sábado, 31 de agosto de 2013

O que você precisa saber sobre Fundos Imobiliários


Os fundos imobiliários estão cada vez mais populares. A prática vem crescendo não só no Brasil, mas em todo o mundo, oferecendo uma nova possibilidade de investimento aos amantes do mercado de imóveis. Para que você possa saber mais sobre a modalidade, selecionamos as principais dúvidas a respeito de fundos imobiliários. Confira!
O que são?
Os fundos são formados por grupos de investidores que aplicam e reúnem recursos a fim de investi-los em empreendimentos imobiliários, entre eles, shoppings centers e hotéis, por exemplo – seja na sua construção ou em imóveis prontos. Dessa forma, cada investidor é o proprietário de uma parcela do empreendimento, de acordo com a cota adquirida por ele.
Quem pode participar?
Alguns fundos são fechados, sendo dirigidos apenas a um grupo de investidores experientes. No entanto, existem opções livres, voltadas a pequenos investidores em que todos podem comprar cotas.
De onde vem a rentabilidade?
A rentabilidade tem ligação direta com os direitos do investidor sobre o imóvel. Ou seja, tem origem no recebimento de aluguéis e concessões, por exemplo.
Como são divididos os lucros?
O montante recebido pelo fundo é dividido em partes iguais entre os cotistas. Aqui, a vantagem é que, em casos de perdas ou inadimplência, os efeitos sentidos pelo investidor de forma individual são minimizados.
Os fundos imobiliários estão cada vez mais populares | Foto: Flickr.
Como funciona a compra de cotas?
A compra e venda das cotas é feita através de uma corretora de valores, podendo ainda ser negociadas pela internet. A comercialização acontece de maneira prática e simples, sendo necessário apenas que o investidor tenha cadastro em alguma corretora de valores para participar das transações.
Quais as taxas cobradas?
Ao participar de um fundo imobiliário, o investidor fica encarregado de pagar, apenas, taxas de corretagem. Os valores, nesse caso, são bem menores do que os cobrados em outras situações de compra de venda de imóveis, em que é preciso arcar com despesas como o ITBI – Imposto de Transmissão de Bens Imóveis Inter-Vivos e gastos com o cartório.
Quem é o responsável pelos fundos?
Para cada fundo, há sempre um gestor do fundo, que é o responsável pela escolha das aquisições, assim como pela burocracia da aplicação. São administrados por instituições financeiras e fiscalizados pela CVM– Comissão de Valores Mobiliários.
Qual é a principal vantagem?
A opção tem como principal vantagem o fato de proporcionar facilidades para quem deseja construir uma carteira diversificada em imóveis. Isso porque, através dos fundos, é possível ter participação em vários imóveis e grandes empreendimentos, sem precisar contar com um imenso capital. Ou seja, é possível adquirir várias cotas em empreendimentos diversificados e de vários tamanhos.
Quais os riscos do investimento?
O fundo imobiliário, porém, é considerado um investimento de renda variável. Nele, não há garantia de valorização das cotas e ainda corre-se o risco de que o investidor sofra com a inadimplência ou vacância em seu imóvel – tendo sua rentabilidade afetada.

Deu na Veja.com: Partidos vão ao STF contra decisão que salvou Donadon


Posted: 30 Aug 2013 06:44 AM PDT
Natan Donadon está no Presídio da Papuda

PSDB e PPS alegam que perda do mandato de deputado preso não deveria ter sido objeto de decisão do plenário da Câmara dos Deputados

O PSDB e o PPS vão pedir que o Supremo Tribunal Federal (STF) anule a vergonhosa votação em que a Câmara dos Deputados salvou o deputado Natan Donadon (RO) da cassação, nesta quarta-feira.

Os partidos argumentam que, em caso de condenação à prisão, a perda do mandato deve ser automática porque a sentença implica na perda dos direitos políticos. Caberia à Mesa Diretora da Câmara apenas cumprir a cassação, seguindo a decisão da Justiça.

"O rito adotado foi equivocado e abre um precedente perigoso, já que a Câmara está na iminência da discussão da perda do mandato dos mensaleiros”, diz o líder do PSDB na Casa, Carlos Sampaio (SP). 

Para o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), o erro se deu na conduta do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que decidiu levar o caso ao escrutínio do plenário. “Isso não é competência do plenário nem de comissão. Foi uma interpretação totalmente equivocada da Mesa”, diz Freire.

Condenado a 13 anos e 4 meses de prisão, Natan Donadon continuará sendo deputado - embora o presidente da Câmara tenha afasado o presidiário de suas funções e convocado o suplente, o ex-senador Amir Lando, em uma decisão unilateral tomada após o resultado da votação desta quarta.

Os pedidos de PSDB e PPS, no entanto, têm poucas chances de prosperar porque a maioria dos ministros da corte já havia se posicionado sobre o tema, decidindo que a Câmara tem autonomia para dar a palavra final sobre o assunto.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Um zumbi na Casa do Espanto


NELSON MOTTA


"Não acredito", bradou aos céus o deputado Natan Donadon, caindo de joelhos em patética pantomima, quando viu no placar da Câmara 131 votos a favor, 41 abstenções e 108 bem-vindas ausências, que mantinham o seu mandato e o consagravam como o primeiro deputado-presidiário da nossa história. Que ronco das ruas que nada, eles não ouvem e não têm medo, e mais uma vez votaram, ou fugiram, em causa própria, porque também acumulam processos na Justiça e podem ser o Donadon de amanhã. 

"Não a-cre-di-to" digo eu, dizemos nós, diante da cena inacreditável, mas quando se trata dos 300 picaretas que Luiz Inácio falou deve-se acreditar em tudo, porque de tudo eles são capazes. Nunca na história deste país houve um deputado-detento, mas Lula agora diz que fica puto quando falam mal de políticos. 

Zoologicamente é fácil identificá-los: andam em bandos, têm pelagem acaju, negro graúna ou raposa prateada, alimentam-se de verbas públicas e são pacíficos e afáveis, condição necessária para seus golpes e tramoias, mas quando ameaçados podem se tornar hostis e violentos em defesa dos privilégios e impunidades do bando. Seu habitat natural é a Câmara dos Deputados. 

Donadon é o símbolo máximo do ponto mais baixo de uma instituição que existe para dar voz e poder aos representantes dos eleitores, mas, unindo o espírito de corpo ao espírito de porco, não hesita em se solidarizar com um condenado pelo STF, que teve amplo direito de defesa e usou todos os recursos e chicanas para retardar o processo. 

Aprendi com meu pai que é covardia tripudiar sobre os caídos, que a compaixão beneficia mais quem se compadece do que ao compadecido, que perdoar é mais leve do que carregar o saco do rancor e do ressentimento. Mas no caso desse picareta foram ele e seus colegas de trabalho que tripudiaram sobre todos os cidadãos honestos e as instituições democráticas. 

E também sobre os presidiários. Reclamando da comida, da falta de água, das algemas, do camburão "escuro como um caixão", viveu a realidade diária dos presos brasileiros, a maioria por crimes menores que os dele, que prejudicaram toda a sociedade.
"Donadon é o símbolo máximo do ponto mais baixo de uma instituição que, unindo o espírito de corpo ao espírito de porco, não hesita em se solidarizar com um condenado".
Publicado no Globo de hoje.


charge de Amarildo

 

Cartas de Seattle: Brasilidade expatriada, por Melissa de Andrade


Quando me diziam que os americanos eram preconceituosos com quem não nasceu nos Estados Unidos, que me tratariam como “menor” por eu ser latina e que eu não conseguiria me integrar por ser estrangeira, eu respondia com desdém e me preparava para não começar a nova vida no exterior carregada com os estereótipos da cabeça de outras pessoas.
Sabe para que eu não estava preparada? Para descobrir que muitos brasileiros é que são preconceituosos com outros brasileiros que resolveram morar no exterior. Que uns me chamariam de deslumbrada quando eu elogiasse algo do país novo, me acusariam de ter virado americanizada e me mandariam “honrar minhas raízes”. E que outros me chamariam de ingrata quando eu achasse alguma coisa ruim, me repreenderiam por criticar “o país que fez o favor de me acolher” e me mandariam ir embora se não estou gostando.
Uns e outros partem de princípios equivocados. Elogiar outro país não é necessariamente uma crítica implícita ao Brasil. Gostar de outro país não exclui gostar do Brasil. Escolher outro país para morar não significa aprovar 100% do que existe lá.
E, talvez mais importante, o sentimento de pertencer a um lugar não é determinado pela certidão de nascimento. Nem pela etnia. Nem pelo sotaque. Nem pelos anos fincados naquele lugar.

Foto: Roger Ward @CC

Numa cidade internacional como Seattle, que atrai gente de tantos países, tenho encontrado pessoas que dividiram a vida em cidades bem diferentes das cidades onde nasceram. Ou então pularam de cidade em cidade – não raro de país em país – por necessidade, aventura, estudo, trabalho, genealogia, ansiedade, sede de viver. Cada uma delas tem uma história de adaptação e de ajustamento. Cada uma delas se sentiu mais ou menos parte do lugar onde estava vivendo, dependendo de um monte de variáveis que inclui a fase da vida de cada um.
Pertencer tem a ver com integração. Com cultura, trabalho, referências, contexto, relacionamentos. Olhar ao redor e se sentir familiarizado. Confortável. Inteiro. Pertencemos aonde escolhemos viver a partir do momento em que nos sentimos inseridos no contexto.
Não sei se isso é papo de deslumbrada ou de ingrata, mas sei que a conversa vai longe. Ainda bem que esta é só a Carta de Seattle de número 100.

Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido. Ama teatro, gérberas cor de laranja e seus três gatinhos. Atua como estrategista de Conteúdo e de Mídias Sociais em Seattle, de onde mantém o blog Preview e, às sextas, escreve para o Blog do Noblat.

Novo salário mínimo não prejudicará a criação de empregos, diz ministro




O ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, disse ontem (29) que o aumento do salário mínimo não prejudicará a geração de empregos e o esforço fiscal do governo previsto para 2014. O novo mínimo, previsto no Orçamento (R$ 722,90), deverá entrar em vigor em 1º de janeiro de 2014.
“Não vai impactar [o esforço fiscal]. O governo tem o controle das contas, tem superávit para administrar, também, a questão do dólar. O governo tem o controle de todos os setores para não incorrermos em qualquer perigo de insucesso”, disse em entrevista antes de evento no Centro de Integração Empresa-Escola, na capital paulista.
A meta de superávit primário (economia para pagar os juros da dívida pública) no próximo ano poderá ficar acima de 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB), estipulados na proposta de Orçamento Geral da União de 2014. Segundo o Ministério da Fazenda, o percentual anunciado pelo governo representa o limite mínimo de esforço fiscal. O projeto enviado hoje ao Congresso Nacional estabelece esforço fiscal de R$ 109,4 bilhões (2,1% do PIB), menor que a meta de R$ 111 bilhões (2,3% do PIB) definida para este ano.
De acordo com o ministro do Trabalho, o novo salário mínimo não afetará negativamente a geração de empregos, porque o país está recebendo grandes investimentos. “Não vai ter [impacto na geração de empregos] porque os investimentos que o Brasil está tendo são enormes. Cada dia mais nós temos os estádios para a Copa, agora estamos fazendo os aeroportos, fazendo a obras de mobilidade urbana. Estamos leiloando os portos, temos várias construções da Petrobras. Há uma circulação muito grande de investimentos e esse investimento exige mão de obra”, disse Dias.
O novo valor do salário mínimo deverá ser R$ 722,90. A proposta de Orçamento, apresentada hoje, deve ser votada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado até o fim do ano. O reajuste passa a valer em 1º de janeiro de 2014. O valor atual do mínimo é R$ 678.
Informações Agência Brasil

Voltar às ruas adianta? Parece que não

www.ericovalduga.com.br
 
  DESTAQUE
30.08.2013
Política


Continua a impunidade, apesar dos protestos populares: espírito de corpo parlamentar segue protegendo ladrões de papel passado; vai acabar mal
OS DEPUTADOS FEDERAIS DESMORALIZARAM mais um pouco o poder Legislativo, com a cumplicidade da maioria dos juízes do Supremo Tribunal Federal, que lhes deu a última palavra para decidir sobre a perda de mandato de parlamentar condenado pela Justiça em decisão final. Sentenciado a 13 anos de prisão por formação de quadrilha e desvio de R$ 8 milhões da Assembleia Legislativa de Rondônia, o peemedebista Natan Donadon não foi cassado nesta quarta-feira por ter recebido 233 votos em favor de sua punição, 24 a menos do que a maioria necessária (257, metade, mais um) dos 513 colegas. 

DO TOTAL, 104 SEQUER compareceram à votação – 14 deles do Rio Grande do Sul. Votação secreta, claro, que esconde o corporativismo e a covardia. Mas, para que a fraude ao eleitor e à ética da representação ficasse menos escandalosa, o vício prestou à virtude o tributo da hipocrisia: o ladrão foi suspenso do mandato logo após a apuração dos votos, pelo presidente da Mesa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

UMA IMORALIDADE DA ESPÉCIE, prezados leitores, não ocorre por acaso. Tem todo o jeito de ter sido cuidadosamente tramada pela direção da Casa e pelos líderes das principais bancadas, com apoio do comando dos seus partidos. E é bem possível que tenha sido um teste para avaliar como os cidadãos brasileiros receberiam a repetição do engodo no caso dos deputados condenados no Mensalão, João Paulo Cunha e José Genoíno (ambos do PT), Pedro Henry (PP) e Valdemar Costa Neto (PR). 

SEJA COMO FOR, constata-se outra vez a imperiosa necessidade de alteração no processo eleitoral, para dar ao eleitor melhores condições de avaliar os concorrentes nas campanhas eleitorais, e permitir-lhe cobrar deles comportamentos dignos se eleitos. Isto nada tem a ver, observe-se, com o safado financiamento público ou as ineptas listas de candidatos. A propósito, existisse aqui o mecanismo do recall, os mandatários pensariam duas vezes antes de prejudicar a política, a insubstituível arte de governar. 

Os 11 prédios mais altos do Brasil


size_590_Centro_de_SP
O prédio mais alto do mundo fica em Dubai, nos Emirados Árabes, e é um dos principais pontos turísticos da região: o Burj Khalifa, com impressionantes 828 metros de altura e 163 andares.
No Brasil, a construção mais alta não chega nem perto: são 170 metros e 51 andares no Mirante do Vale, em São Paulo. Não foram consideradas construções ainda em andamento ou em processo de finalização.
Diferentemente do que acontece em outras partes do mundo, por aqui a lista dos maiores prédios é ocupada principalmente por edifícios comerciais. Na lista global, os primeiros lugares são, na sua maioria, ocupados por prédios de residencias ou hotéis.
Entre os cem primeiros listados pelo Conselho de Prédios Altos e Habitação Urbana (CTBUH, na sigla em inglês), não há nenhum representante brasileiro. No ranking da América Latina, o Mirante do Vale aparece em 15º.


1. Mirante do Vale (Palácio W. Zarzur), São Paulo
Altura
:170m
Andares: 50
Conclusão: 1967
Uso: escritórios
Posição no ranking da América Latina: 15º lugar
size_590_mirante-do-vale2. Edifício Itália, São Paulo
Altura
: 165m
Andares: 46
Conclusão: 1956
Uso: escritórios
Posição no ranking da América Latina: 17º lugar
size_590_edificio-italia3. Villa Serena Torre B, Balneário Camboriú
Altura: 164m
Andares: 49
Conclusão: 2012
Uso: residencial
Posição no ranking da América Latina: 18º lugar
size_590_villa-serena3. Villa Serena, Torre A, Balneário Camboriú
Altura
: 164m
Andares: 49
Conclusão: 2012
Uso: residencial
Posição no ranking da América Latina: 18º lugar
size_590_villa5. Rio Sul Center, Rio de Janeiro
Altura: 163,1m
Andares: 48
Conclusão: 1982
Uso: escritórios
Posição no ranking da América Latina: 20º lugar
size_590_rio-sul6. Torre do Banespa (edifício Altino Arantes), São Paulo
Altura: 161m
Andares: 36
Conclusão: 1947
Uso: escritórios
Posição no ranking da América Latina: 23º lugar
size_590_Prédio_do_Banespa_no_centro_de_São_Paulo7. Torre Norte (CENU), São Paulo
Altura: 158m
Andares: 38
Conclusão: 1999
Uso: escritórios
Posição no ranking da América Latina: 28º lugar
size_590_cenu8. Jabuticabeiras, Magnólias, Begônias e Reseda (Cidade Jardim), São Paulo
Altura: 157,9m
Andares: 41
Conclusão: 2008
Uso: residencial
Posição no ranking da América Latina: 29º lugar
size_590_Parque_Cidade_Jardim9. Ipês e Zineas (Cidade Jardim), São Paulo
Altura: 157,9m
Andares: 41
Conclusão: 2008
Uso: residencial
Posição no ranking da América Latina: 29º andar
size_590_jhsf_cidadejardim_torres_5910. Limantos (Cidade Jardim), São Paulo
Altura: 157,9m
Andares: 41
Conclusão: 2008
Uso: residencial
Posição no ranking da América Latina: 29º lugar
size_590_Shopping_Cidade_Jardim11. Mansão Margarida Costa Pinto, Salvador
Altura: 154,5m
Andares: 43
Conclusão: 2008
Uso: residencial
Posição no ranking da América Latina: 39º lugar
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Fonte: Exames

CHrARGE DO AMORIM


Esta charge do Amorim foi feita originalmente para o

Elio Gaspari: A diplomacia de Lula e Dilma está avacalhando uma linda tradição — o direito de asilo


O direito de asilo é uma linda tradição. Não se deve avacalhá-lo (Foto: AP)
O direito de asilo é uma linda tradição. Não se deve avacalhá-lo (Foto: AP)
Artigo de Elio Gaspari, publicado na seção Opinião do jornal O Globo
UMA DIPLOMACIA ESTUDANTIL
A doutora Dilma tem dois chanceleres, um no Planalto e outro no Itamaraty. Apesar disso, restou ao Brasil uma diplomacia trapalhona, cenográfica e inepta. A desova do senador Roger Pinto no território brasileiro transformou uma conduta inamistosa do governo da Bolívia numa estudantada brasileira.
Custou o lugar ao chanceler Antonio Patriota. Ele vai para Nova York, mas o comissário Luis Inácio Adams continua advogado-geral da União. O doutor sustentou que, caso um médico cubano peça asilo territorial no Brasil, será devolvido a Cuba. Agradando o aparelho dos irmãos Castro, ofendeu a História do país e o Direito.
No ano passado o Brasil meteu-se noutra estudantada, expulsou o Paraguai do Mercosul e agora corteja seu governo. É uma diplomacia de palavrório e negócios. Patriota foi um detalhe.
A ideia segundo a qual o encarregado de negócios do Brasil em La Paz contrabandeou o senador até a fronteira com o Brasil porque apiedou-se de seu estado emocional é pueril. Se os embaixadores começassem a ser orientados pelos seus sentimentos, seria melhor fechar a Casa. A boa norma determina que um governo dê o salvo-conduto a um asilado em algumas semanas. No exagero, alguns meses.
O presidente Evo Morales não quis fazer isso. Direito dele. O ex-presidente peruano Haya de la Torre ralou cinco anos numa sala da embaixada da Colômbia em Lima. O cardeal Jozef Mindszenty, outros quinze na embaixada dos Estados Unidos (que não são signatários das convenções de asilo diplomático) na Hungria.
Se alguém pensou que combinou a fuga com Evo Morales, fez papel de bobo e transformou o algoz em vítima. Transferiu o vexame para o diplomata Eduardo Sabóia, deixando-o numa posição de franco-atirador. Coisa parecida, fez no mundo dos negócios, quando transferiu para o embaixador do Brasil em Cingapura uma transação meio girafa que favorecia os interesses do empresário Eike Batista.
A maneira como a diplomacia de Lula e da doutora lidou com o instituto do asilo revela desrespeito histórico com um mecanismo que protegeu centenas de brasileiros perseguidos por motivos políticos.
Ele ampara gregos e troianos.
Em 1964, brasileiros asilaram-se na embaixada boliviana.
Anos depois oficiais golpistas bolivianos asilaram-se na embaixada brasileira e o governo esquerdista do general Juan José Torres deu-lhes salvo-condutos em 37 dias.
Carlos Lacerda asilou-se por alguns dias na embaixada de Cuba e João Goulart pediu asilo territorial ao Uruguai. Em poucos meses, o governo do marechal Castello Branco concedeu salvo-condutos a todos os asilados que estavam em embaixadas estrangeiras.
Já o do general Médici, vergonhosamente, fechou as portas de sua representação em Santiago nos dias seguintes ao golpe do general Pinochet e dezenas de brasileiros foram obrigados a buscar a proteção de outras bandeiras.
Contudo, nem mesmo Médici deportou estrangeiros para países onde poderiam ser constrangidos.
Isso ocorreu durante a gestão do comissário Tarso Genro no Ministério da Justiça, com dois boxeadores cubanos que, posteriormente, voltaram a fugir da Ilha.
O direito de asilo é uma linda tradição. Não se deve avacalhá-lo.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Senado aprova projeto que permite participação popular em sabatinas de indicados para cargos no Executivo


28/08/2013 - 22h38
Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O plenário do Senado aprovou hoje (28) projeto de resolução que regulamenta a participação popular em sabatinas de autoridades promovidas pela Casa. A resolução permitirá que a população envie mensagens pela internet para membros da comissão responsável pela sabatina para acrescentar informações ou levantar questionamentos.
O mesmo projeto estabelece também prazo regimental de cinco dias para que os parlamentares recebam as informações sobre o currículo do indicado e possam avaliá-las. A comissão poderá  convocar audiências públicas, se os membros julgarem necessário, para debater melhor a indicação presidencial.
O projeto é do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que frequentemente tem questionado a competência de indicados pela presidenta Dilma Rousseff para cargos como diretorias de agências reguladoras. Na opinião dele, o prazo maior e a participação popular nas sabatinas permitirá melhor análise dos currículos dos indicados.
O projeto altera o regimento interno do Senado e não precisa passar pela Câmara dos Deputados. Com isso, a resolução segue para promulgação do presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
Edição: Fábio Massalli
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir o material é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil

Quem deveria sentar no banco dos réus, por Ricardo Noblat


Finalmente apareceu alguém sem medo de confrontar a presidente da República - o diplomata Eduardo Saboia, cérebro da operação que resultou na retirada da Bolívia do senador Roger Pinto Molina, refugiado em nossa embaixada de La Paz há mais de 450 dias.
O Brasil acatara o pedido de asilo político dele, que denunciara autoridades do seu país por envolvimento com narcotráfico. A Bolívia negara o salvo-conduto para que Roger deixasse o país em segurança sob a acusação de que é corrupto.
Saboia disse que Roger não podia receber visitas. Nem circular dentro do prédio da embaixada. Nem se comunicar com a família. Nem tomar banho de sol. Uma autoridade do governo boliviano comentou certa vez que ele ficaria ali até morrer.

Eduardo Saboia

- Você imagina ir todo dia para o seu trabalho e ter uma pessoa trancada num quartinho do lado, que não sai? Aí vem o advogado e diz que você será responsável se ele se matar. Eu me sentia como se fosse o carcereiro dele, como se eu estivesse no DOI-Codi.
Presidente da República não bate-boca com funcionário de escalão inferior. Dilma bateu ao dizer ter provado da desumanidade dos DOI-CODIs. E que a distância que os separava das condições de vida na embaixada de La Paz equivalia à distância entre céu e inferno.
O dia sequer terminara e Saboia já replicava Dilma. "Eu que estava lá, eu que posso dizer. O carcereiro era eu. Ninguém mais viu aquela situação", respondeu. Desautorizou a presidente, portanto. E sugeriu que ela nada poderia falar a respeito porque simplesmente não estava lá.
Nenhum ministro, senador, deputado ou presidente de um dos poderes da República foi tão longe em relação a Dilma quanto Saboia, um mero encarregado de negócios que respondia por uma embaixada de segunda classe na ausência do embaixador.
Mas, de duas, uma. Dilma e o bando de assessores que a cercam não prestaram atenção no que afirmou Saboia. Ou prestaram, mas a presidente quis bancar a esperta e mudar o foco da discussão sobre o traslado do senador. Até este momento, a discussão é favorável a Saboia.
Recapitulemos. Disse Saboia: “Eu me sentia como se fosse o carcereiro dele, como se eu estivesse no DOI-Codi”. Era Saboia, bancando o carcereiro, quem se sentia como se estivesse no DOI-CODI. Não disse que o senador enfrentava condições semelhantes às dos DOI-CODIs.
As palavras ditas por Dilma: “Eu estive no DOI-Codi, eu sei o que é o DOI-Codi. E asseguro a vocês que é tão distante o DOI-Codi da embaixada brasileira lá em La Paz (Bolívia) como é distante o céu do inferno”.
Em resumo: Saboia disse uma coisa. Dilma, outra.
No último sábado, ao ficar sabendo que Roger chegara a Corumbá depois de rodar mais de mil e quinhentos quilômetros dentro de um carro da embaixada acompanhado por Saboia e dois fuzileiros navais, Dilma só faltou escalar as paredes do Palácio da Alvorada.
Cobrou a demissão imediata de Saboia ao ministro Antonio Patriota, das Relações Exteriores. Patriota estava em São Paulo pronto para viajar à Finlândia. Dilma foi grosseira com ele, como de hábito. Mandou que retornasse a Brasília. E o demitiu em seguida.
A indignação de Dilma tem a ver com duas coisas. A primeira: ela ficou mal diante do presidente Evo Morales. Que acusou o Brasil de desrespeitar tratados internacionais ao providenciar a fuga de Roger sem que ele tivesse obtido antes um salvo-conduto.
A segunda coisa: Dilma tem medo de que reste provada a negligência do governo brasileiro no caso do senador boliviano. Saboia tem como provar a negligência. E para evitar que o governo tente por um fim em sua carreira diplomática de mais de 20 anos, está disposto a provar.
- Eu perguntava da comissão bilateral para resolver a questão do senador, e as pessoas me diziam: "Olha, aqui [no Brasil] é empurrar com a barriga.". Tenho e-mails dizendo: "A gente sabe que é um faz de conta, eles fingem que estão negociando e a gente finge que acredita".
Tem um filme na praça chamado “Hannah Arendt”. Conta a história do julgamento em Jerusalém do carrasco nazista Adolf Eichmann. E da cobertura do julgamento feita para a revista americana The New Yorker pela filósofa judia de origem alemã Hannah Arendt.
A teoria da “banalidade do mal” começou a nascer ali quando Hannah se convenceu de que Eichmann, de fato, não se sentia responsável pela morte de milhões de judeus. Ele não se cansou de repetir em sua defesa: apenas cumprira ordens.
Ninguém ordenou que Saboia tentasse salvar a vida do senador boliviano que ameaçava se matar, segundo atestados médicos. Mas sentindo-se responsável por ele, Saboia decidiu em certo momento obedecer ao que mandava a sua própria consciência.
Alguns dias antes de fazê-lo, despachou para o Itamaraty uma mensagem antecipando o que iria se passar. A resposta foi o silêncio. Quem por aqui se lixava para a sorte do senador boliviano? Quem em La Paz se lixava?
Por negligência, omissão e desumanidade, Saboia não poderá ser punido. Não deverá ser punido. Não merece ser punido. Por tais crimes são outros que deveriam sentar no banco dos réus.

Razões humanitárias, por Mara Bergamaschi


Além de serem assuntos polêmicos da semana, o que há em comum entre a chegada dos médicos cubanos e do senador boliviano ao Brasil? Razões humanitárias, alegadas nos dos dois episódios. Vamos começar pelo Ministério da Saúde; ao final passaremos ao das Relações Exteriores.
É a “primazia do bem da vida sobre todos os demais interesses” - como escreveu o juiz de Minas, João Batista Ribeiro, ao negar liminar ao Conselho Regional de Medicina (CRM) contra o Programa Mais Médicos -, que deixa o governo confortável diante dos críticos à contratação de estrangeiros.
Como se opor, como destacou o juiz, ao fato de “a população carente e marginalizada poder dispor, pela primeira vez, de assistência médica, nos mais variados rincões do País, podendo prolongar suas expectativas de vida?” Seria desumano, não é mesmo?
Esse é o argumento, também explorado por Brasil e Cuba, que precede e supera todos os demais, facilitando o marketing político. E é isso que os nossos doutores, talvez por terem a morte como fiel escudeira nos depauperados hospitais públicos, ignoram em sua guerra corporativa.
O que temos de saber é se a empreitada vai dar certo para os estrangeiros, em sua maioria cubanos propagandistas de uma “medicina do oprimido”, e para a população brasileira mais vulnerável. Para os governantes de ambos já deu.
São evidentes os potenciais ganhos eleitorais em 2014 para a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, e para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que deverá disputar o governo de São Paulo.
Com a papelada pronta em tempo recorde, Cuba, por sua vez, receberá logo do Brasil mais de R$ 500 milhões. Um gasto suportável no orçamento da União de 2013. Até 18 de agosto, foram gastos R$ 47 bilhões (de um total de R$ 100 bilhões) com o Ministério da Saúde e R$ 37 bilhões com o da Educação – mesmo valor desembolsado com o Desenvolvimento Social.


Itamaraty - Foi também por razões humanitárias – não reconhecidas por uma irada Dilma - que o diplomata Eduardo Saboia disse ter organizado, sem consulta ao Itamaraty, a fuga para o Brasil do senador boliviano Roger Pinto, asilado há 15 meses na embaixada brasileira em La Paz.
O diplomata, que é filho do ex-embaixador em Haia e na ONU Gilberto Saboia, afirmou que o senador, desafeto de Evo Morales, estava deprimido com o confinamento e ameaçava-se suicidar.
Saboia, agora processado por quebra de hierarquia, disse ainda que, ao agir em defesa de uma vida, cumpriu seu dever ético e funcional. Sua atitude insurgente custou o cargo do chanceler Antônio Patriota. E mostrou que presidente não é rei – como parecem pensar os ocupantes do Palácio do Planalto.

Mara Bergamaschi é jornalista e escritora. Foi repórter de política do Estadão e da Folha em Brasília. Hoje trabalha no Rio, onde publicou pela 7Letras “Acabamento” (contos,2009) e “O Primeiro Dia da Segunda Morte” (romance,2012). É co-autora de “Brasília aos 50 anos, que cidade é essa?” (ensaios,Tema Editorial,2010). Escreve aqui às quintas-feiras.

Um rio do Éden, por Luis Fernando Veríssimo


O meu relógio biológico é um Rolex. Não, brincadeira. Nós todos temos um relógio dentro de nós que sempre “sabe” exatamente que horas são, embora nem todo mundo saiba que ele sabe, ou confie nele.
O relógio biológico funciona mais ou menos como uma portaria de hotel, à qual você pede para ser acordado a certa hora. Ou como um despertador, que você marca para acordá-lo. O relógio interior pode falhar — as portarias de hotel e os despertadores também falham —, mas sempre que não acreditei no meu me arrependi.
O que aconteceu mais de uma vez foi que o relógio biológico me acordou e fiquei na cama, aflito para saber se a portaria iria se lembrar ou o despertador funcionar, e acabei me atrasando. E minha tese é que quando o relógio biológico não nos acorda é porque, no fundo, não queremos acordar. Algum outro instrumento instintivo que carregamos sem saber prevaleceu e neutralizou o relógio.
É fascinante essa ideia de que trazemos nos genes recursos, impulsos, fobias e encargos dos quais não nos damos conta, como relógios embutidos ligados a alguma fonte inimaginavelmente precisa de tempo certo.


Somos portadores de mensagens cifradas que não conhecemos, e não entenderíamos se conhecêssemos. Há uma teoria segundo a qual o pavor universal de cobras vem de um resquício do passado reptiliano que ficou num dos cantos primitivos do nosso cérebro.
E a mais nobre e misteriosa missão que nossos genes realizam à nossa revelia é a de trazer nosso DNA desde as origens da espécie humana até agora. Ninguém nos contratou, mas nossa função no mundo é transportar DNA.
O famoso biólogo darwinista Richard Dawkins deu um título poético a um dos seus livros: “River out of Eden”. Tirado de Genese 2:10: “E saía um rio do Éden para regar o jardim, e dali se dividia.” O rio do Éden de Dawkins e de DNA, e passa por todos nós.

Luis Fernando Veríssimo é escritor.