ZERO HORA - 15/05
Tenho um amigo que é inteligente, mas nunca desenvolveu o hábito de ler. Fui a primeira escritora que ele conheceu pessoalmente, então aproveitei para, devagarzinho, introduzi-lo nesse novo mundo, primeiro dando a ele livros meus (ora, ora), e depois sugerindo outros melhores.
Ele foi bastante receptivo, mas eu percebia sua dificuldade em se fixar na leitura, em realmente embarcar na história – lia três páginas num sábado, mais três na quinta-feira, e assim, nesse pinga-pinga, levava meses até chegar à última. Semana passada, conversamos e ele me contou, orgulhoso, que já havia lido seis livros desde o início de 2013.
Parece pouco para quem lê 40, 50, 60 livros por ano, mas se compararmos com a média nacional anual (quatro, sendo que apenas dois são lidos até o fim e estão incluídos a Bíblia e os didáticos), seis livros de ficção entre janeiro e maio é uma façanha. Meu amigo está lendo mais, e com mais voracidade. Ele até brincou comigo: “Pareço aqueles fumantes viciados que quando estão no finalzinho da carteira já precisam ter outra fechada aguardando”. Ele fuma apenas três carteiras por dia, ainda bem que não é um fumante viciado.
Seis livros e mais ampliação de horizonte. Seis livros e a mágica de começar a escrever melhor, a se desamarrar de ideias prontas, a descobrir como vivem e sentem outras pessoas. Seis livros e menos televisão, seis livros e menos conversa fiada, seis livros e mais autoestima, seis livros e emoções nunca antes experimentadas, seis livros e outros seis na sequência, e mais 10, mais 17, quantos forem necessários até criar em cada leitor a sensação de pertencer a uma sociedade aberta, culta e evoluída.
Escrevi agora sobre a sensação de pertencer e isso me remeteu ao Clube Social Pertence, conduzido por Sarita Zinger e Victor Freiberg, que há 13 anos trabalham com deficientes. É um projeto de socialização de jovens que possuem poucas oportunidades de deixar o convívio familiar, devido a suas necessidades especiais.
O clube programa saídas, em pequenos grupos, para cinemas, teatros, restaurantes, churrascos, jogos esportivos e outros eventos, a fim de que aqueles que possuem restrições físicas e mentais possam desenvolver múltiplas vivências e se sentir integrados. A experiência tem sido um sucesso, mas falta mais divulgação, então eis os contatos: www.clubesocialpertence.com.br e www.facebook/clubesocialpertence.com.br.
Nem todo vício é ruim. Nem toda dependência é danosa. Um livro emendado no outro. Uma pessoa contando com outra. O que parece prisão, é justamente o contrário.
Tenho um amigo que é inteligente, mas nunca desenvolveu o hábito de ler. Fui a primeira escritora que ele conheceu pessoalmente, então aproveitei para, devagarzinho, introduzi-lo nesse novo mundo, primeiro dando a ele livros meus (ora, ora), e depois sugerindo outros melhores.
Ele foi bastante receptivo, mas eu percebia sua dificuldade em se fixar na leitura, em realmente embarcar na história – lia três páginas num sábado, mais três na quinta-feira, e assim, nesse pinga-pinga, levava meses até chegar à última. Semana passada, conversamos e ele me contou, orgulhoso, que já havia lido seis livros desde o início de 2013.
Parece pouco para quem lê 40, 50, 60 livros por ano, mas se compararmos com a média nacional anual (quatro, sendo que apenas dois são lidos até o fim e estão incluídos a Bíblia e os didáticos), seis livros de ficção entre janeiro e maio é uma façanha. Meu amigo está lendo mais, e com mais voracidade. Ele até brincou comigo: “Pareço aqueles fumantes viciados que quando estão no finalzinho da carteira já precisam ter outra fechada aguardando”. Ele fuma apenas três carteiras por dia, ainda bem que não é um fumante viciado.
Seis livros e mais ampliação de horizonte. Seis livros e a mágica de começar a escrever melhor, a se desamarrar de ideias prontas, a descobrir como vivem e sentem outras pessoas. Seis livros e menos televisão, seis livros e menos conversa fiada, seis livros e mais autoestima, seis livros e emoções nunca antes experimentadas, seis livros e outros seis na sequência, e mais 10, mais 17, quantos forem necessários até criar em cada leitor a sensação de pertencer a uma sociedade aberta, culta e evoluída.
Escrevi agora sobre a sensação de pertencer e isso me remeteu ao Clube Social Pertence, conduzido por Sarita Zinger e Victor Freiberg, que há 13 anos trabalham com deficientes. É um projeto de socialização de jovens que possuem poucas oportunidades de deixar o convívio familiar, devido a suas necessidades especiais.
O clube programa saídas, em pequenos grupos, para cinemas, teatros, restaurantes, churrascos, jogos esportivos e outros eventos, a fim de que aqueles que possuem restrições físicas e mentais possam desenvolver múltiplas vivências e se sentir integrados. A experiência tem sido um sucesso, mas falta mais divulgação, então eis os contatos: www.clubesocialpertence.com.br e www.facebook/clubesocialpertence.com.br.
Nem todo vício é ruim. Nem toda dependência é danosa. Um livro emendado no outro. Uma pessoa contando com outra. O que parece prisão, é justamente o contrário.