sábado, 28 de abril de 2012

Chargistas traçam a política colonialista do Brasil




Crítica e aprovação

‘A CPI está mais para arca do que para dilúvio…’



De um congressista que frequenta CPIs desde a do Collorgate: “Todo mundo diz que a nova CPI foi criada para investigar. Bobagem. A investigação está feita. Consumiu duas rumorosas operações da PF…”
“…A primeira, Vegas, mirou o Cachoeira e acertou o mar. A segunda, Monte Carlo, veio para detonar um dique erguido na Procuradoria-Geral da República. Como não há represa que segure o mar, as comportas foram arrombadas…”
“…Do modo como foi feita, a CPI está mais para arca do que para dilúvio. No momento, selecionam-se os bichos que serão salvos. Corre-se o risco de repetir o erro de Noé, que não barrou a entrada de ratos e baratas.”

A MÃE QUE JOGAVA UM BOLÃO (por Carlos Chagas)



Por Carlos Chagas
                                                 Dois adversários empenhavam-se em acirrada disputa, tanto faz se política, artística ou esportiva. Um deles, no auge da emoção, afirmou pejorativamente  que determinada  cidade  só produzia jogadores de futebol ou prostitutas. Ofendido, o outro retrucou dizendo-se ofendido, pois  a mãe dele havia nascido e morava  naquela cidade. Caindo em si o destemperado treplicou: “Pois é. A sua mãe está jogando um bolão...”
                                                        Essas firulas verbais servem para demonstrar que certas  tertúlias tem  limite. Ao contrário de outras,  não constituem  embate de vida e de morte, havendo sempre uma janela aberta para alguém escapar. É o caso, por exemplo, do PT e do PMDB,  na luta pela prefeitura de São Paulo.
                                                        Fernando Haddad  e   Gabriel Chalita trocam farpas, não raro se agridem e fazem o impossível para continuar à tona na competição, esperando cada um passar para o segundo turno, já que o verdadeiro inimigo deles é José Serra, do PSDB, com lugar garantido. Chalita imagina contar com o apoio de Haddad, e vice-versa, na dependência dos resultados de outubro.  Por isso não chegam aos limites do rompimento definitivo, deixando sempre uma alternativa, mesmo às vezes ridícula como aquela do cidadão que elogiou os dotes futebolísticos da  mãe  do adversário.

AMIGO DA ONÇA

                                                        De certos amigos, aliados e correligionários, é sempre bom desconfiar. Pelo menos, essa desconfiança  tomou conta do comitê de campanha de José Serra, e do próprio candidato,  depois de lida  entrevista do senador Aécio Neves, concedida ontem à Folha de S. Paulo.  Porque o ex-governador de Minas  admitiu a hipótese de Serra, elegendo-se prefeito de São Paulo, vir a renunciar, abandonando o mandato, para candidatar-se a presidente da República.
                                                        Foi um comentário digno do Amigo da Onça, porque do que menos Serra gostaria de debater, agora, seria sobre deixar dúvida em seus possíveis eleitores de  não cumprir até o fim o compromisso de governar a maior cidade do  país. Já renunciou uma vez, colhendo frustrações aparentemente desfeitas, mas relembrar o episódio, mesmo de forma indireta, pode ser prejudicial.  Em especial quando levantada a possibilidade pelo seu principal competidor no âmbito do PSDB.
                                                        Imaginar apenas boa vontade ou ingenuidade nas declarações de qualquer político mineiro equivale a correr um risco dos diabos. Estaria Aécio Neves tentando sepultar de vez a candidatura paulista, para ficar absoluto na disputa entre os tucanos?

CONTA-GOTAS INESGOTÁVEL

                                                        Não se passa um dia sem que algum veículo de comunicação deixe de apresentar um capítulo a  mais nessa novela que tem Carlinhos Cachoeira como vilão. São transcrições de telefonemas dados ou recebidos pelo bicheiro, deixando mal seus interlocutores, como são  informações tiradas de alguma das milhares de páginas do relatório da Polícia Federal sobre a Operação Monte Carlo. De graça essas coisas não acontecem, quer dizer, existe um centro de abastecimento da mídia que  alimenta permanentemente  o noticiário. Saber onde se localiza a fonte, ou as diversas fontes, constitui missão impossível. As conclusões da Polícia Federal  estão com a própria instituição, com o Supremo Tribunal Federal, com o Conselho de Ética do Senado, com a CPI mista agora instalada, com o ministério da Justiça, com a Abin e onde mais? Parece uma peneira, ou, em outra imagem, um conta-gotas   alimentado por um oceano.

FALTOU UM

                                                        Ninguém, no Congresso, tem lutado tanto contra a impunidade do que o senador Pedro Simon. Há décadas ele bate todos os dias nessa tecla, exortando governos e sociedade a combaterem o grande mal que assola o país. Como por sua independência é visto com desconfiança pelos líderes do PMDB, jamais foi incluído numa CPI sequer. Eles tem medo da  metralhadora giratória capaz  de atingi-los,  aliás, com razão. Não se dirá que Simon faz falta na CPI do Cachoeira, porque como senador, tem todas as prerrogativas para comparecer, opinar e inquirir possíveis  depoentes.  Ficam mal aqueles que não o escalam, porque entrar em campo, ele vai entrar. Ou melhor, já entrou...
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Espírito Santo tinha ‘filas’ para fraudar licitações


28/04/2012 | 00:00


O inquérito da Policia Federal na Operação Lee Oswald, no Espírito Santo, descobriu uma quadrilha que organizava “filas de empresários” para fraudar licitações no Estado e municípios, incluindo a região metropolitana de Vitória. Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça comprovam o esquema e indignaram o desembargador Pedro Valls Feu Rosa, presidente do Tribunal de Justiça, que meteu na cadeia, entre outros, um prefeito, quatro vereadores e quinze empresários.

Claudio Humberto

Patrimônio de Demóstenes quadruplicou após ser reeleito



FolhaPress
FotoSENADOR DEMÓSTENES TORRES
O patrimônio do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) praticamente quadruplicou quatro meses depois das eleições de 2010, quando se reelegeu senador. Neste período, Demóstenes declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 374 mil. Na relação de bens apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não havia nenhum imóvel. O parlamentar listou um carro de R$ 102,4 mil e R$ 63,3 mil em contas bancárias. Informou ainda ter duas aplicações financeiras que não chegavam a R$ 10 mil. Pouco tempo depois, o parlamentar chegou a comprar do seu suplente, o empresário Wilder Morais, um apartamento em um dos prédios mais luxuosos de Goiânia (GO), no valor de R$ 1,2 milhão. A transação imobiliária ocorreu três meses após a Construtora Orca, de propriedade de Wilder, comprar o imóvel de outra empresa goiana.
Claudio Humberto.com.br

TERIA SIDO ELEITO?

PERCIVAL PUGGINA

Tarso Genro teria sido eleito se tivesse informado, durante a campanha eleitoral, que tentaria elevar a contribuição previdenciária dos servidores para 16,5% - uma de suas primeiras providências após a posse? Os deputados que o apoiam teriam sido eleitos se tivessem informado aos seus eleitores que votariam um aumento dessa alíquota para 14% (valor a que chegaram após "negociações" internas) e que foi considerado pelo Poder Judiciário tão inconstitucional quanto um confisco de vencimentos? Farão, agora, uma tentativa de elevar para 13,5%... 

Tarso teria sido eleito se, em vez de bater no peito e proclamar que a Lei do Piso Salarial do Magistério leva a assinatura dele, tivesse declarado, durante a campanha, que só iria pagar esse piso no longínquo mês de novembro de 2014 (se o mar estiver calmo, o céu estrelado e a brisa fresca e suave)? 

Tarso teria sido eleito se, em vez de prometer, como fez, que as questões do magistério seriam tratadas pessoalmente com ele, governador, tivesse dito que faria o contrário disso, como de fato fez, "negociando" sempre através de prepostos? 

Tarso teria sido eleito se tivesse prometido inspeções veiculares, aumento do valor de taxas do Detran, criação de centenas de CCs para companheiros, majoração imediata dos valores dessas funções bem acima do concedido aos servidores de carreira e 13º salário para secretários de estado? 

Dilma teria feito no RS os votos que fez se, em vez de prometer o metrô para Porto Alegre, tivesse dito que a União entraria com menos de uma terça parte do valor da obra e somente ao final de sua construção, ou seja, bem depois do término de seu mandato? 

Conheça os argumentos usados pelo advogado de Oscar na petição que impetrou para o jogador voltar aos gramados. Disponibilizamos também a íntegra do documento


De Vitor Birner e Navarro
Conheça os principais argumentos do advogado de Oscar para conseguir o Habeas Corpus que permite a volta do atleta aos gramados.
No fim do post, disponibilizamos a cópia do a petição.
• A decisão do TRT, favorável ao SP, retirou a condição de jogo de Oscar, impossibilitando-o de trabalhar onde quiser, bem como de disputar as Olimpíadas.
• A decisão do TRT também impede a convocação do jogador para a seleção brasileira “pois dela somente podem participar atletas com condição de jogo vigente”.
• A denúncia do STJD contra o Inter e seu presidente poderá causar o rompimento contratual com o Colorado, prejudicando o jogador, que ficará desempregado e sem meios de se manter.
• O jogador já demonstrou várias vezes que não quer retornar para o SPFC, desejando continuar no Internacional.
• Diante de rescisão contratual, a única consequência possível é o pagamento da multa, pois não se admite obrigar alguém a trabalhar para empregador que não o de sua escolha, o que caracterizaria “trabalho forçado”.
• Está havendo uma limitação ao direito de ir e vir do atleta, pois, para trabalhar no SPFC, o jogador e sua família teriam que mudar para a cidade de São Paulo.
• A decisão do TRT implica na proibição do jogador de trabalhar e de se “locomover em qualquer outro lugar, incluindo no Sport Club Internacional”.
• A decisão do TRT apenas restitui o vínculo contratual, sem sequer prever a hipótese legal de pagamento da multa rescisória.
• A Lei 9.615/98 prevê a possibilidade de rescisão contratual pelo pagamento da cláusula indenizatória, possibilidade essa tolhida pelo TRT.
• Manter a decisão do TRT implica determinar  que o atleta, em dias de jogos, esteja na cidade de SP, no estádio do Morumbi, contra a sua vontade.
Agradecimento
Agradeço ao http://blogdonavarro.com/ pela fundamental cooperação na checagem das informações durante toda a cobertura do caso.

Cão guia da matilha (por Juca Kfouri)



 



POR FAUSTO MARTIN DE SANCTIS*
Tem sido comum a times de futebol uma rica história de comprometimento com a vitória, baseada no engajamento de muitas torcidas, sempre leais e apaixonadas.
Um nível de cobrança, por excelência, único e os clubes são sempre chamados a agir e a reagir, se o caso.
E assim tem ocorrido.
Pelo menos com os chamados grandes, nos quais se verifica, muitas vezes até, o envolvimento de ex-jogadores para a manutenção da qualidade adquirida ou daquela que se pretende adquirir.
Trata-se, em verdade, de um bem articulado e criativo plano de administração do esporte.
Os times sabem exatamente até onde chegaram e o que representam, mas não quem serão, de fato, após o certame iniciar.
Isso tem imposto um esforço contínuo e árduo trabalho e geralmente leva em conta uma ação multidisciplinar, incluindo, velocidade, atletismo e ganho de massa muscular.
Esse mundo, marcado de cobranças, une dirigentes, jogadores e fãs e acaba conduzindo à descoberta de uma identidade.
Que tipo de clube será, depende, em outras palavras, se se deseja ser o cão guia da matilha ou ficar simplesmente numa posição secundária e aquém dos demais. Identidade consiste em algo que somente existe com a repetição, com a prática.
Uma vez formada (aí poderíamos falar em caráter), vislumbrar-se-ia o futuro.
Ou seja, aquilo que muitos acreditam seja incerto, pode ser algo imaginado e concretizado.
Trata-se de falar e discutir com o grupo, de respirar, de jogar e principalmente de se doar e de acreditar.
Profissionalizar-se. Dar um passo a mais. Um extra, um plus.
Um basta na veia defensiva e no derrotismo, com energia, intensidade e tecnicismo.
Não se pode deixar de mencionar o fator tempo.
Consistência significa justamente um conjunto de ações praticadas, por um mesmo grupo, com o desenvolvimento da verdadeira química coletiva.
No dia 23 de abril, pude assistir a uma partida do Washington Wizards contra os Bobcats no Verizon Center (Washington DC/EUA) e constatar o quão é querido um jogador, em especial.
O prestigiado jogador brasileiro Nenê, ex-Vasco da Gama, contratado pelo Washington Wizards, tem enchido de orgulho sua torcida.
Esta repetidamente manifestou a alegria de contar com o talento estrangeiro. E mais.
Tem dado mostras de que a partir daquele profissional é possível também celebrar uma cultura, a brasileira.
Cogita-se até de introduzir a batucada dentre os fãs americanos.
Deseja-se que um dia, o time de basquete, ainda pequeno (em termos de vitórias), após sério trabalho e união, possa estar junto, festejando o sucesso, apesar da ciência de todos do longo caminho a ser trilhado.
Não há como contar com qualquer outro meio senão pela força do trabalho conjunto, pela técnica e pelo coleguismo.
Na quadra, no campo, na vida, não podemos contar a não ser com aqueles que possuem objetivos comuns e estão em situação de cumplicidade e desprendimento.
Faz-se muito mais juntos…
O caminho para o sucesso brota do conjunto, da humildade e da persistência.
Deve-se ensinar e aprender como se defender, controlar o passo, o espaço, a bola, não pertencendo a esta um rumo incerto.
A direção será dada por aquele que a detém e jamais o fará sozinho.
A química coletiva configurará um resultado se cada um abrir mão de certa individualidade, em prol do conjunto.
Sem isso, não há time, grupo, muito menos o resultado esperado.
Neymar sozinho não leva o time à vitória.
Que orgulho do brasileiro Nenê, integrado ao conjunto.
Que orgulho do conjunto integrado ao brasileiro.
Afinal, estar fora de casa para ficar com sua outra “família” tem sentido se for para prestigiar um trabalho que se deseja vitorioso.
A vitória aqui não significa simplesmente ganhar títulos, mas dedicar-se para o reforço e o desenvolvimento da comunidade, a construção de alguns pilares como: educação, conhecimento, saúde, fome, fazendo a diferença para muitos fãs.
Quanto às nossas instituições públicas (Executivo, Legislativo e Judiciário), que a poucos orgulha, estaria talvez faltando um paradigma, o paradigma que está incrivelmente tão presente entre nós.
Tudo que está se vivenciando no esporte deveria servir de exemplo aos que atuam na vida pública.
Pensar sobre e para o todo, promovendo ações integradas e não tópicas, individualizadas ou midiáticas.
A busca da eficácia do serviço público.
*Fausto Martin De Sanctis é desembargador do TRF3 e escritor.

Conexão hawala (Denúncia)



09:28:27

Este é o nome do esquema clandestino que o bicheiro Carlinhos Cachoeira utilizava para lavar milhões de dólares do seu grupo criminoso. O método é usado por grupos terroristas como a Al-Qaeda de Bin Laden. Saiba como ele funciona

ESQUEMA SOFISTICADO
Lavagem de dinheiro, proveniente do jogo ilegal, era feita com base em sistema adotado por terroristas internacionais

Nos próximos dias, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso que investiga as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários receberá do Supremo Tribunal Federal (STF) os dados da Operação Monte Carlo, desencadeada pela Polícia Federal, que apurou a jogatina no Brasil e seus tentáculos com o poder. Os parlamentares terão acesso a informações que revelam como o contraventor operava para lavar o dinheiro sujo do jogo do bicho e da corrupção. Segundo o inquérito da PF, Cachoeira utiliza um dos mais sofisticados e eficientes modelos de lavagem de dinheiro do mundo, conhecido como Operação Hawala. Trata-se, segundo a PF, do mesmo esquema utilizado pela rede terrorista Al-Qaeda, criada por Osama bin Laden para financiar atentados. Documentos que fazem parte do inquérito mostram que, a partir da Operação Hawala, o grupo de Cachoeira conseguiu movimentar mais de US$ 400 milhões em três continentes e oito países – Argentina, Uruguai, Estados Unidos, Antilhas Holandesas, China, Coreia do Sul, Irlanda e Reino Unido. ...
 
RELATOR
Odair Cunha (PT-MG) irá investigar empresas no Exterior

A grande artimanha do sistema adotado por Cachoeira e terroristas internacionais é que ele não envolve remessas físicas de capital, tampouco documentos escritos. O que existem são trocas de créditos lastreadas na palavra – no estilo “eu confio em você”, o popular “fio do bigode”. O objetivo é não deixar rastros. Por isso ele é considerado um inferno para quem investiga crimes de lavagem e evasão de divisas. Com base nos preceitos da Hawala, que em árabe significa “transferência de significados”, o esquema de Cachoeira de lavagem de dinheiro, segundo as interceptações da PF, funcionava da seguinte maneira: os operadores do bicheiro, incluindo um doleiro, pediam verbalmente para outro doleiro no Exterior que determinado pagamento fosse efetuado. No Exterior, o doleiro pagava o receptor. Para receber o dinheiro, no entanto, o receptor era obrigado a dizer uma senha, previamente combinada com o grupo de Cachoeira. O operador Hawala no Exterior ficava com o crédito no Brasil que poderia ser pago não só em espécie, mas em imóveis, carros, entre outros bens (ver quadro).

O relatório 163/2011 da Polícia Federal, parte integrante do processo que está no STF, apresenta com riqueza de detalhes o esquema de evasão de divisas montado por Cachoeira. Nele aparecem o ex-cunhado do contraventor, Adriano Conrado Caiado Viana Feitosa, Wesley José Carneiro e Geovani Pereira da Silva, segundo a PF, respectivamente, o doleiro e o contador do bicheiro, além de Lenine Araújo de Souza, gerente-geral de Cachoeira. Entre os milhares de e-mails interceptados – só de Pereira da Silva foram 15 mil e-mails –, a PF conseguiu constatar quem é quem no esquema Hawala. Às 0h14 do dia 5 de agosto de 2011, por exemplo, Conrado envia uma correspondência eletrônica para Lenine na qual deixa claro que o responsável do esquema para a Operação Hawala era o doleiro Wesley, preso na tarde da quarta-feira 25 em Goiás. “Não há necessidade de copiar Wesley nos e-mails, ele foi contratado somente para fazer a remessa de dinheiro”, disse Lenine. Em outros diálogos interceptados em maio de 2011 entre Gleib Ferreira da Cruz, segundo a PF, “o braço direito de Cachoeira para qualquer assunto na organização criminosa”, e Leide, irmã de Gleib, a quadrilha fornece mais elementos sobre o funcionamento do esquema: “O negócio é fazer a transferência sem causar problema. Precisa colocar o dólar aí no Brasil em real e você por aqui em dólar. Só trocando moeda, sem problema.” De acordo com o relatório da PF, “Gleib auxilia diretamente Carlos Augusto na alocação de recursos de suas atividades ilícitas na aquisição de bens, circulação de valores, no pagamento de terceiros, comparsas e/ou prestadores de serviços, na aquisição de telefones no Exterior; imóveis, de veículos e também nas operações não autorizadas de câmbio e na remessa de valores para fora do país”.

ESQUEMA BIN LADEN
Carlinhos Cachoeira baseou-se no modelo utilizado pela rede terrorista Al-Qaeda, criada por Osama Bin Laden, para financiar atentados

De acordo com as apurações da PF, para lavar o dinheiro irrigado pelo bingo e pela corrupção, a organização criminosa montada pelo bicheiro construiu uma rede criminosa que envolve 38 empresas ativas. Muitas delas no Exterior, como a offshore uruguaia Raxfell Corp., com conta-corrente na Argentina e fundada no paraíso fiscal de Curaçao, nas Antilhas Holandesas. Mas os grampos telefônicos mostram que os negócios de Cachoeira não se resumem a um só continente. Passam também pela Ásia e Europa. Na Coreia do Sul, por exemplo, o contraventor é acionista da Bet Co, na província de Kyunggi. Na Irlanda, Cachoeira comprou por um R$ 1 milhão um site de apostas, o Brazilbingo. A compra do site de apostas pelo contraventor fica clara na documentação apreendida pela PF. Os documentos mostram que Cachoeira creditou o dinheiro no Bank of Ireland via Estados Unidos. “O contato de 06/07/2011 às 11:24:21, entre Lenine, Estados Unidos e Reino Unido, confirmam essa dinâmica”, diz o inquérito.

Outra interceptação telefônica mostra que, por meio da Operação Hawala, Cachoeira celebrou negócios na China. Numa das conversas gravadas pela PF, Gleib conversa com Ananias, um policial militar de Goiás e segurança dos cassinos de Cachoeira, sobre as transações no continente asiático.

Ananias – Eu preciso fazer um pagamento na China, de duzentos mil dólares, sem declarar. Quanto cê cobra para pôr esse dinheiro lá pra mim?

Gleib – Vou ver. Duzentos mil?

Ananias – Duzentos mil. A máquina custa duzentos mil dólares. É um amigo meu, só que ele não quer para não declarar aqui pra eles. Cê me fala quanto cê cobra pra nós pôr esse dinheiro lá pro cara?

Gleib – Tá.

A partir desta conversa, a PF concluiu que “o uso extensivo de conexões, como relações familiares e societárias, é o componente que a distingue de outras formas de remessas. As regularizações de dívidas entre corretores Hawala podem tomar uma variedade de formas (como bens, serviços e propriedades)”. É com base nesses novos trechos do inquérito da PF que os parlamentares indicados para a CPI do Cachoeira pretendem dar a dimensão do esquema e chegar aos responsáveis pela lavagem do dinheiro sujo do jogo do bicho e da corrupção.

Antes mesmo de os trabalhos começarem, as investigações já causam desdobramentos. Na quarta-feira 25, Fernando Cavendish, presidente do conselho diretor da Delta, e Carlos Pacheco, diretor da construtora, pediram afastamento da empresa após as investigações indicarem elo entre eles e o pagamento de propina para autoridades de diversos escalões. No meio político, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), passou a ser alvo de investigações da Procuradoria-Geral da República, junto com os deputados federais Carlos Leréia (PSDB-GO), Sandes Júnior (PP-GO) e Stepan Nercessian (PPS-RJ), por suspeitas de ter se beneficiado do esquema criminoso, que a cada dia revela novos tentáculos.


Por Alan Rodrigues e Pedro Marcondes de Moura

Fonte: Revista IstoÉ - Edição Nº 2216 - 28/04/2012

Obama supera Bush e manda matar qualquer um em atitude suspeita no Iêmen


Gustavo Chacra
27.abril.2012 16:33:26


no twitter @gugachacra

Barack Obama supera Ariel Sharon e George W. Bush. Os dois primeiros autorizavam assassinatos seletivos de inimigos. Concorde ou não, eles alvejavam pessoas que de uma forma ou de outra ameaçavam Israel ou os Estados Unidos.
Já o atual ocupante da Casa Branca foi além. Em meio a acusações de estar violando as próprias leis americanas, Obama decidiu ampliar as operações com drones, como são chamados aparelhos não tripulados, contra a Al Qaeda da Península Arábica (AQAP), que possui base no Iêmen. A partir de agora, apenas um comportamento suspeito será suficiente para a CIA ou as forças americanas ordenarem um ataque.
Isso mesmo, “comportamento suspeito”. No Iêmen, onde praticamente toda a população masculina tem armas e se veste, na maioria das vezes, com vestimentas tribais tradicionais. Logo, uma turma de amigos indo mascar qat no fim da tarde, algo ultra normal no país, pode ser descrita como uma célula terrorista. E o falcão Obama manda matar.
Claro, o presidente não receberá as mesmas críticas dirigidas a Bush ou Sharon. Não me perguntem o motivo. Apenas registro que existe uma diferença no tratamento. Pessoas que condenavam o republicano no Iraque, idolatram a performance do democrata no Afeganistão, apesar de uma ação ser a réplica da outra.
Voltando ao Iêmen, antes de aprovar estas operações, os EUA apenas autorizavam ataques caso um líder da AQAP estivesse presente. Era nos moldes de Sharon e Bush, não de Obama, o guerreiro.
Nos últimos meses, a AQAP voltou a crescer no Iêmen, independentemente das amplas operações militares de Obama que deixaram centenas de mortos. Para complicar, o governo de Abed Rabbo Mansour al-Hadi ainda não consolidou o poder em Sanaa desde que Abdullah Saleh concordou em deixar o poder depois de décadas. O ex-líder permanece no país e envolvido ativamente na política. Seu filho ainda lidera a Guarda Revolucionária e forças ligadas à sua família ocuparam por alguns dias o aeroporto da capital. “A deterioração política durará anos”, avalia James Fallon, da Eurasia.
Além da AQAP, o governo do Iêmen enfrenta separatistas no sul e levantes da minoria houthi no norte. Todos estes problemas existiam mesmo antes da eclosão da Primavera Árabe. Ontem, em Sanaa, ainda havia protestos contra o governo