sábado, 31 de dezembro de 2016

O LANCHINHO DE TEMER, O CARRAPATO E A BOIADA



Pedro Henrique Mancini de Azevedo

"
Ninguém gasta o dinheiro dos outros com o mesmo cuidado com que gasta o próprio." (Milton Friedman)

O último alvoroço causado nas redes sociais mais uma vez causou um embaraço para o presidente Michel Temer. Desta vez, o motivo foi a compra de alimentos de alto padrão para abastecer o avião utilizado pelo presidente, que somavam gastos superiores a R$1,7 milhões. Após repercussão negativa, o governo cancelou a licitação que ocorreria no dia 2 de janeiro do próximo ano.

É muito bom ver que a internet está mudando a política brasileira e mundial. Estamos vivendo uma verdadeira revolução da informação. Os nossos políticos estão acuados, pois finalmente a população está fazendo aquilo que sempre deveria fazer – vigiá-los de perto. Para se ter uma ideia do lanchinho de Temer, a licitação previa que um sanduíche de mortadela custasse R$16,45 a unidade. Um verdadeiro impropério. Mais absurdo ainda é saber que em 2006, o ex presidente Lula gastava neste mesmo lanchinho R$3,6 milhões - mais que o dobro de Temer.

Apesar de comemorar o fato de estarmos mais atentos a vida de marajás que a classe política vive, tenho a obrigação de colocar alguns pontos. Toda redução de gastos supérfluos como esses devem ser cobrados, criticados e divulgados assim como aconteceu nesse episódio, e não só quando estamos em momentos de crise. Mas sinto dizer que o corte desses gastos são mais simbólicos do que qualquer outra coisa.

É fato que quando o governo pede para cortar gastos ele também deve fazer um esforço para cortar da própria carne. Entretanto, o triste dessa situação é que isso não nem perto de resolver a nossa crise. Como uma imagem vale mais do que mil palavras, o gráfico demonstra como está distribuído o orçamento da União de 2015, elaborado pela ONG Auditoria Cidadã.
Longe de mim de compactuar com as ideias da ONG citada acima, pois a mesma elabora esse estudo com o intuito de incentivar o governo a promover um calote da dívida. Esse não é meu intuito. O que quero demonstrar é que existem dois grandes problemas no orçamento que saltam aos olhos de qualquer um – Juros e Dívida Pública; e Previdência.

Antes de falar sobre os juros é importante saber como o governo chegou a essa situação. Basicamente, existem 3 formas que o governo pode sanar suas contas. A primeira é aumentando impostos, e isso vem ocorrendo de forma sistemática desde o início do Plano Real. O Brasil saiu de uma carga tributária de 27% em 1995 para perto dos 36% em 2016. A segunda é a inflação. O governo gasta mais do que arrecada, e com isso emite moeda no mercado cobrando uma "taxa" por essa emissão. Essa taxa se chama inflação. E a terceira é emitindo títulos públicos. Esta última é onde entram os chamados juros sobre juros que destroem as nossas contas.

Com a implementação do sistema de metas de inflação, o governo se viu com uma certa impossibilidade de emitir moeda. Isso fez com que o perfil da dívida brasileira mudasse. Hoje, o governo ao invés de hiperinflacionar o mercado, emite títulos e os recompra com a promessa de que irá pagá-los algum dia. O problema é que como não paga nunca, surgem os chamados juros sobre juros. É o equivalente a um jogador viciado que continua apostando mais dinheiro mesmo quando está perdendo. O credor fica cada vez mais desconfiado e aumenta os juros progressivamente, fazendo com que o devedor fique ainda mais encalacrado. Por isso, é errado atribuir aos bancos os juros exorbitantes cobrados no Brasil. Os juros são altos porque os credores têm medo de calote, e como o governo brasileiro tem histórico de ser gastador e caloteiro...

Alguns devem estar se perguntando com que o governo gasta tanto. Seriam com os lanchinhos? Sim, ele gasta muito com isso como vimos anteriormente. Porém, como também já vimos no gráfico, o governo gasta muito com a Previdência (21,76%) - daí a necessidade de reforma, pois esses quase 22% são absurdos, já que temos apenas 8% da população acima de 65 anos. Já a outra grande fatia, chamada de Juros e Amortizações da Dívida não consegue ser paga porque o governo gasta muito com pessoal - que constitui cerca de 40% dos gastos do governo central. Contando com mais outros gastos semelhantes, estima-se que apenas 10% dos gastos do governo sejam discricionários (livres). É um entrave legal que engessa a capacidade do governo em cortar gastos, já que 90% dos gastos estão atrelados a Constituição e a leis específicas. É assustador saber que só se pode mexer em 10% dos gastos!

Sendo assim, reforço que devemos continuar divulgando as mordomias que os nossos governantes usufruem com o nosso dinheiro. Mas também é preciso dizer que hoje isso é um carrapato em meio a boiada. Não achem que os cortes não devem ser feitos por causa dessas mordomias; eles devem ser feitos apesar dessas mordomias. Está mais do que claro que o orçamento do governo não comporta o tamanho do Estado. Mas e a corrupção, pergunta o mais cético? Ora, vale o mesmo raciocínio. Muito do que já foi roubado não poderá ser resgatado; é custo afundado. E aí, por causa disso não faremos cortes e continuaremos na mesma? Então fechem as portas do país. Temos que apoiar as operações que estão em curso para que eles recuperem o que for possível e façam com que os criminosos sejam punidos. Torço para que todos eles fiquem sem um centavo. Mas também torço para que as pessoas entendam de uma vez que o país quebrou devido a uma ideia de Estado gigante que não deu certo. Vamos combater a corrupção, as regalias e também os gastos exorbitantes. Esse é o meu desejo para 2017. Feliz ano novo a todos!

PS.: É muita contradição de quem critica o lanchinho do Temer criticar a PEC do Teto de Gastos. A PEC existe para limitar esses gastos também, ora bolas! É a mesma contradição de quem critica a classe política e pede cada vez mais Estado. Precisamos começar a raciocinar.

Fonte: Blog do Puggina

Juiz embarga bens de filhos de Cristina Kirchner - É a família Lula hermana



Florencia e Máximo Kirchner - OPI Santa Cruz/Francisco Muñoz

O Globo


Medida preventiva inclui 16 propriedades, um veículo e as participações societárias em três empresas

BUENOS AIRES — Um juiz argentino decidiu nesta sexta-feira embargar os bens de Florença e Máximo Kirchner, filhos de Cristina Kirchner, herdados do também ex-presidente Néstor Kirchner e cedidos aos dois por Cristina Kirchner em março deste ano. A medida inclui 16 propriedades, um veículo e as participações societárias em três empresas. O pedido tinha sido feito pelos promotores Gerardo Pollicita e Ignacio Mahiques que também solicitaram o embargo do único terreno que resta à ex-presidente, cedido a Lazaro Baez.

Além disso, os hotéis Alto Calafate (da empresa Hotesur) e La aldea, de propriedade de Los Sauces, também foram embargados. A medida foi tomada como precaução, por supostas manobras de lavagem de dinheiro no caso Hotesur.

O embargo preventivo do patrimônio de Máximo e Florencia inclui os imóveis, um carro declarado pelo contador Victor Manzanares em US$ 153.615 e três participações societárias declaradas por US$ 13.723.686 no total. As três empresas — Hotesur, Los Sauces SA e CoMa SA — são investigadas em diferentes casos pela Justiça.

Segundo os promotores, há “fortes indicadores que demonstram a intenção dos investigados de diluir o patrimônio volumoso, para que não seja tutelado pela Justiça”. Para eles, o embargo preventivo é a melhor medida para “proteger os valores que eventualmente poderiam ser confiscados”.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

FAÇA O BEM, EM SILÊNCIO



Um vídeo no Facebook despertou minha atenção: no metrô, um grupo filmou o amigo cedendo o lugar para uma idosa. Até aí, tudo bem — mesmo sendo um direito da senhora, não custa nada ser gentil. Porém, ao final do vídeo, o bom samaritano vai ao encontro dos amigos e é recebido com festa. Seu gesto foi celebrado como um feito heroico!
Se eu estiver errado, por favor, me corrijam, mas desde quando ser educado, ser gentil se transformou em ato nobre, digno de plateia e aplausos? Ser educado e gentil é, no mínimo, uma obrigação do ser humano.
Infelizmente, estamos vivendo em um mundo raso. Devido à carência generalizada, muitas pessoas necessitam cada vez mais da aprovação alheia para se sentir bem. Os aplausos, os elogios e a admiração nos dão enorme sensação de prazer. Consequentemente, gestos que, até então, eram considerados simples, estão sendo banalizados.
Cobramos de políticos e autoridades, saímos às ruas sedentos por justiça. Destacamos que queremos um país melhor, porém nossas atitudes são artificiais: o exibicionismo continua o mesmo. Educação, gentileza, solidariedade e gratidão são virtudes do nosso caráter; compartilhá–las deveria ser um gesto espontâneo, único, sem a necessidade de ser viralizado por meio de vídeos ou fotos. Aliás, desde quando atos solidários precisam de propaganda?
Exemplos não faltam. Independentemente da religião ou credo, grandes líderes se preocupavam mais com a resolução de problemas coletivos do que apenas dos individuais. Dispensavam o olhar alheio. Fama, fortuna e poder pouco lhes importavam. Preferiam o anonimato a cem anos de aplausos.
Não nascemos sujeitos morais, tampouco, cidadãos, mas devemos nos tornar sujeitos morais e sermos educados para a cidadania. Isto é, refletir sobre os nossos valores ajuda a nos tornarmos melhores.
Ora, em um mundo no qual as aparências e a competividade são exaltadas como valores supremos, como esperar que nossos líderes — ou nós mesmos —, pratiquem a educação, a gentileza, a solidariedade? A resposta não é simples. Entretanto, os maiores exemplos estão aí para ser seguidos, não apenas para ser citados. O egoísmo ainda é uma tendência acoplada a nós. O altruísmo, por outro lado, é uma cultura a ser cultivada.
Gestos banais não podem ser vistos como um luxo, ou seja, dar o lugar a uma velhinha não tornar você um bom samaritano!

O que é Leninismo?

Posted: 07 Jul 2016 04:32 AM PDT

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos I. S. Azambuja

O que é o Leninismo, distinguindo-o do simples Marxismo? É uma doutrina de força absoluta e violência, com o objetivo de implantar uma ditadura de classe. Lenin, em 1920, definiuditadura da seguinte forma: “No conceito científico, ditadura, significa, nem mais nem menos, o Poder ilimitado, repousando inteiramente na violência sem limite e sem ser restringido por qualquer lei ou regras absolutas. Nada mais que isso”. É por isso que o chefe da Cheka (antecessora do KGB), Felix Dzerhinski, disse, em seu primeiro discurso: “Não pensem que estou à espreita de formas de justiça revolucionária. Não temos necessidade de justiça agora”.   
A perseguição de Lenin aos revolucionários sociais, que no final de contas estavam trabalhando para os mesmos fins, estava baseada na idéia de Karl Marx da necessidade da ditadura e da violência, que por sua vez se fundamentava na decepção pessoal de Marx pelo insucesso da Revolução de 1848. Assim, pois, ele considerava a perseguição e a prisão sem restrições dos social-democratas, como uma necessidade para a salvação da revolução. Quando, nas eleições de novembro descobriu que os bolcheviques estavam em minoria (bolcheviques, 9 milhões; revolucionários sociais, 20 milhões; num total de 36 milhões) e rejeitou o pedido dos ferroviários em prol de um governo de coalizão, 5 membros do Comitê Central pediram demissão e 11 dos 15 Comissários do Povo predisseram o “estabelecimento de um regime irresponsável”.
No Leninismo estavam presentes os seguintes elementos:
- detenções desumanas e aprisionamento dos socialistas não bolchevistas e dos líderes dos lavradores (1918-1922);
- Repressão aos Sindicatos (“Todo este inútil sindicalismo deve ser atirado na lata de lixo” - Lenin);
- Proibição de greves (1920, 1921, 1922 e Congresso do Partido);
- Direção central das fábricas (1921);
- Tiroteio contra trabalhadores desarmados (10 de janeiro de 1918);
- Subjugada a rebelião de trabalhadores e marinheiros (Kronstadt, 1921);
- O princípio de manter famílias como reféns (Rebeldes de Kronstadt, 1921);
- Atribuir a greve dos trabalhadores ao “trabalho dos intervencionistas coligados e dos espiões franceses” (1921);
- Opressão da Oposição Trabalhista e exigência de cessação de toda oposição dentro da liderança do Partido (1921);
- Exílio para a Sibéria e trabalhos forçados àqueles que forem ”reconhecidos como perigosos para a estrutura soviética”.
Desse modo Stalin teve muito com o que se guiar quando quis basear-se no “marxismo-leninismo”. A real contribuição do Stalinismo, distinguindo-se do marxismo-leninismo, consistiu em reforçar a unidade do Partido e o assassinato de toda oposição, o que Lenin não cometeu. Kruschev denunciou o Stalinismo, mas manteve os princípios do Leninismo.
Em suma, o Leninismo encarava o terror como uma medida necessária durante o período da revolução, na expectativa de uma sociedade sem classes, que logo surgiria. O Stalinismo olhava o terror como uma medida permanente “depois que o socialismo fosse concluído”. Há também aí uma diferença essencial: Lenin matou todos os seus inimigos; Stalin todos os seus amigos.
Há também uma diferença entre stalinismo e Alcaponismo: ambos assassinavam os cúmplices de seus crimes, mas Stalin foi mais longe e assassinou seus colaboradores de confiança – Yagoda, Yezhov – e amigos de toda a vida – Yenikdidze, Orjonikidze -, o que Al Capone nunca fez.
O marxismo não admite o papel do indivíduo. O Comitê Central negou formalmente que tivesse sido o trabalho de uma só pessoa sua revolução de 30 de junho de 1956, depois da denúncia de Kruschev: “Imaginar que uma só personalidade, mesmo tão proeminente como a de Stalin pudesse mudar toda a nossa ordem política e social, significaria entrar em profunda contradição com os fatos, com o marxismo e com a verdade...”. 

Se Marx se revolvesse em sua sepultura pelo que Stalin fez ao trabalhador, seria também uma forma de revolução silenciosa, porém não necessariamente mais macabra do que aquela que se realizou sobre a terra.
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O texto acima é o resumo de um dos capítulos do livro “O Nome Secreto”, da coleção “Espírito do Nosso Tempo”, de autoria de Lin Yutang, editado pela Editora Itatiaia Ltda, em 1961.


Carlos I. S. Azambuja é Historiador.

FONTE - http://www.alertatotal.net/2016/07/o-que-e-leninismo.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+AlertaTotal+%28Alerta+Total%29

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Futebol e filosofia de botequim


by Fernão
Meu pai fazia uma análise “sociológica” do desempenho dos países nas grandes competições internacionais e dos esportes nacionais como retratos da essência de cada povo que era “infalível”. O futebol era onde ele fechava as suas grandes sínteses dos “caráteres nacionais”.
Eu aprendi com ele esse viés e hoje é automático, qualquer jogo que vejo la me vêm essas elucubrações.
O nosso futebol tem por essências o improviso e o espírito de equipe. É o contrário do futebol americano que fuciona na definição de metas (a cada “jarda” de jogo tem uma lá, desenhada no chão) e a organização meticulosa de um plano para “supera-las” (combinado e definido “em segredo” a cada jogada a partir de uma coleção de jogadas previamente ensaiadas). É o retrato da “governança corporativa” que eles inventaram lá na virada do século 19 para o 20 e que, nas primeiras décadas do século passado, trasformaram em modelo para tudo que fazem. Chato e sem imaginação mas eficiente...
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No tempo em que o Pelé fazia esses gols aí em cima, quando fomos os melhores do mundo, o Brasil era pura espontaneidade, alegria e improviso, temperado com solidariedade e “espírito de equipe”. Quando eu comecei a viajar pelo país no final dos anos 60, o “sertão” era na esquina. De Araçatuba, mais ou menos, para oeste e para norte, mudava-se de Era. Ia-se dentro de um mato só até muito além do Equador. Não tinha estradas, não tinha cercas, não tinha hospitais, não tinha polícia, não tinha nada.
Não tinha Estado!
Quem vivia naquelas latitudes sabia que viver era se virar com o que estivesse à mão na hora e que, por isso mesmo, todo mundo tinha de improvisar e de se ajudar. Todo mundo andava armado e com as armas à mostra porque também a lei era um trabalho coletivo mas o ambiente era totalmente descontraido. Todo mundo se respeitava; todo mundo te recebia sem te conhecer; todo mundo parava nos caminhos para ajudar alguem em dificuldade; todo mundo hospedava todo mundo e dividia o que tinha pra comer com quem chegasse do nada indo pra lugar nenhum.
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Todo mundo jogava junto porque não tinha outro jeito de jogar.
Hoje esse Brasil acabou. Ninguém faz mais nada; compra feito. Ninguém toma iniciativa nenhuma, fica esperando que o Estado venha lhe dar de mamar.
Na pontinha “culta”, saímos do Brasil da USP dos franceses para o Brasil da universalização dos comportamentos do “bas fond” carioca de que a televisão fez lei do Oiapoque ao Chuí. Da pureza quase primitiva ao deslassamento da ultra-civilização em voo direto e sem escalas. Aquela liberdade essencial e inocente do Brasil sem fronteiras virou, não a liberdade para, mas a obrigação de esculhambar ... e ser esculhambado. A violência é filha disso. A violência é isso, melhor dizendo. Ela e o resto vão aumentar ou diminuir juntas. Não dá pra arrumar uma coisa sem arrumar a outra.
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O problema é que o Brasil de hoje não tem a menor ideia do que foi o Brasil de ontem de onde ele veio, ou melhor, de onde ele foi atirado para este de hoje. É que está no pacote da presente ditadura da violência e da ignorância travestida de "correção política" sob a qual vivemos apagar qualquer traço daquele passado das escolas, da História e da memória nacionais. O passado com que as pessoas, perdidas no espaço, tentam em vão se enraizar hoje é uma falsificação. Nunca existiu.
Isso vai mudar. Já tá começando a mudar. Quando mudar mesmo, viramos uma nova síntese do que são os dois extremos, como é hoje o futebol europeu. E até lá? Até lá, vamos como estamos: tem por aí, salpicados, esses campeões individuais das modalidades olímpicas, uns “cantores sertanejos” da força física fabricados, fugitivos da miséria, puro esforço, persistência, superação. Ou gênios. São os rebentos do nosso “protestantismo” reciclado (e dinheirista).
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Tem também os esportes coletivos de quadra, como o vôlei. São exceções à regra; o lado saúde da praia, conexão com o imemorial que é dos poucos espaços cuja intimidade o Estado (e a TV) não conseguem dominar. O vôlei é o retrato da classe média meritocrática sobrevivente; o pouco que sobrou de tudo quanto ainda “joga junto” entre nós.
Mas o futebol "esporte das multidões", esse deslassou. Tem os cartolas (a reboque da e rebocando a política) recobrindo tudo como cascas de feridas. E tem os jogadores. Quando surge um que nasce abençoado, logo passa a achar que é a torcida que deve a ele e não o contrário. Querem ser feitos; não querem fazer. Estão mais preocupados com o “look” do que com a bola. Os jogos são penosos, sem alegria. As reformas/trocas-de-técnicos são cosméticas. Não resolvem. Não querem resolver. Não vão ao essencial. E a corrupção continua comendo...
O Brasil do povão está no meio de um caminho mas não sabe pra onde. Não jogamos mais nada!
FONTE - https://vespeiro.com/2016/07/19/futebol-e-filosofia-de-botequim/

A LIÇÃO DO PAPELEIRO


por Percival Puggina. Artigo publicado em 

 A rua Salvador França, em Porto Alegre, forma uma rampa acentuada ao se aproximar da avenida Protásio Alves. Há poucos dias, em hora de tráfego intenso, eu andava por ali, lomba acima. A lentidão do trânsito evidenciava haver, adiante, algum obstáculo na pista. De fato, pouco além, avistei um carrinho de papeleiro, muito carregado e com volumosos excessos laterais. A carga era tão desproporcional que me interessei em ver como se fazia a tração de todo aquele peso. Um cavalo? Dois homens? Não. Era um homem só, e bem magro. Puxava sua carga caminhando de costas, fazendo o maior uso possível do próprio peso, jogando-se para trás.
 Ao ultrapassá-lo, senti vontade de parar, descer e expressar àquele ser humano meu reconhecimento ao valor moral que transmitia. Mas seria impraticável em meio ao tráfego. Decidi que o faria aqui, narrando o fato e traduzindo em palavras a silenciosa lição que proporcionava.
A mesa do papeleiro é pobre e pouca. Há frestas em sua insalubre moradia. Agasalho escasso, extenuante o trabalho. Não conhece férias e não recebe hora extra. Bem perto de onde mora está o traficante com dinheiro no bolso e correntes de ouro no pescoço. Se é de justiça tratar desigualmente os desiguais, a tolerância e a indulgência, em nome da luta de classes, para com os crimes praticados por indivíduos supostamente pobres são uma ofensa ao papeleiro da Salvador França. Todo modo de ver a lei penal como lei do "opressor" contra o "oprimido", todo garantismo que assumidamente desprotege a sociedade são ofensivos ao seu trabalho honesto.
Assumindo como ganha-pão uma tarefa de tração animal, ele ensina o quanto a vida, mesmo comprometida diariamente com penosa rotina, pode ser dura sem deixar de ser humana e digna. Enquanto, naquele dia, arrastava sua carga ladeira acima, o papeleiro esbofeteava, sem saber, a face de cada corrupto e de cada corruptor. Ensinava a quantos fazem e aplicam a Lei, que a pobreza a merecer proteção social e institucional é a pobreza do homem bom, nunca - nunca! - por si mesma, a pobreza do malfeitor, do traficante, do ladrão, do homicida, do estuprador (que até estes voltam rapidamente às ruas!). Degenerado é degenerado, criminoso é criminoso, independentemente do extrato de renda. O lugar de quem vive do crime é a cadeia, senhores.
Por isso, falando em nome de muitos, de poucos ou apenas no meu próprio, gostaria de conhecer a natureza do delito que certos homens da Lei nos imputam, leitor. Ao dar liberdade a quem tem que estar preso, esses falsos justiceiros condenam todos os demais à insegurança e à restrição da liberdade. Escrevam o que pensam, senhores! Sustentem suas teses marxistas abertamente nos jornais! Venham à luz do dia com suas doutrinas! Não se escondam nas páginas dos processos, nas dissertações acadêmicas e nos conciliábulos dos que pensam igual! Afinal, desarmados pelas exigências que cercam a posse de qualquer arma, agora estamos encarcerados por grades de proteção e temos as mãos contidas pelas algemas da impotência cívica.
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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
FONTE - http://www.puggina.org/artigo/puggina/a-licao-do-papeleiro/8005

Futebol, concentrações e a cultura paternalista no Brasil

SOBRE O AUTOR

Ricardo Bordin

Atua como Auditor-Fiscal do Trabalho, e no exercício da profissão constatou que, ao contrário do que poderia imaginar o senso comum, os verdadeiros exploradores da população humilde NÃO são os empreendedores. Formado na Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) como Profissional do Tráfego Aéreo e Bacharel em Letras Português/Inglês pela UFPR. Também publica artigos em seu site:https://bordinburke.wordpress.com/

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

SEJA GRATO, MAS NÃO ESPERE QUE OS OUTROS SEJAM. A GRATIDÃO É UMA VIRTUDE DE POUCOS





“A gratidão é a virtude das almas nobres”, concluiu Esopo mais de quinhentos anos antes de Cristo dar o ar da graça aqui na Terra. É difícil pensar em um homem de alma grande que não seja capaz de demonstrar agradecimento pelas benesses que recebe. Ser grato carrega algo de honesto, de reconhecimento pela generosidade de alguém.
Esse gesto aparentemente simples, no entanto, tem povoado menos almas do que deveria. É preciso sair de si e examinar as ações do outro e as conquistas da própria vida em busca de contentamento, mas olhe lá quem está disposto a deixar seu umbigo para valorar a ação de outrem. Olhe lá quem é capaz de mirar a própria vida e sentir-se grato pelo que já alcançou.
É claro que o ingrato não consegue ser feliz. A gratidão limpa a alma, mas a ingratidão a deixa suja e pesada. Não é conversa de espiritualista, a física quântica está aí para provar a influência de um bom pensamento. Só que dizer “obrigado” literalmente significa assumir uma dívida, uma obrigação moral: significa o dever de, no mínimo, reconhecer que o feito do outro fez algum bem. Gratidão, portanto, pressupõe empatia, nobreza e, acima de tudo, humildade. Pouca gente hoje, no entanto, é humilde. Desenvolvem-se homens-meta, que almejam ser sempre maiores, mais brilhantes, soberanos e únicos. Criam-se crianças-modelo, prontas para conquistar o mundo com respostas afiadas e complexo de rei. A ingratidão, muitas vezes, é aprendida dentro de casa.
Mal sabe o ingrato que a reverência de agradecimento deveria estar em todo lugar. Gratidão ao pai, que se doa de si para conduzir o filho pelo compasso da vida; ao parceiro, que se dispõe a dividir sua estrada, em seus picos e vales; ao moço que gentilmente cede lugar na fila; ao inimigo, que sem querer deixa mais forte e sábio aquele que agride; às pequenas cortesias do porteiro; aos erros do passado, que possibilitam os acertos do presente… Não existe hora para reconhecer que a existência do outro agrega e que a história percorrida até agora merece reverência.
A gratidão sincera não precisa de cerimônia e dispensa intermediários. Há momentos em que agradecer dispensa até mesmo palavras, traduzindo-se em abraços, sorrisos, orações ou num simples suspiro profundo de quem se alegra pelo que já alcançou. Vive-se hoje a certeza de que nada é suficiente, uma sede inesgotável que consome dinheiro, energia e sobretudo a própria vida. A graça tem sido lamentar pelo que ainda não se tem, sem reconhecer o que já foi alcançado e quem ajudou a chegar até aqui. Copo meio vazio sempre.
De toda forma, ainda que soe absurdo, que possamos ser gratos aos ingratos. “Vale a pena experimentar também a ingratidão para encontrar um homem grato”, disse Sêneca. Que até o veneno das almas pequenas possa ser fonte de aprendizado e que o homem ingrato seja sempre uma lembrança daquilo que não se deve ser.

FONTE - http://www.revistabula.com/7102-seja-grato-mas-nao-espere-que-os-outros-sejam-a-gratidao-e-uma-virtude-de-poucos/

LULA, LARANJAS E A QUINTA PONTA DO TAPETE


Percival Puggina – 27.12.2016

puggina
Percival Puggina

 Lá pelo final dos anos 80, tempo de fugazes trombadinhas e corruptos de pouca monta, os escândalos sob investigação desembocavam, quase sempre, em um sujeito qualquer, desprovido de poder, recursos e notoriedade. “Mas esse sujeito aí, humilde Zé Ninguém, é o pivô do cambalacho?”, perguntavam-se os primeiros repórteres ou investigadores a chegar até ele. Claro que não. O sujeito era, apenas o laranja da história. O figurão estava sempre um ou dois passos além.

Já vivemos períodos assim, em que os corruptos, envergonhados, se escondiam atrás de seus laranjas. Com o tempo, inclusive, começaram a aparecer os profissionais, dotados de raras e bem remuneradas habilidades. Ser laranja exigia simultânea combinação de discrição e audácia. E lealdade. E comprometimento. Um bom conjunto, como se vê, de virtudes indispensáveis ao sucesso e à sobrevivência pessoal. Laranja safado, ou que andasse com o umbigo de fora, perdia o emprego. Laranja de amostra não era um bom profissional.

Narrou-me certa feita uma professora que ao formular aos alunos a clássica pergunta – “O que vocês pretendem ser quando forem grandes?” – as respostas “Laranja, professora”, ou, simplesmente, “Corrupto professora”, quase empatavam com a resposta “Jogador de futebol, professora”. A gurizada já sabia onde se decidiam os grandes negócios. O laranja exercia uma atividade quase metafísica. Num mundo onde a maior parte parecia não ser, mas era, o laranja parecia ser, mas não era. Ele agia pelo cós das evidências. Quando uma CPI deitava a mão sobre o laranja do caso, e começava a espremê-lo, surgia imediatamente um problema de classificação das espécies que nem o velho Spencer conseguiria resolver. Esse laranja é um laranja de primeira, segunda ou terceira geração? Ele tem o seu próprio laranja ou é laranja de alguém?

Foi assim por bom tempo, até que a vergonha sumiu de vez e os laranjas perderam seus empregos, sendo substituídos por simples e bem-humorados apelidos nos cadernos dos corruptores: Amigo, Todo Feio, Caju, Índio, Angorá, Italiano, Campari, Velhinho e por vai. Anonimato guardado a sete chaves na cabeça de quem só procederia às decodificações após um aprendizado de boa vontade e colaboração na carceragem da PF de Curitiba.

Eis que surge, agora, uma nova série de apelidos que vem suscitando especulações e a exigir decodificação. Um acordo de colaboração entre as autoridades brasileiras, norte-americanas e suíças, descreve as atividades criminosas de nove “Brazilian Officials” identificados em investigação promovida pelo Departamento de Justiça dos EUA nos negócios da Odebrecht e da Braskem. Quando a gente pensava que a Lava Jato já tivesse arrancado todo o tapete que encobria o submundo financeiro da política brasileira, surge uma quinta ponta, desvelando seus desdobramentos internacionais. E dele emerge, grafado em inglês como “brazilian official”, um certo cavalheiro também conhecido como Amigo e amigo do peito de generosos laranjas dos quais jamais abriu mão.


* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site http://www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

POESIA DA MADRUGADA - BALADAS DE UMA OUTRA TERRA - Fernando Pessoa



Baladas de uma outra terra, aliadas

Às saudades das fadas, amadas por gnomos idos,
Retinem lívidas ainda aos ouvidos
Dos luares das altas noites aladas...
Pelos canais barcas erradas
Segredam-se rumos descridos...
E tresloucadas ou casadas com o som das baladas,
As fadas são belas e as estrelas
São delas... Ei-las alheadas...
E sao fumos os rumos das barcas sonhadas,
Nos canais fatais iguais de erradas,
As barcas parcas das fadas,
Das fadas aladas e hiemais
E caladas...
Toadas afastadas, irreais, de baladas...
Ais..

POR QUE VOCÊ PRECISA SER UM SER HUMANO INCRÍVEL ANTES DE SER UM PROFISSIONAL NOTÁVEL




Por João Kepler
Ultimamente tenho pensado muito sobre convívio social e a postura das pessoas. Afinal, antes de entender de negócios, é preciso entender um pouco de relacionamento e de GENTE. Então tenho colecionado em minhas anotações alguns pontos de atenção sobre diversas pessoas que venho observando, a importância do equilíbrio para a sobrevivência neste mercado e para se dar bem na vida, não apenas nos negócios.Quanto à formação de uma pessoa (e digo formação no sentido literal da palavra), destaco quatro pontos que acho fundamentais para que os demais sejam desenvolvidos ao longo da vida:A inteligência, sem humildade, te faz perverso. A autoconfiança, sem modéstia, te faz implacável. A diplomacia, sem honestidade, te faz hipócrita. O êxito, sem noção, te faz arrogante.
Infelizmente, quando muitas pessoas chegam ao que para elas seria o “topo” perdem sua essência, confundem seus princípios e passam a ter seus valores questionados. Isso pode acontecer pelos seguintes motivos:A riqueza, sem caridade, te faz avarento. A autoridade, sem respeito, te faz tirano. O trabalho, sem tempo, te faz escravo. A simplicidade, sem autoconhecimento, te deprecia. A influência, sem simancol, te deixa metido.
A certeza, sem a dúvida, te faz um ignorante. A empatia, sem compaixão, te faz dissimulado. No ambiente de trabalho é preciso tomar alguns cuidados para não se tornar um profissional reconhecido e indesejável ao mesmo tempo, aos olhos dos outros.A atitude, sem disciplina, te faz um desorganizado. A iniciativa, sem cautela, te faz descuidado A negociação, sem o respeito, te faz rude. O networking, sem a troca, te faz inútil. A colaboração, sem empatia, te faz solitário. A atitude, sem o hábito, te faz esquecer. A liderança, sem firmeza, te faz servil.
O empreendedorismo, sem transformação, te faz o mesmo. E, por último, e tão importante quanto, eu destaco alguns pontos que fazem você manter os pés nos chão e ser um ser humano incrível, e não simplesmente um profissional de destaque no mercado.
No final, as pessoas vão lembrar de você pelo que é e fez por elas, e não pelos seus títulos e conquistas materiais.A conquista, sem gratidão, te faz egoísta. A riqueza, sem generosidade, te faz ganancioso. O conhecimento, sem compartilhamento, te faz um inútil. A esperança, sem atitude, te faz um perdedor. A beleza, sem recato, te faz ridículo.Não sou dono da verdade, fiz este texto com base apenas nas minhas observações. Convivo com muitas pessoas de diferentes idades, cidades, perfis e que fizeram escolhas distintas na vida.
Mesmo com todas as diferenças e oportunidades, uma coisa é certa: para ser reconhecido e respeitado na sua área, o mínimo que você precisa ser é uma pessoa correta e coerente. Profissionais frios e desumanos não alcançam o sucesso pleno pelo simples fato de não conquistarem o respeito dos outros verdadeiramente.

Fonte
http://joaokepler.com.br/por-que-voce-precisa-ser-um-ser-humano-incrivel-antes-de-ser-um-profissional-notavel/

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Islamistas Atacam o Natal, Europeus Abolem o Natal

  • Foi ordenada a remoção de uma estátua da Virgem Maria por um tribunal no município de Publier. A Senadora Nathalie Goulet criticou severamente os juízes chamando-os de "aiatolás do secularismo".
  • Uma escola alemã na Turquia acaba de proibir as festividades do Natal. A escola, Istambul Lisesi, financiada pelo governo alemão, decidiu que as tradições e canções de Natal não serão mais permitidas. Uma loja da Woolworth na Alemanha descartou os enfeites de Natal alegando aos clientes que a loja "agora é muçulmana".
  • A Europa já está mutilando suas próprias tradições "para não ofender os muçulmanos". Nós nos tornamos nosso maior inimigo.
  • Os muçulmanos também estão reivindicando "a mesquita de Córdoba". Autoridades da cidade, que fica no sul da Espanha, recentemente deram um duro golpe na reivindicação de propriedade da catedral pela Igreja Católica. Agora os islamistas a querem de volta.
  • O resultado final do secularismo autodestrutivo da Europa poderá verdadeiramente acabar em um Califado.
"Tudo é cristão", escreveu Jean-Paul Sartre depois da guerra. Dois mil anos de cristianismo deixaram uma marca profunda na língua francesa, paisagem e cultura. Mas isso não é bem assim de acordo com a ministra da Educação da França, Najat Vallaud-Belkacem. Ela acabou de anunciar que, em vez de dizer "Feliz Natal", os servidores públicos devem dizer "Boas Festas" - trata-se claramente de uma deliberada intenção de apagar do discurso e do espaço público qualquer referência à cultura cristã na qual a França está enraizada.
Jean-François Chemain chamou isso de "erradicação de qualquer sinal cristão no cenário público". O estopim da controvérsia ocorreu há um ano na cidade francesa de Ploermel, quando um tribunal deliberou que a estátua do Papa João Paulo II, erguida em uma praça, teria que ser removida por violar o "secularismo".
Na sequência foi ordenada a remoção de uma estátua da Virgem Maria por um tribunal no município de Publier. A Senadora Nathalie Goulet criticou severamente os juízes chamando-os de "aiatolás do secularismo".
Os jornais da "esquerda" francesa, indignados com a proibição dos burquínis da "direita" na Riviera Francesa, estão endossando essa política anticristã.
Conselho de Estado da França acaba de decidir que "a instalação temporária de presépios em lugares públicos é legal se tiver um valor cultural, artístico ou festivo, mas não se expressar a identificação de um culto ou uma preferência religiosa". Quantas precauções para justificar uma tradição milenar!
Na cidade de Scaer, uma casa de repouso foi objeto de uma reclamação secularista da mesma natureza, pela presença de um afresco da Virgem Maria. Depois foi a vez da manjedoura na estação de trens de Villefranche-de-Rouergue em Aveyron. Na cidade de Boissettes, os sinos da igreja foram silenciados por uma decisão judicial.
Felizmente certas ideias do Observatório do Secularismo - órgão criado pelo presidente François Hollande para coordenar suas políticas neoseculares - não foram implementadas. Uma delas até propunha eliminar alguns feriados nacionais cristãos para dar espaço aos feriados islâmicos, judaicos e seculares.
Por ocasião da Páscoa, o Presidente Hollande "esqueceu"de expressar seus votos de Feliz Páscoa aos cristãos da França. Mas alguns meses antes Hollande expressou seus votos de bom feriado aos muçulmanos durante a festa do Eid, quando termina o Ramadã. "A saudação de Hollande aos muçulmanos é oportunista e política. Para o Partido Socialista os muçulmanos são uma crucial clientela eleitoral", assinalou o filósofo francês Gerard Leclerc no jornal Le Figaro.
Essa cristianofobia é o Cavalo de Troia do Islã. Conforme ressalta Charles Consigny no semanário Le Point: "através dessa tábula rasa do passado a França fará uma limpeza do seu futuro". Lamentavelmente a França não é um caso isolado. A ausência secular de propósitos e de valores confusos e esvaziados censuram o cristianismo em favor do Islã em toda a Europa.
Um terrorista jihadista, visando um símbolo da tradição cristã, massacrou na semana passada 12 pessoas em uma feira natalina em Berlim. A Europa já está mutilando suas próprias tradições "para não ofender os muçulmanos". Nós nos tornamos nosso maior inimigo.
A procissão anual à luz de velas de Santa Lúcia ("Sankta Lucia"), uma tradição cristã sueca celebrada durante centenas de anos, está "morrendo". Uddevalla, Södertälje, Koping, Umeå e Ystad estão entre o número cada vez maior de cidades que não comemoram mais esse lindo evento cultural. Segundo Jonas Engman, etnólogo do Museu Nórdico, o declínio no interesse pela procissão de Sta. Lúcia acompanha uma alienação mais abrangente da cultura cristã na Suécia. Um estudo realizado pelo instituto Gallup Internacional revela que, em se tratando de praticar a religião cristã, a Suécia é "o país menos religioso do Ocidente". Enquanto isso o Islã cresce munido de novas metas fortes e de um conjunto de valores da sharia.
Uma escola alemã na Turquia acaba de proibir festas de Natal. A escola, Istambul Lisesi, financiada pelo governo alemão, decidiu que as tradições e canções de Natal não serão mais permitidas. O Washington Post resumiu assim a decisão: "não às tradições do Natal, não às festas e não às canções de Natal". Não se trata de um incidente isolado. Uma loja da Woolworth na Alemanha também descartou os enfeites de Natal alegando aos clientes que a loja "agora é muçulmana".
Na Grã-Bretanha, David Isaac, o novo presidente da Comissão para a Igualdade e Direitos Humanos (EHRC em inglês), disse aos empregadores que eles não devem suprimir a tradição cristã por medo de ofender alguém. Anteriormente, Dame Louise Casey, a "czarina" da integração do governo britânico, alertou que "tradições como as festas natalinas morrerão a menos que as pessoas defendam os valores britânicos".
Em inúmeras cidades espanholas como por exemplo a Cenicientos, o município desta Comunidade Autônoma de Madrid removeu a Via-crúcis. Depois a prefeita de Madrid, Manuela Carmena, decidiu retirar a tradicional exibição da Natividade em Puerta de Alcalá.
Os muçulmanos também estão reivindicando "a mesquita de Córdoba". Autoridades da cidade que fica no sul da Espanha recentemente deram um duro golpe na reivindicação de propriedade da catedral pela Igreja Católica. Construída no local da igreja de São Vicente, que depois serviu de mesquita por mais de 400 anos quando a Espanha islâmica fazia parte de um califado, antes do reino cristão de Castela conquistar a cidade e convertê-la novamente em igreja. Agora os islamistas a querem de volta.

Os muçulmanos também estão reivindicando "a mesquita de Córdoba". Autoridades da cidade que fica no sul da Espanha recentemente deram um duro golpe na reivindicação de propriedade da catedral pela Igreja Católica. Construída no local da igreja de São Vicente, que depois serviu de mesquita por mais de 400 anos quando a Espanha islâmica fazia parte de um califado, antes do reino cristão de Castela conquistar a cidade e convertê-la novamente em igreja. (Imagem: James Gordon/Wikimedia Commons).

Bélgica, a democracia mais islamizada da Europa, também está purgando sua herança cristã. A Natividade, o tradicional presépio, não foi montado na cidade belga de Holsbeek nos arredores de Bruxelas. Alega-se que os cenários foram retirados para "não ofenderem os muçulmanos".
Conforme reportado pelo jornal La Libre, agendas escolares dentro da comunidade de língua francesa da Bélgica também estão usando uma nova terminologia secularizada: Dia da Todos os Santos (Congés de Toussaint) está agora sendo chamado de Folhas de Outono (Congé d'automne), Férias de Natal (Vacances de Noël) viraram Férias de Inverno (Vacances d'hiver); Férias da Quaresma (Congés de Carnaval) viraram Licença para Descanso e Relaxamento (Congé de détente) e a Páscoa (Vacances de Pâques) passou a ser Férias de Primavera (Vacances de Printemps). Na sequência a Bélgica instalou uma árvore de Natal descristianizada, abstrata, na capital Bruxelas.
Na Holanda a tradição cristã do Pedro Preto está sendo fortemente criticada e logo logo será abolida. Na Itália sacerdotes católicos cancelaram as cerimônias de Natal para "não ofenderem os muçulmanos".
O resultado final do secularismo autodestrutivo da Europa poderá verdadeiramente acabar em um Califado, no qual o destino de suas antigas e maravilhosas igrejas recapitulariam àquelas de Constantinopla, onde a Hagia Sophia, que por milhares de anos foi a maior catedral do cristianismo, foi recentemente transformada em mesquita. A chamada do muezim agora reverbera dentro deste marco cristão pela primeira vez em 85 anos.
Terroristas islâmicos visavam o Natal em Berlim, mas são os secularistas cristãos quem o está abolindo em toda a Europa.
Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.

FONTE -  https://pt.gatestoneinstitute.org/9665/islamistas-natal-europa