quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

'Conceição', o nome do petróleo do pré-sal



Carlos Chagas
Sem dúvida, o ano vai terminando pior do que começou. Do julgamento do mensalão à Operação Porto Seguro, da presença de Marcos Valério, Carlinhos Cachoeira e Rosemary Noronha no noticiário, a conclusão não pode ser outra. O diabo é que em meio a tantas lambanças, pouca gente se dá conta do ridículo também ocupando o centro do palco. Fala-se da mais nova tertúlia entre Judiciário e Legislativo, referente aos royalties do pré-sal, perigosa ante-sala de uma guerra de secessão entre estados ditos produtores de petróleo e estados sem uma gota do combustível.
Só rindo, porque brigam a respeito de uma riqueza enterrada no fundo do mar. Quando os municípios sem petróleo receberão os percentuais que reclamam? Por enquanto, no dia em que o Sargento Garcia prender o Zorro. Alguém pode informar como vão os trabalhos de extração no pré-sal? Terá a Petrobrás condições de fixar um prazo, mesmo para daqui a dez ou vinte anos?
O petróleo do pré-sal merece um batismo. Deveria chamar-se “Conceição”, aquela que, se subiu, ninguém sabe, ninguém viu. Vem de outros poços situados no litoral do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo os recursos agora reclamados pelas demais unidades da Federação como se fossem do pré-sal. Lá do fundo, mesmo, nada, tendo em vista o custo monumental da iniciativa e a falta de recursos das empresas públicas e privadas.
Engalfinham-se e agridem-se para quê, os poderes da União e os Estados? Lembram os Cavaleiros de Granada descritos por Cervantes: “alta madrugada, brandindo lança e espada, saíram em louca disparada. Para quê? Para nada…”
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ÚLTIMO PRESENTE AO VELHO GUERREIRO
Todo-poderoso interventor no Japão, depois de terminada a Segunda Guerra Mundial, o general Douglas MacArthur recebeu a notícia da invasão da Coréia do Sul pela Coréia do Norte. Comentou com a mulher: “É o último presente do Destino para um velho guerreiro”. Lançou-se em mais uma guerra, que aliás não terminou, demitido que foi pelo presidente Truman, porque queria invadir a China.
A historinha tem sua razão de ser por aplicar-se ao senador José Sarney. Estava posto em sossego, tendo até ocupado interinamente por três dias a presidência da República. Deixará a presidência do Senado em fevereiro e já anunciara a disposição de não concorrer a novo mandato de senador, em 2014.
Pois não é que de repente vê-se no olho do furacão, obrigado a contestar o Supremo Tribunal Federal ao autorizar a pirueta da votação de 3 mil vetos da presidência da República numa única sessão do Congresso, para permitir à maioria parlamentar derrubar ato da presidente Dilma Rousseff? Em nome da afirmação do Legislativo, não hesita em desafiar Executivo e Judiciário.
Apesar das aparências, no fundo é disso que ele gosta: confusão, briga, conflitos institucionais, holofotes e, se possível, a vitória. Mesmo sob o manto da conciliação.
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VEXAME
Do vexame da CPI do Cachoeira, nem há que falar. PSDB, PMDB e PT acertaram-se para que ninguém fosse indiciado, salvando-se todos, entre mortos e feridos. Nem os governadores Marconi Perilo e Agnelo Queirós, nem o empreiteiro Fernando Cavendish, muito menos a empresa Delta. O relatório final faz as vezes de réquiem para as Comissões Parlamentares de Inquérito. Depois dessa, nunca mais se constituirá outra.

Congresso convoca votação relâmpago de 3 mil vetos para derrubar veto dos royalties do petróleo



Aprendam com o Coringão



Tostão (O Tempo)
Como  ainda não escrevi sobre o jogo do Corinthians e tenho a pretensão de achar que algum leitor queira saber minha opinião, continuo com o assunto, já comentado um milhão de vezes pela imprensa.
Você já imaginou se, em uma das defesas de Cássio, a bola tivesse sido chutada um pouco para o lado? Seria gol, e o jogo poderia ter tido outra história. As opiniões seriam diferentes. Tite, certamente, seria criticado, o que seria injusto. Seu trabalho foi ótimo, independentemente do resultado.
Diferentemente das vitórias do São Paulo sobre o Liverpool e do Inter sobre o Barcelona, quando os times brasileiros foram dominados durante toda a partida, o Corinthians fez um jogo equilibrado com o Chelsea.
Tite, mais uma vez, acertou ao colocar Jorge Henrique de um lado e Danilo de outro, deixando Emerson livre, como gosta, e próximo de Guerrero. O time ficou mais forte, na defesa e no ataque. Parecia um clássico inglês. O Corinthians, no tradicional 4-4-2, com duas linhas de quatro e dois atacantes, enquanto o Chelsea atuava como as atuais equipes globalizadas, ditas modernas, com uma linha de três meias e um centroavante (4-2-3-1). O Corinthians não mostrou nenhuma novidade tática. Apenas executou muito bem o que foi planejado.
Ter um grande conhecimento teórico sobre futebol é essencial para ser um bom técnico. Mas o melhor treinador não é o que sabe mais a teoria. É o que percebe os detalhes subjetivos, nebulosos e faz com que os jogadores executem com eficiência o que foi planejado.
O Chelsea mostrou porque foi eliminado na primeira fase da Copa dos Campeões, pelo Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, e porque está muito distante dos primeiros colocados no Campeonato Inglês e, recentemente, foi goleado pelo Atlético de Madri, por 4 a 1, pela Supercopa da Europa.
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TRÊS MANEIRAS
Em resumo, há hoje três maneiras de se jogar futebol. Uma, única, a do Barcelona, que ocupa o campo adversário, fica com a bola e espera o momento certo para tentar a jogada decisiva. Outra, a do Corinthians e de equipes da Europa, de times compactos, que alternam a marcação por pressão com a mais recuada e que conseguem sair da defesa para o ataque com troca de passes. E a terceira, a da maioria dos times brasileiros e sul-americanos, com muitos chutões, jogadas aéreas, excesso de faltas e correria. É uma maneira arcaica de se jogar.
Espero que outros clubes brasileiros aprendam com o Corinthians a ser organizados, dentro e fora de campo. Isso já se iniciou no Brasileirão deste ano. Alguns técnicos tiraram a máscara, aceitaram as críticas e, lentamente, começam a mudar. Tomara!

Antes mesmo do julgamento terminar, Gurgel se adianta e pede a prisão imediata de condenados no mensalão.



Carlos Newton
A notícia, da maior importância, foi divulgada imediatamente por todos os sites e blogs dos jornais. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou nesta quarta-feira que deve pedir “ainda nesta semana” ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão imediata dos condenados na ação penal do mensalão. Mas logo mudou de ideia e acabou pedindo ontem mesmo a prisão preventiva.
Como se sabe, o Supremo teve ontem sua última sessão conjunta. Durante o recesso, os pedidos são analisados diretamente pelo presidente Joaquim Barbosa. Ele terá de decidir, sozinho.
 Barbosa vai decidir sozinho
No linguajar dos juristas, a medida é inopinada, arbitrária e intempestiva. Não tem a menor justificativa, porque a decisão do Supremo ainda não existe, pois não foi publicada, não foi aberto prazo para os recursos (embargos de declaração e infringentes), portanto, ainda não há processo transitado em julgado.
E a justificativa de Gurgel é pífia. “Esse esforço magnífico que foi feito pelo Supremo no sentido de prestigiar de forma importantíssima os valores republicanos não pode agora ser relegado aos porões da ineficiência. Não podemos ficar aguardando a sucessão de embargos declaratórios. Haverá certamente a tentativa dos incabíveis embargos infringentes. E o certo é que o tempo irá passando sem que a decisão tenha a necessária efetividade” — disse Gurgel, argumentando  que a grande urgência que existe é de dar efetividade à decisão do Supremo, e não se pode ficar esperando recursos dos advogados de defesa.
Traduzindo: temos um procurador-geral que abertamente defende a tese de que se deve passar por cima da lei. Simples assim.
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LIVRE, LEVE E SOLTO
Para demonstrar o absurdo da posição de Gurgel, basta analisar caso semelhante que acaba de ser julgado no Supremo, em processo contra o deputado federal Natan Donadon (PMDB-RO). Desde outubro de 2010 ele está condenado a mais de 13 anos pelo próprio STF, que semana passada recusou recurso apresentado pela defesa. Mesmo assim, ninguém ainda pediu a prisão dele.
O deputado federal Donadon foi condenado pelos crimes de peculato e formação de quadrilha por desviar mais de R$ 8 milhões da Assembleia Legislativa de Rondônia entre 1995 e 1998, quando era diretor financeiro do órgão. Ele também terá que restituir aos cofres estaduais R$ 1,6 milhão. A condenação foi unânime em relação ao crime de peculato e por maioria quanto ao crime de quadrilha. Mesmo assim, continua solto.
Desde a promulgação da Constituição, em 1988, até agora, o Supremo já condenou nove parlamentares, incluindo os três deputados federais do processo do mensalão, João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT). Mas até agora nenhum político foi preso, e houve casos de prescrição e substituição de pena por restrição de direitos.
No caso do processo do mensalão, o julgamento ainda não terminou. Além dos embargos declaratórios, os advogados dos condenados podem entrar com embargos infringentes, usados para reabrir o julgamento quando a condenação não ocorreu por unanimidade ou ampla maioria, o que não foi o caso de Donadon.
Diante dessa realidade jurídica, como o procurador-geral pode tomar decisão tão estapafúrdia, digamos assim. E o ministro Joaquim Barbosa, que recebeu o requerimento de Gurgel e decidirá sobre ele até amanhã. Vai abrir prazo para defesa dos réus ou mandará prender os mensaleiros, antes mesmo de serem condenados?
Se isso acontecer, é melhor fechar o Supremo para dedetização e desratização. Os mensaleiros têm direito de defesa, que deve ser exercido plenamente. Isso nada tem a ver com a culpabilidade deles.
Se no Brasil há recursos jurídicos demais, que se mude a lei e acabe com eles. Como dizia Ruy Barbosa, “as leis que não protegem os nossos adversários não nos podem proteger”. Todos os cidadãos têm de se curvar diante da lei, sejam mensaleiros, sejam magistrados, porque, diante da lei, não há qualquer diferença entre eles.

A dor de viver, segundo o poeta Cruz e Souza



O poeta João da Cruz e Sousa (1861-1898) nasceu em Desterro, atual Florianópolis, tornou-se conhecido como o “Cisne Negro” de nosso Simbolismo, seu “arcanjo rebelde”, seu “esteta sofredor”, seu “divino mestre”. Procurou na arte a transfiguração da dor de viver e de enfrentar os duros problemas decorrentes da discriminação racial e social.
No poema “Canção do Bêbado”, Cruz e Souza relata a degradação de um homem em decorrência do alcoolismo, do pessimismo, da tragédia afetiva, da opção pela vida fantasiosa, da depressão associada a bebida e da dúvida que, consequentemente, o levará à morte.
A imagem sugerida pela pontuação é sem dúvida alguma a de um homem embriagado caminhando para casa. Sua marcha é irregular, alternando movimento, oscilação, dúvida (interrogação) e pausa, regularidade, certeza (exclamação).
CANÇÃO DO BÊBADO
Cruz e Souza
Na lama e na noite triste
aquele bêbado vil
Tu’alma velha onde existe?
Quem se recorda de ti?
Por onde andam teus gemidos,
os teus noctâmbulos ais?
Entre os bêbados perdidos
quem sabe do teu – jamais?
Por que é que ficas à lua
Contemplativo, a vagar?
Onde a tua noiva nua
foi tão cedo depressa enterrar?
Que flores de graça doente
tua fronte vem florir
que ficas amargamente
bêbado, bêbado a vir?
Que vês tu nessas jornadas?
Onde está o teu jardim
e o teu palácio de fadas
meu sonâmbulo arlequim?
De onde trazes essa bruma
toda essa névoa glacial
de flor de lânguida espuma
regada de óleo mortal
Que soluço extravagante
que negro, soturno fel
põe no teu doudejante
a confusão da Babel?
Ah! das lágrimas insanas
que ao vinho misturas bem
que de visões sobre-humanas
tua alma e teus olhos têm!
Boca abismada de vinho
Olhos de pranto a correr
bendito seja o carinho
que já te faça morrer!
Sim! Bendita a cova estreita
mais larga que o mundo vão
que possa conter direta
a noite do teu caixão!
(Colaboração enviada pelo poeta Paulo Peres – site Poemas & Canções)

Conseguiremos manter a paz interna?



Gelio Fregapani
Num cenário mundial conturbado, uma nação desunida corre sérios riscos e a nossa coesão tem se deteriorado nos últimos tempos. Diversos fatores concorrem para a nossa desagregação, avultando as velhas manobras psicológicas estrangeiras, insuflando pobres contra ricos, pretos contra brancos, índios contra não-índios, moços contra velhos e por aí vai.
Naturalmente nossas vulnerabilidades serão exploradas. Os ambientalistas querem aumentar as áreas preservadas do País. Indígenas lutam para demarcar mais terras exclusivas. Quilombolas tentam dominar seus espaços “históricos”. Agricultores precisam expandir a exploração do solo. E as cidades continuam crescendo. Não haverá como acomodar tantas demandas sobre o espaço nacional.
Imaginemos, por exemplo, um confronto entre o Legislativo e o Judiciário em função do direito de cassar mandatos de parlamentares. Os dois Poderes podem convocar as Forças Armadas (instituição do Estado) para fazer prevalecer a Constituição, pois esta é uma das suas missões. Problema grande para as Forças Armadas, que terão de agir como Poder Moderador numa questão ambígua. Uma crise Institucional estaria criada.
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CORRUPÇÃO
O despertar da justa indignação em face da corrupção é altamente benéfico, mas se for exacerbado conduzirá ao enfraquecimento da coesão em má hora. O estrago que o mensalão fez na base de sustentação do Governo não se encerrará com a condenação dos principais quadrilheiros.
Novas declarações do Marcos Valério talvez envolvam o Lula de forma incontestável. Merecidamente? Julgamos que sim, mas não é isto o que preocupa: enquanto as condenações se limitavam ao Zé Dirceu e a outros políticos, notoriamente indignos, a massa da população aplaudia, mas ao Lula, mesmo culpado haverá, certamente, quem o defenda com armas na mão.
Isto é ridículo, direis. Defender malfeitos e malfeitores? Sim, ridículo mas possível e até provável, p ois o homem brasileiro por natureza cultiva a gratidão, e o Lula deu de comer a muitas crianças famélicos e tirou da miséria a uns quantos milhões. Se alguém acha que entre esses não há gente capaz de violência por gratidão se ilude a toa. Como se não bastasse o mensalão, vem a luz o caso “Rosemary”, atingindo o Lula ainda mais diretamente .
O Lula merece ser punido? Claro, como também mereceria o FHC com a privatização da Vale e a desnacionalização do sistema telefônico. Também o Sarney e outros mais, mas… e as consequências? Estamos dispostos a pagar o preço, numa hora em que o “estabelecimento” mundial se volta contra o nosso País?
Melhor seria se não levássemos o caso às últimas consequencias. Se isto não for possível, esperamos pelo menos que a Presidente Dilma não envolva seu nome na sujeira. Se afaste do caso e não tente defender o indefensável.

Os pecados que corroem uma nação



Vittorio Medioli
O pior dos males que resultam do aparecimento de escândalos políticos, apesar de se desviarem vultosas quantias de impostos arrecadados, são os danos morais à nação. Estes são irreparáveis, estendem-se num tempo e num espaço amplos e indefinidos, banalizam o crime e o deixam trivial num complô de eminentes figuras que pretendem justificar a imundície como fórmula necessária à vida da democracia.
Nada disso é verdade. Os países que tiveram melhor êxito socioeconômico são os menos corruptos e corrompidos do planeta. Benesse e honestidade andam juntos, ao contrário do que se pretende espargir.
As malandragens alcançam silenciosamente o ânimo das pessoas, incrustam-se na alma, aviltam o que de melhor tem o ser humano. Quem soube eliminar a corrupção é quem está no ápice do desenvolvimento. Vejam-se Dinamarca, Nova Zelândia, Singapura e Finlândia. O Brasil nem sequer aparece nos primeiros 60 do ranking dos clubes dos honestos.
O mau exemplo dos líderes contamina os mais fracos, os jovens, fragiliza a estrutura social, esgarça seus órgãos funcionais. O peso da imoralidade não permite levantar-se voo. O peso dos males compromete a sociedade e o sistema. Não por acaso, desonestidade e burocracia andam de mãos dadas. Somos um país entre os mais corruptos e o mais burocrático do planeta. Isso é claro como a luz do sol, mas desburocratizar significa dar um golpe à corrupção. E isso, burocracia e roubo, está de bom tamanho para nossas elites políticas, sociais e sindicais.
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SOLIDARIEDADE
Espantosamente, partidos inteiros, centrais sindicais e até a ex-gloriosa UNE se manifestam desabridamente em solidariedade aos corruptos e ameaçam ocupar as praças.
Enfim, a corrupção se ergue como meio de vida, garantidora do poder, fórmula infalível para o aumento exorbitante de carga tributária, meio direto de espoliação do trabalho real e honesto.
Burocracia cria legiões de atravessadores, que, não por acaso, têm seu ídolo numa figura cada vez mais controvertida e afundada num inexplicável lamaçal. Ele disse num momento de bravata: “Quanto mais imposto, melhor”. Esqueceu-se de dizer: “para mim e cúmplices”.
Nenhuma política aparentemente social, num contexto de desonestidade, poderá compensar o estrago que gera na malha econômica e social. O gigantesco Brasil não entendeu que os métodos de republiqueta de caudilhos populistas e de escroques são pagos por todos que trabalham honestamente. O que deveria ser normal, a honestidade, passou a ser “virtude rara”. Quem a cantou em todas as prosas para chegar ao poder mostra que apenas dissimulou seus reais propósitos. Isso agrava seus pecados, pois escancara a falsidade usada em larga escala e que se reafirma nas intenções de “venezuelização” a que estão submetidas as estruturas mais sólidas da nação.
Desonestidade, em todas as suas incalculáveis formas, desfila sob o olhar de um povo que, recém e mal-escolarizado, não consegue ligar uma causa a outros deletérios efeitos, e faz dele a principal vítima.
O STF, mercê de gestos de incalculável valor moral, aplicou penas aos intocáveis. Com as condenações penais, parou uma tendência de queda para uma derrocada sem retorno. Mas será duro manter essa postura patriótica se os próximos ministros escolhidos forem figuras escolhidas pela presidente para homologar a delinquência de partidos e assaltantes.
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ESPANTO
Ainda gera espanto assistir a quadrilhas de diferente coloração, formadas por dezenas (ou centenas) de pessoas que já ganham muito bem, desfrutam de mordomias, de apartamentos funcionais, de diárias, de viagens de “trabalho” ao exterior, de cartões corporativos, até de jatos executivos da FAB, auxílios de toda ordem e reembolsos ilimitados – membros privilegiados da casta dos mais poderosos – dilapidarem o patrimônio do Estado, furtarem de estatais, de ministérios, de bancos e de tudo mais que está ao alcance de suas garras.
Os bens públicos, já relativamente escassos numa sociedade marcada pela extrema pobreza de 40 milhões de brasileiros, são atacados sem qualquer escrúpulo. Pouco importa se os desvios gerarão desserviços, numa corrente de ações e de efeitos até se alcançarem as camadas mais desprotegidas. Não chegam à consciência dos malfeitores as dores e os males que semeiam?
Faz mal a presidente do país, que ganhou fama por ações que caíram no agrado popular, juntar-se ao coro em defesa de malfeitos e de pecados que deveriam ser pelo menos apurados, devido à sua impressionante verossimilhança.
Também dever-se-ia explicar, em rede nacional, especialmente para os mais jovens, que o crime não compensa, que as fortunas erguidas sem trabalho, mesmo aquela de uma inteira nação, perder-se-ão.
Não existe um só país socialmente evoluído que tenha construído sua grandeza com burocracia e corrupção. Isso deve ser gritado pelos políticos que se dizem do bem.
Transcrito do jornal O Tempo

Livre pensar é só pensar (Millôr Fernandes)



Capítulo IV
Como os animais começaram a sentir sede, Deus teve que resolver o problema, mas não se apertou. Partindo do princípio de que os animais, daí em diante, iriam ter sede constantemente, decidiu logo que o elemento dessedentador teria que ser produzido ao custo mais baixo possível. Procurou, na própria natureza já criada, os elementos mais econômicos e, depois de eliminar, naturalmente, urânio, ouro, prata e outros ingredientes que, fatalmente, tornariam o aplacamento de sede um privilégio de ricos, conseguiu a fórmula com a qual ele próprio se entusiasmou – uma mistura simples de duas partes de Hidrogênio com uma de Oxigênio. Experimentou, verificou que a própria sede passava milagrosamente e fez o primeiro comercial da história:
“Meus amigos, experimentem este dessedentador, de uma pureza sem igual. Vai ser um sucesso eterno. Vou chamá-la de ÁGUA. ÁGUA, um produto divino. ÁGUA, inodora, insípida e incolor. ÁGUA, um produto caído do céu!”
P.S. Deus, porém, se antecipou. Caído do céu não era não. Em verdade, como o inventor não tinha decidido nada a respeito, assim que o H² se juntou ao O a combinação começou foi a subir.

As quatro cirurgias de Chávez, por que não foram feitas na Venezuela?



Helio Fernandes
Venho acompanhando jornalisticamente a doença do presidente ininterrupto da Venezuela. Câncer não é brincaderia, e a displicência, o desinteresse e o descuido como a situação vem sendo examinada e cuidada sempre me causaram surpresa e perplexidade.
Não só por causa dos riscos médicos, mas principalmente políticos. A situação da Venezuela é mais do que conhecida, ou melhor, notória, e qualquer risco maior não atingirá apenas Chávez, mas colocará o país à beira da guerra civil.
 Chávez seria operado em São Paulo…
Isso está mais difícil e visível na discussão sobre sua posse em 10 de janeiro, distante apenas 20 dias. Líderes chavistas falam que ele não poderá tomar posse. Mas o vice, e não em causa própria (pois terá que haver nova eleição, logo que constatada a impossibilidade de Chávez reassumir o Poder) diz exatamente o contrário.
Vejamos a questão por ângulo diferente, ainda não examinado ou revelado. A primeira cirurgia não foi levada muito a sério, a única fonte de informação na Venezuela é sempre Chávez, e nada pode ser contestado. Basta verificar que até hoje, anos decorridos, não existe nenhuma informação médica, nenhum boletim oficial, nada de explicação.
A primeira cirurgia seria feita no Brasil. Lula (ainda presidente) e Chávez acertaram tudo. O agora ex-presidente combinou coma direção e com os médicos do Sírio Libanês, um dos melhores hospitais do Brasil. Logo vazou: Chávez seria operado de um câncer nos rins, em fase inicial.
Marcada a data da vinda do presidente da Venezuela, no dia da sua vinda ele telefonou para Lula, incisivo e definitivo: “Estou indo para Cuba, é preferência dos meus assessores e conselheiros”. Desligou, deixou Lula perplexo, mas sem poder fazer coisa alguma.
Agora os fatos que quase ninguém conhece. Não se submetendo à cirurgia no Brasil, o último lugar onde Chávez deveria ser operado seria em Cuba. E Chávez, melhor do que ninguém, conhecia e conhece o fato.
15 mil médicos cubanos estão na Venezuela. Os mais importantes e competentes. Em Havana ficaram praticamente os de segundo time, para “cuidarem” da população local. Agora o mais grave, do conhecimento total de Chávez.
Os que estão na Venezuela vivem miseravelmente, moram em barraco, não recebem salários, praticamente morrem de fome. Compreensivelmente, Chávez não quis colocar sua vida nas mãos deles. Mas por que isso acontece?
A Venezuela paga generosamente a Cuba, as transações e as negociações são feitas de país para país. A Venezuela paga, Cuba recebe, principalmente em petróleo, da mesma forma como era feito antigamente com a União Soviética.
Agora não há mais nada a fazer, a sobrevivência de Chávez e da Venezuela, entrelaçada, como vem acontecendo há muitos anos. Antes era Fidel que ia ao aeroporto receber o amigo e financiador. Agora é o irmão Rául, que saiu de 35 anos de ostracismo para uma notoriedade melancólica.
PS – Quando será escrito o último capítulo dessa tragédia? Na Venezuela ou em Cuba? Se tivesse vindo para o Brasil na primeira cirurgia, Chávez e a Venezuela não estariam em situação tão desesperadora.
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COM JOSÉ MARIA MARIN E SCOLARI,
NOSSO FUTEBOL VOLTA À DITADURA
Pela estatística publicada hoje pela Fifa, o Brasil é o 18º país no ranking mundial. Pentacampeão (como gostam de dizer), não é mais respeitado, sua colocação é humilhante. E para piorar as coisas, chamaram dois servidores e admiradores da ditadura, nominados no título destas notas.
Marin caiu de paraquedas na presidência da CBF, continua pagando royalties a Ricardo Teixeira.
 Scolari e Marin: Retrocesso na CBF
Marin foi vice-“governador” de Maluf, não nos “paraísos fiscais e financeiros”, mas em São Paulo mesmo. Depois foi “governador” na mesma ditadura, com acusações sem fim de irregularidades. Prática que mantém, “embolsando” medalhas dos jogadores.
Scolari, em plena ditadura do Brasil e do Chile, disse publicamente sobre o ditador-perseguidor-torturador de lá: “Tenho a maior admiração pela PRESIDENTE (textual) do Chile”. Esse “presidente” era Pinochet, que gostava de assistir sessões de tortura.
Como a realidade de Scolari é o retrocesso e o rebaixamento, nenhuma dúvida que convoque Rivaldo, Ronaldo Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho, heróis de 2002.

CRÔNICA Cartas de Paris: O Natal em Paris



Em Paris, durante esta época do ano, a cidade se prepara para o Natal. Longe do fausto da Champs Elysées e das Galeries Lafayette os parisienses se preparam, à sua maneira, para as festas de fim de ano.
Cada vitrine de cada pequeno comércio é decorada: os brinquedos de madeira de uma loja na minha rua brincam dentro de um trenó de papai Noel que leva afobado presentes pelo céu.
Outro papai Noel, o do bar ao lado, dança balançando os quadris com um copo de cerveja na mão. Já na loja de sapatos, uma família de pinguins se reúne com ursos polares entre escarpins e botas.
Os supermercados já encheram suas prateleiras de chocolates e bolas douradas e pais e filhos já se renderam à tradição de comprar o pinheiro. De todas as lindas tradições natalinas francesas, esta é sem dúvida a minha preferida, afinal a árvore de Natal na França é de verdade.
Compro cada ano meu pinheiro, cheio de personalidade, pequeno e robusto ou magro e comprido. A decoração que fica guardada o ano inteiro na cave, é resgatada, as bolas pintadas à mão compradas em feiras de Natal e os cavalinhos de madeira alemães se misturam com as decorações feitas de casca de milho vindas do interior do Brasil.
Sempre observo os pais que levam seus filhos para escolher este pinheiro, imagem mesma do Natal, fugaz momento em que todas as estripulias são permitidas. Alguns dias depois das festas de fim de ano as ruas se enchem de pinheirinhos, abandonados depois da festa, exaustos por terem cumprido suas funções.
Para quem não sabe, a cidade de Sélestat, no nordeste da França, conserva a mais antiga menção da tradição do pinheiro de Natal, que data de 1521. Antes o pinheiro era decorado com maçãs, depois de uma grande escassez de alimentos, ele passou a ser ornado com bolas de vidro.
Se você for a Sélestat, ainda vai encontrar a primeira loja de bolas de Natal do mundo.
E enquanto preparam o Natal, esperando que a neve caia, esperando que papai Noel seja generoso, os franceses continuam em seu ritmo, frenético, sob as luzes e decorações.
Já a estrangeira que sou se sente novamente criança e se deixa levar pelo espírito de Natal parisiense.

Ana Carolina Peliz é jornalista, mora em Paris há cinco anos onde faz um doutorado em Ciências da Informação e da Comunicação na Universidade Sorbonne Paris IV. Ela estará aqui conosco todas as quintas-feiras.

OBRA-PRIMA DO DIA - GRAVURAS Francisco de Goya: um artista indignado


Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 
20.12.2012
 | 12h00m

(final) Todos os espíritos aguçados da época, como os responsáveis pelo jornal El Seminario Patriotico logo perceberam que sob uma aparente extravagância, a coleção escondia uma crítica moral sutil mas acerba à sociedade espanhola.
Na França, a Revolução chega ao fim. Na Espanha a Inquisição, que era um instrumento muito eficaz de repressão a serviço do governo, começa a demonstrar um vivo interesse pelas estampas de Os Caprichos. Goya sente-se ameaçado e recolhe os exemplares.
Para se resguardar e se proteger o artista resolve, por intermédio de Manoel Godoy, o favorito dos soberanos espanhóis, se desfazer dessas peças. Em 1803 ele negocia a cessão para Carlos IV das 80 placas de cobre originais e mais os 240 exemplares da coletânea ainda não vendidos em troca de uma pensão para seu filho. As placas e os exemplares mais tarde são encaminhados à Calcografia Nacional.
Colección de estampas de asuntos caprichosos, inventadas y grabadas por don Francisco de Goya fica assim protegida para a posteridade.
Segundo Jean-Louis Augé, conservador principal do Museu Goya, 2006 
(resumo e tradução mhrrs)

A coleção Os Caprichos não tem uma sequência coerente, mas tem importantes núcleos temáticos. Os temas mais numerosos são as bruxas que aparecem a partir da estampa 43 e que servem para relatar, de forma tragicômica, o que Goya pensava sobre a essência do mal.
Também demonstram, com clareza, o que ele pensava da vida e do comportamento dos frades. Por meio de sátira erótica, como ele via a prostituição e o papel da ‘celestina’. As gravuras com crítica satírica aos casamentos desiguais, à educação das crianças e à Inquisição não são das mais numerosas, mas sua contundência é igual às demais.
Os Caprichos tiveram grande penetração fora da Espanha. Foram mesmo o primeiro sinal do “goyesco” e de um novo modo de lidar com a realidade, mostrando-a mais próxima da vida comum e muito expressiva, numa linguagem viva e atrevida, que ecoaria por todo o século XIX. Era o fim das gravuras frias do período neoclássico.

As chinchilas, Capricho nº 50
(detalhe)

Os das camadas superiores da sociedade são ociosos, têm a cabeça vazia e se alimentam sem esforço, de modo passivo, quase asnático e, pior, às cegas. Suas librés e espadins não os tornam mais respeitáveis. 
Legenda no Museu do Prado: O que não ouve nem sabe nada, nem faz nada, pertence à numerosa família das Chinchilas, animais de pouca serventia.
Da Biblioteca Nacional: Os nobres, cujo único valor é serem nobres, quando néscios portam sempre os brazões no peito e, fanáticos, se deixam estar, languidamente, rezando o rosário, e bocejando. A ignorância é seu alimento e têm o cérebro trancado com cadeados.

Tu que não aguentas, Os Caprichos nº 42

Muitos dos administradores são asnos, apesar de mandar e governar. E se isso ainda fosse pouco, se fazem às custas do suor dos humildes. “Tu que não aguentas, carrega-me nas costas”. Que tensos vão e com esporas... 
Legenda no Museu do Prado: Quem não nota que esses cavaleiros são as cavalgaduras?
Legenda na Biblioteca Nacional: Os pobres e as classes úteis da sociedade são os que carregam nas costas todo o peso das contribuições ao Estado.

Isto sim é que é estudar, Os Caprichos nº29

As personalidades importantes da sociedade não perdem seu tempo: aproveitam enquanto o barbeiro cuida de suas cabeleiras e o sapateiro de seus pés delicados, para estudar e ler: e o fazem de olhos bem fechados... dormindo.
Legenda no Museu do Prado: Tem quem o penteie e calce, pode dormir e estudar. Pode-se dizer que desperdiça seu tempo?
Na Biblioteca Nacional: Os ministros, conselheiros e outras personalidades, para ler, analisar e se inteirar dos assuntos de Estado, aguardam a hora em que o barbeiro vai tratar de suas cabeças, despentear seus cabelos para os encher de talco, e a hora em que o sapateiro vai lhes provar os calçados.

Los Chinchillas, Caprichos nº 501797, aquaforte, aquatinta brunida e ponta seca, 20.4 x 14.9 cm
Tú que no puedes, Los Caprichos nº421799, aquaforte, aquaforte e aquatinta brunida, 21.3 x 15.2
Esto si que es leer, Los Caprichos º 291799, aquaforte, aquatinta brunida e ponta seca, 21.9 x 14.8 

UMA PROPOSTA PROATIVA



Ralph J. Hofmann
Ontem indiquei que Israel, com guerras e tudo tem uma das menores taxas de mortalidade por tiro de arma de fogo, 1,86 por cem mil habitantes. (Mais uma empreitada contra…18/12)
Isto ficaria simplesmente no ar, uma informação que nada explica sobre como fazer para sanar uma situação existente. Portanto debrucei-me sobre os fatos para ver como é que Israel procede.
Bandidos armados numa favela RJ
Bandidos armados numa favela RJ
É bobagem desarmar um povo. No Brasil vemos o país cooptado por políticos corruptos.  Em todos os países marx-leninistas o povo desarmado foi ceifado em 10% de sua população sem ter como defender-se. Eliminou-se uma categoria educada e com capacidade de raciocínio e liderança. O desarmamento do bom cidadão não é uma solução.
Portanto cabe um pensamento aprofundado sobre como fazer. Este pensamento deve virar proposta. E esta proposta deveria ser referendada, já que sabemos que apesar de o PT apenas ter assassinado nossa indústria e assaltado nossa classe média ainda não partiu para massacres de cidadão. Deveríamos lutar por algo concreto e exeqüível antes que se animem a tanto.
Vejamos Israel e suas leis quanto às armas. O povo em Israel tem o dever de resguardar a viabilidade do porte generalizado de armas.
A qualquer momento pode encontrar um terrorista armado ou homem bomba pela frente. Não pode abrir mão do direito de se defender.
Quem visita Israel vê armas abertamente carregadas em público por pessoas comuns. O barista que serve seu café pode estar armado como também o cobrador de seu ônibus. Contudo as armas não são tão fáceis assim de adquirir ou de receber porte. Há um processo rigoroso de aprovação, mesmo a totalidade da população sendo de reservistas com armas de guerra em casa.
O processo de aprovação passa por triagens feitas por profissionais em linhas de tiro, exames médicos e avaliações por psicólogos e psiquiatras. Assinaturas de todos estes devem ser incluídas na pasta da pessoa que busca um porte de arma. Ainda assim, o porte é para uma certa arma.
Por outro lado  a atitude incutida no cidadão é de respeito às armas. Os israelenses vêem os mesmos filmes violentos jogam os mesmo vídeo-jogos violentos que glorificam as armas, mas mesmo assim costumam ter responsabilidade no manuseio das armas. Desde a infância  recebem uma mensagem. O direito a uma arma também corresponde ao privilégio de ter uma arma.
Quando qualquer brasileiro vai à delegacia de trânsito pedir uma carteira de habilitação lhe é exigido um curso (autoescola), um exame teórico e prático, um exame médico e até um simulacro de avaliação psicológica. Depois precisa retornar a cada poucos anos para renovar a carteira repetindo alguns dos exames. Mas essencialmente, salvo se encontrarem algo de errado tem o direito de receber habilitação que lhe permitirá manejar uma tonelada de metal e plástico extremamente mortífera.
Adicione-se a isto a exigibilidade de freqüentes retornos a uma escola de tiro para confirmar que a pessoa ainda sabe o que está fazendo e este é um bom procedimento para a concessão de portes de arma. Já estamos todos cadastrados com CPFs e Identidades donde o processo seria fácil de implantar. Apenas o ponto de partida deve ser de que, preenchidas condições estipuladas carregar uma arma e usar um carro são direitos de quem não for louco ou criminoso.
Que pessoas mais sábias do que eu elaborem essas idéias e criem propostas concretas.
Mas não entreguem as ruas aos bandidos. Não se sintam obrigados a esconder-se atrás de barras de aço em seus apartamentos e casas ou fiquem impotentes ante o ruído de um bandido arrombando a porta de sua garagem.

QUADRILHA



Magu
Não conheço pessoalmente a colunista da revista Época, Ruth de Aquino (foto um pouco maior que 2×2,5), nem por fotografia, a não ser a 2×2,5 que costuma encimar seus artigos. Mas ela é boa!  Epa, no “métier” dela. Gostaria de poder dizer do restante, também mas, até este ponto, não sei. Gosto do que ela escreve. Talvez por ser irônica, ou até sarcástica, como eu. Produziu um texto, na edição 760, supimpa! Dou a degustação, depois os leitores poderão ir ao link, se quiserem.20090324103350_71951_large_paulo-coelho-e-sua-festejada-adoracao-a-sao-jose-em-paris
“O que é uma ‘quadrilha’? Pelo Código Penal brasileiro, são necessárias mais de três pessoas para formar uma quadrilha. É quase um sinônimo de gangue. Se quatro ou mais pessoas conspirarem para cometer algum delito, podemos dizer, sem medo de errar, que elas formam uma quadrilha. Segundo a Interpol, quadrilhas costumam ter um chefão e um mentor. Às vezes são a mesma pessoa, às vezes não. Com o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal STF e o novo escândalo da Operação Porto Seguro, os brasileiros aprenderam que ‘quadrilha’ não é um termo aplicado apenas a traficantes ou bandidos comuns que não terminaram o ensino fundamental. Há quadrilhas no Congresso e há quadrilhas no Poder Executivo. Muitos de seus integrantes têm diploma de ensino superior – embora alguns sejam falsos, como o do ex-marido de Rosemary Noronha. Mas falsificar um diploma universitário para conseguir um cargo na seguradora do Banco do Brasil é um detalhe, não? Afinal, quem pedia e pressionava por irregularidades mil era uma mulher viajada, santa protetora dos Irmãos Metralheira. Rose era a secretária íntima e de total confiança de JD e do PR. Telefonou para um e para o outro logo que recebeu a visita de policiais.
Por isso, e só por isso, Rose mereceu a defesa veemente do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Ele explicou por que o sigilo telefônico dela não foi quebrado: ‘Não há quadrilha no seio da Presidência da República (…). Rosemary Noronha foi cooptada no esquema e não é integrante da quadrilha’. Ninguém dará a ela o direito de depor e se defender da fama injusta de quadrilheira. Rose foi ‘cooptada’? Então tá!…” (Os itálicos são meus).
Nem consigo escrever direito, porque tenho acessos de riso todas as vezes que leio essa declaração do ministro da juspiça, epa, justiça do brasil. Se ele contasse uma anedota diante dos jornalistas, não seria tão engraçado. Ele é tão bom no “métier” que poderia ser animador de auditório. Iria fazer um sucesso do cesto da gávea!
Leia na íntegra: A quadrilha no seio do Poder

O CHANTAGISTA MARCO MAIA



Charge da fotomontagem Roque Sponholz e Texto de Giulio Sanmartini
O ainda presidente da Câmara dos deputados, Marco Maia (PT-RS), mesmo sabendo-se definitiva derrotado em seu infantil embate contra o Supremo Tribunal Federal STF, tenta dar uma de machão dos pampas, pois sabe que restam-lhe escasso tempo para ocupar a berlinda, depois voltará à cloaca de onde jamais deveria ter sido.
Na foto Marco Maia tomando soro anti-rábico
Na foto Marco Maia tomando soro anti-rábico
Nos seus estertores começou a delirar e teve a ousadia de contestar  e ameaçar de retaliações a Corte máxima.
A crise entre Legislativo e Judiciário começou há semanas quando Maia, sugeriu, pela primeira vez, que a Casa poderia se valer do tradicional corporativismo e deixar de cumprir uma decisão da Suprema Corte do país. Nesta segunda, Marco Maia não só retomou a carga, como foi além, lançando contra STF, mais que  ameaça, uma verdadeira extorsão: “Tem uma lista de projetos na Câmara dos Deputados que estão tramitando há algum tempo que tratam das prerrogativas do STF. Não tenha dúvida de que, nessa linha que vai, esses projetos andarão certamente dentro da Câmara com mais rapidez”, disse.
Ao agir como porta-voz dos interesses de mensaleiros, Marco Maia ignora que cabe ao próprio Supremo a palavra final como intérprete da Constituição. O petista diz querer debater o veredicto do tribunal e já pediu até estudos à Advocacia-Geral da União (AGU) para tentar conseguir embasamento jurídico que garanta o não cumprimento da decisão sobre a perda dos mandatos dos mensaleiros.
Se ele não mijar na perna quando o giripoca piar, terá, sem dúvidas um fim inglório.