segunda-feira, 24 de agosto de 2015

EX-PROFESSORA DAS FILHAS DE VERÍSSIMO REAGE AOS INSULTOS DO ESCRITOR CONTRA OS OPOSITORES DO GOVERNO DILMA


Uma das ex-professoras das filhas do escritor gaúco Luiz Fernrando Veríssimo não gostou de ser comparada a vira-latas por protestar contra a corrupção do governo Dilma. Ela encaminhou esta carta ao editor, que vai publicada na íntegra:

Prezado LF Verissimo:
Na crônica com o título ‘O Vácuo’, comparaste os manifestantes contra o governo aos cachorros vira-latas que, no passado, corriam atrás dos carros, latindo indignados. Dizes que nunca ficou claro o que os cães fariam quando alcançassem um carro, por ser uma raiva sem planejamento. E que os cães de hoje se modernizaram, convenceram-se de seu próprio ridículo, renderam-se ao domínio do automóvel.
Na tua infeliz e triste comparação, os manifestantes de hoje são vira-latas obsoletos sitiando um governo que mais se parece com um Fusca indefeso, que sabem o que NÃO querem – Dilma, Lula, PT – mas não pensaram bem NO QUE querem no seu lugar. Como um velho e obsoleto cachorro vira-lata, quero te latir (não sei se entendes a linguagem de cachorros) algumas coisas:
1. Independentemente das motivações de cada um, tenho certeza de que todos os cachorros na rua correm em busca dos sonhos perdidos, que, em 13 anos, foram sendo atropelados não por um Fusca indefeso, mas por um Land Rover de corrupção, imoralidades, mentiras, alianças políticas espúrias, compras de pessoas, impunidade, incitação à luta de classes, compra de votos com o Bolsa Família , desrespeito e banalização da vida pela falta de segurança e de atendimento digno à saúde, justiça falha, etc, etc.
2. Se os cachorros se modernizaram e pararam de correr atrás do carro, não foi por se convencerem do próprio ridículo. Foi porque não conseguiram nunca alcançar os carros e isso os desmotivou. Falta de planejamento, concordo. Mas os cachorros de agora aprenderam que se correrem juntos, unidos, latindo bastante atrás do carro, cada vez mais e mais, de novo e de novo, chegará uma hora em que o motor vai fundir. Eles vão alcançar o carro. O motorista vai ter que descer do carro e outro assumirá. Pior do que está não vai ficar, embora o conserto vá demorar muito. Não vai ser fácil, mas os vira-latas vão conseguir se organizar, pelo voto. Não pela ditadura.
3. Não é verdade que o latido mais alto entre os cachorros foi o de um chamado Bolsonaro. Acho que estavas na França gozando das delícias de um croissant na beira do Sena (enquanto os vira-latas daqui corriam atrás do osso perdido) e não viste os vídeos das manifestações. Se bem que a TV Globo e o Datafolha também não enxergaram nada. O que mais cresceu na manifestação foi uma certeza, a certeza que vai fazer esse país mudar: com essa Land Rover desgovernada não dá mais. Os cachorros com seus latidos unidos jamais serão vencidos. E sabem que mais dia, menos dia, esse carro vai parar. É assim que começa, pena que eles não acreditem. Não vai ter mais dinheiro pra comprar brioches para o povo. E o número de vira-latas vai aumentar muito. Quem comandará a corrida? Não sei, só sei que prefiro ser um vira-lata à moda antiga do que um vira-lata moderninho que se rende a uma Land Rover.
4. Te enganas quando dizes que os cachorros de antes corriam atrás dos carros porque a luta era outra. Não, a luta é a mesma, o contexto é diferente. Os cachorros não querem um passaporte bolivariano. O vácuo vai ser preenchido, não te preocupes. Por quem for necessário e aceito, desde que não seja pelo exército do Stédile.
5. Em tempo: essa vira-lata que te fala foi professora das tuas filhas no antigo e admirável Instituto de Educação. Lá aprendi que é importante latir não por latir, mas para defender os sonhos possíveis. E tuas filhas devem ter aprendido muita coisa com os meus latidos. Continuo latindo, agora na rua, para derrubar o que acredito ser um mal nesta nação arrasada: a corrupção e, mais do que isso, um governo corrupto, que perdeu totalmente a vergonha. Eles criaram um “vácuo” de imoralidade e de incompetência que vai ser difícil de recuperar. Mas, vamos conseguir!
Atenciosamente, auauau.
ROSÁLIA SARAIVA

ADELINO COLOMBO DIZ QUE ATUAL CRISE POLÍTICA, ECONÔMICA E DE CONFIANÇA É A PIOR DE TODAS AS CRISES


Nesta entrevista para a jornalista Marta Sfredo, Zero Hora de hoje, diz o empresário gaúcho Adelino Colombo, dono da maior rede de varejo do RS que o Brasil está doente, mas não vai morrer. 

Leia tudo:

Ele começou a vender aparelhos de TV logo que a novidade surgiu, de porta em porta. Aos 84 anos, segue no comando de uma rede de 246 lojas espalhadas pela Região Sul. Adelino Colombo confessa que não se vê longe do comando. Até já tentou, contratando executivos, mas depois de certo tempo retomou a tarefa. 

Em julho, um dos mais promissores, Rodrigo Piazer, também se desligou. Haverá substituição, mas só em 2016, mesmo que isso custe horas a mais de trabalho. Colombo conversou com a coluna +Economia na semana passada, quando o frio ensaiava um retorno. Ele gostou, porque era a chance de reduzir o estoque de aquecedores? Que nada. 

— Tenho ódio do frio. Gosto do verão, para andar de bermuda, à vontade — devolveu. 

Era assim que estava semanas antes quando, pela primeira vez, tentou fisgar salmões no Chile. Neste ano complicado, nem a pescaria, com o fiel parceiro Paulo Bellini, da Marcopolo, rendeu. 

— Foi interessante, mas não pegamos nada.

O senhor sempre foi otimista em períodos difíceis. Está conseguindo se manter assim?  
Não está fácil. Tivemos muitos problemas no passado, a inflação era 30%, 40% por mês, corte de três zeros na moeda, congelamento de preços. Vamos superar. Essa crise é mais política, econômica e de confiança. E não se sabe quando termina. Na empresa, não cortamos investimentos. Vamos abrir uma loja neste mês, mais três no próximo, pensamos em outros pontos. Infelizmente, tive de reduzir parte do meu pessoal, em certos setores. E fazer um corte profundo de despesas. Não estamos gastando se não precisa, mas tocando o negócio. O Brasil está doente, mas não vai morrer. 

O senhor mencionou características da crise, como a questão política e de confiança. Em termos de gravidade... 
(interrompe) Ah, é disparado a pior de todas. A inflação era alta mas a vida continuava, tudo era indexado. Pessoal comprava, a gente financiava com 38% de juro ao mês. O mercado, os negócios não paravam. Estive em Porto Alegre outro dia e me assustei. O rapaz da garagem onde estaciono disse que tem cem carros a menos por dia. Em todos os lugares está assim, restaurante, supermercado, farmácia. É uma crise profunda. 

O senhor disse que não se vê o fim da crise, mas dá para ver quando para de piorar? 
Acho que vai chegar a um ponto em que o mercado vai fazer a sua parte, não vai mais dar bola para essa situação, o pessoal volta a consumir. O que assusta é o desemprego, é o inferno. Mas podemos fazer como a Itália, que começou a se desenvolver e deixou o governo de lado, com suas crises, a Máfia. Acho que vamos dar a volta. A nossa presidente deve terminar o mandato, mas com muita dificuldade. O país não está em boas condições, olha o que é o nosso Estado, é coisa de chorar. 

Está afetando as vendas? 
Está batendo feio. Até que não perdemos tanto de faturamento. Até o dia 19, estamos com 8,7% abaixo do ano passado. Mas como a nossa previsão era crescer 10%, estamos na verdade 18% abaixo. Isso representa muito no resultado final, porque as despesas e os aluguéis não baixaram, a energia subiu. 

De que tamanho foi o corte de pessoal na rede? 
Foi triste. Tinha mais ou menos 5 mil (funcionários), foram 160, 180. Só o excesso mesmo. 

Durante essa fase de dificuldades, o diretor-superintendente da rede deixou o cargo. A saída tem relação com a crise?
Não, ele saiu faz um mês. Foi porque vai fazer um negócio solo. Ele é oriundo do setor de calçados, e isso não saiu da cabeça dele. Ele até me convidou para ser sócio, mas tenho que chega, tenho de cuidar do que eu tenho. 

Está buscando substituto?
Sim, mas não é para agora. Estou deixando para o ano que vem. Tenho uma boa diretoria, a gente vai tocando o negócio. 

Está trabalhando mais?
Eu? Um pouco mais, sim (risos). Eu saía mais cedo, agora estou saindo um pouco mais tarde. Tenho dito a meus amigos o seguinte: importante é quando a gente faz o que gosta, não se estressa. Não canso, não brigo com ninguém, vou tocando o dia a dia. Amo o que eu faço. 

E tem aquela pergunta que a gente sempre faz: tem aparecido comprador para a Colombo? 
Olha, ultimamente não. Há um, dois anos, sim. Hoje, se eu quiser vender, ninguém compra (risos). Este ano, em novembro, eu completo 68 anos, mas não é de idade, é de trabalho. Eu não saberia viver sem minha empresa. Minha grande preocupação é a perpetuação, com todos os problemas, com a concorrência, que é uma loucura. Mas é assim mesmo, tem de ter condições de resolver os problemas, ser criativo. O que vale é que a gente tem saúde. Sou uma pessoa que não durmo sem rezar, agradecer a Deus. 

E enquanto durar essa situação, qual é a estratégia? 
Se parar é pior. Vamos discutir promoções especiais para mexer um pouco no mercado. Não parei com propaganda, publicidade, ao contrário, estou investindo mais em publicidade. Se parar é pior.

A Colombo vende por carnê? 
Sim, por volta de 30%. O valor maior é no cartão de crédito. 

A inadimplência aumentou? 
Sim, tem um aumento, mas não é assim assustador.

PARA DONA DO MAGAZINE LUIZA, NÍVEL DE CONFIANÇA DA POPULAÇÃO ACABOU


A presidente do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, disse nesta segunda-feira, em evento em São Paulo, que não é uma pessoa otimista, mas confiante no país, e que é preciso "resgatar o Brasil" e ser protagonista para realizar as mudanças necessárias.

"O consumo não acabou, o que acabou, e o IDV [Instituto para o Desenvolvimento do Varejo] mostra isso, foi o nível de confiança da população", afirmou. "Nós precisamos resgatar o país", comentou a empresária, durante o Latin American Retail, evento de varejo promovido pela consultoria GS&MD.

Segundo nota logo abaixo, fica claro que o índice de confiança dos consumidores despencou fortemente. A nota abaixo é resultado de pesquisa da Fecomércio do RS. 


"Apenas 54% das casas têm lavadora de roupas e só 10% têm televisores de tela plana. E faltam 20 milhões de casas para atingirmos patamar de [moradias populares em] países desenvolvidos. Então, há muitas TVs e geladeiras que podemos vender ainda", disse Luiza Trajano, que até recentemente era apontada como uma das principais interlocutoras do empresariado junto a Dilma. 

DÍVIDA PÚBLICA FEDERAL CHEGA A R$ 2,603 TRILHÃO


O estoque da dívida pública federal (DPF) subiu 0,78% em julho, quando atingiu R$ 2,603 trilhões. Os dados foram divulgados na manhã desta segunda-feira (24), pelo Tesouro Nacional. Em junho, o estoque estava em R$ 2,583 trilhão.

A correção de juros no estoque da DPF foi de R$ 40,08 bilhões no mês passado. A DPF inclui a dívida interna e externa. A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) subiu 0,52% e fechou o mês em R$ 2,475 trilhões. Já a Dívida Pública Federal externa (DPFe) ficou 6,14% maior, somando R$ 128,72 bilhões (US$ 37,93 bilhões no mês passado).

A parcela da Dívida Pública Federal a vencer em 12 meses subiu de 21,19% em junho para 22,44% em julho. O prazo médio da dívida subiu de 4,58 anos em junho para 4,63 anos em julho. O custo médio acumulado em 12 meses da DPF passou de 14,31% ao ano em junho para 14,99% a.a. em julho.

Já a parcela de títulos prefixados na Dívida Pública Federal caiu de 42,52% em junho para 41,32% em julho. Os papéis atrelados à Selic aumentaram a fatia no período, de 20,15% para 20,64%.

ANÁLISE, IGOR GIEWLOW, FOLHA - ANÚNCIO AMADOR REFLETE DESORGANIZAÇÃO DO GOVERNO


A análise a seguir foi publicada há pouco no site do UOL. O autor é o diretor da Folha em Brasília, Igor Gielow.

Leia:

Após anos de cobrança pelo inchaço da máquina federal, o governo resolve cortar 10 dos 39 ministérios. Baita notícia, condizente com a necessidade de sinalizar sintonia com o momento difícil do país –ainda que, na prática, a tosa acabe sendo mais cosmética do que efetiva, dado que não se faz muita economia meramente cortando pastas.
O que um governo faria? Convocaria uma entrevista com antecedência, visando atrair a atenção da mídia, e apresentaria planos claros. Poderia até tentar associar a austeridade com o previsível recrudescimento da crise econômica devido às novas más notícias vindas da China.
Bom, houvesse governo em Brasília, isso teria ocorrido. Como se trata da gestão agônica de Dilma Rousseff, o que se vê é um ministro anunciando timidamente, "no susto", que a medida bombástica irá acontecer, só não sabe bem dizer como.
O amadorismo do anúncio desta segunda é um reflexo cristalino da desorganização que impera na Esplanada dos Ministérios, dado que a piloto sumiu da cabine de comando.

Há também a grande probabilidade de o corte ter o mesmo fim da tal Agenda Brasil, que sumiu dos discursos oficiais com a velocidade com que surgiu: criar fumaça para tentar esconder a origem do incêndio.

PETROBRAS PAGAVA O DOBRO DO VALOR DE CUSTO, DIZ TCU


Esta reportagem de Dimmi Amora, Folha de S. Paulo de hoje, revela que superfaturamentos sistêmicos que podem chegar à metade daquilo que a Petrobras, a maior empresa do país, gastava com suas bilionárias obras e aquisições.

O TCU não diz, mas é impossível que os presidentes da estatal, Sérgio Gabrielli e depois Graça Foster, mas até mesmo Lula e Dilma, sobretudo Dilma, que foi presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, não soubessem de nada.

Leia tudo:

Os primeiros indícios de investigações inéditas em andamento para analisar mais de R$ 30 bilhões em contratos da estatal nos últimos anos com as empresas envolvidas na Operação Lava Jato.
A primeira mostra dos absurdos valores que a estatal pagava a essas empresas causou choque entre ministros e auditores do TCU (Tribunal de Contas da União). O normal era desembolsar mais que o dobro do que custava. Em alguns casos, chegou a pagar 13.834% a mais.
A análise foi feita em parte de um contrato de R$ 3,8 bilhões da estatal com um consórcio formado pelas empresas Camargo Corrêa e Cnec para a construção de uma das plantas da refinaria Abreu e Lima (PE).

Quando fazia auditorias para apontar os preços elevados da Petrobras —o que vem ocorrendo desde 2007— o TCU usava como parâmetro preços de referência do mercado.
No caso dessa obra, o TCU já havia apontado indícios de preços elevados e sugeriu ao Congresso Nacional suspender a obra em 2010. O então presidente Lula vetou a medida e a obra seguiu.
Em obras muito específicas, vários itens do contrato não têm preços de referência. Com a Lava Jato, o juiz Sérgio Moro permitiu que o tribunal tivesse acesso às notas fiscais do consórcio. Para esses itens onde não há referência, o TCU comparou o que a Petrobras pagou com o valor da nota fiscal do consórcio.

Itens
É aí que as distorções são gigantescas. Uma tubulação pela qual a Petrobras pagou R$ 24,3 mil foi comprada por R$ 4,3 mil. Em 190 itens analisados, 185 tinham preços de nota inferiores ao que a Petrobras pagava.
Auditores desconfiam que o cartel que atuava na empresa sabia que o tribunal não tinha como comparar os preços desses itens. Nos artigos em que era possível comparar preços, os custos reais da empresa são 6% inferiores às tabelas de preço. Nos que não se podia comparar, a média chegou a 114% a mais.
Em alguns casos, contudo, as distorções apontam para indícios de crime. Ao licitar a obra, em 2010, a Petrobras aceitou pagar por um Compressor a Diesel (250 PCM) R$ 9.684 mensais. As notas do consórcio, contudo, apontam despesas de apenas R$ 70 por mês nesse equipamento.
A diferença é tanta que levantou suspeitas de que esse pagamento era apenas uma forma de lavar dinheiro.

OUTRO LADO
A Petrobras informou que não comentará esta decisão do TCU (Tribunal de Contas da União).
O consórcio das empresas Camargo Correia e Cnec informou que o contrato "foi firmado pela modalidade de contratação 'empreitada por preço global' e não 'empreitada por preço unitário'. Dessa forma, a análise deve considerar o preço global dos serviços e fornecimentos prestados e não itens isolados".
O consórcio informa que ainda não tem conhecimento de todos os dados e não pode se manifestar no processo do TCU para "apresentar os esclarecimentos necessários" e que vai colaborar para o esclarecimento dos fatos. Ainda segundo a nota, a obra foi auditada durante seu andamento pela Petrobras e pelo TCU.
"É fundamental considerar nesta análise o atraso no fornecimento de projetos finais e alterações de escopo, ambos de responsabilidade da contratante e que impactaram preços e prazos".
Por enquanto, os auditores do TCU só conseguiram comparar preços de pouco mais de 35% do que a Petrobras pagou nesse contrato, cerca de R$ 1,5 bilhão. E já abriram processo para cobrar desvios de R$ 673 milhões.