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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Arquivo vivo
Por cães e gatos
Está a caminho da CCJ da Câmara um projeto prevendo o aumento considerável das penas para agressores de cães e gatos. Hoje, a legislação estabelece para autores desses crimes de três meses a um ano de detenção, punição que, na maioria das vezes, acaba sendo substituída por prestação de serviços ou pagamento de fianças.
A proposta do tucano Ricardo Tripoli eleva as penas para o prazo de cinco a oito anos prisão. E serão considerados agravantes o uso de veneno, fogo, asfixia, espancamento, arrastamento, tortura ou outro meio cruel contra os gatos e cachorros. Se passar pela CCJ, vai a plenário.
Dora Kramer: uma vez mais, PT se diz “perseguido” pela “direita” — e quer reformas para “bater” na imprensa e na Justiça
Publicado no jornal O Estado de S. Paulo de terça, 11 de dezembro
A PRIMEIRA VÍTIMA
Por Dora Kramer
No último fim de semana o PT realizou mais um de seus muitos encontros para discutir as mesmas questões e chegar à conclusão de sempre: é vítima de perseguição injusta e implacável por parte da “direita” interessada em desestabilizar o governo e interromper o projeto do partido para o Brasil.
Não se sabe ao certo o teor das discussões, porque o PT desde que assumiu a Presidência da República deixou de fazer reuniões abertas em que dirigentes e militantes costumavam dar raro exemplo de vigor partidário. Junto com o discurso em prol da ética na política, era um diferencial e tanto.
Já o primeiro após a vitória de 2002 foi realizado em São Paulo, a portas fechadas. Portanto, deles agora só se tem notícia por meio das versões e da nota oficial.
O “controle social” da mídia e o “Judiciário conservador”
Destas transpirou a velha cantilena conspiratória, para a qual a única saída seria o tal do controle social da mídia “monopolista”.
Acrescenta, a propósito do julgamento do mensalão, outra providência: uma reforma que “pegue” também o “Judiciário conservador”, sem a qual não será possível “fazer o Brasil avançar”, nas palavras do presidente do PT, Rui Falcão.
O Legislativo passa incólume das críticas do PT, ainda que seja a instituição que hoje gera mais desconforto na sociedade e a que dá mais motivos para ser criticada.
Não pelo partido no poder, cuja concepção de estabilidade política não tem a ver com equilíbrio institucional. Ao contrário, a referência é o grau de domínio que o partido exerce sobre esse ou aquele setor.
Por essa ótica, anda tudo certo no Parlamento, uma vez que é subserviente ao Executivo aparelhado pelo partido. Em suma, a democracia vai bem se tudo vai bem para o PT.
O que agrada é democrático e o que desagrada é golpe articulado pela “direita”. Pouco importa o fato de que parte dos setores tradicionalmente assim identificados tenha se aliado ao governo Lula desde o início, parte tenha aderido gradativamente e os restantes estejam totalmente desarticulados.
Tem opinião divergente deles? É de “direita”
“Direita” virou conceito de plantão para definir toda e qualquer opinião divergente. Quem não rende homenagens incondicionais ao PT é de “direita”.
O Judiciário visto da perspectiva das condenações no Supremo Tribunal Federal tornou-se “conservador”. Resultado de escolhas equivocadas de Lula e Dilma Rousseff que não souberam construir um perfil “progressista” para a Corte?
Não, inclusive porque nenhuma das indicações foi criticada. Ao contrário, quase todas ─ com destaque para Joaquim Barbosa ─ bastante celebradas.
Qual o problema, então? A independência dos magistrados, que decepcionou o PT.
Ao constatar que não tinha ali ─ como não tem na imprensa ─ o domínio pretendido, o partido se faz de vítima. Fala da “mídia monopolista”, mas persegue o monopólio. Da opinião.
Os que outrora eram “de direita”, pela vassalagem, viraram “progressistas”
Todas aquelas figuras do Parlamento que antigamente o PT diria serem de “direita” e hoje andam de braços dados com o partido não são objetos de reparo.
Não porque tenham mudado seu modo da ação ou pensamento, mas porque concordam (ou simulam concordância) e a vassalagem é o que define na novilíngua o progressista.
A verdade do que está à vista de todos é a primeira vítima. Assim na guerra como na tradução autoritária dos fatos.
Merval Pereira: Foco no mensalão
Artigo publicado hoje no jornal O Globo
FOCO NO MENSALÃO
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, já tratou do caso do novo depoimento de Marcos Valério com o atual presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, e com o anterior, Ayres Britto, mas não quer tomar decisão antes do término do julgamento da Ação Penal 470. Ele não pretende perder o foco de um processo “amplamente vitorioso’; e abrir novos questionamentos sobre um caso que está prestes e se encerrar.
A primeira comunicação chegada ao STF foi um fax curto de poucas linhas em que o réu Marcos Valério e seu advogado citavam a delação premiada, e ele se dispunha a dar novo depoimento sobre o mensalão. O fax foi enviado por Ayres Britto para o relator Joaquim Barbosa “apartado dos autos’? e por ele encaminhado ao Ministério Público.
O depoimento tomado por procuradores só será avaliado oficialmente pelo procurador-geral da República após o fim dos trabalhos do processo em curso, e ele pretende tomar uma decisão que não seja “nem irresponsável” para não auxiliar uma eventual jogada de Marcos Valério, nem “leniente ou omisso’! Ele sabe que se decidir arquivar as novas denúncias, terá que fazê-lo com bases técnicas irrefutáveis, para não dar a impressão à opinião pública de que está protegendo o ex-presidente Lula.
Se se decidir a investigar novas linhas de acusações, o procurador pode abrir novo inquérito, ou pode juntar o depoimento a inquéritos já em andamento, como o que investiga possíveis vantagens fornecidas ao banco BMG no crédito consignado. Tudo, inclusive os benefícios da delação premiada em futuros processos, dependerá das provas que o lobista fornecer ao Ministério Público Federal. A impressão geral é de que um novo inquérito é inescapável.
A gripe do ministro Celso de Mello, [que foi internado hoje] adia a decisão sobre a perda dos mandatos dos parlamentares condenados no processo do mensalão, gerou uma série de especulações ontem, já que o voto do decano será decisivo, pois a votação está empatada em 4 a 4.
Primeiro, especulou-se que tanto a gripe do decano quanto a do presidente Joaquim Barbosa, que suspendeu repentinamente a votação na segunda-feira quando Celso de Mello estava pronto para dar seu voto, haviam sido subterfúgios do STF para ganhar tempo e negociar nos bastidores uma saída para a crise com a Câmara, cujo presidente, deputado petista Marco Maia, insiste em que poderá desobedecer ao Supremo caso a decisão final sobre os mandatos não fique com o Legislativo.
É possível mesmo que esses dois dias tenham dado tempo para conversas reservadas em busca de uma solução para o impasse.
Outras especulações indicavam que o ministro Celso de Mello estaria tendendo a recuar na sua disposição de votar a favor da perda dos direitos políticos, diante do que seria uma incoerência de sua parte devido a outro voto dado em 1995.
Mas tudo indica que não haverá mudança com relação ao voto do ministro Celso de Mello, que já deu indicações suficientes de que apoiará a decisão de cassar direitos políticos dos parlamentares condenados no mensalão. O caso do vereador tratado pelo STF, em 1995, porque fora condenado, com trânsito em julgado, por crime eleitoral, em que o hoje decano do STF votou a favor de que somente o Legislativo poderia cassar o mandato, não é semelhante ao que julgado hoje, alegam os ministros que já votaram a favor da perda dos direitos políticos.
Ali, tratava-se de crime eleitoral contra a honra, e agora o Supremo está cuidando de crimes graves contra a administração pública, como peculato e corrupção passiva. E a questão também está colocada de outra maneira. A decisão do Supremo não será a de cassar o mandato dos parlamentares, mas cassar os seus direitos políticos, o que impedirá como consequência que exerçam o mandato.
Como disse Celso de Mello, “a condenação gera um efeito genérico: a privação dos direitos políticos que se aplica a qualquer réu, independentemente do quadro que represente e sem a posse plena da cidadania, sem a posse plena dos direitos políticos, ninguém pode permanecer na investidura de um cargo público’
CUBA: Num país em que o Skype é bloqueado até em hotéis, o Twitter vira arma de resistência
Reportagem de André Petry, de Havana, publicada em edição impressa de VEJA
EM BUSCA DE VOZ
A ditadura exerce controle rígido sobre a informação – no rádio, no jornal, na TV, na Internet, na telefonia -, mas os cubanos estão descobrindo no Twitter sua arma de resistência
Cuba vai aonde a elite comunista quiser – até que o povo decida o contrário. Em Havana, a população vive insatisfeita, reclama da escassez, dos baixos salários e da falta de liberdade, mas não há vestígio de revolta. Essa aparente apatia é fruto também do tremendo isolamento em que os cubanos vivem.
A internet é inacessível para a maioria da população. Os canais de TV a cabo são clandestinos. Estima-se que 90% da população só tenha acesso a televisão, rádio e jornal oficiais. Por esses dias, o grosso do noticiário em Cuba era o que eles diziam ser um “clamor mundial” contra o bloqueio americano ao país, a pressão internacional pela libertação de cinco cubanos presos nos Estados Unidos e a insidiosa campanha capitalista contra a Síria e o Irã, além dos sinais evidentes do desmonte do capitalismo na Europa.
A muralha da censura em Cuba começou a sofrer um pequeno abalo em 2008, quando o presidente Raúl Castro autorizou os cubanos a comprar celulares. Hoje, num país de 11 milhões de habitantes, há 1,8 milhão de aparelhos. São caríssimos para os padrões locais. Custam entre 90 e 125 dólares, dependendo do modelo da Samsung, a única marca oferecida pela Etecsa, a estatal das comunicações. O chip sai por 40 dólares para cubanos, e por 3 dólares ao dia para estrangeiros. É pré-pago. Pagam-se 45 centavos de dólar por minuto para ligações locais. Por isso, é raro ver alguém falando ao celular na rua. Os orelhões estão por toda parte.
Mesmo assim, aconteceu algo inusitado. Contornando a proibição da internet, os cubanos começaram a usar celulares para trocar mensagens via Twitter. Facilitou a vida de Yoani Sánchez, a blogueira que, morando em Havana, noticia as mazelas do regime. Com as dificuldades de comunicação na ilha, Yoani tem mais plateia no exterior e o Twitter é o melhor meio para aumentar sua audiência no país. O Twitter também tem sido usado por jornalistas independentes, ilegais e cada vez mais numerosos. Para Yoani, a liberação dos celulares “abriu a caixa de Pandora” na ilha caribenha.
As estatísticas mais recentes indicam que há 750 000 computadores em Cuba, com quase 2,6 milhões de usuários – dos quais 450 000, por razões profissionais, são autorizados pelo governo a conectar-se à internet. No Palácio Central de la Computación, no centro de Havana Velha, há trinta computadores que o público pode utilizar de graça. Só dão acesso à Intranet e à Infonet, ambos sistemas cubanos.
Cada usuário pode ficar no computador por até duas horas. Na cidade quente e à beira-mar, é expressamente proibido entrar no palácio da computação de chinelo de dedo. Só três hotéis de Havana oferecem rede wi-fi. Os demais vendem uma “tarjeta de internet” a preço exorbitante: uma hora custa 6 dólares. (O Skype é bloqueado mesmo nos hotéis.) Teoricamente, qualquer cubano pode entrar num hotel, comprar uma “tarjeta” e navegar na internet. Mas, com salário médio de 20 dólares, gastar 6 dólares por hora é proibitivo.
Na tarde quente de uma terça-feira recente, 150 pessoas se aglomeraram diante de uma filial da Etecsa para aproveitar uma promoção – só para cubanos. (A filial fica na Avenida Salvador Allende, presidente socialista do Chile morto em palácio, mas todos os cubanos a chamam pelo antigo nome de Carlos III, o rei da Espanha.)
Nos termos da promoção, com a compra de uma linha de celular pelo equivalente a 30 dólares, ganhava-se um crédito de 30 dólares para fazer ligações. A fila degenerou em tumulto, gritaria e discussão. Ninguém queria perder a chance de ganhar 30 dólares de crédito. Os que usam os celulares para fins políticos têm benfeitores. São grupos anônimos que, do exterior, adicionam crédito aos celulares cubanos on-line.
Havana é um museu a céu aberto. Os almendrones, carrões americanos da primeira metade do século passado, ainda rodam pelas ruas. As pessoas, jovens até, ostentam dentes de ouro. As lojas fecham por dias a fio e colocam um aviso na porta: “fechado para balanço”. A digitalização é incipiente. Até a venda de vistos de entrada em Cuba num dos aeroportos mais próximos – o de Cancún, no México – é anotada em papel, a lápis.
Na Univesidade de Havana, uma das mais antigas das Américas, a divisão de informática tem computadores dos anos 90. Na biblioteca, há três terminais para pesquisar o catálogo digital, mas o uso mais frequente é dos velhos armários com gavetas e fichas de papel. Num dia normal de aula, não se vê a cena corriqueira em outros países de estudantes às voltas com iPods e smartphones. Numa quarta-feira recente, só um grupo de estudantes trabalhava em um laptop, na faculdade de matemática e cibernética.
A elite comunista de Cuba está mais interessada em controle político do que em desenvolvimento econômico. Nisso, a informação tem papel decisivo. Tudo o que se refere à circulação de ideias é vigiado. No penúltimo domingo de outubro, Cuba foi às urnas para escolher vereadores. Todos os candidatos são do Partido Comunista, que tem 800 000 filiados e uma ala jovem com 700 000 militantes.
Não havia carro de som, comício, passeata, propaganda na TV. Só uma folha de papel afixada nas vitrines com uma biografia do candidato e foto 3×4. É a Lei Falcão cubana.
Por tudo isso, o artista plástico Salvador González, que popularizou o Callejón de Hamel, local de dança e música afro-cubanas, fez uma sátira das comunicações na ilha em seu estúdio: um antigo aparelho de telefone é chamado de “Blackberry”, a velha máquina de escrever de “Internet”.
É também por isso que se diz que Cuba vai aonde a elite comunista quiser. Ela tem o controle de tudo. Pelo menos até que o povo, em algum momento e contra todas as adversidades, decida o contrário.
‘Pró-mercado?’, por Carlos Alberto Sardenberg
PUBLICADO NO GLOBO DESTA QUINTA-FEIRA
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
A presidente Dilma tem dito que seu governo é pró-mercado, mas, na prática, suas políticas destilam forte hostilidade ao mercado. No primeira coluna sobre o tema, comentamos como isso foi feito com os bancos, a partir do nobre objetivo de derrubar juros.
Fez o mesmo com as elétricas. Assim como reclamavam dos juros, todos os interlocutores da presidente também protestavam contra o preço da energia, o mais alto do mundo, sendo quase 50% de impostos (federais e estaduais). Dilma promete a redução, cortando um pouquinho de encargos e impostos e um poucão da rentabilidade de empresas cujas concessões estão vencendo nos próximos anos. Vai pagar muito menos do que as empresas esperavam por conta de ativos ainda não amortizados e impor uma tarifa lá embaixo. Ou seja, jogou no chão os ativos e a rentabilidade das companhias envolvidas.
E sem qualquer alternativa. Disse às empresas: quer, quer, não quer, aguente as consequências.
Os acionistas minoritários privados da Eletrobrás, uma estatal federal, reclamaram. As ações da estatal estão virando pó, o que faz inteiro sentido. As pessoas haviam comprado as ações com base em dados informados e expectativas formadas pela própria companhia. Se, de um dia para outro, ativos que a estatal dizia valer R$ 30 bilhões não valem nem a metade, se os lucros esperados transformam-se em prejuízo, você trata de se livrar desses papéis, não é mesmo?
Já no Palácio do Planalto, conforme informou Claudia Safatle em sua bem informada coluna de 30 de novembro no Valor, o pessoal acha que se trata de ataque especulativo do mercado contra a Eletrobrás.
Para completar a hostilidade, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, atacou as três elétricas estatais estaduais que não aceitaram os temos do governo federal, dizendo que ficaram ao lado dos acionistas contra o povo.
Ou seja, acionistas são capitalistas predadores.
Mesmo, por exemplo, os fundos de pensão dos trabalhadores? Mesmo o pessoal que usou FGTS para comprar ações da Petrobrás.
Acionistas fornecem capital bom às empresas, algo de que a economia brasileira precisa para expandir investimentos. A presidente diz isso quando informa que tem um programa para estimular o mercado de capitais.
Mas com a destruição do valor das ações do BB e de outros bancos, da Eletrobrás e de outras elétricas, assim como da Petrobrás, quem compra esse programa?
Haveria solução de mercado para derrubar o preço das tarifas de energia? Sim, menos impostos e mais licitações abertas.
(Voltaremos ao tema)
FORA, ESTRANGEIROS!
Ao recusar a sugestão da revista Economist para que demitisse Guido Mantega e formasse nova equipe econômica, a presidente Dilma enumerou três argumentos:
Ao recusar a sugestão da revista Economist para que demitisse Guido Mantega e formasse nova equipe econômica, a presidente Dilma enumerou três argumentos:
1. a revista é estrangeira e não tem que se meter em um governo eleito pelo povo brasileiro;
2. o mundo desenvolvido, onde fica a sede da Economist, está em piores condições;
3. Nunca se viu um jornal propor demissão de ministros.
Os três argumentos estão equivocados.
Sobre o primeiro: a presidente Dilma é estrangeira quando está na Europa, mas isso não a impede de criticar as políticas econômicas locais. No mundo globalizado, é natural que os todos estejam o tempo todo se avaliando. Além disso, o argumento da presidente é oportunista. Quando a mesma Economist fez uma capa dizendo “O Brasil decola”, o pessoal do governo jogou a matéria na cara dos críticos brasileiros.
Sobre o segundo argumento: nem todo o mundo desenvolvido vai mal. A Alemanha, por exemplo, está em condições bem melhores, consegue ter uma indústria mais competitiva que a brasileira. Aliás, eis um modelo gringo que deveria ser copiado. Os EUA crescendo mais que o Brasil.
Sobre o terceiro argumento: a presidente não está lendo os jornais, muito menos a Economist. A revista frequentemente sugere e recomenda a demissão de ministros dos mais variados países e até mesmo de presidentes e chefes de governo. A imprensa livre e independente faz isso o tempo todo, para o mundo todo.
Na verdade, a única coisa que Dilma não fez ─ e deveria ter feito ─ foi analisar os argumentos da Economist. Não foi um simples “demita o ministro Mantega”. Foi uma ampla reportagem procurando entender por que o Brasil não cresce, enquanto outros emergentes vão muito bem. Mostra que faltam investimentos e reformas e que o ministro Mantega perdeu toda credibilidade para comandar essas mudanças por causa de seus prognósticos equivocados.
Não há nada de ofensivo nisso. Mas a presidente não perde o jeito. Criticada, deixa escapar seus instintos, entre os quais o viés anti-estrangeiro, que antigamente se dizia antiimperialista.
Sobe número de imóveis comerciais de luxo para alugar em SP
A região onde mais aumentou a disponibilidade de imóveis comerciais foi a Paulista. No trimestre passado não havia nenhuma área para alugar na região, mas agora 20,2% dos espaços existentes estão vagos.
Os outros maiores aumentos foram registrados na Berrini (10,2 pontos percentuais), Faria Lima (11,9 pontos percentuais) e Chácara Sto. Antônio (7,3 pontos percentuais).
Mesmo com maior disponibilidade no mercado, os preços médios de locação em São Paulo ficaram em R$ 126,50 m² ao mês, número 2% superior ao do trimestre anterior, e 14% maior que o do mesmo período do ano passado. As regiões da Faria Lima, Itaim e Vila Olímpia seguem com os maiores preços máximos pedidos ¿ o R$ 220 e R$ 170, respectivamente.
Uma das consequências dos altos preços e da escassez de unidades em São Paulo é a migração de empresas para Alphaville, onde não param de surgir novos empreendimentos e a taxa de disponibilidade é de 80%. "Alphaville tem mais área para alugar do que toda a cidade de São Paulo. São mercados muito próximos. Tem empresas migrando para lá, mas menos que no passado, por conta do trânsito e dos preços", conta Angelino.
Fonte: Terra
Planejando sua viagem
Blog Um mundo em uma mochila
Posted: 10 Dec 2012 06:53 PM PST
Você sabia que a organização prévia pode ser o segredo do sucesso de sua viagem?
Pois é! Mas isso também não significa que o planejado tenha que ser seguido a risca e que no meio da estrada, quando tudo pode mudar, seu planejamento também não possa mudar com as circunstâncias em que você pode se encontrar. Acredite, por mais que você faça um mega planejamento, daqueles em que você diz: “- Ah, mas isso tudo é muito perfeito e eu não mudaria nada!”, pode crê, no meio da estrada, quando você se deparar com uma informação de que existe um lugar maravilhoso pra conhecer e que você não fazia ideia de que existia, na certa vai querer acrescentar no seu roteiro. E dai, pronto, você já alterou todo o seu planejamento inicial. Conclusão: relaxe! Planeje, mas seja flexível durante a sua viagem. Se pintar algo legal que você considere interessante fazer, conhecer, se jogue e seja feliz!
Mesmo que você planeje sua viagem e no fim das contas altere boa parte dela, na certa a sua viagem vai ter valido a pena. Estar preparado para lidar com imprevistos sem estresse faz parte do planejamento. Uma vez tomada a decisão, não dê ouvidos às pessoas, que na certa irão questionar seus motivos para viajar e fazer com que você pense demais. Não que pensar demais signifique desistir, mas é um passo pra isso.
Viajar, seja com qual for a intenção, seja ela, a troca de valores e culturas, ou simplesmente descansar, significa um passo muito importante na sua vida e que merece um mínimo de organização. Afinal, é um grande passo rumo à liberdade no qual você estará dando. Então, aprobeite cada momento do seu planejamento e organize o máximo de informações e dicas que puder ter sobre todos os lugares que deseja conhecer. Na certa, sua viagem vai agradecer cada segundo que você passou na frente do computador pesquisando nas comunidades do Orkut, do Facebook sobre dicas e informações sobre seu roteiro.
Dica de Mochileiro 1: “Force a amizade” para fechar o seu roteiro. Use as Redes Sociais para conhecer pessoas que já fizeram a mesma viagem que você deseja fazer, e até mesmo para conhecer moradores e possíveis anfitriões nas cidades em que você deseja visitar.
Dica de Mochileiro 2: Cadastre-se em sites de hospedagem solidária que oferecem um cantinho na casa de alguém para você dormir. Isso na certa vai fazer você economizar e muito durante sua viagem com hospedagens. Além é claro, de poder ser uma ótima chance para você aprender sobre os costumes, sobre a cultura e principalmente sobre a culinária local.
Comunidades de Viajantes
Sites de Hospedagem Solidária
A quadrilha no seio do Poder
12:24:10
O que é uma “quadrilha”? Pelo Código Penal brasileiro, são necessárias mais de três pessoas para formar uma quadrilha. É quase um sinônimo de gangue. Se quatro ou mais pessoas conspirarem para cometer algum delito, podemos dizer, sem medo de errar, que elas formam uma quadrilha. Segundo a Interpol, quadrilhas costumam ter um chefão e um mentor. Às vezes são a mesma pessoa, às vezes não. ...
Com o julgamento do mensalão pelo STF e o novo escândalo da Operação Porto Seguro, os brasileiros aprenderam que “quadrilha” não é um termo aplicado apenas a traficantes ou bandidos comuns que não terminaram o ensino fundamental. Há quadrilhas no Congresso e há quadrilhas no Poder Executivo. Muitos de seus integrantes têm diploma de ensino superior – embora alguns sejam falsos, como o do ex-marido de Rosemary Noronha.
Mas falsificar um diploma universitário para conseguir um cargo na seguradora do Banco do Brasil é um detalhe, não? Afinal, quem pedia e pressionava por irregularidades mil era uma mulher viajada, santa protetora dos Irmãos Metralheira. Rose era a secretária íntima e de total confiança de JD e do PR. Telefonou para um e para o outro logo que recebeu a visita de policiais.
Por isso, e só por isso, Rose mereceu a defesa veemente do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Ele explicou por que o sigilo telefônico dela não foi quebrado: “Não há quadrilha no seio da Presidência da República (...). Rosemary Noronha foi cooptada no esquema e não é integrante da quadrilha”. Ninguém dará a ela o direito de depor e se defender da fama injusta de quadrilheira. Rose foi “cooptada”? Então tá!
Uma quadrilha não precisa operar com armas de fogo para ser chamada assim. No Artigo 288 do Código Penal, que define o crime, o parágrafo único determina que a pena de reclusão seja em dobro, “se a quadrilha ou bando for armado”. A pena também deveria ser dobrada para as quadrilhas que tiram proveito de cargos públicos para assaltar a população.
O valor que o governo dá em bolsas isso ou aquilo é ínfimo se compararmos ao ralo da corrupção e das propinas de bandidos infiltrados nos Poderes. Enxugaremos gelo até a Polícia Federal identificar todas as quadrilhas sanguessugas que impedem o país de avançar em seu IDH, o Índice de Desenvolvimento Humano. Por que eles resistem tanto a ser chamados “quadrilheiros”?
Somos a sexta economia do mundo, mas precisamos desesperadamente de obras de infraestrutura, saneamento nas favelas com esgoto a céu aberto, moradias populares, uma rede de trens e de metrôs, educação com qualidade, creches para as mães trabalhadoras, um sistema que não abandone seus velhos e hospitais que não desrespeitem seus pacientes. Para onde vão nossos impostos de Primeiro Mundo?
Na Zona Portuária do Rio de Janeiro, mais de 1.000 pessoas de idades e graus diversos de dor se enfileiraram na rua a 34 graus de calor, em busca de atendimento em 2013 no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), inaugurado por Dilma no ano passado. O Into é um espetáculo. Mas o que você e eu vimos pela TV me pareceu próximo de tortura. E acontece cotidianamente em unidades públicas no Brasil. Podem prometer marcação de consultas por telefone ou por computador, mas deve ser para tirar da televisão as filas. Fiquei descansada quando o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que haverá cirurgias aos sábados e o número de atendentes do call center do Into aumentará de 14 para 50... Então tá!
Quem rouba dinheiro de famílias desabrigadas por tempestades – como vem acontecendo nas cidades serranas do Rio – deveria estar numa dessas cadeias classificadas de medievais por nosso ministro Cardozo. Temos quadrilhas de ladrões bem-apessoados na serra, com endereços conhecidos. Mais um dezembro de crianças e velhos empoleirados em áreas de risco em Teresópolis e Friburgo, rezando a Deus para não ser levados pelas águas... Então tá!
Temos também quadrilhas nas polícias. O Rio prendeu e deu os nomes de 63 policiais militares que achacavam traficantes. Como diz o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, bandido de farda é bandido ao quadrado. Aguardo exemplos concretos de fim de corporativismo policial em São Paulo. Após meses de execuções diárias, atentados e guerra entre policiais e bandidos, com centenas de mortes, o novo secretário de Segurança de São Paulo, Fernando Grella Vieira, “cria gabinete para combater crise” e admite que o PCC “é uma das facções criminosas” a enfrentar... Então tá!
Nesse cenário de carências inadmissíveis e próprias de Terceiro Mundo, quem entra para o serviço público ou é eleito prefeito, governador, deputado, senador e presidente tem dupla responsabilidade. Extraindo do seio, do coração e da cabeça do Poder os focos de gangues, sobrará dinheiro para o que interessa.
Fonte: Ruth de Aquino / Época - 13/12/2012
O ZUMBI DO PLANALTO
13/12/2012
Giulio Sanmartini
Ir contra a realidade é uma tarefa difícil até para os mais inteligentes, e impossível para aqueles que a tem escassa. Estou me referindo Dilma Rousseff, é uma presidente que não sabe presidir, uma mentirosa que não sabe mentir, tem a rara faculdade de reforçar o que ataca e enfraquecer o que defende.
Poderia muito bem ter maneirosa quando perguntada sobre a reportagem em que a revista Britânica The Economista, fez críticas a seu ministro da Fazenda, mas não, valeu seu provincianismo e sua falta de sensibilidade. De público, num país estrangeiro fez duros ataques ao órgão informativo. (veja Rodou a baiana – 11/2).
O que se constata na realidade, é que Mantega está transformado num verdadeiro zumbi, vagueia pelos corredores do ministério sem nada para fazer e sem nada saber, haja vista, que perdeu toda sua capacidade decisória, que foi assumida por um triunvirato, do qual fazem parte além da “doutora em economia” Dilma, o secretário-executivo de Mantega, Nelson Barbosa e o secretário do Tesouro Arno Augustin.
Guido Mantega apenas é comunicado das decisões do “triunvirato” das quais aceita ser porta-voz. Dilma não o demitiu ainda a pedido de Lula.
Ele está pagando esse preço exorbitante por uma pequena vaidade, se puder vai agüentar até abril do ano que vem, para tornar-se o ministro da Fazenda mais longevo da história.
Todavia, caso consegui chegar ao seu objetivo, este terá perdido qualquer valor, pela forma como foi adquirido.
(1) Texto de apoio: Cláudio Humberto.
POR LEI, SÓ 30% DE NOTÍCIAS NEGATIVAS.
13/12/2012
Giulio Sanmartini
Luiz Inácio Lula da Silva, só conseguiu se eleger na primeira vez, por ter recebido um maciço apoio por grande parte da imprensa, pensou ele que poderia usá-la eternamente como instrumento de suas vontades. Quando a mídia começou a noticiar suas mazelas, ele começou a defecar, no prato em que fartara-se. A lua de mel acabou com um solene “foda-se a Constituição”, quando quis punir um jornalista estrangeiro que havia noticiado algo que ele não gostou. (2009).
Logo depois (7/10/2010)O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Franklin Martins afirmou que “a liberdade de imprensa não garante que a imprensa seja boa”, na sua tentativa de amordaçar a imprensa com o “Marco Regulatório”.
Nessa semana, estando em Paris, a presidente Dilma Rousseff, colocou em dúvida a seriedade da revista britânica “The Economist”, por ter criticado o ministro Guido Mantega (leia mais Rodou a baiana – 11/2).
Nesse mesmo dia 11/12, o imbecilizado, Rui Falcão, presidente do Partido dos Trabalhadores PT, assinou nota da Direção Nacional do PT que lamenta o espaço dado pela imprensa para as supostas denúncias assacadas pelo empresário Marcos Valério contra o partido e contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Caso essas declarações efetivamente tenham sido feitas em uma tentativa de “delação premiada”, deveriam ser tratadas com a cautela que se exige nesse tipo de caso. Infelizmente, isso não aconteceu. (leia a íntegraRui Falcão rebate acusações feitas por Marcos Valério).
Contudo, um deputado propôs uma lei intitulada “Para a proteção psíquica da população”, que em última análise imporia que jornais, rádios e televisões usassem um teto máximo de 30% do espaço para notícias negativas e o resto ficaria para a publicação de fatos otimistas e tranqüilizadores.
Uma lei que para o PT seria a sopa no mel, só que para azar deles, o autor da proposta é Oleg Mikheev, do partido Rússia Justa.
Se o PT continuar a mandar e desmandar no país, logo encontraremos algum puxa-saco de plantão para propor algo igual ao seu colega russo.
Supremo, Congresso e a crise dos poderes
Brasil 247 Joaquim Barbosa e Marco Maia começam a protagonizar uma possível crise entre os poderes Judiciário e Legislativo |
12 de dezembro de 2012,Bruno Lima Rocha
Agora complicou mesmo. O julgamento do Mensalão no Supremo caminha a passos largos para uma crise institucional. O dilema é relativamente simples. Julgar e condenar são papéis do Poder Judiciário, mas revogar mandato popular cabe aos pares, detentores de poderes semelhantes. Segundo o preceito constitucional, quem retira mandato é o Congresso Nacional e não a suprema corte. O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), deixou explícita a sua posição. Não abre mão da prerrogativa da câmara baixa e, ao seu modo, reage tardiamente ao chamado ativismo judiciário. Bem vindos somos ao país onde “ninguém é de direita”, embora a esquerda quase inexista e a base de apoio ao governo de turno seja composta pela maioria de direita de sempre.
Dom Pedro Casaldáliga: "Eu morrerei de pé como as árvores"
Eu morrerei de pé como as árvores.
Me matarão de pé.
O sol, como testemunha maior, porá seu lacre
sobre meu corpo duplamente ungido.
E os rios e o mar
serão caminho
de todos meus desejos,
enquanto a selva amada sacudirá, de júbilo, suas cúpulas.
Eu direi a minhas palavras:
- Não mentia ao gritar-vos.
Deus dirá a meus amigos:
- Certifico
que viveu com vocês esperando este dia.
De golpe, com a morte,
minha vida se fará verdade.
Por fim terei amado!
Me matarão de pé.
O sol, como testemunha maior, porá seu lacre
sobre meu corpo duplamente ungido.
E os rios e o mar
serão caminho
de todos meus desejos,
enquanto a selva amada sacudirá, de júbilo, suas cúpulas.
Eu direi a minhas palavras:
- Não mentia ao gritar-vos.
Deus dirá a meus amigos:
- Certifico
que viveu com vocês esperando este dia.
De golpe, com a morte,
minha vida se fará verdade.
Por fim terei amado!
Dom Pedro Casaldáliga
Blog do Mario
DECRETO OFICIALIZA A PARTICIPAÇÃO DE CORRETORES DE IMÓVEIS NAS AVALIAÇÕES DO GOVERNO DO PARANÁ
Leonaldo Paranhos (deputado estadual), Beto Richa (governador), Admar Pucci Junior (presidente Creci-PR), Luiz Carlos Ribeiro (superintendente Creci-PR) e Antonio Linares Filho (procurador jurídico Creci-PR).
O presidente do Creci-PR Admar Pucci Junior, acompanhado do Deputado Estadual Leonaldo Paranhos (PSC), estiveram hoje, dia 11 de dezembro, com o Governador do Paraná Beto Richa, no Palácio Iguaçu. A audiência oficializou o Decreto nº 6645 que autoriza o Poder Executivo incluir os corretores de imóveis no Conselho Especial de Avaliação do Estado. Os profissionais, quando necessário, emitirão pareceres mercadológicos para avaliações, alienações e leilões do Governo. O Creci-PR ficará responsável por indicar os corretores de imóveis aptos para desempenhar esta função.
Pucci diz que o Decreto reconhece a importância da profissão no estado. “Com a oficialização desse documento, o Governador afirma a capacidade e a suficiência dos corretores de imóveis em estipular adequadamente os valores mercadológicos dos imóveis”.
Paranhos trabalhou em conjunto com o Creci-PR reivindicando esse direito para os corretores de imóveis. “Reforçamos o pedido ao governador para que os profissionais credenciados fossem incluídos nas comissões de avaliação formadas pelo Governo, afinal, são eles que se preparam para fazer essa avaliação de mercado”.
O Decreto valida a Resolução 1066/2007 do Conselho Federal que outorga aos corretores de imóveis a competência de elaborar o parecer técnico de avaliação mercadológica. O documento também confere o reconhecimento e prestigio do Cadastro Nacional de Avaliadores Imobiliários – CNAI.
Fonte: Graciele Zepson via E-mail
CRÔNICA Cartas de Paris: Oscar Niemeyer, um ilustre estrangeiro
Quando cheguei na rádio onde trabalho na quinta-feira passada, recebi a notícia de que Oscar Niemeyer tinha morrido e que isso alteraria um pouco a programação do dia.
Fui incumbida de fazer uma pequena reportagem para o programa da noite sobre suas obras em Paris.
Depois de uma semana saindo tarde do trabalho, tenho que reconhecer que a notícia não caiu mal. Pensei que seria fácil conseguir rápido as sonoras necessárias e chegar mais cedo em casa.
Comecei fazendo uma busca para saber detalhes destas obras tão conhecidas de quem mora em Paris: a sede do Partido Comunista Francês, o Centro Cultural do Havre e a sede do jornal L’Humanité.
Passei quase uma hora me divertindo com os vídeos dos arquivos do Instituto de Audiovisual Francês que mostravam um jovem Niemeyer, passeando na estrutura do emblemático bunker do PCF – que se transformaria mais tarde em um dos prédios mais visitados da cidade durante as Jornadas do Patrimônio francês – explicando, em um francês carioca, os traços de seu projeto.
Observei mais de perto um fato que já conhecia, mas para o qual nunca tinha atentado: Niemeyer morou muitos anos na França. Pouco a pouco entendi que ele foi um estrangeiro em Paris. Provavelmente o mais ilustre dos brasileiros que passaram por estas terras, mas ele também tinha um sotaque, sentiu frio no inverno, se maravilhou com a Torre Eiffel, teve saudades de casa e escreveu cartas.
Conseguir informações exatas sobre seus quase vinte anos na França não foi tão fácil quanto imaginava. Além das obras, tudo parecia muito subjetivo, poucas informações exatas sobre o número de trabalhos que fez aqui ou sobre onde morou.
Uma coisa é certa, ele amou a França e esta, por sua vez, devolveu em dobro todo seu carinho. Desde a semana passada os franceses não se cansam de falar e de se entristecer com a morte deste poeta das formas. Cheguei até a receber os pêsames na rua quando descobriam que sou brasileira.
Esta não foi a primeira vez que escrevi sobre o arquiteto e novamente tive a mesma impressão. A de que ele não deixava ninguém indiferente, não somente por suas ideias arquitetônicas inovadores, mas por ser uma boa pessoa.
Ao longo do dia, os testemunhos e relatos que ouvi falavam de um homem generoso, acessível e amigo.
Saí tarde do trabalho, uma vez mais, mas com o coração aquecido pela generosidade deste homem que ajudou a construir uma bela imagem de todos nós brasileiros aqui fora.
A mão aberta oferece uma flor: presente de Niemeyer para Paris (parc Bercy)
Ana Carolina Peliz é jornalista, mora em Paris há cinco anos onde faz um doutorado em Ciências da Informação e da Comunicação na Universidade Sorbonne Paris IV. Ela estará aqui conosco todas as quintas-feiras.
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