terça-feira, 14 de outubro de 2014

Não se iludam: este é o duelo final

http://vespeiro.com/2014/10/13/nao-se-iludam-este-e-o-duelo-final/

by fernaslm
a4É assustador esse abraço sem nenhum pudor do PT na mentira.
Dia após dia os jornais trazem novas coleções de dados e de desmentidos que confirmam a profundidade do buraco em que o país vai entrando mas nada abala a cega confiança do partido de Dilma Rousseff, seja na impermeabilidade dos grotões que vivem da Bolsa Família à informação que circula nas velocidades do 3º Milênio pelo Brasil metropolitano, seja na condição que acredita ter de calar esse Brasil mais moderno de que o PT se vai divorciando cada vez mais irreconciliavelmente com esse seu casamento acintoso com a mentira.
Quanto mais avança a campanha mais claro fica que o PT, encurralado, está assumindo um risco calculado do qual não ha retorno possível: ou perde a eleição, ou ganha e fecha o regime quando os fatos já não puderem mais ser encobertos por palavras.
Ver João Santana repetir friamente todos os dias pela boca de uma Dilma Rousseff despida dos seus atributos e características pessoais, com um olhar cândido, que a chuva de lama da Petrobrás sobre o PT, o PMDB, o tesoureiro Vaccari Neto e o resto do círculo íntimo do governo da ex-presidente do Conselho de Administração da estatal assaltada pelos “petrolões” não é senão o reflexo “da luta sem tréguas que o PT vem travando contra a corrupção” é algo que, por mais que se procure forçar outras leituras, só pode ser interpretado como antecipações das violências futuras que se tornarão necessárias quando as provas adiantadas pelas delações premiadas virarem processos e os fatos que os indicadores econômicos antecipam, já descidos inteiros às ruas, passarem a exigir do partido que mate mais do que apenas a verdade para não ser apeado do poder.
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A desmontagem do IBGE e a desconstrução da PNAD, termômetros do real estado da equação social brasileira e bússolas de orientação do investimento público, junto com a falsificação sistemática dos dados (hoje ha matérias em todos os jornais apontando as despesas subestimadas e as receitas irreais do orçamento de 2015), nos dizem das reais prioridades do partido que tem plena consciência do quanto são curtas as pernas dessas mentiras todas. Afinal, de que servem instrumentos criados para interrogar a realidade e proporcionar um balizamento racional do investimento público para um partido que não se vexa de construir a sua em pleno ar, à revelia dos fatos, e que afirma quase textualmente todos os dias que toda a ação do Estado, sob sua batuta, está voltada exclusivamente para comprar os meios de perpetuar o PT no poder?
Os passos anteriores nessa estrada são ainda mais inconfundíveis.
A promessa sempre reiterada de “controlar a mídia” deixou para traz o estágio dos “balões de ensaio” e dos “morde-e-assopras” de um partido supostamente “dividido” a esse respeito para entrar no programa oficial do PT para o segundo governo Dilma travestido num “controle econômico” que sinaliza que é do modelo argentino que se trata agora: pretendem “fatiar” as maiores empresas como foi feito com o grupo Clarín e, possivelmente, controlar o resto da imprensa livre apropriando-se da cadeia de insumos básicos (papel e telecomunicações) e exercendo chantagem regulatória e fiscal (multas e taxação da mercadoria “informação”).
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O Congresso Nacional que, desde o Mensalão, é este que, com os pouquíssimos desvios da regra de praxe, vai de Michael Temer, o possível vice-presidente de 5 bilhões de reais, a André Vargas, o sócio condenado ha décadas por falcatruas pregressas com o doleiro Alberto Youssef que dá punhadas no ar, como as de Genoíno e Zé Dirceu, na cara do degredado Joaquim Barbosa, mas resiste à renuncia enquanto os companheiros cozinham-lhe um novo julgamento.
Para o que porventura venha a sobrar em pé dessa instituição, já está vigente – conquanto ainda não aplicado – o Decreto 8243 assinado por Dilma Rousseff que dá aos “movimentos sociais” a serem escolhidos, nomeadamente segundo o decreto pelo Secretário Geral da Presidência, a prerrogativa de fazer leis ou de triar as leis feitas pelo Legislativo vetando as que estiverem fora do novo padrão de “direitos humanos” estabelecido pelo partido.
Por cima de tudo, Dilma acaba de incluir formalmente nas suas promessas de campanha também um “plebiscito” sobre as suas “reformas políticas”, uma forma, talvez, de legitimar um decreto nitidamente inconstitucional.
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A frente dos previsíveis recursos judiciais contra essas violências todas já está devidamente coberta pelo aparelhamento do Supremo Tribunal Federal que coroou os movimentos anteriores de domesticação das entidades de defesa da cidadania e dos direitos humanos tais como a OAB, hoje transformada em mais uma UNE, agora a dos advogados, que recebe mesada do governo.
Acentua o desconforto com essa sucesssão de “avisos prévios” a hesitação da campanha de Aécio em afirmar claramente – como afinal fez Marina Silva ao dizer que é de garantir ou não a alternância no poder que caracteriza a democracia que se trata – que é isso, nada mais, nada menos, que está em disputa nesta eleição.
A maioria democrática do eleitorado brasileiro, com o povo de São Paulo na vanguarda da corrida que, nos últimos dias da campanha, virou a eleição a favor de Aécio e Marina, compreendeu isso antes e mais completamente que os próprios marqueteiros do candidato.
O PT já entendeu que este duelo é final e abriu mão da metade do Brasil na esperança de levar a outra + 1 a dar-lhe a condição, se salvo pelas urnas, de mudar suficientemente a regra do jogo para calar a outra. Está na hora da campanha de Aécio comprar essa briga nos termos em que ela lhe foi proposta para que ninguém, lá na frente, possa alegar que votou desavisado do que realmente estava em jogo.
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CHARGE - Rumo ao atraso

Roque Sponholz


Rumo ao atraso



CHARGE DO SPON - Pega ladrão

Roque Sponholz


Pega ladrão!



Bom humor é importante para a construção da carreira profissional – por Vanessa Vargas


A construção da carreira profissional é uma tarefa árdua, uma busca constante e incessante de investimentos, estudos, aprimoramento dos conhecimentos e ampliação de experiências. As corporações desejam profissionais mais preparados, que saibam oferecer soluções inovadoras, compondo um conjunto de características: pró-atividade, curiosidade, dinamismo, persistência, foco nos resultados, entre outras. Mas observo, também, que as organizações analisam o comportamento pessoal de cada profissional.
Devemos sempre nos lembrar que nossas ações e atitudes influenciam direta ou indiretamente as pessoas no nosso convívio diário. Então, o bom humor é importante para a construção da carreira profissional?
Vejamos o significado da palavra humor descrito no dicionário: É um estado de ânimo cuja intensidade representa o grau de disposição de bem estar psicológico e emocional de um indivíduo. A palavra humor vem do grego e é relacionada com a palavra saúde.
Logo, quando trabalhamos com bom humor demonstramos simpatia, boa vontade e alegria, ingredientes fundamentais para desenvolver um bom trabalho, além de demonstrar espírito de equipe, melhoria da comunicação, relacionamento interpessoal e vontade de servir, características relevantes para profissionais que desejam serem líderes nos segmentos escolhidos.
As pessoas se sentem mais à vontade em trabalhar onde existe o bom humor, a harmonia do ambiente facilita-as a revelar sua criatividade e o trabalho flui de forma adequada e esperada pela organização.
O indivíduo que controla seu humor mostra auto confiança e equilíbrio com os vários tipos de situações, imprevistos e problemas na realização de suas atividades profissionais, encontrando assim soluções mais coerentes e resultados satisfatórios sem prejudicar a produtividade.
Manter o bom humor nas adversidades não é fácil, principalmente com a pressão recebida e as cobranças exigidas, mas ninguém gosta de conviver a maior parte do seu dia com pessoas mal humoradas e irritadas, onde as reclamações já fazem parte delas, com funcionários mal educados e de má vontade. O trabalho desses profissionais quase sempre sai mal feito, contaminam todo o restante da equipe e compromete a qualidade dos resultados.
 Todos nós temos problemas na vida, mas nossos colegas de jornada não podem ser penalizados por isto, é necessário pensar na coletividade, é preciso ter consciência que oferecendo o melhor de nós, os outros nos proporcionarão o melhor de si mesmos!
O mercado de trabalho está cada vez mais competitivo e ter bom humor é um diferencial. Hoje, as empresas não buscam apenas profissionais qualificados e com competências técnicas, elas também querem ver a potencialidade humana de cada um, complemento este para melhor exercer a profissão escolhida.

Brasil de Dilma: o lanterninha no crescimento


Tanto a presidente Dilma como seu ministro Guido Mantega têm repetido insistentemente que o problema do nosso baixo crescimento se deve à “crise internacional”. É preciso bater nessa tecla de forma cansativa, pois a alternativa seria reconhecer o gritante fracasso da “nova matriz macroeconômica” adotada por seu governo. Mas há respaldo na realidade tal afirmação?
Não, não há. O Brasil de Dilma é simplesmente o lanterninha no crescimento, mesmo se considerarmos somente os vizinhos latino-americanos (incluir os asiáticos na comparação seria muita covardia). O crescimento acumulado de nosso PIB em dólares durante os três primeiros anos do governo Dilma foi praticamente nulo! Vejam:
Fonte: Banco Mundial / Bloomberg
Fonte: Banco Mundial / Bloomberg
Visto de outra maneira, só para deixar bem claro o quanto nossa economia ficou para trás nesse período:
Fonte: Banco Mundial / Bloomberg
Fonte: Banco Mundial / Bloomberg
A Argentina está com o crescimento superestimado devido ao câmbio artificialmente controlado e aos dados oficiais manipulados. O nosso câmbio, vale notar, também está artificialmente valorizado por meio de leilões do Banco Central, que já fez quase US$ 100 bilhões em swaps cambiais. Se o dólar estivesse flutuando livremente, estaria acima do valor atual, o que daria um PIB em dólares ainda menor para o Brasil.
Um Pangloss, diante desse quadro lamentável, poderia dizer que tudo será melhor agora, que o pior já passou, que o Brasil vai “bombar” este ano. Nada mais falso. As projeções para o crescimento econômico de 2014, que não foram incluídas no gráfico, pioram ainda mais a situação relativa do Brasil. Eis as estimativas de crescimento para este ano:
Fonte: Banco Mundial / Bloomberg
Fonte: Banco Mundial / Bloomberg
Como podemos ver, o Brasil continua na lanterna, melhor apenas que a Argentina, país cujo governo bolivariano é elogiado pelo PT. O PIB brasileiro simplesmente estagnou durante a gestão de Dilma, e a conclusão é evidente: a causa disso é totalmente interna, não tem ligação alguma com uma suposta “crise internacional”. Quem repete essa ladainha está deliberadamente tentando enganar os outros.
Rodrigo Constantino

Delator da Petrobras diz que a campanha de Dilma em 2010 foi beneficiada por dinheiro desviado


O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef afirmam que o PT foi o partido mais contemplado pela propina. As revelações estarrecedoras escancaram a falência moral do Estado nos últimos anos

Josie Jerônimo (josie@istoe.com.br)
Na quarta-feira 8, vieram à tona áudios de depoimentos feitos em regime de delação premiada na Justiça Federal em Curitiba por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e pelo doleiro Alberto Youssef – considerados hoje dois dos maiores arquivos vivos da República e detentores dos segredos mais explosivos da maior estatal do País. As declarações dos delatores descrevem uma gigantesca rede de corrupção formada por dirigentes da Petrobras, empreiteiras e partidos políticos integrantes da base de sustentação do governo Dilma Rousseff. As revelações são estarrecedoras. A corrupção estatal poucas vezes foi exposta de maneira tão crua e direta narrada abertamente por seus executores a serviço do Estado. Nos áudios, os depoentes apontam PT, PMDB e PP como as legendas beneficiadas pelo propinoduto e colocam sob suspeição a campanha de 2010 da presidenta Dilma Rousseff. “Dos 3% da Diretoria de Abastecimento, 1% seria repassado para o PP e os 2% restantes ficariam para o PT. Isso me foi dito com toda a clareza”, afirmou o ex-diretor da Petrobras. “Outras diretorias também eram PT. O comentário que pautava dentro da companhia era que em alguns casos os 3% ficavam para o PT”, acrescentou. Um dos operadores dos desvios na Petrobras, de acordo com os depoimentos, era João Vaccari Neto, tesoureiro do PT. Indicado para o cargo pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-diretor de Serviços Renato Duque e Nestor Cerveró, ex-dirigente da Área Internacional da Petrobras da cota do PMDB, também recebiam propina. “Bom, era conversado dentro da companhia e isso era claro que sim. Sim. A resposta é sim”, afirmou Paulo Roberto Costa, questionado sobre o pagamento de suborno aos dois. As movimentações irregulares, segundo disseram, continuaram até 2012, quando Costa deixou a estatal, e pode ter contaminado a atual campanha de Dilma à reeleição.
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É fato que se a sociedade brasileira encarar como natural esse assalto à coisa pública terá de estar preparada para aceitar todo e qualquer tipo de desmando de seus governantes. Os limites estarão rompidos indissoluvelmente. Mas, sabe-se, não é da índole do brasileiro compactuar com malfeitos. Neste caso, malfeitos perpetrados no coração da maior estatal do País, motor do desenvolvimento e outrora símbolo da soberania nacional. O dinheiro desviado tinha origem no superfaturamento dos contratos da Petrobras. A taxa média do sobrepreço, além da boa margem de lucro, girava em torno de 3%. Paulo Roberto Costa explicou como funcionava a fábrica de dinheiro para as campanhas políticas e o bolso dos corruptos. Costa confessou que atuava como guardião dos numerários da corrupção. Ele intermediava contatos políticos, gerenciava o pagamento de propina das empreiteiras e cuidava dos critérios da distribuição dos lucros aos partidos envolvidos. O ex-diretor foi assertivo ao apontar o PT como o maior beneficiário dos desvios. Cada partido tinha seus próprios operadores. De acordo com os depoimentos, o ex-deputado José Janene (PR), que faleceu em 2010, e Youssef eram os responsáveis por distribuir o dinheiro da propina no PP. Eles também entregavam a parte que cabia ao ex-diretor da Petrobras por sua atuação nas irregularidades. Costa não detalhou como era feita a divisão dos recursos no PT, tarefa do tesoureiro João Vaccari. No organograma do crime, o delator aponta o ex-diretor de Serviços Renato Duque, apadrinhado de José Dirceu, como o contato do tesoureiro do PT na estatal. 
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O MAGISTRADO
Os depoimentos, colhidos pelo juiz Sérgio Moro,
impressionaram pela riqueza de detalhes e pela
sofisticação do esquema corrupto narrado
A farra da base aliada na estatal se iniciou, de fato, em 2007, quando a Petrobras direcionou o orçamento para grandes projetos, como a construção de refinarias. Mas a idealização e a montagem da rede de corrupção remetem a 2004, com a nomeação de Paulo Roberto Costa para a Diretoria de Abastecimento. Na cúpula da estatal, ele teve grande importância na ampliação do poder do cartel das empreiteiras e na geração de mais divisas para a ala de políticos da quadrilha. Por isso, contou com o lobby de fortes lideranças do cenário nacional para chegar ao posto, com o aval do Palácio do Planalto. Nesse ponto, o doleiro Youssef fez uma das revelações mais importantes de seu depoimento. “Para que Paulo Roberto Costa assumisse a cadeira de diretor da Diretoria de Abastecimento, esses agentes políticos trancaram a pauta no Congresso durante 90 dias. Na época o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou louco, teve que ceder e realmente empossar o Paulo Roberto Costa”, contou Youssef no interrogatório.
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Ao afirmar que Lula se curvou aos interesses de um bando especializado em drenar dinheiro dos cofres da Petrobras, o doleiro pode ter fornecido um dos fios da meada para se entender como os governos petistas contemplaram as práticas ilícitas. Registros do Congresso trazem indícios de que o doleiro, realmente, tinha razão. Na primeira quinzena de abril de 2004, um mês antes de Costa ser nomeado diretor da Petrobras, o governo Lula sofreu com uma rebelião da base, capitaneada pelo PMDB. À época, o presidente mandou ao Congresso uma medida provisória que reajustava o salário mínimo para R$ 260. Para retaliar o governo, a base passou a exigir o cumprimento de uma promessa de campanha de Lula, que previa o salário mínimo a US$ 100, o equivalente a R$ 289. O PT trabalhava, ainda, para aprovar um projeto que criava 2.800 cargos de confiança no governo. O PP de José Janene passou algumas semanas sem sequer registrar presença no plenário, com o único objetivo de prejudicar o governo do Planalto. Renan Calheiros (PMDB-AL), hoje presidente do Congresso e também citado nas investigações da Lava Jato, comandou a rebelião no Senado.
Presos no início do ano durante a Operação Lava Jato da Polícia Federal, Costa e Youssef aceitaram contribuir com as investigações em troca do abrandamento de suas penas. Nos depoimentos em Curitiba, eles não tinham autorização para explicitar os nomes das autoridades com direito a foro especial, caso de parlamentares, por se tratar de Justiça de primeira instância. Esses casos são apurados somente no Supremo Tribunal Federal (STF).
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OS SEGREDOS DO DOLEIRO
Preso em Curitiba, Alberto Youssef disse que o Congresso ameaçou
paralisar a pauta e Lula capitulou às pressões para
que Paulo Roberto Costa fosse nomeado
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Mesmo sem poder citar nomes, o ex-diretor forneceu informações que, de forma indireta, tiram o sono de muitas autoridades. O delator descreveu, por exemplo, uma consultoria prestada a um político fluminense candidato a cargo majoritário, que queria fazer um plano de governo direcionado ao setor de energia para captar recursos de financiamento de campanha das empresas da área. Costa também envolveu o PMDB ao citar a Diretoria Internacional da Petrobras como feudo da sigla. Segundo o ex-diretor, o responsável por fazer o serviço sujo do recolhimento da propina junto às empreiteiras seria Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano. “Na Diretoria Internacional, o Nestor Cerveró foi indicado por um político e tinha ligação forte com o PMDB”, disse o delator. Nos bastidores do Congresso, atribui-se a indicação de Cerveró a Renan Calheiros.
“Em diretorias como gás, energia e exploração, o comentário
na companhia é que 3% ficavam com o PT”
Chamou a atenção dos investigadores o tom de deboche muitas vezes adotado nas conversas dos envolvidos nas práticas corruptas. Nesse contexto, uma das expressões mais usadas pelos interlocutores era um trecho da Oração de São Francisco de Assis, aquele que prega “é dando que se recebe”. “Nós tínhamos reuniões, com certa periodicidade, com esse grupo político e nesses encontros comentava-se, recebemos isso, recebemos aquilo”, afirmou o ex-diretor, sobre os acertos de propina. As cifras astronômicas que abasteciam o esquema são tratadas com naturalidade pelo ex-diretor, mas deixam confusos até mesmo os experientes investigadores do caso. Ao narrar episódio em que recebeu R$ 500 mil das mãos do presidente da Transpetro, Sérgio Machado, por ter ajudado a intermediar contratação de empresas de navios, os interrogadores não esconderam o espanto e questionaram Costa sobre a forma de pagamento da propina. “Uma parcela”, respondeu.
“Tem uma tabela e ela revela valores de agentes
de vários partidos relativos à eleição de 2010”
Meio milhão de reais é uma cifra desprezível no universo de dígitos dos contratos firmados entre as empreiteiras que compunham o cartel que dominou a Petrobras. Relatório da Polícia Federal estima que, de R$ 5,8 bilhões em transações firmadas, R$ 1,4 bilhão escoou pelo ralo graças a obras superfaturadas para abastecer a quadrilha. Paulo Roberto Costa apontou 11 empresas envolvidas nos desvios. Ele detalhou a ação orquestrada das companhias, mas faz questão de dizer que nem todos os contratos da estatal estão contaminados. Como exemplo, ele cita a Refinaria Abreu e Lima, de Pernambuco. De acordo com Costa, o empreendimento reúne aproximadamente 50 empresas, mas o cartel não encampa todas as contratadas. A máquina de irregularidades era tocada pelas empreiteiras Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, UTC, Engevix, Iesa, Toyo Setal, Galvão Engenharia, OAS e Queiroz Galvão. O delator listou, também, o nome de diretores responsáveis por negociar as condições especiais proporcionadas às firmas. As empreiteiras repudiaram publicamente as denúncias. O ex-diretor envolveu os altos escalões das empresas: “Os presidentes das companhias tinham conhecimento do esquema”. As empresas agiam como se fossem donas da Petrobras, segundo relato do delator. Rateavam os contratos conforme a disponibilidade de suas equipes e determinavam a taxa de lucro que queriam. Quando uma firma fora do grupo conseguia romper a barreira do cartel, as empreiteiras protestavam. “Às vezes participaram empresas que não eram do cartel, ganhavam a licitação e isso deixava as empresas do cartel muito zangadas”, afirmou.
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DRENAGEM DE BILHÕES
Erguida ao custo de US$ 20,1 bilhões - valor dez vezes superior ao
estimado preliminarmente (US$ 2,5 bilhões) -, a Refinaria Abreu e
Lima é o retrato da corrupção, incompetência e malversação
de recursos, revelou a Polícia Federal
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O cartel formado pelas empreiteiras para sangrar as contas da Petrobras, segundo Paulo Roberto Costa, agia também em alguns ministérios. A rede de pagamento de propina da estatal funcionaria para abrir portas em pastas com gordos orçamentos para obras de infraestrutura. “Empresas que tinham interesses em outros ministérios, capitaneados por partidos, participaram de obras de rodovias, saneamento básico, do Minha Casa Minha Vida. No meu tempo na Petrobras, nenhuma empresa deixou de pagar propina. Se você cria um problema de um lado, pode gerar de outro”, afirmou.
“Na refinaria Abreu e Lima a Camargo Corrêa participou
do cartel e efetuou os repasses a políticos”
Ao fim do trabalho de análise e recolhimento de provas, os empresários atrelados à fraude responderão a processo criminal. Além dos relatos do ex-diretor, os investigadores da Lava Jato conseguiram obter de uma das companhias um tipo de colaboração no formato de um acordo de leniência. A empresa está ajudando a reunir provas financeiras para demonstrar a atuação do cartel. A ajuda garantirá a essa empreiteira a possibilidade de evitar sanções, como firmar novos contratos com o poder público. Seus diretores, no entanto, terão de responder penalmente pela participação nas negociatas.
“Recebia em espécie na minha casa, no shopping ou escritório.
Recebi da Transpetro R$ 500 mil e quem pagou foi Sérgio Machado
A divulgação do interrogatório do doleiro e do ex-diretor da Petrobras incendiou o ambiente eleitoral e os citados se apressaram em repudiar as acusações. O ex-presidente Lula usou um repertório que já lhe é peculiar ao reagir às novas denúncias. Em discurso em Campo Limpo, São Paulo, bradou como se vítima fosse e como se ele e o seu partido estivessem acima do bem e do mal: “Eu já estou de saco cheio (das denúncias contra o PT). Daqui a pouco eles estarão investigando como nós nos portávamos dentro do ventre da nossa mãe”. No governo, intensificam-se as pressões para a demissão de Sérgio Machado, da Transpetro, que teria entregado R$ 500 mil para Paulo Roberto Costa. O objetivo é evitar mais desgastes para o Planalto. O PT, como Lula, também cumpre roteiro conhecido. Pretende procurar o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, para pedir que não ocorram novos vazamentos, durante o segundo turno das eleições, dos depoimentos feitos em sigilo de justiça. Zavascki desempenha papel de protagonista nas investigações. Como ministro do STF, instância responsável por julgar políticos e autoridades com foro privilegiado, coube a ele validar os depoimentos colhidos pelo juiz Sérgio Moro. Na etapa atual, ele analisa as provas colhidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal que envolvem parlamentares e ministros do Estado na rede de corrupção. Não são poucas.
“Dentro do PT a ligação do diretor de serviço
era com o tesoureiro, o senhor João Vaccari”
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Fotos: JF DIORIO/AE, Nacho Doce/Reuters, Ricardo Borges/Folhapress; Guga Matos/JC Imagem/Folhapress