segunda-feira, 19 de março de 2012

Aprender rápido é uma competência valorizada



Em um mercado que muda sem parar, a agilidade para aprender coisas novas virou uma habilidade valorizada

Crédito: ®1 Nancy Tolford
 - Crédito: ®1 Nancy Tolford
A maior mudança de carreira enfrentada pela engenheira paranaense Karime Abib, de 37 anos, foi trocar um emprego de gerente de qualidade e garantia na Delphi, fabricante de autopeças, por outro, na Unilever, para ser gerente de inovação e complexidade, responsável por reformular a imagem da marca aos olhos do consumidor. Ao fazer a transição do mercado automotivo para o de bens de consumo, Karime precisou entender em pouco tempo uma série de diferenças entre os setores e as culturas corporativas — além de conhecer novas pessoas e, claro, manter o desempenho na nova função. “Observava atentamente como meus novos colegas e chefes agiam”, diz.

Karime Abib, engenheira, 37 anos: agilidade de aprendizagem a ajudou a crescer na carreira

A capacidade de aprender rapidamente se tornou uma competência valorizada no mercado de trabalho. Por quê? Porque as empresas e os negócios vivem um período de mudanças frequentes, no qual a bagagem de conhecimento que um profissional acumula na carreira nem sempre dá conta de todas as situações a que ele estará exposto. A saída, então, é desenvolver um esforço de atualização permanente, tentando dominar as novidades e as tendências do mercado e da profissão.

Segundo o headhunter Gerson Correia, da empresa de consultoria Talent Solution, essa característica é fundamental para crescer na carreira. “Nas empresas, a palavra de ordem hoje é mudança. Um profissional só se desenvolve se conseguir se adaptar facilmente.” Rodolfo Eschenbach, diretor da área de talentos da consultoria Accenture, em São Paulo, é da mesma opinião:
“Esse profissional é cada vez mais procurado pelas empresas que precisam de gente ágil em seus quadros”. Uma das características dessa competência é saber encarar as transformações de maneira positiva — sem pânico e com dedicação para esquecer os próprios preconceitos e se abrir ao novo. De acordo com Fernanda Pomim, responsável pela área de liderança da consultoria Korn/Ferry do Brasil, a habilidade é mais frequente em profissionais com elevado grau de autoconhecimento. “Essas pessoas conseguem avaliar melhor os sucessos e fracassos e aprender com os erros e acertos”, afirma.
"As empresas precisam de profissionais com agilidade para se adaptarem rapidamente às mudanças exigidas pelo mercado."Rodolfo Eschenbach, diretor da área de talentos da consultoria Accenture
É possível desenvolver a característica ao longo da carreira. Para isso, o importante é ter vontade de encarar desafios e pedir feedback constantemente. O domínio dessa competência, segundo a Korn/Ferry, também é importante para cargos de liderança. “Liderar uma equipe ou ser responsável por um projeto numa área na qual não se tem tanta intimidade ajuda a ampliar o aprendizado”, diz Fernanda.

“Além disso, para aprender rápido é preciso ouvir com atenção as críticas de colegas e chefes.”


A habilidade de aprendizagem pode se manifestar em diferentes situações — há profissionais com mais facilidade para lidar com diversidade e outros que oferecem resultados maiores em momentos de estresse. Mas existem padrões de comportamento entre os que têm alta capacidade de aprender.

A descoberta é dos pesquisadores Michael M. Lombardo e Robert W. Eichinger, fundadores da consultoria de liderança americana Lominger, que hoje pertence à Korn/Ferry. A dupla analisou o comportamento de mais de 50 executivos e descobriu que se pode dividir os profissionais com agilidade de aprendizagem em quatro grandes grupos. São eles:

1 Facilidade para relacionamento Pessoas assim desenvolvem os conhecimentos a partir do convívio com colegas e chefes. Para elas, quanto mais diferente for o interlocutor, melhor — dessa forma descobrem como pensar de maneira diversa da que estão acostumadas. Aprender, nesse caso, não é uma consequência, é um objetivo, por isso esses profissionais se cercam de pessoas com as quais possam trocar ideias. Conviver com alguém desse tipo é enriquecedor. “Um líder que encara bem as mudanças passa tranquilidade a seus subordinados. E, como gosta de trocar experiências, ajuda os funcionários a desenvolver a capacidade de lidar com a tensão”, ensina Fernanda.

2 Rapidez em obter resultados Os profissionais que atingem bons resultados mesmo em situações de estresse se encaixam neste grupo. Práticos, lembram das experiências pelas quais já passaram e delas extraem o aprendizado que vai ajudá-los a responder às novas demandas. Eles usam a experiência como aprendizado e respondem aos novos desafios desenvolvendo novos conhecimentos. A exigência de agilidade aumenta conforme o nível hierárquico. “As decisões difíceis — como adquirir uma nova empresa para um grupo, por exemplo – estimulam mais essa capacidade, pois as incertezas crescem de acordo com a dimensão de uma decisão”, diz Fernanda. Para aumentar essa habilidade não é necessário estar na alta gerência. Gerson, da Talent, dá a dica: “Fazer as tarefas corriqueiras de maneira diferente estimula o pensamento criativo”.

3 Agilidade mental Quem se sente confortável em meio à complexidade lida bem com ambiguidades, gosta de explicar seu raciocínio para os outros e tem agilidade mental. O aprendizado se dá por meio da convivência com a diversidade de cenários, pessoas e situações. Esse pessoal está sempre interessado em assuntos que fogem da sua área de atuação. “A pessoa se modifica com as experiências. Tudo o que vive, dentro ou fora do escritório, serve para ampliar o repertório de conhecimento”, afirma Fernanda. “Quando esse profi ssional não consegue se desenvolver no trabalho, busca vivências fora do escritório: num trabalho social ou num curso completamente diferente da sua formação, por exemplo.”

4 Aptidão para mudanças Este grupo é formado por profissionais curiosos, que gostam de novidades. “Os expatriados normalmente têm essas características, já que para ser bem-sucedido numa vivência no exterior é preciso desenvolver competências e se adaptar ao cargo e aos costumes locais”, conta Fernanda. Essas pessoas lidam bem com desafios e saem de sua zona de conforto tranquilamente. Mas não é preciso ir a outro país para estimular essas características. Fernanda explica: “Relacionar- se com pessoas diferentes de você e se envolver em atividades pouco familiares estimulam o modo de pensar”.

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Uma estratégia para vencer



Não importa sua formação acadêmica nem mesmo a experiência profissional. Você pode chegar longe na carreira se prestar atenção nas atitudes dos profissionais de sucesso

Renato Grinberg 

  • Crédito: Ilustração: Caco Neves
 - Crédito: Ilustração: Caco Neves
Muito antes de ser executivo e de chegar a ser presidente de empresas, eu era músico, mas estava insatisfeito com minha carreira. Havia optado pela música instrumental e, mesmo tendo alcançado certo reconhecimento, com CDs gravados e turnês realizadas, enfrentava muita dificuldade, pois a música instrumental nunca foi muito valorizada. Como a maioria dos jovens artistas, meu sonho era ser famoso. No entanto, conforme o tempo foi passando, percebi que isso não aconteceria. 

Então deparei com o dilema: me contentaria com a vida de músico sem fama ou mudaria de carreira. Pensando nessa questão, descobri que o que realmente me movia era o objetivo de realizar algo grande, e quando não vi mais essa possibilidade com a música ficou claro que deveria mudar. Foi quando decidi que perseguiria o objetivo de ser um executivo de sucesso.

A partir daí, embarquei em uma árdua jornada de transformação, o que me levou aos Estados Unidos, onde cursei um MBA na University of Southern California, e assim trabalhei em algumas das maiores corporações do mundo, como a Sony Pictures e a Warner Bros.

"Há sete características comuns a todo profissional de sucesso que conheci. Esse conjunto constitui o olho de tigre" 

De volta ao Brasil, continuei galgando os degraus do mundo corporativo e cheguei à presidência da operação brasileira da trabalhando.com, uma multinacional do segmento de recrutamento e seleção. Dirigindo essa empresa desde 2008, tive o privilégio de conhecer muitos executivos e profissionais que estavam em busca de novas oportunidades de trabalho, o que me deu acesso a uma infinidade de histórias muito interessantes. 
Analisando minha trajetória, os anos nos Estados Unidos e os inúmeros executivos que tive a oportunidade de conhecer, passei a refletir mais profundamente sobre a seguinte questão: o que faz um profissional se destacar dos demais, independente-mente da formação acadêmica ou mesmo da experiência? A busca da resposta se tornou quase obsessiva para mim. 

Frequentemente, quando orientava profissionais ou executivos com dificuldades na carreira, vinha à mente uma cena de um dos filmes do personagem Rocky Balboa, o incrível boxeador vivido por Sylvester Stallone a partir dos anos 1970. Na cena em questão, em que o protagonista estava prestes a perder uma luta, seu treinador se aproximava dele e falava: "olho de tigre! Lembre-se do olho de tigre!". Era a senha para a grande virada. 

Desde então, passei a estudar e a associar a ideia do olho de tigre às lutas da vida profissional. Cheguei à conclusão de que esse é o critério realmente levado em conta para detectar aquelas pessoas que são forjadas para o sucesso. Entretanto, o olho de tigre não é algo que surge casualmente ou que é espontâneo sempre. 

É algo que se cultiva ao longo da vida e que se aprende a manejar, mas que depende, antes de tudo, de tomar a decisão de ser um vencedor. Fui mais fundo em minha pesquisa e identifiquei sete características comuns a todos esses profissionais, e o conjunto dessas características é o que verdadeiramente constitui o olho de tigre. 

Confira.

1 Ter consciência de suas fortalezas e de suas fraquezas, ou seja, desenvolver apurado autoconhecimento. A percepção que temos de nós mesmos pode ser distorcida, por isso, é necessário frieza e fazer uma autoanálise rigorosa e realmente honesta sobre nossas competências. 
2 Ter dedicação extrema, incansável e eficiente. Muita gente se engana contando a dedicação apenas por horas, e não por eficiência. O tempo investido em um projeto deve ser maximizado para obter resultados, independentemente da quantidade de horas gastas. 

3 Ser criativo para transpor os obstáculos que aparecem pelo caminho. O que distingue o profissional criativo dos outros é sua atitude em relação aos problemas. O criativo direciona sua energia para a solução. Não fica paralisado, lamentando o problema.

4 Ter foco ao definir os objetivos e não confundi-los com sonhos, pois objetivos devem ser coerentes com suas habilidades e limitações. Ao contrário dos sonhos, objetivos são tangíveis, pertencem à realidade e têm características muito claras: são específicos, são mensuráveis, são planejados, são flexíveis e têm prazo para serem atingidos. 

5 Ter a capacidade de identificar oportunidades menores e não deixar as grandes chances passarem por medo de fracassar. Para saber se uma situação pode impulsionar sua carreira ou seus negócios, verifique se a situação leva você para mais perto de seu objetivo. 

6 Desenvolver e manter uma rede de contatos. Se você quiser ficar bem no mundo corporativo, precisará estar rodeado de aliados. Conhecer pessoas-chave é a meta final, o alvo do networking. 

7 Saber se posicionar. A maneira como você se apresenta e se posiciona vai comunicar se você é um vencedor ou um perdedor. Assim como um produto, um profissional precisa ter um posicionamento claro e alinhado com suas fortalezas. Quem tenta ser tudo demonstra um posicionamento confuso.

Denunciar corrupção vai dar dinheiro



A corrupção pode estar na mira dos cidadãos em breve. É que tramita na Câmara dos Deputados, projeto de lei do deputado federal Manato (PDT-ES) que pode mudar de vez o olhar das pessoas para os atos ilícitos de autoridades. O PL 1701/11 prevê recompensar o cidadão que denunciar crime contra a administração pública. O valor da recompensa é de 10% do total de bens e valores recuperados pela Justiça.

O projeto tramita de forma conclusiva na Casa. Passará pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; Finanças e Tributação; e Constituição e Justiça e de Cidadania. Atualmente, está parado na Comissão de Trabalho, aguardando a indicação do relator. Pela polêmica que envolve a ideia e o clamor popular nos últimos anos contra a corrupção na política, o PL tem grandes chances de chegar ao plenário ainda este ano. ...

Se for aprovado, qualquer cidadão que denunciar atos de corrupção será agraciado com um prêmio em dinheiro. A recompensa será limitada a cem vezes o valor do salário mínimo (atualmente em R$ 545). O projeto cria o Programa Federal de Recompensa e Combate à Corrupção. Segundo o texto, a denúncia poderá ser apresentada à polícia ou ao Ministério Público por qualquer pessoa com mais de 18 anos. A proposta garante o anonimato ao denunciante. Se for necessário, ele poderá ser incluído no Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas, instituído pela Lei 9.807/99.

Segundo o deputado autor da proposta, a intenção do projeto é estimular o cidadão de bem a combater a corrupção. Ele acredita que muitos servidores públicos de diversos órgãos devem saber da existência de esquema de corrupção, caso exista. “A partir do momento que a pessoa tem um estímulo, ela vai acabar denunciando o esquema. É uma forma de recompensá-lo por isso. O objetivo maior é combater a corrupção, garantindo o anonimato para que a pessoa não tenha problemas como retaliações”, comentou.

De acordo com a proposta, a União criará o Fundo de Recepção e Administração de bens e valores recuperados em ações transitadas em julgado. Os recursos para o pagamento, também sigiloso, aos denunciantes, sairão do fundo. Para Manato, as denúncias ajudarão a polícia e o Poder Judiciário na coleta de provas, agilizando as investigações.

Entre os crimes contra a administração pública estão o peculato (apropriação ou desvio de verbas públicas), a prevaricação (atrasar ou prejudicar o cumprimento de atos públicos em benefício próprio) e a corrupção passiva (recebimento de vantagem indevida).

Por Lívio di Araújo

Fonte: Jornal Alô Brasília - Coluna Ons e Offs - 19/03/2012