sábado, 13 de setembro de 2014

POEMA DA NOITE Da visão, por Sérgio Cohn


desfazer o puzzle
e encontrar outro dentro:
não me interessa
o que esse pôr-do-sol
na Lagoa me oferta
com seus passantes
o horizonte amplo
e a árvore fincada
em pleno desvão
da Pedra da Gávea:
as verdadeiras questões
ainda estão para ser inventadas
(mas se o olhar perco
é asa de borboleta
pura chama congelada
o sol indo de encontro
com a água)

Sérgio Cohn (São Paulo, 16 de abril de 1974) - Além de poeta é editor da Azougue Editorial. Publicou: Lábio dos Afogados (São Paulo: Nankin Editorial, 1999); Horizonte de Eventos (Rio de Janeiro, Azougue Editorial, 2002); O Sonhador Insone (Rio de Janeiro, Azougue Editorial, 2006). Como editor, organizou livros de Celso Luiz Paulini, Jorge Mautner, Vinicius de Moraes, entre outros. Além de ter realizado livros como 'Nuvem Cigana - Poesia e Delírio no Rio na Década de 1970' e Poesia.Br - Poesia Brasileira das Origens ao Século XXI.

Cartas de Buenos Aires: Uma escapadinha a Colônia del Sacramento


Gabriela Antunes
 Apenas 34 km separam a frenética Buenos Aires da bucólica Colônia del Sacramento, no Uruguai. Mas, por barco, é preciso ziguezaguear mais 13 km, pois as águas do rio da Prata não são lá muito profundas. Rasas e turvas, o rio em si não parece ser um atrativo natural. O mergulho é impossível, a visibilidade é nula, tanto que as caravelas que aí afundaram, aí ficaram.
De um lado, as poluídas baías argentinas, os portos da capital, uma cidade que dá as costas ao rio. Frenética, inquieta, impaciente, Buenos Aires morde a costa sem degustá-la. É certo que Puerto Madero, a Reserva da Costaneira e os carrinhos de comida em frente ao aeroporto Jorge Newberry tentam fazer com que o portenho e o turista não desdenhem de todo a orla portenha. Mas a verdade é que a cidade aprendeu a fechar-se em si, ignorando suas baías.
Se Buenos Aires tem um oposto, fica do outro lado do rio. A pacata Colônia del Sacramento, com suas influências portuguesas, passividade fluvial e bucolismo incorrigível também ignora sua vizinha metrópole, desdenhando o tempo e as modernidades cosmopolitas portenhas.
Uma hora de travessia parece uma ironia, uma viagem entre épocas distintas. Três grandes operadoras monopolizam o transporte entre Buenos Aires e Colônia: o Buquebus, com seus navios de porte transatlântico, a mais modesta Seacat e a menor de todas, Colônia Express. Os preços variam, mas a travessia não custa, com impostos, menos de 50 reais o trecho. Todas saem de locais perto de Puerto Madero.
Com frequências diárias, Colônia desponta como a escapadinha perfeita para mergulhar em outro tempo. E a primavera faz da viagem o momento perfeito para ver Buenos Aires do outro lado do rio. É possível ir e voltar em um mesmo dia, ou escapar por um fim de semana.
Fundada por ávidos portugueses em busca de uma rota de comércio mais ao sul do continente, em uma expedição que saiu do Rio de Janeiro, Colônia, com suas construções portuguesas, azulejos mouros e casas de pedras, não é totalmente inusitada ao olhar brasileiro. Mas suas suscetíveis invasões espanholas, francesas e sua posição geográfica fazem da mistura um bálsamo arquitetônico ajudado pelo rio, que deste lado, e apesar de barroso, não é poluído.
Não há muito que fazer, a não ser caminhar sem rumo pelas ruas de pedra, dedicar horas a um chá em um dos simpáticos cafés locais, contemplar o pôr do sol, deitar-se de ladinho no rio, escondendo-se por de trás de uma das ilhas.
Deixe seu relógio no quarto de alguma das pousadas locais porque o melhor de Colônia é não fazer nada, el “dolce far niente” que os uruguaios fazem com maestria entre siestas e chimarrões.

 
Fim de tarde em Colônia - Foto: Gabriela Antunes

Gabriela G. Antunes é jornalista. Morou nos EUA e Espanha antes de se apaixonar por Buenos Aires. Na cidade, trabalhou no jornal Buenos Aires Herald e hoje é uma das editoras da versão em português do jornaClarínEscreve aqui todos os sábados.

Mais Petrolão, mais escândalo. Delator da Petrobrás apresenta novos nomes da corrupção na Petrobrás. Istoé lista Dilma, Delcídio Amaral, Cid Gomes, Renan Filho,

http://polibiobraga.blogspot.com.br/2014/09/mais-petrolao-mais-escandalo-governo.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+JornalistaPolibioBraga+(Jornalista+Polibio+Braga)

A revista Istoé que já circula, publica ampla reportagem de capa, botando mais gasolina no incêndio que engole a Petrobrás no maior escândalo de uma estatal em todo o século, levando junto a presidente Dilma, o PT e boa pasrte da base aliada. Diz a revista que enquanto os peemedebistas adotam um método pulverizado de doação de campanha, o PT é o que concentra a maior fatia do dinheiro das empresas citadas no escândalo. Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão, Engevix e UTC destinaram R$ 28,5 milhões à direção nacional do PT. À candidata Dilma Rousseff, R$ 20 milhões foram repassados pela OAS e outros R$ 5 milhões pela UTC.No total, são 53,5 milhões, mais do que o total que Aécio recebeu até agora de todos os doadores somados, empreiteiros, banqueiros, empresários em geral. 

Istoé conta em detalhes, inclusive com nomes e valores, como o esquema na Petrobras abasteceu o caixa de aliados do governo e apresenta os novos nomes denunciados pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa na delação premiada

. A reportagem é de Mário Simas Filho, Sérgio Pardellas e Josie Jerônimo. Leia material trabalhado pelo editor em cima dela. O texto completo vai no link ao final desta nota. 

. Até agora, eram conhecidos trechos da delação do ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras Paulo Roberto Costa, considerado o maior arquivo vivo da República. Em depoimento à Polícia Federal, o ex-executivo da estatal entregou nomes de políticos e empresas que superfaturaram em 3% o valor dos contratos da Petrobras exatamente no período em que ele comandava o setor de distribuição, entre 2004 e 2012.

, A relação de nomes entregue pelo ex-executivo da Petrobras é ainda mais robusta. ISTOÉ apurou com procuradores e fontes ligadas à investigação que, além desses políticos já citados, também foram delatados por Paulo Roberto Costa o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o governador do Ceará, Cid Gomes, e os senadores Delcídio Amaral (PT-MS) e Francisco Dornelles (PP-RJ).

 . O Presidente do Senado, Renan Calheiros -  Montanhas de dinheiro abarrotaram o caixa de campanha de Renan Filho (PMDB), herdeiro político do senador. Cinco empresas relacionadas ao esquema entraram com R$ 8,1 milhões na campanha, o equivalente a 46,8% dos R$ 17,3 milhões arrecadados pelo diretório estadual do partido, presidido pelo parlamentar. No fim de agosto deste ano, um cheque de R$ 3,3 milhões da Camargo Corrêa irrigou o caixa controlado por Renan. Para que os recursos não saíssem diretamente para a campanha do filho do presidente do Senado, o dinheiro foi pulverizado em campanhas de deputados estaduais de diferentes partidos que compõem a coligação formada em torno de Renan Filho.
Partidos como PDT, PT, PCdoB e PROS dividiram os recursos.

 . O Presidente da Câmara, Eduardo Alves -  Ele nega ter recebido recursos de Paulo Roberto Costa, mas, a exemplo de Renan, tem a campanha abastecida por empresas situadas no epicentro do escândalo. Henrique Eduardo Alves lidera a corrida ao governo do Rio Grande do Norte. Até agora, recebeu R$ 6,7 milhões de três empreiteiras apontadas no esquema de desvio de verbas da estatal.

. O ex-presidente do PP, Francisco Dornelles - O senador Francisco Dornelles, alvo do delator Paulo Roberto Costa. Ele obteve R$ 400 mil da Andrade Gutierrez e R$ 800 mil da Queiroz Galvão

. O filho do Ministro de Minas e Energia -  Ainda no Estado maranhense, o filho do ministro de Minas e Energia, integrante da lista de Paulo Roberto Costa, e candidato do PMDB ao governo do Maranhão, Lobão Filho, recebeu para sua campanha R$ 500 mil da empresa Andrade Gutierrez. A PF apura ligações do candidato com a empresa fornecedora de material para a construção da refinaria, no município de Bacabeira. O ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau atua há muito tempo nessa área para a família do ex-presidente José Sarney (PMDB), pai da governadora do Maranhão, Roseana Sarney. Quando saiu do ministério, Rondeau foi trabalhar na Engevix, uma das cinco empreiteiras abraçadas pelo escândalo.

. O senador do PT e candidato ao governo do Mato Grosso, Delcídio Amaral - Recém-incluído na rumorosa relação do delator, o senador petista Delcídio Amaral também obteve recursos para sua campanha de empresas mencionadas como integrantes do esquema. A campanha de Delcídio ao governo de Mato Grosso do Sul recebeu R$ 622 mil da OAS, R$ 2,8 milhões da Andrade Gutierrez e R$ 2,3 milhões da UTC. Entre 2000 e 2001, Delcídio ocupou a diretoria de Gás e Energia da Petrobras.

O líder do PMDB,  deputado Eduardo Cunha -  É  outro integrante do PMDB incluído na lista do ex-diretor da Petrobras

. O ex-líder do PT, Cândido Vacarezza - O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) foi agraciado com R$ 150 mil provenientes da UTC. J

. O governador do Ceará, Cid Gomes, do Pros - Na delação que fez à PF, Paulo Roberto Costa menciona ainda o governador Cid Gomes, do Ceará, com quem negociou a instalação de uma minirrefinaria no Estado. O projeto seria apenas uma fachada para um esquema de lavagem de dinheiro por meio de empresas que nunca sairiam do papel, conforme ISTOÉ denunciou em abril. “Não sei quem é Paulo Roberto. Nunca estive com esse cidadão e sou vítima de uma armação de adversários políticos”, disse o governador Cid Gomes à ISTOÉ na tarde da sexta-feira 12.

. Pelo que se pode depreender até agora, as movimentações feitas com os recursos desviados da Petrobras abrangem o caixa formal dos candidatos, como mostra esta reportagem, e também dinheiro de caixa 2. No curso de seu trabalho para desvendar as tenebrosas transações, Sérgio Moro deu uma ordem: não quer depender de grampos ou suposições e vai fugir da “teoria do domínio do fato”, método que permeou o julgamento do mensalão, o maior escândalo de corrupção dos governos do PT.

MARINA OU DILMA: NEOCOMUNISMO COM PAI NOSSO OU SEM PAI NOSSO?


por Percival Puggina. Artigo publicado em 

 Atribui-se ao jornalista Cândido Norberto a frase segundo a qual, em política, pode acontecer tudo, inclusive nada. Por exemplo: pode explodir um avião sobre o cenário eleitoral; pode acontecer algo enigmático, tipo vir à superfície mais um escândalo e o governo melhorar sua posição. E também pode acontecer nada, pelo simples motivo de que parcela imensa da população, em flagrante desânimo, joga a toalha no ringue. As pesquisas desta semana indicam que nação está agendando um encontro de boi com matadouro. E vai abanando o rabo na direção de um entre dois neocomunismos: o sem Pai Nosso de Dilma ou o com Pai Nosso de Marina.
É possível que o leitor destas linhas pense que estou paranóico. Não, meu caro. Pergunto-lhe: você leu o documento final do 20º Encontro do Foro de São Paulo (aquela organização que a grande mídia nacional diz que, se existe, não fede nem cheira?). Quem lê o referido documento não só fica sabendo que o bicho existe, mas que é poderoso e bate no peito mostrando poder. O texto exalta o fato de que, em 1990, no grupo de partidos alinhados sob essa grife, apenas o PC Cubano governava um Estado nacional. Hoje, estão sob manto do FSP, entre outros, Brasil, Uruguai, Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Venezuela, El Salvador e Nicarágua. Se observar bem, verá que a lista contém a nata dos comunismos e socialismos bolivariano, cocaleiro, maconheiro, bananeiro e por aí vai. E se escrutinar caso a caso vai encontrar dirigindo esses países, em seus vários escalões, aos cachos, ex-guerrilheiros comunistas que, em momento algum, extravasaram arrependimento ou deserção das antigas fileiras. Uma parceria e tanto, essa que o Brasil integra na condição de grande benemérito e tendo o PT como sócio fundador.
O Foro de São Paulo, como bem mostra Olavo de Carvalho, é a chave de leitura para o que acontece, não apenas na política nacional, mas nas nossas universidades, na nossa economia, nos negócios externos e na tal geopolítica "multipolar" que nada mais é do que um passo adiantado na direção de um projeto de hegemonia e totalitarismo sobre a região. E é para lá que vamos se, confirmando-se o dito com que abri este texto, já aconteceu tudo e nada mais há para acontecer.
Se olharmos pela janela, veremos que a economia brasileira está parando. A cartola de sortilégios do ministro Mantega está tão vazia quanto os cérebros que nos governam. O que houve? Nada que não possa ser explicado pela sujeição nacional a um governo com estratégias erradas. A Venezuela já não está com polícia nos supermercados? Não se contam cinco décadas de escassez e filas em Cuba? A outrora próspera Argentina, não se encontra em plena decadência?
As parcerias do FSP adotam exitosas técnicas de sedução eleitoral. Mas exercem o poder de modo desastroso. E Marina vem na mesma toada. Ela nasceu para a política como líder comunista. Revoltada com a vida e com o mundo, como costumam ser os líderes comunistas. Marina não entendia o motivo pelo qual abrir trilha na floresta e riscar casca de seringueira não transformava o cidadão acreano num próspero suíço. Saiu da floresta, estudou, ganhou mundo, quer presidir o Brasil. Mas se não esconjurar as ideias que tinha quando ministra, ela é um apagão eminente.
_____________
* Percival Puggina (69), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
 

HUMOR - CHARGE DO FAUSTO

Esta charge do Fausto foi feita originalmente para o

Cartas de Seattle: Quando reciclagem de lixo dá trabalho


Melissa de Andrade
Ah, bons tempos aqueles em que coleta seletiva significava separar lixo seco e lixo molhado. Em Seattle, jogar lixo no lixeiro requer atenção redobrada. Pode haver três, quatro opções – uma do lado da outra. E não necessariamente as mesmas opções em todo lugar. É comum ver gente indecisa diante dos cestos de lixo, a mão suspensa no ar esperando a decisão pelo repositório certo. 
Reciclado ou compostável? Compostável ou lixo comum?
Parece fácil? Não é.

Tem lugar que tem um cesto para vidro, um cesto para plástico e um cesto para o lixo comum. Aí você fica com pena de jogar fora o papel perfeitamente reciclável no lixo comum, só porque naquele lugar a quantidade de papel reciclável acumulada não justifica uma coleta específica. O papel sem uso volta pra bolsa, à espera de um lixeiro ecologicamente correto. 

E o lixo doméstico?
A prefeitura tem um manual com os tipos de lixo que são coletados em cada região da cidade. Tem lugar em que vidro precisa ser colocado em containers separados. Tem lugar em que resíduos de jardim (folhas, galhos, etc) são coletados separadamente. Tem lugar que não recicla alumínio. As instruções ensinam até a triturar papel corretamente, com aquelas maquininhas portáteis tão comuns por aqui, “para não danificar a fibra e comprometer o reaproveitamento do material”.
Não pode amassar nem picar papel. Não pode colocar sacola de plástico no lixo reciclável. Não pode colocar tampa de garrafa. Não pode colocar certos tipos de papelão. E por aí vai.
Jogar lixo fora pode exigir todo um conhecimento especializado. E não é necessariamente porque todo mundo em Seattle é super engajado. É porque coleta errada dá multa. Simples assim.
E se você, com todas as boas intenções, acabar escolhendo o cesto errado para depositar seu lixo num ambiente público, é capaz de ouvir uma crítica no melhor estilo passivo-agressivo de um típico morador de Seattle: “Acho que você não viu que a lixeira compostável fica ao lado”. A patrulha local pode ser implacável, ainda que sob o manto “legal” do jeito Seattle de ser.

Coleta de lixo em Seattle - Foto: Ted S. Warren / AP 

Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido. Ama teatro, gérberas cor de laranja e seus três gatinhos. Atua como estrategista de Conteúdo e de Mídias Sociais em Seattle, de onde escreve para o Blog do Noblat.

POEMA DA NOITE Quem somos nós agora, por Sérgio Cohn


o que nosso tempo dita
no vício de estar vivo
entre pares
no rastro no rastilho
desta festa de imprevistos
corpo novo
amalgamado ao meu
onde todo ruído branco
se perde em significados
& as frutas
luzem no espanto
do quarto escuro
cintilam as gotas
contra a persiana cerrada
o ar melado de fumo
o húmus o introspecto
sorriso que nada atinge
na mão o copo evaporado
sem prumo
no chão Hakin Bey & Back
“je suis um revolutionaire”
um ou outro universo
esquecido
as vozes ardem
contra a mente
esta noite
e lá fora a chuva
é o silêncio
de todas as coisas:
vozes, sons perdidos
o copo evaporado
de eras
o fértil, o terrível
Iporã, espaço aberto
onde tudo é possível
“ou a total liberdade
no reino da impossibilidade”
ecoa a amiga
antes de desaparecer

Sérgio Cohn (São Paulo, 16 de abril de 1974) - Além de poeta é editor da Azougue Editorial. Publicou: Lábio dos Afogados (São Paulo: Nankin Editorial, 1999); Horizonte de Eventos (Rio de Janeiro, Azougue Editorial, 2002); O Sonhador Insone (Rio de Janeiro, Azougue Editorial, 2006). Como editor, organizou livros de Celso Luiz Paulini, Jorge Mautner, Vinicius de Moraes, entre outros. Além de ter realizado livros como 'Nuvem Cigana - Poesia e Delírio no Rio na Década de 1970' e Poesia.Br - Poesia Brasileira das Origens ao Século XXI.

MENTIRA



MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

                                                           “Não é permitido irritarmo-nos com a verdade”
                                                                                                                                         Platão
                                                                                                     
São Tomás de Aquino oficializou na Suma Teológica, século 13, os sete pecados capitais que o papa Gregório Magno definiu, com base nas Epístolas de São Paulo. São: a avareza, gula, inveja, ira, luxúria, soberba e preguiça. É curioso que não conste entre eles, a mentira…
Sem medo de pecar, os lulo-petistas – muitos deles ateus praticantes – se converteram nos últimos 12 anos, porque é através da mentira que o PT constrói o seu projeto de manter o poder por 20 anos.
Parece que a militância petista adquiriu o vírus prescrito pelo festejado cronista Pitigrilli: “a mentira é contagiosa como a gripe. Onde haja um mentiroso, todos mentem pelo contágio”. Quem seria melhor do que Lula como responsável pela epidemia?
Na campanha para a reeleição, Dilma Rousseff discursa: “Vou investir 100% do lucro do petróleo na Educação”, contrariando o relatório da Petrobras à CVM que antevê prejuízo de R$1.346 bilhão da estatal no 2º semestre.
Esta, porém, fica no varejo das mentiras de Dilma no balaio dos PACs, das 6.000 creches, dos 800 aeroportos, da escola pública de qualidade, da saúde à beira da perfeição e da crise econômica internacional produzindo no Pibinho…
O médico Arthur Frazão, estudioso dos distúrbios de personalidade, aponta a mitomania como uma tendência compulsiva pela mentira. E a diagnostica como uma doença, mentira obssessivo-compulsiva.
Para o doutor Frazão, na mitomania o mentiroso obssessivo-compulsivo mente para tirar vantagens, e nunca admite suas mentiras. Tem, porém, plena consciência do seu hábito de mentir, mas não se constrange quando suas mentiras são descobertas.
Também o cientista alemão Anton Delbrück afirmava que a mentira compulsiva é uma doença, seria a “pseudologia fantástica”, uma patologia em que o hábito de mentir extrapola limites sociais (e políticos) aceitos.
A contaminação da mentira na família lulo-petista é um fato científico. Quem não se lembra da história de Zé Dirceu morando não-sei-quantos anos com uma mulher sem revelar sua verdadeira identidade? E de Zé Genoíno inventando uma enfermidade para não cumprir a pena imposta pelo STF? E do próprio transmissor da doença, Lula da Silva, dizendo e se desdizendo que não sabia de nada a respeito do Mensalão?
Dizia Bismarck: “As pessoas nunca mentem tanto como antes de uma eleição”, palavras que constatamos verdadeiras, diante dessa pandemia de mentiras. No caso de Dilma, se agrava na campanha reeleitoral a contaminação viral da gripe lulo-petista.
Inventa obras inacabadas e até invisíveis, exibindo-as no balcão fraudulento da propaganda eleitoral do PT. Engendrou para Aécio Neves um esquema de corrupção num aeroporto mineiro; e, sem nenhum pudor, usou a educadora “esquerdista” Neca Setubal, para acusar Marina de se apoiar em banqueiros. Neca é dona de apenas 1,3% das ações do grupo Itaú, e, incrível, participou da campanha do “poste” Fernando Haddad…
As acusações feitas aos adversários são imposturas transparentes. Vai a um pequeno aeroporto no interior das Minas Gerais, enquanto financia mais de US$ 150 milhões em aeroporto de Cuba com dinheiro público, sem prestar contas à Nação; e mexe com uma educadora, parente de banqueiro, quando o seu governo dá à banqueirada nacional e estrangeira lucros jamais vistos neste País.
Quando Dilma repete, como um disco de vinil furado, promessas que não cumpriu durante todo o governo, e as vantagens que o pré-sal trará com os lucros por vir dele, levanta suspeita, porque a tragédia do mentiroso é que, mesmo falando a verdade, ninguém acredita nele… Essa obsessão-compulsiva dela revela a gigantesca fraude do momento: É ela própria, Dilma, uma mentira de Lula.

O Culpado Principal



Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos Maurício Mantiqueira

O mais infame responsável pela situação em que se encontra o país, é , sem dúvida, o poder judiciário.

Intocados desde os tempos coloniais, subservientes a todos os governos e indulgentes com os erros de seus membros que se defendem mutuamente, os juízes estão surdos aos reclamos da sociedade, cegos diante de enormes injustiças que causam por ação ou inação e mudos às evidências de putrefação das instituições.

Não há remendo possível.

É necessário recomeçar do zero.

Só poderão ser juízes, advogados de mais de cinquenta anos de idade e dez de profissão, de reputação ilibada, escolhidos por sorteio entre os candidatos, para um único mandato fixo de cinco anos, proibida a prorrogação sob qualquer pretexto ou motivo.

Uma remuneração altíssima para cada um evitará tentações e a soma de todas será infinitamente menor que o volume dos roubos hoje praticados contra o erário por políticos e apaniguados.

A perda automática do cargo será aplicada aos que julgarem contra disposição expressa da lei.

Acaba-se com o abuso criminoso hoje cometido pelos que nos impõem o seu arbítrio.


Carlos Maurício Mantiqueira é livre pensador.

Lula, Dilma e Marina abusam de demagogia religiosa contra Aécio que agora teme perder votos até em MG


Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Sem apresentar e debater soluções concretas para os problemas urgentes do Brasil, Lula, Dilma Rousseff e Marina Silva adotam um discurso demagógico, paternalista e pseudo-religioso na campanha presidencial de 2014. Visivelmente sabotado em sua campanha, Aécio Neves acaba demonizado pela ofensiva messiânica das adversárias e do semideus Lula. Aécio deixou ontem transparecer que, agora, seu maior medo é perder para Dilma em Minas Gerais...

Ontem, cinco mil pessoas que lotaram o Centro de Convenções Studio 5, em Manaus, presenciaram dois momentos do triste espetáculo de mistificação. Uma militante petista do palco, durante cinco minutos, pediu que “nosso senhor Jesus Cristo tenha misericórdia daqueles que apedrejam a Bíblia” e para que Jesus se voltasse para Dilma, Lula e Eduardo Braga, “para que eles sejam eleitos”. No final da imprecação, levou a plateia a rezar um Pai Nosso, focando a oração, principalmente, em Lula – que sempre teve a imagem profanamente comparada a Cristo.

Lula, que se adapta camaleonicamente a qualquer discurso, aproveitou a deixa para se apresentar como “o Pai”. Lembrou que escolheu Dilma para sucedê-lo em 2010 porque havia encontrado alguém para “cuidar de uma família de 200 milhões de pessoas, a família Brasil”. Afirmando que se sentia como um “pai dos brasileiros”, Lula implorou: “A gente só deixa cuidar do filho da gente quem a gente gosta e confia, não deixa na mão de qualquer um, a gente escolhe com carinho. Não é hora de brincar com este país, é hora de votar na pessoa certa para continuar fazendo as coisas certas”.

O jogo fica mais complicado que nunca. Aécio tenta enfrentar os adversários com discurso racional, advertindo: “O que eu temo é que, se nós não formos para o caminho correto, daqui a quatro anos poderemos estar vivendo a mesma frustração que hoje os brasileiros vivem, com os equívocos do atual governo. O governo federal, a Presidência da República, não é local para aprendizado”.

Mas as adversárias Dilma e Marina, na mesma toada de Lula, apelam para o discurso emocional, messiânico, que acaba seduzindo a maioria do eleitorado – também induzido pelos resultados das pesquisas que indicam a impotência eleitoral de Aécio Neves, diante da força de Dilma (que volta a subir nas intenções de voto, apesar dos desgastes e lambanças de seu desgoverno) e da “sustentabilidade” de Marina – vendida como favorita a disputar um eventual segundo turno com Dilma.

A estranha sucessão presidencial, baseada em ações religiosas e cheia de candidatos oriundos do sistema petista, exceto Aécio Neves e o Pastor Everaldo, caminha para resultados infernais... Os escândalos explodem... Mas, aparentemente, não afetam o desempenho eleitoral do PT. Quando afetam, abrem espaço para a Marina - e não para o Aécio... Eis o drama tragicômico da sucessão incompreensível...

Será que estamos na eleição para presidente do Vaticano e não nos informaram?

Estarrecedor


Sabia de nada – como sempre...



Manda para onde?




© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 12 de Setembro de 2014.

FICA, GUIDO!


Anhangüera

Alexandre Schwartsman
Alexandre Schwartsman

Vocês já conhecem Alexandre Scwartsman, um dos poucos economistas que falam em uma língua acessível à nosotros, pobres mortais. Recentemente sofreu covardes ataques governistas, por ter clareado um ou outro mistério envolvendo o Banco Central. Sem mais delongas, seu artigo.

Originalmente na Folha de S. Paulo, edição de 10 de setembro de 2014

Passei o fim de semana desnorteado. A presidente antecipou a demissão do ministro da Fazenda, que agora que desfruta da inédita condição de ex-ministro em atividade, com consequências funestas para a temperatura de seu cafezinho (pelo que me lembro, o café da Fazenda já era particularmente abominável; frio então…), assim como para qualquer iniciativa que ainda pretenda tomar no campo da política econômica.

Funestas serão também as implicações para minha vida de colunista. Desde que aceitei o convite para escrever uma vez por semana neste espaço sempre me angustiei com o tema da coluna. Suores frios, insônia, o tic-tac implacável, o cursor piscando na tela em branco… Nestas horas, porém, sempre pude contar com a contribuição inestimável de Guido Mantega: quase toda semana ele me ofereceu, de forma mais que graciosa, ideias para meus artigos, ideias que, francamente, minha parca imaginação jamais atingiria.

O desmantelamento do tripé macroeconômico, por exemplo, rendeu dezenas de colunas. A possibilidade de avaliar a tal da “nova matriz macroeconômica”, em particular prever seu fracasso com anos de antecedência (não estou me gabando: qualquer bom aluno de graduação chegaria às mesmas conclusões) foi imprescindível para o enorme sucesso desta coluna entre todos os meus 18 leitores.

Não foram poucas também as chances de detalhar as várias instâncias de contabilidade criativa: o Fundo Soberano, os empréstimos para o BNDES, a contabilização da venda de ações da Petrobrás em troca de direitos de exploração de petróleo como receita da União e, mais recentemente, a “pedalada”, entre tantos outros. Cada uma destas foi objeto de mais de um artigo e, para ser sincero, este veio ainda não se esgotou.

Isso sem contar as oportunidades únicas de comparação de declarações ministeriais prestadas em momentos distintos e geralmente contraditórias. No dia 30 de maio deste ano, por exemplo, ao comentar o pibículo do primeiro trimestre, o ministro afirmou que “a Copa do Mundo deve ajudar a melhorar a economia do país, e que o resultado do PIB no segundo trimestre provavelmente será melhor que no primeiro”.

Confrontado, porém, com a queda do PIB no segundo trimestre e a revisão para baixo do desempenho no primeiro,“o ministro culpou o cenário internacional, a seca (…) e a redução de dias úteis em função da Copa pelo resultado negativo da economia brasileira”. Por outro lado, segundo ele, não devemos nos preocupar, pois “provavelmente vai chover muito em 2015″

Desconfio ter me empolgado, mas, pelos exemplos acima deve ficar claro que a presença de Guido Mantega no Ministério da Fazenda é garantia contra bloqueios criativos, pelo menos no caso de colunistas econômicos à busca de temas. Não é outro o motivo da minha preocupação com a crônica da demissão anunciada.

Ao contrário da The Economist, que tempos atrás pediu de forma irônica a permanência do ministro, apelando à psicologia reversa, eu sou franco em meu apelo, ainda mais porque se trata, como se viu, de matéria do meu mais profundo interesse. 

Acredito, inclusive, que seria caso de mantê-lo como ministro qualquer que seja o resultado da eleição. Não é que eu deseje o mal do país, mas poderíamos deixá-lo na mesma posição que hoje ocupa, isto é, sem qualquer relevância para a formulação ou execução da política econômica; apenas para nosso entretenimento.

Agradecimento

Aproveito o espaço para agradecer às muitas expressões de apoio e solidariedade referentes à tentativa frustrada do BC em abrir queixa-crime contra mim por críticas à política adotada pela instituição, refletida na taxa de inflação acima da meta bem como acima do intervalo de dois pontos percentuais ao seu redor. Tivesse mais do que os cerca de 3800 caracteres desta coluna, agradeceria a cada um pessoalmente; na impossibilidade, manifesto aqui minha gratidão a todos.


• * ALEXANDRE SCHWARTSMAN – DOUTOR EM ECONOMIA PELA UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA, BERKELEY, E EX-DIRETOR DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS DO BANCO CENTRAL DO BRASIL É PROFESSOR DO INSPER E SÓCIO-DIRETOR DA SCHWARTSMAN & ASSOCIADOS


(HTTP://MAOVISIVEL.BLOSPOT.COM)
E-MAIL: ALEXANDRE.SCHWARTSMAN@HOTMAIL.COM

EDUCAÇÃO FALIDA


Rapphael Curvo

Raphael Curvo
Raphael Curvo

Antigamente para uma pessoa ser destaque em um grupo social, muito da sua inteligência e sabedoria era considerada, além, é lógico, da sua formação profissional que dava um fecho de status social. A sociedade tinha nesses grupos profissionais verdadeira admiração e respeito. Geralmente eram eles os dirigentes de instituições, organizações políticas e sociais e por aí vai. Para ser presidente da República era exigência fundamental, afinal, o País tinha na capacidade intelectual e profissional do seu chefe maior, o seu futuro, o seu desenvolvimento. Entrava nessas avaliações dos profissionais de destaque, a origem de sua formação, sua escola e, pasmem, a credibilidade de seus professores. Todos esses dados eram importantes para a avaliação do grupo social e da sociedade em geral.

Belo passado. E hoje, o que temos? Quais nossos valores de referência para o “fecho do status social”? Sinceramente, quero continuar no tema, mas está difícil. A razão é que, atualmente, não temos mais valores de referência, nem educacional, nem social e muito menos político. Salvo alguns “perdidos” nesse mar de incompetências e incapacidades, estamos órfãos. Sei que muitos de nós, da geração anterior aos anos 80, tínhamos sempre vários líderes políticos e sociais que davam um norte aos nossos sonhos de um dia chegar lá, no topo profissional. E mais, havia uma equipe de professores sempre admirada e temida, além de muito respeito por ela. Lembro-me de um deles, entre tantos, que não foi meu professor, mas era referência de todos por décadas, o mestre Cesário Neto. Sábio, capaz e conhecedor daquilo que ensinava, um mito na educação. Você conhece hoje algum mito na educação de sua cidade? Do seu Estado?

Acredito que a pergunta acima não terá resposta nos dias atuais, mas é provável que o nosso jovem saiba de todos os que foram agredidos e ameaçados em sala de aula, inclusive o nome do professor que mais apanhou. O problema são os alunos ou são eles consequência da falta de referência? Será a falta de exemplos sociais e políticos ou dos novos valores? Por que chegou ao vale tudo para ser qualificado no seu meio social? Dirão muitos a essas questões: os valores estão no que aparentam e a aparência exige exposição. Não creio. Nos anos 60/70 sempre valeram a exposição pelas vestimentas de marcas, carros e outros movimentos em busca de liberdade de agir etc. Nunca houve agressões em salas de aula muito menos com professores e se ocorressem eram sumariamente expulsos os alunos infratores. A qualificação e o respeito profissional existiam.

Acontece que houve uma transição nada benéfica para o Brasil e sua juventude, muito menos para a Educação, dos anos 70 para os anos finais da década de 90. O jovem brasileiro começou a perder identidade, não havia mais lutas políticas e o País perdeu força para questionar a si próprio. Aconteceu uma mistura de todos os matizes possíveis que tinha como base a democracia, não no sentido ideológico, mas de interesses pessoais. A geração que começou a ser forjada intelectualmente naquele período, como em busca de uma identidade, deu um forte arranque na direção das drogas pela queda do fator educacional ante a desqualificação de profissões que tinha inicio nas décadas de 80/90 e com ela, a de educadores que começava a sucumbir.

Os valores sociais pela sabedoria e inteligência naufragaram ante a sociedade de consumo que  emergiu. O médico, como exemplo, já não tinha a mesma força social ante uma boa conta bancária. Os postos da administração pública se tornaram um balcão de negociatas e de domínio por políticos. A competência, capacidade e preparo deu lugar aqueles bons “negociadores”. Repartições públicas, principalmente na esfera federal, se transformaram em verdadeiros feudos políticos, como exemplo a área de energia de domínio da família Sarney. Essa situação tem tanta força que até o PT, o partido que trazia a mensagem da moralidade, aderiu a ela de corpo e alma.

Os resultados de levantamentos de dados pelo instituto federal, de avaliação educacional, ainda não o levou a perceber que o processo educacional brasileiro está à deriva. Não há uma identidade entre as necessidades de vida e da forma de viver dos jovens com as instituições de ensino. Não há aproximação entre as carências do mercado de trabalho e a preparação pelo ensino. Inexiste sintonia entre a forma de preparar os educadores com as reais exigências. Incompreensível a inadequação da grade curricular. A educação precisa de nova forma de existir. A Educação está falida.

Rapphael Curvo

Jornalista e Adv. Rapphael Curvo

raphaelcurvo@hotmail.com

Adv. Ellen Maia Dezan Curvo

OAB/SP 275669

ellendezan@hotmail.com

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