terça-feira, 11 de agosto de 2015

A farsa em frangalhos: o guerreiro do povo brasileiro era só um caçador de pixuleco




Por Augusto Nunes


PRESO NA OPERAÇÃO PIXULECO, informa a mais recente anotação no prontuário de José Dirceu de Oliveira e Silva, mineiro de Passa Quatro, 69 anos, advogado com especialização em corrupção ativa e formação de quadrilha. A palavra que batizou a 17ª etapa da Lava Jato, usada pelo gatuno João Vaccari Neto como sinônimo de propina, é vulgar na forma e abjeta no conteúdo ─ e rima com José Dirceu. Pixuleco é um nome perfeito para a operação policial que consumou a morte política do general sem soldados ─ e implodiu uma farsa que durou meio século. 

Como pôde durar tanto um compulsivo colecionador de fiascos? Já em 1968, quando entrou em cena fantasiado de líder estudantil, nosso Guevara de galinheiro namorou uma jovem chamada Heloísa Helena sem saber que convivia dia e noite com “Maçã Dourada”, espiã a serviço da ditadura militar. Se quisesse prendê-lo, a polícia nem precisaria arrombar a porta do apartamento onde o casal dormia: a namorada faria a gentileza de abri-la. No mesmo ano, a usina de ideias de jerico resolveu que o congresso clandestino da UNE marcado para outubro, com mais de mil participantes, seria realizado em Ibiúna, com menos de 10.000 moradores.

Intrigado com o tamanho da encomenda ─ 1.200 pães por manhã ─ o padeiro que nunca fora além de 300 por dia procurou o delegado, que ligou para a Polícia Militar, que prendeu todo mundo. Libertado 11 meses depois pelo grupo de sequestradores do embaixador americano Charles Elbrick, declarou-se pronto para recomeçar a guerra contra a ditadura e ficou empunhando taças de vinho em Paris até que lhe ocorreu a ideia de trocar a Rive Gauche por um cursinho de guerrilha em Cuba que, por falta de verba para balas de verdade, usava apenas balas de festim para adestrar os futuros soldados da selva. 

O combatente diplomado submeteu-se a uma cirurgia para que o nariz ficasse adunco, voltou ao Brasil na primeira metade dos anos 70, percebeu que a coisa andava feia assim que cruzou a fronteira e, em vez de mandar chumbo no campo, sacou da mala a documentação que o identificava como Carlos Henrique Gouveia de Mello, comerciante de gado, e se mandou para Cruzeiro do Oeste, no interior do Paraná. Logo se engraçou com a dona da melhor butique da cidade, adiou por tempo indeterminado a derrubada do governo e se entrincheirou na máquina registradora do Magazine do Homem. 

Em 1979, a decretação da anistia animou o forasteiro conhecido no bar da esquina como “Pedro Caroço” a contar quem era à mãe do filho de cinco anos e avisar que precisava voltar à cidade grande. Afilou o nariz com outra cirurgia e reapareceu em São Paulo ansioso por recuperar o tempo perdido. A gula e a pressa aceleraram a expansão da cinzenta folha corrida. Deputado estadual e federal pelo PT paulista, rejeitou todas as propostas de todos os governos. Presidente do partido, instalou Delúbio Soares na tesouraria. Com o triunfo de Lula em 2002, o pecador trapalhão foi agir em Brasília. 

Capitão do time de Lula, mandou e desmandou até a descoberta de que promovera a Assessor para Assuntos Parlamentares o extorsionário Waldomiro Diniz, com quem havia dividido um apartamento. Era só mais um no ministério quando, em 2005, o Brasil ficou sabendo que o chefe da Casa Civil também chefiava a quadrilha do mensalão. Despejado do emprego em junho, prometeu mobilizar deus e o mundo, além dos “movimentos sociais”, para preservar o mandato em perigo. Em dezembro, conseguiu ser cassado por uma Câmara que inocenta até a bancada do PCC. 

Sem gabinete no Planalto ou no Congresso, sem rendimentos regulares e sem profissão definida, escapou do rebaixamento à classe média ao descobrir o mundo maravilhoso dos consultores vigaristas. Com a cumplicidade dos afilhados que espalhara pela administração federal, em poucos meses José Dirceu já se tornara um próspero facilitador de negociatas engendradas por capitalistas selvagens. Em 2012, o julgamento do mensalão ressuscitou o perseguido político. Condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha, entrou no presídio com o punho erguido. 

Ao sair da Papuda para cumprir em casa o restante da pena, era um sessentão com boa saúde. Ao voltar à cadeia por se ter metido nas bandalheiras do Petrolão, é uma versão avelhantada de si próprio. Desfrutou por poucos meses do poder que perseguiu desde o berçário. Desfrutou por poucos anos da fortuna que passou a perseguir depois da queda. O casarão em Vinhedo é uma das muitas evidências tangíveis de que José Dirceu é hoje um milionário. Para quê? Para nada. De nada vale a posse de mansões para quem é forçado a dormir no xilindró. 

Uma tropa comandada por um guerrilheiro de festim só consegue matar de riso, repete a coluna há seis anos. As dúvidas que assaltaram muitos leitores foram dissolvidas pela implosão do embuste.

O guerreiro do povo brasileiro era apenas um caçador de pixulecos.


Corrupção 'ultrapassa capacidade de imaginação', diz ministro do STF


Gilmar Mendes revela perplexidade com o fato de lobista Hamylton Padilha, que fechou contrato de delação premiada, devolver R$ 70 milhões

AE

IstoÉ
 


O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), revelou perplexidade com o fato de um novo delator da Operação Lava Jato – o lobista Hamylton Padilha, que agia na Petrobras – aceitar pagar multa de R$ 70 milhões ao Tesouro. “Tudo o que vem sendo revelado (na Operação Lava Jato) ultrapassa a nossa capacidade de imaginação”, declarou o ministro.

“Tudo isso, na verdade, os números são realmente extratosféricos e indicam que há algo ligado a algum tipo de corrupção sistêmica. Nós não temos ainda a ideia do tipo de prática, do volume que envolve esse chamado ‘petrolão’. É altamente constrangedor para todo um sistema de controle”, disse o ministro, na noite desta segunda-feira, 10, após evento na Associação dos Advogados de São Paulo.

Hamylton Padilha confessou ‘graves irregularidades’ na Lava Jato envolvendo a contratação do navio-sonda Titanium Explorer, em 2008, na Diretoria Internacional da Petrobras. Uma propina de US$ 31 milhões foi acertada. Desse montante, efetivamente teriam sido pagos US$ 10,8 milhões para o PMDB, segundo a Procuradoria da República. Outros US$ 10 milhões foram divididos com o então diretor da estatal, Jorge Luiz Zelada, e outros investigados.

Ao fechar o acordo de delação com a força-tarefa da Lava Jato, Padilha concordou em pagar multa de R$ 70 milhões, um dos maiores valores já pagos na Lava Jato. Montante igual ao que se comprometeu a devolver o primeiro e principal delator da Operação, Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.

Não é a primeira vez que Gilmar Mendes se surpreende, e se indigna, com os valores da Lava Jato. Recentemente, quando outro delator, Pedro Barusco (ex-gerente de Engenharia da Diretoria de Serviços da estatal), concordou em devolver o equivalente a US$ 100 milhões, o ministro do STF demonstrou assombro. Ele lembrou, na ocasião, que o delator ocupava um cargo de segundo escalão.

Gilmar Mendes aponta para os desdobramentos da Lava Jato que agora se estende a outras estatais. “Por isso que eu tenho dito que isso parece revelar uma forma sistêmica de governar e administrar e, por isso, muito preocupante.”

Sobre as delações – quase 30 já firmadas – no âmbito da Lava Jato, Gilmar Mendes disse que o País ‘está vivendo um aprendizado’.
“Certamente, vão se detectar deficiências e elas serão devidamente aperfeiçoadas, como já ocorreu em outros sistemas.”

O ministro do Supremo anotou que ‘os resultados (das delações) até agora são satisfatórios’. Ele apontou ‘problemas como a possibilidade de coação, de a vontade não ser livre, de se estar valorando demais o próprio conteúdo da declaração’.

Mas ressalvou. “Acredito que nós vamos ter a possiblidade de discutir isso até mesmo no Supremo Tribunal Federal e, a partir daí, vamos construir soluções adequadas e compatíveis com o Estado de Direito, como já ocorreu com outros institutos. De qualquer forma, acredito que (a delação premiada) é um instituto que vem dando bons resultados no combate à impunidade, à criminalidade.”

Dirceu: clandestinidade como tempo de serviço - O ANTAGONISTA


Leiam o que noticia O Globo:
"O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, assinou na semana passada portaria que autoriza o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu a contar o tempo que viveu na clandestinidade — entre outubro de 1968 a dezembro de 1979 — para efeitos de aposentadoria. A portaria, junto com outras 68 que envolvem ex-perseguidos políticos, foi publicada no Diário Oficial da União no dia 4 de agosto, um dia após a prisão do petista pela Polícia Federal, investigado pela Operação Lava-Jato."
Enquanto isso, por causa do buraco na Previdência, milhões de brasileiros honestos terão de trabalhar por mais tempo, para ter direito a aposentar-se.
A Orcrim não tem limite.

Governo da petista Dilma Rousseff bloqueia contas do Rio Grande do Sul por não pagar dívida e sequestra valores da saúde no Banrisul

Videversus

terça-feira, 11 de agosto de 2015



As contas do Rio Grande do Sul estão bloqueadas em consequência do não pagamento da dívida com a União. O comunicado da Secretaria do Tesouro Nacional chegou na noite desta terça-feira ao Banrisul. Os cerca de R$ 60 milhões que restaram em caixa depois da quitação de salários, e que seriam usados para pagamento de hospitais e prefeituras, foram sequestrados. Todo o dinheiro que entrar nos cofres do Estado será retido até atingir os R$ 280 milhões da dívida. Ou seja, não há dinheiro agora para pagar o atendimento à Saúde no Rio Grande do Sul, porque o dinheiro foi sequestrado pelo governo da petista Dilma Rousseff. O bloqueio independe de decisão judicial. Está previsto no contrato assinado em 1998. A União tanto pode reter repasses federais como bloquear recursos no Banrisul. Como tinha liberado nesta terça-feira mais de R$ 80 milhões do Fundo de Participação dos Estados, que o governo usou no pagamento dos salários, e o próximo repasse está previsto para o dia 20, a Secretaria do Tesouro Nacional bloqueou as contas.

Agência de risco Moody's rebaixa nota de crédito do Brasil - FOLHA DE SÃO PAULO


A agência de classificação de risco Moody's cortou a nota de crédito do país para Baa3 e alterou a perspectiva de negativa para estável. A nota anterior do país era Baa2.
Com o corte, o país está a um nível de perder o grau de investimento na agência.
A Moody's atribuiu a decisão ao desempenho econômico mais fraco que o esperado, à situação fiscal do país e à falta de consenso político para aprovar as reformas fiscais. As divergências, segue a agência, vão impedir as autoridades de alcançar um superávit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida pública) que seja suficiente para conter e reverter o endividamento crescente do país neste ano e no próximo e dificultará ainda sua capacidade de fazê-lo depois disso.
Classificação de risco
A agência estima que o país precisa crescer pelo menos 2% e cumprir superavits primários de pelo menos 2% do PIB para estabilizar a dívida. Segundo a Moody's, o Brasil não deve cumprir estas condições este ano ou no próximo.
A agência espera que haja recessão em 2015, estagnação econômica no próximo ano e "uma recuperação gradual" em seguida, com expansão de 2% em 2017 e 2018.
Para a Moody's, o endividamento do governo só se "estabilizará" no fim do segundo mando de Dilma Rousseff.
Nos cálculos da agência, a dívida subirá para 67% em 2016 e continuará a aumentar lentamente, aproximando-se de 70% em 2018 e permanecendo "em torno desse nível elevado".
A estimativa da Moody's difere, portanto, da anunciada pelo governo. A equipe econômica estima que o endividamento do país deve começar a cair em 2017.
Para o governo, dívida pública bruta alcançará 66,4% do PIB [Produto Interno Bruto] em 2016, baixando para 66,3% em 2017.
ALÍVIO
Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, o mercado reagiu bem à notícia, já que o país conseguiu manter o grau de investimento.
"Ganhamos uns seis meses de respiro com a perspectiva estável. O maior medo era que a Moody's jogasse logo o país para o grau especulativo", afirmou. 

REUNIÃO DE ABOBRINHAS - CARLOS CHAGAS -





Madame continua indefinida, apesar de haver assumindo a coordenação política do governo, em parceria com Michel Temer, certamente como resposta ao inusitado comentário do vice-presidente sobre o país necessitar de alguém que reúna todas as forças vivas nacionais. Porque foi anunciada para o último domingo uma reunião com poucos ministros, cinco ou seis, daqueles que cuidam de política. Na hora do encontro, estavam presentes treze ministros. Como são 39, a conclusão é pela existência de 26 de segunda classe, deixados de banda.

Mesmo assim, a presidente anunciou que não pretende atender os clamores gerais de promover profunda reforma em sua equipe. Estão todos prestigiados, ainda que de mentirinha. Outra de suas iniciativas foi de dialogar amplamente com as forças sociais, sugestão do Lula. O problema é que MST, UNE, CUT e montes de outras entidades criadas ao redor do PT não precisam de diálogo com o governo. Já estão com ele e não constituem partidos políticos, ou seja, dispõem no máximo de simpatizantes na Câmara e no Senado.

O verdadeiro diálogo de Dilma tem que ser com os partidos. Justiça se faça, ela também anunciou que procurará os presidentes das legendas que apoiam o governo ou se dizem “independentes”. Tudo da esfrangalhada base oficial, pois não se imaginam convites a Aécio Neves e penduricalhos.

Em suma, da reunião de anteontem no palácio da Alvorada, só abobrinhas. Nenhum ministro teve coragem de colocar o guiso no gato, ou seja, de alinhar críticas à comandante do batalhão, como costumam fazer quando ausentes. Também, seria perigoso, pois a postura dela continuou a mesma: nada de humildade, muita arrogância. Também, reunião política com mais de três, senão vira comício, redunda em nada...

A SOMBRA DA GUILHOTINA

Tudo indica que o Procurador Geral, Rodrigo Janot, já tem pronta a denúncia contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. O pedido deve chegar nos próximos dias ao relator do Lava-Jato, ministro Teori Savaski. A ele caberá decidir sobre o futuro do deputado, mas tudo indica que vai demorar para aceitar ou rejeitar a denúncia. Sendo assim, a presidente Dilma ainda enfrentará longas semanas na alça de mira do adversário.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA

De quando em quando, há alguns anos, algum amigo telefona perguntando ter sido de minha autoria um artigo intitulado “o custo dos generais presidentes”, onde lê que de Castello Branco a Costa Silva, Médici, Geisel e Figueiredo, a honestidade financeira pessoal foi uma constante. Isso apesar dos excessos e horrores verificados nos seus períodos de governo em termos de política, direitos humanos, mudança nas regras do jogo e outros horrores.

Pois esse artigo vem sendo espalhado por muitos e-mails, mas acrescido da segunda parte de um texto que não escrevi, mas apresentado como se fosse, desancando com os presidentes civis que sucederam os militares. Pode até haver razão em certos parágrafos falando do uso de dinheiros públicos, enriquecimento meteórico e amizades estranhas.

É preciso ressaltar: minhas críticas aos governos Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula e Dilma sempre foram contundentes, mas nada tem a ver com as distribuídas por esse bando de insanos que sonham com a volta ao passado.

SURREALISMO EXPLÍCITO – Renan e Collor, a dupla que chegou junto ao poder máximo em 1990, deram uma aulinha a Dilma sobre como manter o mandato

Ai, ai… Então vamos lá, no surrealismo nosso de cada dia. Nesta segunda, a presidente Dilma Rousseff reuniu num jantar, no Palácio da Alvorada, 21 ministros e 43 senadores da bancada governista, liderados pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). Os colunistas do nariz marrom certamente não verão nada de errado nisso. Eles acham que Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, precisa renunciar porque investigado pela Lava Jato. A partir desta terça, outro investigado, Renan, começará a ser chamado de poeta e de patriota… Sabem quem estava presente ao encontro e resolveu dar conselhos a Dilma? Fernando Collor (PTB-AL), mais um da Lava Jato, aquele que chama o procurador-geral da República de “filho da puta” na tribuna. Dilma afirmou que o Senado tem de ser a casa do equilíbrio e da estabilidade, evitando, assim, a aprovação da chamada pauta-bomba. Huuummm… Talvez até alguns senadores de oposição gostassem de estar ciscando por ali, dando algumas dicas, não é? Renan prometeu se comportar — sempre pode haver a esperança de que Rodrigo Janot se comporte com ele — e entregou ao governo uma lista com 28 propostas elaboradas pelo PMDB, divididas em três áreas: melhoria no ambiente de negócios/infraestrutura; equilíbrio fiscal e proteção social. Trata-se da combinação, vamos dizer, de vários surrealismos. Em primeiro lugar, o Senado já é, por natureza, a Casa da estabilidade. É por isso que ele reflete o equilíbrio federativo, com três representantes de cada Estado. Quem deve exprimir a efervescência da sociedade é mesmo a Câmara dos Deputados. Logo, Dilma não precisa pedir que o Senado seja aquilo que ele já é… Em segundo lugar, cumpre lembrar que o PMDB tem o vice-presidente da República e, hoje, as maiores bancadas nas duas Casas. É ainda o segundo partido com o maior número de ministérios. Que sentido faz a bancada peemedebista do Senado apresentar uma, sei lá como chamar, pauta da governabilidade, que não tem como ser aprovada sem a Câmara? Em muitos casos, as propostas têm de ser apresentadas via emenda constitucional, cuja aprovação requer três quintos dos votos. Em terceiro lugar, em vez de o governo federal apresentar uma agenda para sair do marasmo, é uma bancada partidária do Senado que afeta ares de Executivo e leva um pequeno plano para a presidente. Vistas as propostas, não há nada ali que aponte um caminho. No mais das vezes, seriam medidas de bom senso para um País que não estivesse em crise. O único propósito do encontro, na verdade, foi, ainda uma vez, tentar isolar Eduardo Cunha, com Renan se apresentando como condestável da República. 

Dia da marmota
Pois é… Nesta segunda, Renan e Collor eram duas das estrelas do encontro. É o passado que não passa nunca. É o Dia da Marmota. O agora presidente do Senado foi líder do PRN na Câmara em 1989, ano em que Collor foi eleito presidente e, depois, em 1990, foi seu líder no Congresso. Antes de Renan surgir com o plano salvador de agora, ele apresentou o plano salvador de Zélia Cardoso de Mello no Parlamento — aquele do confisco da poupança. Reconheça-se: o homem tem um fôlego fabuloso. Sobreviveu ao fim da República de Alagoas, sobreviveu à crise gerada pelas evidências de que uma empreiteira pagava parte de suas contas pessoais — teve até de renunciar à Presidência do Senado, cargo que ocupa pela terceira vez — e vai sobrevivendo à Lava Jato. Se Cunha, um dos investigados, virou o inimigo predileto de Dilma, Renan se apresenta agora para ser o amigo preferencial. Collor, muito professoral e imbuído dos mais altos desígnios institucionais, aproveitou o ensejo para dar algumas aulas a Dilma. Lembrou à governanta, informa o “Painel” da Folha, que ele também, a exemplo dela, fora eleito. Nem por isso conseguiu segurar seu mandato. Teve de renunciar para não ser impichado — e com uma popularidade ligeiramente superior, diga-se. Dilma ouviu tudo como muita atenção e certamente prometeu refletir sobre as lições que lhe eram ali ministradas por essas duas notáveis figuras da República brasileira: Renan Calheiros e Fernando Collor de Mello. Afinal, eles chegaram juntos ao poder máximo em 1989 e não desgrudaram nunca mais do Brasil, não é mesmo? Eu não tenho dúvida de que Dilma conquistou o apoio de Renan e de Collor. Agora falta fazer as pazes com a lei e com as ruas. Por Reinaldo Azevedo

Pizzada no Palácio

terça-feira, 11 de agosto de 2015


Lauro Jardim, da Veja.com, informa que Dilma Rousseff marcou um jantar hoje com a cúpula do poder Judiciário. Entre os convidados, estão ministros do STF e TSE. A explicação oficial é similar à veiculada quando do encontro entre a petista e Ricardo Lewandowski no Porto, em Portugal: "melhorar o relacionamento com o Judiciário". A verdade todos sabemos qual é.

José Dirceu: ressentido e sentindo-se abandonado até por Lula


É o que revela reportagem do jornal O Globo.


Foto: Ailton de Freitas / O Globo
Foto: Ailton de Freitas / O Globo
José Dirceu estaria ressentido e também sentindo-se abandonado por Lula. É a informação de Mariana Sanches e Tatiana Farah, no jornal O Globo, trecho a seguir:
“Nos últimos tempos, Dirceu se mostrava ressentido com lideranças do PT, sobretudo com Lula, com quem não fala desde antes de sua condenação no mensalão. Queixava-se da falta de apoio público por parte da cúpula do partido. Como esperava, sua defesa não foi feita, mais uma vez, na reunião de terça-feira da Executiva Nacional do PT. Desde que começou a cumprir pena, ele deixou de participar dos destinos políticos do partido e pouco foi visitado pelos “companheiros”. Em março deste ano, seu almoço de aniversário, antes marcado pela presença de políticos de todos os calibres, contou com poucas pessoas e nenhum figurão da legenda.”

Nosso conselho: não se ressinta, José Dirceu! Levante a cabeça. E fale tudo! Desabafar é sempre uma ótima terapia para combater ressentimentos. Desabafe!

Um pouco de História que não devemos esquecer sobre a violência armada no Brasil



A complacência de hoje é paga com as angústias de amanhã. E se ela persiste, com o sangue de depois de amanhã. (Suzanne Labin, livro “Em Cima da Hora”)

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos I. S. Azambuja

O período de violência armada, nos anos 60 e 70, foi um tempo em que, em todo o mundo, se propalava que o capitalismo estava com os dias contados. Um tempo em que as revoluções de esquerda eram consideradas iminentes, segundo aquela modelada pelos guerrilheiros cubanos que instalaram em Cuba uma república democrática popular (ou seja, um governo do povo popular, pleonasmo que se prolonga até hoje!) e procuravam estender esse pleonasmo a todo o continente; ou ainda, segundo aquela copiada do livrinho vermelho de Mao-Tsetung, de guerra popular prolongada.

Um tempo de mudanças e contestações, em que as teses filosóficas de Herbert Marcuse propalavam que era “proibido proibir”. Um tempo, enfim, em que um punhado de jovens militares e civis, sem dinheiro, sem doutrina e sem experiência, mas com disposição e vontade, - no início por conta própria, é verdade -, decidiram combater e, ao final, erradicaram o terrorismo, os seqüestros de diplomatas e de aviões e, enfim, o terrorismo urbano e rural.

Passados mais de 40 anos, alguns persistem em manter na ordem do dia uma discussão acadêmica, sobre a qual muitas pessoas não têm clareza: o de quem deu o primeiro tiro; quem nasceu primeiro, se o ovo ou a galinha; se o terrorismo ou a chamada repressão, com uma parte da mídia, alguns políticos, escritores e cientistas sociais advogando que a insana violência armada desencadeada pela esquerda radicalizada foi fundamentalmente uma reação à Revolução de Março de 1964, segundo uns, ou ao Ato Institucional nº 5, de dezembro de 1968, segundo outros.

A verdade é que o projeto de violência armada desencadeada pelo Partido Comunista do Brasil nas selvas do Araguaia, por exemplo, foi anterior à própria Revolução de 1964, e os projetos, nesse mesmo sentido, das demais organizações constituídas pelos dissidentes do Partido Comunista Brasileiro, foram uma espécie de justificativa encontrada pelos militantes que abandonaram esse partido, por serem contrários à sua opção pelo chamado caminho pacífico da revolução, advogado por Prestes.

Condenando o caminho pacífico, a alternativa era desencadear a revolução.
Desde o início dos anos 60 a esquerda radicalizada alimentava o ovo da serpente, estimulada pelo exemplo da revolução cubana. Isso sem falar nas propostas de revolução armada que vinham de muito antes, na melhor tradição bolchevique, de assalto ao Palácio de Inverno, como o levante comunista de novembro de 1935.

O certo é que no período de agosto de 1961 - quando o presidente Jânio Quadros renunciou - a 31 de março de 1964, foi colocada em xeque, no Brasil, a chamada ordem constitucional burguesa, segundo o jargão das esquerdas.

No governo de João Goulart, que sucedeu o de Jânio Quadros, já existiam organizações e grupos voltados para aquilo que, sutilmente, era denominado de “formas de luta mais avançadas”:

- as Ligas Camponesas de Francisco Julião - mais tarde, em 21 de abril de 1962, efemeramente transformadas no Movimento Revolucionário Tiradentes -, são o exemplo mais nítido. Já em 1961 – como anteriormente assinalado - tão logo Julião regressou de uma viagem a Cuba, diversos militantes das Ligas foram mandados àquele país para receber treinamento militar. Ainda mais remotamente, recorde-se que, em 1957, quando na condição de deputado federal realizou uma viagem à União Soviética, Julião solicitou a autoridades do PC Soviético o fornecimento de armas para equipar as Ligas e fazer a revolução no Brasil.

- a Organização Revolucionária Marxista Política Operária (ORM-POLOP), que ficou conhecida como POLOP, constituída em fevereiro de 1961, agrupou elementos de várias tendências alternativas ao PCB, e se destacou pelo intenso trabalho de doutrinação e formação de militantes, bem como pela propaganda das idéias socialistas, tendo como referência os escritos de Rosa de Luxemburgo, Trotsky e Bukharin. Em maio de 1964, decorridos apenas dois meses da Revolução de Março, adiantou-se aos acontecimentos que iriam marcar a dinâmica das esquerdas por quase uma década, tornando público um documento que definia a guerrilha como “o caminho a seguir”e, em torno desse documento tentou cooptar e organizar os sargentos e marinheiros expulsos em 1964.

      - o Partido Comunista do Brasil, constituído em 1962 a partir de uma cisão no PCB, ainda no governo Jango, em fins de março de 1964, enviou um grupo de militantes à China, a fim de receber treinamento na Academia Militar de Pequim para, a partir de 1966, instalar no Araguaia o embrião da guerra popular prolongada (livro “Combate nas Trevas”, do escritor marxista Jacob Gorender), teoria imaginada por Mao-Tsetung.

      - a Ação Popular (AP), constituída em 1962 com raízes no cristianismo, particularmente na Juventude Universitária Católica (JUC) que exercia domínio indiscutível sobre a União Nacional de Estudantes. Desde sua formação, passou pela influência da Revolução Cubana, adesão ao marxismo-leninismo em 1968 e integração da maioria ao PC do B em 1973. Logo após a Revolução, mandou também um grupo de militantes receber treinamento político-ideológico em Pequim. Esse grupo, “regressou ao Brasil transfigurado e logo depois transformaria a AP numa organização marxista-leninista-maoísta”, conforme o depoimento de Herbert José de Souza, o“Betinho”, então coordenador nacional da AP (livro “No Fio da Navalha”, de Herbert José de Souza, o “Betinho”).

         - o Partido Operário Revolucionário Trotskista-Posadista, com efetivos reduzidos e nenhuma inserção social, constituído em 1952, pelo argentino conhecido pelo codinome de “Juan Posadas”, bem como diversos outros grupos trotskistas, embora seja verdade que nenhum deles jamais optou pela forma de violência armada.

         - os famosos “Grupos dos Onze”, uma inspiração de Leonel Brizola, então deputado federal, constituídos em 1963.

O projeto de violência armada foi, assim, bem anterior a 1964. Isso é reconhecido por aquela esquerda onde há um mínimo de vida inteligente:
“(...) Assim, antes da radicalização da ditadura, em 1968, e antes mesmo de sua própria instauração, em 1964, estava no ar um projeto revolucionário ofensivo. Os dissidentes se estilhaçariam em torno de encaminhamentos concretos (...). Aprisionados por seus mitos, que não autorizavam recuos, insensíveis aos humores e pendores de um povo que autoritariamente julgavam representar, empolgados por um apocalipse que não existia senão em suas mentes, julgavam-se numa revolução que não vinha, que, afinal, não veio, e que não viria mesmo” ( Daniel Aarão Reis Filho - foi dirigente do MR8; banido do país em troca da liberdade do embaixador Von Holleben, da então Alemanha Ocidental; hoje, é professor de História Contemporânea na Universidade Federal Fluminense -; artigo “Este Imprevisível Passado”, na revista “Teoria e Debate” de julho/agosto/setembro de 1996, editada pelo PT).

Nesse contexto, com dissidências em vários Estados, foi rápida a conversão das bases radicalizadas do PCB à tática da violência armada.
O PC Soviético, na segunda metade da década de 60, também treinou um grupo de militantes do PCB em táticas voltadas para a violência armada, denominadas pelo partido, na codificada linguagem partidária da época, de “Trabalho Especial”.

Entretanto, com exceção da “experiência” do Araguaia, através da qual o Partido Comunista do Brasil buscou a implantação do embrião da “Guerra Popular Prolongada”, com know-howimportado da China, nenhum grupo de esquerda chegou a reunir, jamais, as condições mínimas de infra-estrutura para a instalação daquilo que o cientista social francês Regis Debray, companheiro de Che nas selvas da Bolívia, definiu como “Foco Guerrilheiro”, em seu livro “Revolução na Revolução”.

Os seqüestros de diplomatas estrangeiros e de aviões comerciais, os assassinatos a título de “justiçamentos”, a avidez com que eram praticados os roubos de armas, de agências bancárias e até mesmo de residências, para financiar a instalação do “Foco” e como propaganda armada para “estimular as massas”, pouco a pouco foram transformadas em tática militar e iriam consumir os principais militantes dessas organizações, levando ao seu total desmantelamento em meados dos anos 70.

O Ato Institucional nº 5 assinado pelo presidente Costa e Silva em 13 de dezembro de 1968, nada mais foi, portanto, que uma resposta. Antes disso, já existiam vítimas da esquerda radicalizada, como o almirante Nelson Gomes Fernandes e o jornalista Edson Regis de Carvalho, mortos por um atentado a bomba no Aeroporto dos Guararapes, o soldado Mario Kozel Filho, morto em 26 de junho de 1968 quando da explosão de um carro-bomba atirado contra o portão do II Exército, em São Paulo e o “justiçamento”, em 12 de outubro de 1968, de Charles Rodney Chandler, capitão do Exército dos EUA, em São Paulo, na frente de seus filhos. O AI-5 foi, portanto, um ato de legítima defesa do Estado.

Em todo esse contexto, a discussão acadêmica para descobrir, hoje, mais de 40 anos depois, quem deu o primeiro tiro, não passa, portanto, de uma “masturbação sociológica” (royalties para o falecido ministro Sérgio Motta, autor da frase).

As guerrilhas urbana e rural ceifaram vidas preciosas de jovens iludidos, a grande maioria composta de universitários e até secundaristas, impregnados da ideologia que, então, lhes era incutida nos colégios, escolas e universidades pelos homens de palavra, que nunca colocaram em risco suas vidas.

Quando a violência armada nas cidades realmente eclodiu, no ano de 1968, as Forças Armadas, tradicionalmente, em todo o mundo, preparadas e condicionadas para travar guerras convencionais, chamadas para dar combate a essa guerra suja, viram-se frente a inúmeras dificuldades, mesmo porque os acontecimentos ocorriam num ritmo alucinante.

Registre-se que o principal fator de fraqueza, que tornou vulnerável a esquerda armada, foi a extrema divergência entre suas concepções táticas, bem como a ânsia de mando, responsável por inúmeras e permanentes cisões, com a constituição de um sem número de organizações, grupos e grupelhos desprovidos de um mínimo de coesão e infraestrutura, perdendo em capacidade de luta e tornando-se vulneráveis à infiltração pelos Órgãos de Inteligência.

Hoje, os perdedores de ontem e seus epígonos, muitos com cargos no governo, mesmo após o fracasso da “doutrina científica”, com ares de reformistas, não cessam de explorar os mortos, de distorcer os fatos, de exaltar os covardes, fazendo acusações infundadas, promovendo falsos testemunhos e acusando com a ausência do contraditório. Esquecem os assassinatos, a título de “justiçamentos”, de civis não-combatentes, de alguns de seus próprios companheiros que ousaram expor suas dúvidas e pensar com suas próprias cabeças; esquecem o abandono de companheiros nas selvas do Araguaia; e esquecem a eliminação traiçoeira de amigos e inimigos, “justiçados” após simulacros de “julgamentos”.

Carlos I. S. Azambuja é Historiador.

Não há mais governo - Marco Antonio Villa

O projeto criminoso de poder está com os dias contados. Deixa como legado escândalos e mais escândalos de corrupção, uma estrutura de Estado minada pela presença de milhares de funcionários-militantes, obras super-faturadas (e inacabadas) e um país paralisado. Sem esquecer que produziram a mais grave crise econômica do último quarto de século.
Ao longo de 12 anos, conseguiram organizar um aparato de proteção nunca visto na nossa história. Quiseram transformar as mais altas Cortes de justiça em braços do partido. Os meios de comunicação de massa foram sufocados pela propaganda oficial. Os bancos e as empresas estatais foram convertidos em correias de transmissão dos marginas do poder, como bem definiu, em um dos votos da Ação Penal 470, o ministro Celso de Mello. Não houve nenhum setor da sociedade sem que a presença do projeto criminoso de poder estivesse presente. Pelo medo, poder e omissão de muitos (empresários, jornalistas, políticos, intelectuais, entre outros), conseguiram impor a ferro e fogo sua política.
Deve ser recordado que, ao terminar seu segundo mandato, Lula era avaliado positivamente pela ampla maioria dos brasileiros. Diziam que seria candidato a secretário-geral da ONU ou a presidência do Banco Mundial. Tudo graças a sua sensibilidade social, aos êxitos econômicos e à preocupação com os mais pobres. Hoje, sabemos que no mesmo período o petrolão alcançou seu ápice e bilhões de reais foram roubados do Tesouro, no maior desvio de recursos públicos da história da humanidade. Os que denunciavam a pilhagem do Estado eram considerados enragés. Não foi nada fácil remar contra a corrente e enfrentar a violência governamental e de seus asseclas. Como em outros momentos da nossa história, já está chegando o dia de o passado ser reescrito. Muitos dos que se locupletaram vão se travestir em adversários ferrenhos do lulismo. Haja hipocrisia.
Vivemos a crise mais profunda dos últimos 60 anos. Em 1954, tudo acabou sendo resolvido em menos de três semanas, entre o atentado da Rua Tonelero (5 de agosto) e o suicídio de Getúlio Vargas (24 de agosto). No ano seguinte, em novembro, o país teve três presidentes, mas a crise foi logo solucionada. Em 1961, a renúncia de Jânio Quadros — que quase arrastou o Brasil a uma guerra civil — foi solucionada em duas semanas, com a posse de João Goulart, a 7 de setembro. Três anos depois, o mesmo se repetiu, e a 11 de abril, com a eleição de Castelo Branco pelo Congresso Nacional, foi resolvido o impasse político. Em 1992, o momento de crise mais profunda ficou restrito a três meses, entre julho a setembro, quando a Câmara autorizou a abertura do processo de impeachment do presidente Fernando Collor.
A crise atual é mais complexa — e mais longa. No tempo poderia ter uma data: a vitória de Eduardo Cunha, a 1º de fevereiro. A candidatura Arlindo Chinaglia empurrou Cunha para os braços da oposição — até então muito fragilizada, mesmo após o excelente resultado obtido no segundo turno por Aécio Neves. As revelações diárias sobre a extensão do petrolão ampliaram a crise, pois estabeleceu conexão entre o escândalo, as lideranças históricas do partido e o financiamento eleitoral, inclusive da campanha presidencial de 2014, em que propina virou doação legal.
As novas delações premiadas vão complicar ainda mais o cenário. Prováveis acusados estão, preventivamente, buscando mecanismos para garantir o foro privilegiado, temendo serem presos. E a instalação das CPIs do BNDES e dos fundos de pensão vão ter de devassar as relações do projeto criminoso de poder com a burguesia petista, aquela do capital alheio, do nosso capital, entenda-se.
O aprofundamento da crise econômica — com dados que tinham sido escondidos pelo governo, especialmente durante a última campanha eleitoral —, a divisão da base política congressual — inclusive de partidos que tem presença no governo, como a PDT e PTB —, as sucessivas derrotas em votações no Congresso relacionadas ao ajuste fiscal, a impopularidade recorde de Dilma, o desespero do PT, e o esfarelamento da liderança de Lula sinalizam claramente que não há mais governo. O que é bom e ruim. Ruim, pois este projeto de poder fará de tudo para permanecer saqueando o Estado; bom, porque os brasileiros romperam o feitiço de mais de uma década e, finalmente, entenderam o mal representado pelo lulismo.
Na última quinta-feira, era esperado que o PT reconhecesse os erros e apontasse para alguma proposta de negociação, de diálogo com a oposição. E mais, que buscasse apoio dos 71% de brasileiros que consideram o governo ruim ou péssimo. Não o fez. Satanizou a oposição. Associou 1964 a 2015. Tachou a oposição de golpista. Ironizou os protestos. Conservou a política do conflito, do nós contra eles. Isso quando estão isolados e sem nenhuma perspectiva, mesmo a curto prazo, de que poderão reconstruir sua base política.
A gravidade do momento e o autismo governamental obrigaram as oposições a se mexer. A necessidade de encontrar uma rápida saída constitucional para a crise é evidente. A sociedade civil pressiona. As manifestações do próximo dia 16 vão elevar a temperatura política. Quanto mais tempo permanecer o impasse, pior para o Brasil. Se 2015 já está perdido, corremos o sério risco de perdermos 2016 e 2017.
É inegável que Lula e o PT já estão de mudança para o museu da história brasileira. Mais precisamente para a ala dos horrores — que é vasta. Será necessário reservar um espaço considerável. Afinal, nunca na nossa história um projeto político foi tão nefasto como o do lulismo.

A POSSIBILIDADE DE EXONERAÇÃO DA RESPONSABILIDADE DE FIADOR



Com a crise econômica vivida nos últimos meses no país, o índice de inadimplência tem aumentado. De acordo com o Serviço de Proteção ao Crédito- SPC e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas - CNDL, em pesquisa realizada no primeiro semestre de 2015, o número de inadimplentes subiu 5,28%.

Segundo a mesma pesquisa, o setor que mais influenciou para o aumento do número de inadimplência foi o setor de serviços, que teve um aumento de 12,56% em junho se comparado com o mesmo período no ano de 2014.

Com o número de inadimplentes subindo, muitas pessoas têm ficado cada vez mais preocupadas em assumir dívidas. Esse tem sido o caso de muitos fiadores, que se disponibilizaram a garantir a quitação de dívidas assumidas por terceiros, mas que hoje já não estão tão seguros quando ao compromisso assumido anteriormente.

No caso de locações de imóveis é garantida ao fiador a exoneração de sua responsabilidade 60 dias após o locatário receber a comunicação de sua intenção, conforme prevê o artigo 835 do Código Civil. De acordo com Código Civil em seu artigo 855, “fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre que convier, ficando obrigado por todos os efeitos durante sessenta dias, após a notificação ao credor”.

Ainda sobre a locação de imóveis, na lei 8.245 de 1991, também, há previsão de exoneração do fiador. Porém, de acordo com essa legislação, o fiador só se eximirá de sua responsabilidade após 120 dias do comunicado ter sido feito ao locatário.

Diante dessas divergências de prazo entre o que diz o Código Civil e a lei 8.245 sobre o prazo em que a exoneração pode ser efetivada, após a comunicação ao locatário, de acordo com o entendimento de Simão, “o Código Civil de 2002 é enfático ao afirmar que nenhuma convenção prevalecerá, ou seja, será válido, se contrariar seus princípios, mormente aquele de função social do contrato”.

Em caso de exoneração de um fiador, o locatório poderá exigir a apresentação de um novo fiador ao locatário sob pena do contrato ser rescindido e o locatário ser despejado, conforme prevê a legislação.

Atualmente, é aconselhável que o fiador registre no cartório o documento de comunicação informando a sua intenção de exoneração da responsabilidade e envie o comunicado aos interessados em carta registrada.

Referências:

Agência Brasil
Professor Simão

Rafael Souza Rachel - Advogado. Entusiasta do conhecimento. 
Fonte: Artigos JusBrasil

Eduardo, o homem bomba, está cada vez mais isolado - Ricardo Noblat


E Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, hein?

Está cada vez mais só.

É fato que ainda conserva uma maioria de deputados sob seu comando capaz de fazer algum mal ao governo.

Mas essa maioria já foi mais confortável.

De resto, no momento ele assiste à debandada para os lados do governo do seu colega de partido Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado.

Faça o que Eduardo fizer na Câmara, ele dependerá do Senado para ser bem-sucedido na tarefa de emparedar a presidente da República.

Não se sabe ainda o preço que o governo pagará para garantir a companhia de Renan.

Afinal, Eduardo e Renan correm o risco de ser denunciados pelo Procurador Geral da República por envolvimento com a roubalheira na Petrobras.

Eduardo perde também prestígio aqui fora. Empresários que antes o admiravam, cada vez mais aflitos com a crise econômica, acham que ele só atua para piorá-la.

O responsável pelas pautas bombas no Congresso virou naturalmente um homem bomba.

Fora quem aposte no pior, quem mais aprecia a companhia de um homem desses?

AGU, que deveria defender Câmara, vira a sua acusadora para proteger o Executivo


Invista na desinstitucionalização do Brasil quem quiser, ainda que sob o pretexto de, sei lá eu, cassar e caçar bandidos ou caçar e cassar, como é mesmo?, os reacionários. Eu farei o contrário: fora das instituições democráticas, não há salvação. Não reconheço nem a homens imaculados o direito de transgredir as leis. Muito bem! A imprensa, em regra, adora detestar Eduardo Cunha, presidente da Câmara (PMDB-RJ). Alguns empregam um argumento forte: há uma delação contra ele. É mesmo? Também há contra Dilma. E aí? De resto, é preciso distinguir a ação do presidente da Câmara da atuação daquele que está sob investigação. Por que isso? Cunha anunciou que pretende romper, nesta terça, o convênio que a Câmara dos Deputados mantém com a Advocacia-Geral da União. Ele explica os motivos: a senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) entrou com uma ação para anular a sessão da Câmara que aprovou as contas de ex-presidentes, limpando a pauta para que se votem as de Dilma, tão logo o TCU apresente a sua recomendação — que, tudo indica, será pela rejeição. Muito bem! Quem está abraçando a causa de Rose? Ora, advogados da AGU. É claro que é um absurdo! A AGU também faz, de regra, a defesa da Câmara. Não pode ser sua acusadora. Seria o correspondente público de um promotor que fizesse, a um só tempo, a acusação do réu e atuasse na sua defesa. Tanto cabe à AGU defender a Câmara que o órgão decidiu, na sexta-feira, pedir a anulação de provas colhidas pela Polícia Federal durante a execução de um mandado de busca e apreensão realizado no Departamento de Informática da Casa, no âmbito da Operação Lava Jato. O episódio aconteceu há três meses. Então vamos ver. Em nota, a AGU afirma que a sua atribuição — fazer a defesa legal do Executivo, do Legislativo e do Judiciário — não depende de convênio, mas do exercício legal. Diz em sua nota: “Independentemente da celebração ou suspensão de acordos de cooperação, as competências de representação judicial e extrajudicial constituem um dever da AGU e um direito das instituições federais e de seus membros”. É? Vamos ver: como é que a AGU, que tem, então, a obrigação legal de defender a Câmara entra com uma representação contra a Câmara? Por que a AGU não se mobilizou de pronto — e nem entro no mérito se a ação era ou não necessária; não é disso que se cuida aqui — quando dependências da Casa foram tomadas pela Polícia Federal? A propósito: quando a AGU atuar contra a decisão da Câmara no caso das contas dos ex-presidentes, quem, senão a AGU, deveria fazer a defesa da… Câmara? Você não gosta de Cunha? É um direito seu. No caso em questão, ele está certíssimo. Por Reinaldo Azevedo

Jarbas Vasconcelos: Sinal vermelho para Eduardo Cunha


Deputado afirma que o presidente da Câmara "não tem mais condições éticas e morais"

Do alto da experiência de quem presidiu o PMDB na primeira eleição direta pós-ditadura, governou Pernambuco, um dos estados mais politizados do país, e viveu de perto os últimos 45 anos da cena política nacional, o deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) considera que a presidente Dilma Rousseff não tem mais “crédito” para permanecer no cargo, mas também não vê condições de o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, levar adiante qualquer processo contra a presidente.  ... “Ele não tem mais condições éticas, morais, políticas, sobretudo, políticas, de negociar coisa nenhuma. Nem a pauta da Casa, quanto mais o impeachment”, diz. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Que avaliação o senhor faz do momento político que vive o país?
Muito grave. Já era no primeiro semestre. A gente retorna agora e encontra mais grave ainda. Crise política, crise econômica, crise social. Prisão de José Dirceu pela segunda vez. No direito penal, isso tem uma tipificação, crime continuado. Tudo isso se junta a um período de desgaste que houve aqui na Câmara. A impressão que ficou (no primeiro semestre) é que foi muito produtiva. Não é verdade. Aqui, se voltou a trabalhar, mas de forma atabalhoada, açodada, apressada, se discutindo matérias como terceirização, maioridade penal, reforma política de afogadilho.

Como assim?
Você não pode discutir maioridade penal, por exemplo, que qualquer um dos lados tem elementos suficientes para levar o debate a sério, e votar isso numa tarde, numa noite. O debate aqui desapareceu. Ficamos sujeitos à vontade, à determinação e ao autoritarismo do presidente da Casa. Agora, surge o presidente da Casa com denúncias gravíssimas, um empresário, num depoimento televisionado, diz que ele (Cunha) pediu 5 milhões de dólares. Há informações de que o Ministério Público, através do Janot, vai incriminá-lo com outras coisas. E aí, como a Câmara vai ficar em agosto e em setembro? Ele não tem mais condições éticas, morais, políticas, sobretudo, políticas, de negociar coisa nenhuma. Nem a pauta da Casa, quanto mais o impeachment.

Mas ele recebeu o apoio de quase todos os líderes…
Ele é muito arguto, está atrás desse apoio. A prisão de José Dirceu o tirou o Cunha de foco. Ele acredita que ficará fora de foco permanentemente. Isso é momentâneo. Daqui a pouco, tudo volta à tona. Portanto, essa coisa do colégio de líderes, para mim, não tem significado maior. Isso pode mudar hoje à noite, amanhã de manhã. Foi episódico. Venho de uma cidade que considero a mais politizada do país, Recife, onde se respira política de manhã, de tarde e de noite. Fui questionado em todos os lugares sobre impeachment, Eduardo Cunha, maioridade. Do Rio Grande Sul ao Acre, quem chegou aqui trouxe o clamor das bases, que virá dia 16.

Qual era o clamor maior?
O volume contra o governo e contra o PT é bem maior. O processo de desgaste (do governo) é maior, mais longo e mais profundo. Ele (Eduardo Cunha) passou uma mensagem de trabalho. A Câmara voltou realmente a trabalhar, é indiscutível, mas da forma atabalhoada como já mencionei. Que necessidade se tem de votar aqui até meia-noite? Estou parado agora (15h) porque a Ordem do Dia começa às 16h, mas não começa. Ocorre bem mais tarde para passar uma falsa imagem à opinião pública de que está trabalhando.

O senhor acha que falta qualidade no debate?
Muita! A reforma política que foi aprovada aqui é uma piada de mau gosto. Como aprova hoje uma reforma política sem dois dados fundamentais? Duas coisas simples: impedir a coligação em eleição proporcional e estabelecer uma cláusula de desempenho, tirar o nome de cláusula de barreira. O povo não entende de voto isso, aquilo, mas entende que tem que acabar com essa história de votar em José e eleger Manoel. Isso não dá mais para continuar, e não existe em quase lugar nenhum do mundo. Existe coligação para eleição majoritária, Executivo, mas não para eleição proporcional. Todos os países sérios têm uma cláusula de desempenho que vai de 2% a 5%. Aqui, basta eleger um parlamentar. Era melhor nem ter, é uma enganação. Deveriam ser, pelo menos, 5%, senão vai continuar com essas legendas aqui vendendo tempo de televisão, barganhando, pressionando o governo.

O senhor vive a política há 45 anos, já foi aliado da esquerda, do PFL, certa vez disse que havia perdido a utopia, era adversário de Miguel Arraes…
Aprendi com ele a fazer aliança com a direita. Ele se elegeu três vezes governador fazendo aliança com a direita. Eu fiz uma, com o DEM (PFL). Ele fez três vezes, e, quando eu fiz, ele disse que eu estava no caminho da perdição.

O senhor já foi aliado do PT?
Não, não faça isso comigo! Nunca fui PT. Votei em Lula para não votar em Collor, em 1989. Votei em Dr. Ulysses. Perdemos a eleição. (Orestes) Quércia queria levar o partido a apoiar Collor, fiquei divergente e apoiei Lula. Lula foi para o palanque no Recife conduzido por mim e por Arraes. Foi apoio por exclusão.

Por que o senhor, sendo de esquerda, não teve o período de apoio ao PT como a maioria?
Sempre tive ojeriza, na política e fora dela, a pessoas donas da verdade. O PT foi fundado e viveu a vida inteira, menos agora nesse período turbulento, dono da verdade. Só quem tinha coração era o PT, só quem tinha ética era o PT, só quem fazia as coisas certas era o PT. Deu no que deu. Nunca quis aliança com o PT, porque um dia ia dar errado. Cheguei ao Senado, para tomar posse, em 1º de fevereiro de 2007 e sempre enfrentei isso. Como governador, nunca me aliei com Lula. Ele me convocou várias vezes para ajudar na coordenação do PMDB, eu disse que não entrava nessa porque era dissidente da cúpula do partido. Nunca tive alinhamento com o PT.

O senhor se arrependeu de vir para a Câmara? Ou do voto em Eduardo Cunha?
Não, me arrependeria se estivesse em casa, por pior que seja. Na eleição aqui, se formou o quadro de que o candidato do PSB não ganhava, decidi votar em Eduardo Cunha. Sabia quem era, não sabia que o grau de degeneração chegasse a esse ponto. Não me arrependo do que fiz. Eu me arrependo do que deixei de fazer.

Por exemplo?
Deixar de disputar a reeleição para governador, que eu não queria. Deveria ter insistido em não ser candidato. Tinha feito um bom mandato. Votei a favor da extinção da reeleição por causa disso. Não se faz a regulamentação da reeleição e você fica dentro do palácio, prefeito, governador ou presidente da República, manipulando as coisas. No episódio da minha reeleição, em 2002, descia para ir ao interior e o chefe da Casa Militar, que tinha dois carros, perguntava qual era o da campanha. É uma promiscuidade ser candidato no exercício. Se mantiver a reeleição, a pessoa tem que se afastar 60 dias antes e voltar imediatamente depois, ganhando ou perdendo.

Mas a reeleição não fez bem para o Brasil?
Fez, o mandato de 4 anos é pequeno. Mas houve muita podridão, sobretudo na área municipal. Deveria ter vindo gradual, primeiro para presidente da República, e, numa outra eleição, para governador, e, depois para prefeito. A experiência é positiva, mas ninguém quer regulamentar. Vi Dilma dando entrevistas. Entrei com um projeto depois, proibindo presidente, governador e prefeito de dar entrevista em prédio público, para não fazer o que Dilma fez no Palácio do Planalto e no Alvorada. Coletivas, receber imprensa. Por que ela não vai à bancada do Jornal Nacional? Por que só Eduardo e Aécio tiveram que ir e ela não? Tem que ser condições iguais.

O senhor vê algum paralelo entre o que Dilma vive agora e o que Collor viveu?
Não, não tem paralelo. O país não chegou àquele nível lá de trás, a coisa do PC Farias, a corrupção do Collor. Mas Collor tinha uma agenda, bem ou mal, fez a abertura da economia. Foi um passo importante. Mas Collor era um aventureiro, Dilma não é. Collor não tinha um partido. Dilma tem. No fundo do poço, mas tem um partido. São situações diferentes. Mas, na época de Collor, não chegou ao ponto de que se chegou agora, de uma economia completamente exaurida. Passar a imagem que Dilma às vezes passa de que a crise é passageira, que a gente vai sair com brevidade, é mentira. Ela está mentindo mais uma vez.

Já tem peemedebista propondo que Michel Temer promova um pacto de transição para 2016 e 2017, mantendo a presidente Dilma Rousseff no cargo…
Tem que saber o que é isso, mas com ela? Não. Ela (Dilma) não tem mais nenhum crédito. É malhar em ferro frio. Ela chegou ao fundo do poço, não vai tomar atitude. Ela não toma atitude de deixar, de chamar para negociar, ela não tem formação para isso, a formação dela não permite isso. Michel também não pode mais assumir missões como assumiu a última, de ser coordenador político. Vivemos um momento de muita gravidade e é preciso saber o que vai acontecer no Brasil. Nem o empresariado vai aguentar, sobretudo o paulista, que é o carro-chefe, nem as donas de casa, o trabalhador.

Tendo um afastamento de Dilma e um governo Michel Temer, como o senhor avalia?
Temer tem credenciais que ajudam. É uma pessoa que não há nada contra ele, é do diálogo, é do ramo. Se será bom ou ruim não sei. Mas ele tem credenciais que o ajudam neste momento de crise. Estou à vontade para dizer isso porque não sou aliado dele, não queria que fosse vice. Estamos diante de um portal e um processo muito rico pela frente. O país sairá bem. Não será passageiro. Todo o processo tem seu tempo.


“E aí, como a Câmara vai ficar em agosto em e setembro? Ele (Cunha) não tem mais condições éticas, morais, políticas, sobretudo, políticas, de negociar coisa nenhuma. Nem a pauta da Casa, quanto mais o impeachment”
Fonte: Por Denise Rothenburg e Paulo de Tarso Lyra, Correio Braziliense com foto de Câmara dos Deputados/Divulgação - 10/08/2015 - - 09:16:27