacável contra a corrupção. E queria dizer para vocês que punir, que ser capaz de combater a corrupção não significa, não pode significar a destruição de empresas privadas também".
Quem promove a destruição concreta do Brasil é o desgoverno nazicomunopetralha. Um projeto ideológico, que usou a corrupção como ferramenta para conquistar, manter e ampliar os espaços de hegemonia e poder, apresenta falência múltipla de seus órgãos fecais. A escatologia promovida pelo PT e seus aliados-comparsas atinge o ponto máximo na péssima administração da infraestrutura, principalmente na temerária e criminosa gestão da área de energia. Petrolão, Eletrolão e outras variações do manjado Mensalão contribuem para que a temporada de falta de chuva nos reservatórios de hidrelétricas (que também abastecem de água) agrave a incompetência na geração, distribuição e inovação energética.
Causados por projetos ruins, demora em licenciamentos ambientais, dificuldades financeiras e outras questões de responsabilidade do governo ou das empresas – os atrasos em obras no setor elétrico brasileiro impedem a entrada de 8,9 mil megawatts (MW) no sistema elétrico até o fim deste ano. A capacidade máxima atual do Sistema Integrado Nacional (SIN) é de 129,9 mil MW. Mas boa parte dessa energia está indisponível, por várias razões: pouca água nos reservatórios, manutenção ou falta de combustível em termelétricas, insuficiência de linhas de transmissão ou restrições técnicas. Dos 681 projetos de geração fiscalizados pela Aneel, 369 – 54% do total – têm algum tipo de atraso. Que vergonha!
O Apagão elétrico, na verdade originado pelo tenebroso blacaute de gestão pública, deverá atrapalhar o crescimento econômico. O Pibinho é turbinado pela incompetência, ineficiência e roubalheira. Tudo fica ainda mais grave com a ignorância do cidadão. Além de desperdiçar água e energia, a maioria da população não consegue ser enérgica na hora de protestar e cobrar soluções do governo contra a crise hídrica-energética.
Se o cenário parece ruim agora, tem tudo para piorar. A previsão é de seca para 2015, com risco de repetição em 2016. O racionamento de água e energia (sempre negado oficialmente) é bastante provável. Os brasileiros pagarão caro com inflação, desemprego, endividamento e dificuldades para quitar contas mais altas pela infeliz coincidência entre incompetência gerencial do governo corrupto e os problemas climáticos. Os ladrões vão achar graça, até que venham a sofrer alguma pressão popular. Se não forem pressionados, enriquecerão ainda mais, na próxima eleição...
Faltou espaço
Amante do Youssef?
Texto promocional da importantíssima revistinha masculina:
"Presos da Operação Lava Jato, que investiga a cobrança de propina em contratos da Petrobras, receberam a edição de janeiro da revista masculina Playboy. A publicação traz na capa a ex-amante de Alberto Yousseff, Taiana Camargo. Só os presos em Curitiba receberam a publicação sensual. Este foi um dos poucos momentos de descontração da carceragem dos últimos dias".
Alguém não gostou?
Petralhada criativa
O esquema de contrapropaganda nazicomunopetralha agora inventa versões inacreditáveis de fatos reais ou verossímeis para tentar desconstruir denúncias ou acusações concretas na mídia e nas redes sociais.
Uma das recentes e mais criativas historinhas é de matar de rir.
Trata-se de uma criativa versão sobre como o jornal Nacional da Rede Globo daria a notícia da compra da TV Paulista caso o comprador fosse o PT:
"Visando eternizar o PT no poder, José Dirceu deu um golpe nos herdeiros da TV paulista comprando o Canal de Televisão em São Paulo, como primeiro passo para criar uma rede nacional e manipular a opinião pública. O lema do novo conglomerado de mídia é: liberdade de expressão desde ela coincida com a do patrão. O golpe ocorreu há anos, mas a Justiça aparelhada pelo PT protela o julgamento no STF.
Detalhe: a TV Paulista foi a que deu origem à TV Globo São Paulo, em uma aquisição polêmica que levou o falecido Roberto Marinho às barras dos tribunais, sem que a ação nunca chegasse a um trânsito em julgado...
Golpe do Martelo
O Cofre da Petrobras
Espetacular xote de autoria de Germanno Júnior. Ouça e ria, que é sério...
Gandhi e o Professor
Quando Gandhi estudava direito na Universidade de Londres, tinha um professor chamado Peters que não gostava dele, mas Gandhi nunca baixou a cabeça e eram vários os seus encontros.
Um dia o professor estava comendo no refeitório e ele sentou-se à mesma mesa.
O professor disse:
- Senhor Gandhi, o Sr não sabe que um porco e um pássaro não comem juntos?
- Ok professor, já vou voando, responde - e muda de mesa.
O professor, aborrecido, resolve vingar-se no exame seguinte, mas ele responde brilhantemente a todas as perguntas. Então resolve fazer a seguinte pergunta:
- Senhor Gandhi... indo o Sr por uma rua e encontrando uma bolsa, abre-a e encontra a sabedoria e muito dinheiro... com qual deles ficava?
- Claro que fico com o dinheiro, professor!
- Ah! Pois eu no seu lugar ficaria com a sabedoria!
- Tem razão professor... cada um ficaria com o que não tem!
O professor furioso, escreveu na prova a palavra “Idiota” e entregou-a para ele. Gandhi recebeu a prova e sentou-se. Alguns minutos depois, foi ter com o professor e disse:
- Professor! O Sr assinou a prova, mas não pôs a nota!
Há que se ter mais cuidado e muito respeito quando se debate com um interlocutor bem mais preparado.
Dê xarope para a vaca...
In the darkness
Do apresentador Marcos Hummel, no facebook, analisando nossos tempos de carência hídrica e energética:
"Diziam antigamente: o último a sair, apague a luz. Não é mais necessário, não haverá luz para ser apagada, pode sair correndo".
Um pingo é letra?
Do imortal Mário Quintana sobre a incapacidade interpretativa do brasileiro ignorante:
"Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem".
O petistaço José Sérgio Gabrielli é liso como um bagre. Presidente da Petrobras no período em que a empresa abrigou uma quadrilha nos postos mais importantes de comando, ele, até agora, flana por aí… Aqui e ali seu nome aparece, mas, até onde se sabe, não como protagonista. É um homem realmente notável. Entre outras delicadezas, ele negou, em depoimento à Justiça Federal, que tenha havido superfaturamento nas obras de Abreu e Lima. Depôs, no caso, apenas como testemunha. Todos se lembram de qual era seu estilo à frente da empresa. Metaforicamente falando, andava sempre com uma garrucha na mão: arrogante, malcriado, autoritário. Se ladrão não for, a exemplo de alguns ex-subordinados seus, então é de uma espantosa incompetência. E não que essas duas coisas não possam andar juntas por aí. Todas as vezes que surgiram evidências de irregularidades na Petrobras e que a imprensa se interessou pelo assunto, ele armou uma operação de guerra, com jagunços virtuais encarregados de desmoralizar as investigações. Na campanha eleitoral de 2010, teve a cara de pau de afirmar que Fernando Henrique Cardoso tentara privatizar a Petrobras. Era coisa de pistoleiro político. Ele sabia tratar-se de uma mentira. Demitido da empresa, Jaques Wagner, agora ministro da Defesa, deu-lhe abrigo no governo da Bahia. Pois bem… O ex-czar da Petrobras teve seus sigilos fiscal e bancário quebrados pela Justiça do Rio de Janeiro. Junto com ele nessa ação estão réus da Operação Lava-Jato, como o também petista Renato Duque, ex-diretor de Serviços, e Pedro Barusco, o gerente da área, que topou devolver, sozinho, a bagatela de US$ 97 milhões. Os bens de todos os acusados também foram bloqueados. O caso que motivou a ação é a investigação de um suposto superfaturamento de R$ 31,4 milhões em obras do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes), na Ilha do Fundão, executada pela Andrade Gutierrez. A construtora também teve seus sigilos quebrados. Nota: na Petrobras, o encarregado por essa obra era Duque. Orçada inicialmente em R$ 1 bilhão, custou R$ 2,5 bilhões. Como informa VEJA.com, “a decisão é da juíza Roseli Nalim, da 5ª Vara da Fazenda Pública, que acolheu pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro feito em dezembro do ano passado, em ação civil pública. A investigação reúne quatro inquéritos civis da promotoria do Rio”. A origem da ação é um levantamento feito pelo Tribunal de Contas da União que constatou que as obras foram realizadas com “valores superiores aos praticados no mercado, além de firmados por preços superiores aos valores orçados pela própria estatal que, por sua vez, já traziam embutidos os sobrepreços”. O tribunal apontou ainda que “a ausência de publicidade e observância do devido processo licitatório subtraiu da estatal a oportunidade de selecionar a melhor proposta”. O festival de contas secretas no Exterior reveladas pela Operação Lava-Jato, indica que a quebra de sigilos fiscal e bancário, embora necessária, pode não ser assim tão eficaz. Vamos ver. Esse caso está fora da Operação Lava-Jato. Eu continuo fascinado com o fato de o chefão da Petrobras no período do grande descalabro ter saído, até agora ao menos, ileso. E olhem que ele é um homem ousado, capaz de negar até que tenha havido superfaturamento em Abreu e Lima, aquela refinaria orçada em US$ 2,5 bilhões e que já custou US$ 19 bilhões.
Temos de estar preparados para a possibilidade de pessoas que cometeram crimes, como os empreiteiros ou o doleiro Alberto Youssef, dizerem a verdade. E isso não os torna inocentes. Apenas põe as coisas nos seus devidos termos. Se qualquer um dos presos da Operação Lava-Jato afirmar que a lei da gravidade existe, serei obrigado a concordar. Nem precisarão insistir que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos porque, ora vejam!, é mesmo. É algo que se pode verificar empiricamente. Nem é preciso recorrer à abstração do gato de Schrödinger, que explica — ou complica — a mecânica quântica. Não entendeu esse papo de gato? Pesquise lá. É fascinante. O que estou dizendo é que pessoas pelas quais não nutrimos grande admiração moral podem falar a verdade. Antonio Augusto Figueiredo Basto, advogado de Youssef, apresentou nesta quarta à Justiça Federal a defesa do doleiro. Lá está escrito, com todas as letras, que “agentes políticos das mais variadas cataduras racionalizaram os delitos para permanecer no poder, pois sabiam que, enquanto triunfassem, podiam permitir e realizar qualquer ilicitude, na certeza que a opinião pública os absolveria nas urnas”. Em suma: Youssef foi um serviçal de um projeto de poder. Não era o líder de nada. O texto prossegue: “Não é preciso grandes malabarismos intelectuais para reconhecer que o domínio da organização criminosa estava nas mãos de agentes políticos que não se contentavam em obter riqueza material, ambicionavam poder ilimitado com total desprezo pela ordem legal e democrática, ao ponto de o dinheiro subtraído dos cofres da Petrobras ter sido usado para financiar campanhas políticas no Legislativo e Executivo”. Querem saber, o advogado de Youssef fala a verdade. Ou alguém acredita que o doleiro chegou metendo os pés da porta do Palácio do Planalto ou do Palácio do Congresso para impor a sua vontade? Ou alguém acredita que, sem a liderança dos políticos, Youssef teria conseguido vender os seus serviços? O petrolão não pode terminar como o mensalão, com os agentes políticos já na rua, e a banqueira e o publicitário presos. Afinal, a quem serviam e para quem trabalhavam? Conversei com Basto ontem à noite. Ele não está afirmando que seu cliente é inocente como as flores. Se achasse que não cometeu crime nenhum, acordo de delação premiada para quê? Ele busca justamente minimizar a pena desde que o acusado ou réu ajude a iluminar os meandros do crime — logo, crime houve. Mas alguém é tolo o bastante para supor que Youssef era chefe de alguma coisa? Conheço as leis e sei como e por que, no fim das contas, a banqueira Kátia Rabello está presa, em regime fechado, condenada a 16 anos e 8 meses de cadeia, e José Dirceu, já em prisão domiciliar e se organizando para disputar postos de poder no PT. Ora que mimo! Ele acabou condenado por um crime: corrupção ativa; ela, por quatro: gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. Digamos que a pena dela tenha sido justa… E a dele? Os advogados não se assanhem a me explicar como funciona a tipificação dos crimes e a dosimetria. Conheço isso tudo direitinho. Mas só se chega a essa perversidade técnica — então a banqueira conseguiu fazer uma quadrilha para servir ao esquema gerenciado por Delúbio, mas ele não é quadrilheiro? — porque a leitura inicial do mensalão estava errada. E só se revelou com clareza nos votos de alguns ministros, muito especialmente Gilmar Mendes, Ayres Britto e Celso de Mello. O mensalão foi uma das ações empreendidas pelo PT para tomar o estado de assalto. Foi obra, como definiu Celso de Mello no julgamento, de “marginais do poder”. Qualquer pessoa que leia direito o que vai aqui percebe que não estou pedindo para aliviar a barra de ninguém, não. Até porque, parece-me, os bens que Youssef aceitou entregar à União deixam claro que já não sairá incólume. Mas é preciso não perder de vista o que está em curso. Entendo que o agente público que pratica delinquência mereceria uma pena ainda mais severa do que a do agente privado: além de macular os interesses da coletividade, como qualquer bandido, ele também trai a confiança que nele foi depositada pela sociedade, por intermédio do ente estatal. Usa de uma posição de poder para delinquir com menos risco. Youssef certamente não agia por ideologia, partidarismo, convicção ou o que seja. A população brasileira não depositou nele sua boa-fé e suas esperanças. Mas o que dizer daqueles para os quais trabalhou, com quem negociou, para os quais operou?Por Reinaldo Azevedo