domingo, 5 de fevereiro de 2017

Ô GENTE CHATA! - por MARLI GONÇALVES



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Marli Gonçalves

Ô, seus corretinhos! Falta do que fazer, do que escrever para chegar como o mais inteligente e na moral nas festinhas e rodinhas quadradinhas, ou só vontade de alugar nossa paciência? Isso é porque são “modernos”. Imaginem se fossem caretas. Eram capazes de se insurgir até contra a goiabada com queijo


Não estão vendo que estão dando tiro no pé? Aliás, se metralhando. Pedindo censura, corte – e não venham com lengalenga de dizer que ninguém quer censurar ninguém, que só querem acabar com o preconceito-racial-opressão-da-mulher-negra e do homossexual, como valentes combatentes-ecológicos-ambientalistas-sustentáveis que são, e nessa hora, vejam só o paradoxo, damos graças a Deus que sejam minoria mesmo.

Enfatizo: minoria de chatos. Ficam por aí com caraminholas dissertando regras/normas de comportamento, obtusas, desconhecendo o passado cultural, a língua portuguesa, nossa vivência. Desrespeitando a nossa inteligência.

Chatos que querem arrancar a mulata, mudar os sambas e marchas de carnaval, regular as fantasias, e agora, suprassumo, se recusam a usar paetês, purpurinas, glitters e confetes porque feitos de papel ou micro plástico demorariam a se decompor e poderiam ir parar nos oceanos. Imaginem: será que algum desses seres foi mesmo ouvir a comunidade LGBT sobre isso? Como assim, sem brilho? UÓ, responderão.

No entanto, para decorar seus corpos – modinha – algumas moças estão usando purpurina “comestível” vendida em lojas de confeitaria, aquele pozinho de decorar bolos e doces. Sou só eu que vejo uma aura sexual safadinha nesta troca? Sacaninha? Espertinha? Comestível, é? Interessante.

Mas vamos voltar ao cerne desse debate, que agora tudo vira debate. Ô coisa chata! Banir dos blocos algumas marchinhas (muito) antigas de carnaval? “O Teu Cabelo Não Nega”, de Lamartine Babo, de 1932. “Cabeleira do Zezé”, “Maria Sapatão”, “Índio quer apito”, “O teu cabelo não nega”. “Mulata Bossa Nova”. Sim, já apareceu até representante indígena flechando “Índio quer apito” (“Ê, ê, ê, ê, ê, índio quer apito / Se não der, pau vai comer“).

Mexeram com o Caetano, mas creio que o baiano negociou, arretado, porreta. Após várias discussões, alguns blocos decidiram manter no repertório “Tropicália”, que cita a mulata.

Sim, invocaram com a mulata. Entraram na máquina do tempo para trás uns 300 anos para justificar e trazer para hoje de onde teria vindo a palavra. Como mulata é a filha de negro com brancas e vice-versa, e naquela época, braba, de escravidão, a cria de jumento com cavalos já era a mula, veio a palavra, do latim mulus. Enfim, os mulatos também estão nesse samba atravessado. Acreditem: tudo isso acontecendo no Carnaval de um país chamado Brasil. Justamente no Carnaval que agora com a volta dos blocos de rua se torna mais popular e democrático. Alegria na cabeça e rua.

Mas não, resolveram levar a chatice da política junto para as avenidas e praças. Invocaram com a mulata. Fui atrás de uma das origens e me deparei com uma obra prima da idiotia no artigo de um cara, que pode ter sido base, cheio de citações inteligentinhas, um sujeito que escreve com no lugar de palavras com gênero. NegrxsTodxs . Posso parar por aqui, né? ÔÔÔÔ, chatos, chatos, chatinhos.

Resolvi botar água nessa fervura e lembrar que mulata, além de como podem ser lindas, é também designativo de uma espécie de peixe, um tipo de abelha, uma variedade de batata roxa. Vão pirar horrorizados ao serem lembrados de algo ainda mais dramático – embora natural. Há uma erva medicinal chamada Catinga de Mulata (Tanacetum vulgare). No candomblé é utilizada para preparar água-de-cheiro. O chá seria de efeito mágico para reumatismo, pedra nos rins, amenorreia, e como vermicida, contra lombrigas. Como unguento, cura feridas, furúnculos, psoríase e detona piolhos.

Tem um docinho de festa chamado Beijo da Mulata. E uma Bica da Mulata, escultura em Belfort Roxo, no Rio de Janeiro. Tem a Mulata fuzarqueira, de Noel Rosa, pinturas fantásticas e muito erotizadas de alguns mestres. Tem a Mulata Assanhada, de Ataulfo Alves – aquela que passa com graça, fazendo pirraça, fingindo inocente, tirando o sossego da gente. As mulatas estão muito bem, orgulhosas de sua negritude. Só não as chame de moreninhas que isso sim é que é preconceito.

E agora? Libertem a Nega Maluca!


 Deixa o cabelo dela. Sem essa de vir com moral para dizer o que é certo ou errado, procurar pelo em ovo, se ofender com isso quando há tantas outras coisas nos atacando. Como escreveu o mestre Ruy Castro, “enxergar ofensa nas marchinhas é caso para terapia de grupo — com o ofendido no divã e um grupo de psiquiatras em volta”.

Saiam já desse armário.


Marli Gonçalves – Sempre adorei fantasia de havaiana. Essa pode? Ou vão me acusar de imperialista ianque estadunidense?
SP, esperando o carnaval chegar, 2017

Meninas Yazidi são Vendidas como Escravas Sexuais Enquanto Mulheres Marcham Contra Trump - por Uzay Bulut

  • Meninas yazidi eram "vendidas" por míseros maços de cigarro.
  • "Algumas dessas mulheres e crianças foram obrigadas a assistir, bem diante de seus olhos, enquanto crianças de 7, 8 e 9 anos de idade derramavam sangue até a morte depois de serem estupradas inúmeras vezes por dia pelas milícias do ISIS. As milícias do ISIS queimaram muitas meninas yazidis, vivas, por elas se recusarem a se converter e casar com homens do ISIS. Por que? Porque não somos muçulmanas... − Mirza Ismail, presidente da Organização Internacional de Direitos Humanos Yazidi.
  • "É um genocídio contra as mulheres". — Zeynep Kaya Cavus, líder ativista alevita.
  • Lamentavelmente muitas das organizadoras e integrantes da Marcha das Mulheres em Washington optaram por ignorar as mulheres que estão sendo torturadas e exterminadas por terroristas islâmicos, optaram também por ignorar o que acontece em outras partes do mundo onde elas não podem frequentar uma escola nem sair de casa sem a permissão de um homem.
  • Se pelo menos essas mulheres se sentissem tão motivadas a protestar contra a escravidão, o estupro e a tortura de mulheres e crianças yazidis quanto estão em relação ao custo de absorventes femininos.
Em 21 de janeiro, alguns grupos de direitos das mulheres organizaram "Marchas das Mulheres" em diversas cidades dos Estados Unidos e ao redor do mundo. Os comícios em grande medida direcionados ao recém-empossado presidente norte-americano Donald Trump.
Havia inúmeras oradoras e participantes. A atriz Ashley Judd, que também tomava parte, leu um poema em Washington D.C. que questionava porque os "absorventes femininos são tributados enquanto o Viagra e o Rogaine não".
Enquanto a Sra. Judd falava sobre a sua devastadora tragédia, milhares de crianças e mulheres yazidis estavam sendo forçadas a se tornarem escravas sexuais no Iraque e na Síria nas mãos do Estado Islâmico (ISIS) e estarem disponíveis para a compra em mercados de escravas sexuais.

Enquanto a atriz Ashley Judd se queixava em uma "Marcha das Mulheres" em Washington D.C. que "absorventes femininos são tributados enquanto Viagra e Rogaine não," milhares de crianças e mulheres yazidis estavam sendo forçadas a se tornarem escravas sexuais no Iraque e na Síria nas mãos do Estado Islâmico.

O ISIS atacou a terra natal dos yazidis, Shingal no Iraque em 3 de agosto de 2014, mais de 9.000 yazidis foram assassinados, sequestrados ou sexualmente escravizados. Os yazidis são uma minoria religiosa historicamente perseguida no Oriente Médio.
O Estado Islâmico institucionalizou a cultura do estupro e da escravidão sexual. O ISIS está literalmente travando uma guerra contra as mulheres. O grupo terrorista chegou a publicar uma "tabela de preços" de meninas yazidis e cristãs - com idades que variam de um a nove anos de idade.
Raymond Ibrahim especialista em Oriente Médio assinalou o seguinte acerca de uma menina yazidi escravizada aos 15 anos de idade e sofrendo meses no cativeiro antes de conseguir fugir:
"Lembro de um homem, que parecia ter pelo menos 40 anos de idade, ter aparecido e levado uma menina de dez anos. Quando ela se recusou a ir ele a espancou brutalmente usando pedras e teria atirado nela se ela não tivesse aceito acompanhá-lo. Tudo isso, obviamente, contra a sua vontade. Eles normalmente vinham e compravam as meninas que não tinham preço estabelecido, melhor dizendo, eles costumavam dizer às meninas yazidi: vocês são sabiya (espólios de guerra, escravas sexuais), vocês são kuffar (incrédulas), vocês estão aí para serem vendidas a qualquer preço", querendo dizer que não havia nenhum valor de referência. Algumas meninas yazidis eram "vendidas" por míseros maços de cigarro.
"Todo dia eu morria 100 vezes. Não apenas uma vez. A cada hora eu morria, a cada hora. Pelos espancamentos, pela miséria, pela tortura", disse ela.
Mirza Ismail, fundador presidente da Organização Internacional de Direitos Humanos Yazidi, salientou em seu discurso no Congresso dos Estados Unidos:
"Segundo relatos de inúmeras mulheres e meninas que conseguiram fugir e com as quais conversei no Norte do Iraque, as yazidis sequestradas, em sua maioria mulheres e crianças, somam mais de 7.000.
"Algumas dessas mulheres e crianças foram obrigadas a assistirem, bem diante de seus olhos, enquanto crianças de 7, 8 e 9 anos de idade derramavam sangue até a morte depois de serem estupradas inúmeras vezes por dia pelas milícias do ISIS. As milícias do ISIS queimaram muitas meninas yazidis, vivas, por elas se recusarem a se converter e casar com homens do ISIS. Por que? Porque não somos muçulmanas e porque o nosso caminho é o caminho da paz. Por isso estamos sendo queimadas vivas: por vivermos como homens e mulheres de paz".
Em dezembro de 2015 informes divulgaram que o ISIS vendia mulheres e crianças yazidis na cidade de Gaziantep (ou Antep), no sudeste da Turquia. Gaziantep ficou conhecida pela proliferação generalizada das atividades do Estado Islâmico na cidade.
No entanto, esta e muitas outras ameaças não impediram defensores dos direitos das mulheres em Gaziantep de protestarem devido a inércia do governo turco em face das atividades do Estado Islâmico.
A ativista do grupo "Plataforma das Mulheres Democráticas de Gaziantep", Fatma Keskintimur, leu um comunicado à imprensa que dizia em parte o seguinte:
"O fato de gangues de jihadistas que lutam na Síria terem recebido o maior apoio da Turquia e a existência de esconderijos de células usadas por eles... não é segredo para ninguém. Dado a natureza do perigo que esta situação apresenta para os habitantes de Antep o mal-estar está se intensificando a cada dia que passa".
Mesmo nessas condições os defensores dos direitos das mulheres na Turquia - em particular os curdos - continuam lutando e protestando contra o governo.
No ano passado, por exemplo, a "Assembleia das Mulheres Yazidis" comemorou o dia 3 de agosto como o "dia de ação internacional contra massacres das mulheres e do genocídio". Os membros do partido pró-curdo Partido da Democracia Popular (HDP) organizou protestos em várias cidades por toda a Turquia para condenar o genocídio Yazidi e mostrar solidariedade para com as vítimas.
Safak Ozanlı, ex-ministra do parlamento do HDP, assinalou que o ISIS ainda mantinha 3.000 mulheres yazidis como escravas sexuais: "o ISIS vê as mulheres em Shingal e Kobane como espólio de guerra. As mulheres que continuam vivas são vendidas para xeques árabes. Nós - como mulheres - permaneceremos unidas contra o ISIS e contra todos os ditadores".
Membros da minoria religiosa alevita também apoiaram o protesto em Mersin. Zeynep Kaya Cavus, uma líder ativista alevita, assinalou que as mulheres yazidis são "sequestradas e escravizadas como espólio de guerra e expostas a sistemáticas agressões sexuais e isto constitui um genocídio contra as mulheres".
Há também um número bem reduzido de americanas que está dando o melhor de si para ajudar os yazidis, como por exemplo Amy L. Beam, uma ativista de direitos humanos que vive juntamente com os yazidis e os defende em tempo integral desde 2014. Seu livro O Último Genocídio Yazidi deve ser publicado em breve. Ela é a diretora executiva da "Amy, Azadi and Jiyan" (AAJ -- "Friend, Freedom, and Life"), uma organização humanitária localizada no Curdistão iraquiano.
"Milhares de yazidis têm uma longa lista de familiares mortos ou desaparecidos em poder do ISIS no Iraque ou na Síria", ressaltou ela. "O estado de espírito deles é muito ruim por contarem com uma ajuda internacional muito tímida desde o primeiro aniversário do ataque."
"Meninas e mulheres yazidis juntamente com suas filhas... são submetidas a espancamentos e estupros por combatentes do ISIS. A cada combatente é dado uma menina como troféu de guerra. Mais de 1.000 dessas meninas e mulheres conseguiram fugir ou foram libertadas pelo ISIS".
Espera-se que as ativistas nos EUA façam com que suas vozes sejam ouvidas no tocante aos ataques genocidas contra mulheres e crianças yazidis. Mas elas nada fazem. "Grupos de direitos das mulheres nos EUA não têm dado apoio às mulheres do Iraque e da Síria que estão sendo oprimidas, sequestradas e estupradas" de verdade, ressaltou Beam ao Gatestone Institute.
Algumas das integrantes da marcha das mulheres em Washington afirmam que Trump irá tolher seus direitos - Acusação esta que muitas mulheres que sofrem debaixo de governos ou organizações islamistas achariam ridícula. Elas estão preocupadas em poder fazer um aborto e a preocupação é justificada. Mas não são os aiatolás que chegaram ao poder nos EUA. Além disso Trump parece determinado a combater o terrorismo islâmico radical, a maior ameaça à dignidade e liberdade das mulheres em todo o mundo. Isso por si só já mostra seu compromisso com a liberdade - especialmente a liberdade das mulheres.
A ideologia islâmica radical é uma ameaça universal. Onde quer que ela possa ser enfraquecida ou derrotada, também ajudará a libertar as vítimas em outras regiões do mundo.
Para os povos perseguidos do Oriente Médio, que são muitos, a presidência de Trump representa a esperança de uma mudança positiva.
Em 7 de Novembro, a Organização Internacional de Direitos Humanos Yazidi emitiu um comunicado público intitulado "Yazidis não veem a hora da presidência de Trump ajudá-los a acabar com o ISIS". Uma yazidi no Iraque, há pouco, deu o nome "Trump" ao seu bebê recém-nascido.
A marcha das mulheres, com todas as boas intenções por parte de muitas, violou o princípio fundamental dos direitos humanos: "O pior em primeiro lugar".
Lamentavelmente muitos dos organizadores e integrantes da marcha optaram por ficar em modo de espera ignorando as mulheres que estão sendo torturadas e exterminadas por terroristas islâmicos, optaram também por ignorar o que acontece em outras partes do mundo onde elas não podem frequentar uma escola nem sair de casa sem a permissão de um homem.
Se pelo menos essas mulheres se sentissem tão motivadas a protestar contra a escravidão, o estupro e a tortura de mulheres e crianças yazidis quanto estão em relação ao custo de absorventes femininos.
Agindo como fanáticas delirantes a serviço próprio, cujo ódio gratuito a um presidente eleito cega seus olhos aos verdadeiros problemas do mundo, não ajuda nada a ninguém. Já houve esse mesmo número de pessoas que odiaram outros presidentes.
Vamos por meio de nossas ações lembrar às mulheres do Oriente Médio que nós levamos seu sofrimento a sério.
Uzay Bulut, jornalista nascida e criada como muçulmana na Turquia, está atualmente radicada em Washington D.C.

FONTE -  https://pt.gatestoneinstitute.org/9897/yazidi-escravas-sexuais-mulheres-marcham

R.I.P. – DESCANSE EM PAZ - Coluna Carlos Brickmann

05/02/2017

CARLOS BRICKMANN
Carlos Brickmann

É difícil velar uma pessoa que ainda não morreu. É difícil velar a mãe de um partido político que, de certa forma, se transformou em religião. É difícil velar uma pessoa que, mesmo apenas por questão de parentesco com os adversários, se identificou a vida inteira como inimiga.

Mas não é difícil ser educado, comportar-se respeitosamente num momento solene, como é um funeral. Isso vale para todos: para os alucinados que querem festejar a morte de uma adversária; e para os fanáticos que se acham politizados e tentam jogar nos rivais a culpa de um acidente vascular-cerebral cujas causas, ao que se saiba, são absolutamente naturais. Ambos os grupos têm uma providência urgente a tomar: envergonhar-se do que fazem e fizeram.

Fernando Henrique, a quem Lula sempre tratou como seu maior adversário, foi abraçá-lo e dar-lhe solidariedade (como Lula fez quando morreu Ruth Cardoso, esposa de Fernando Henrique, e ele levou ao viúvo suas palavras de conforto). Michel Temer, essencial para o afastamento do PT do poder, deu seu abraço em Lula. Sarney se solidarizou com o adversário. Lula já liderou movimentos Fora Sarney, Fora FHC, Fora Temer; mas isso é política. Já abraço é solidariedade. Não é coisa de profissionais do poder, é coisa de gente.

Respeito humano: isso é o que todos devemos a Marisa Letícia Lula da Silva, a seu marido, a seus filhos, a seus adeptos. Há tempo de brigar, há tempo de comportar-se como gente. Descanse em paz, Marisa Letícia.

Palavras de sabedoria

Está no Eclesiastes, livro bíblico atribuído ao rei Salomão: “Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos ao pó voltarão”.

O sentido da expressão

O R.I.P. do título vem de Requiescat in Pace, Repouse em Paz. É um direito que todos os povos, de todas as religiões, garantem a seus mortos.

Por baixo dos panos

Enquanto nos preocupamos com questões de vida e de morte, a politicazinha continua comendo solta. O secretário de Parcerias de Investimentos do Governo Federal, Wellington Moreira Franco – conforme o grau de amizade, há quem o chame de Gato Triste, Gato Angorá ou, quando se trata de um amigão, simplesmente o Gato – andou sendo citado justamente como O Gato numa das delações premiadas da Odebrecht. Quem tem amigos não morre pagão: o presidente Temer transformou uma Secretaria Geral em cargo privativo de ministro e ali alojou Moreira Franco – que, além de ser um dos políticos mais próximos do presidente, é também sogro do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Agora que é ministro, o Gato Triste passou a ter foro privilegiado, e só precisará viajar a Curitiba para desempenhar as funções de sua pasta, sem qualquer obrigação de visitar o juiz Sérgio Moro. Moreira Franco diz que seu caso é diferente da nomeação de Lula para um ministério de Dilma: ele já fazia parte do Governo e foi apenas remanejado. Dizem também que já exercia o papel de ministro e só faltava nomeá-lo. Então, tá.

Briga no Supremo

O senador Randolfe Rodrigues acha que a nomeação de Moreira Franco é ilegal, tanto quanto foi ilegal a de Lula, no finalzinho do Governo Dilma. Na sexta à tarde, entrou com ação na Justiça Federal do Amapá para anulá-la. “O caso”, diz o senador, “é um escárnio às instituições da República, vai contra os princípios da moralidade e atinge o Estado Democrático de Direito.”

Os grandes acertos

O Congresso em ação: o PT, embora acuse o presidente da República de golpista, embora o chame de “presidente interino”, negociou o apoio a Eunício Oliveira, amigo de fé e irmão camarada de Temer, para presidente da Mesa do Senado. Em troca de seus votos, conseguiu colocar o senador José Pimentel, do PT piauiense, na primeira secretaria. Neste posto estratégico, Pimentel tem à disposição 70 cargos de livre provimento para abrigar a “cumpanherada”. Nada foi definido ainda, mas há fortes rumores de que Gilberto Carvalho, que foi secretário-geral da Presidência no Governo Dilma, assumirá a presidência do Interlegis, programa de modernização e integração do Poder Legislativo Brasileiro. É mais do que um bom emprego: dá poder.

…é vendaval

Falta dinheiro? Funde um partido: neste finzinho de janeiro, o Fundo Partidário pagou R$ 58,5 milhões aos 35 partidos políticos com registro definitivo no Tribunal Superior Eleitoral. Quem recebeu a maior parte foi o PT, R$ 7.866.826,90. Seguem-se o PMDB, com R$ 6.453.403,47, e o PSDB, com R$ 6.453.403,47. E de onde vem o Fundo Partidário? Multas, doações, recursos financeiros destinados por lei, dotações orçamentárias da União “nunca inferiores ao número de eleitores inscritos, multiplicados por R$ 0,35”.

Ou seja, a principal fonte do tal Fundo Partidário é o velho e bom Tesouro. Em outras palavras, o seu, o meu, o nosso dinheiro dado a partidos que não são os que queremos e para eleger parlamentares que não teriam nosso voto.

Chumbo Gordo – www.chumbogordo.com.br
carlos@brickmann.com.br
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