domingo, 3 de novembro de 2013

Escândalo do Metrô - Como o ministério público protegeu tucanos


12:39:50

Procurador Rodrigo de Grandis engaveta oito ofícios do Ministério da Justiça que pediam apuração do escândalo do metrô de São Paulo e prejudica o andamento das investigações.

PEDIDO
Informado da falta de cooperação, o ministro Cardozo determinou novo contato com o procurador
Apareceu um escândalo dentro do escândalo de corrupção em contratos de energia e transporte sobre trilhos de São Paulo que atinge em cheio os governos do PSDB. ISTOÉ descobriu que o procurador Rodrigo de Grandis engavetou desde 2010 não apenas um, como se divulgou inicialmente, mas oito ofícios do Ministério da Justiça com seguidos pedidos de cooperação feitos por autoridades suíças interessadas na apuração do caso Siemens-Alstom. Ao longo de três anos, De Grandis também foi contatado por e-mail, teve longas conversas telefônicas com autoridades em Brasília e solicitou remessas de documentos. Na semana passada, soube-se que, devido à falta de cooperação brasileira, o Ministério Público suíço decidiu arquivar a investigação contra três dos acusados de distribuir propina a políticos tucanos e funcionários públicos. Em sua única manifestação sobre o caso, De Grandis alegou que sempre cooperou e só teria deixado de responder a um pedido feito em 2011, que teria sido arquivado numa “pasta errada”. Mas sua versão parece difícil de ser sustentada em fatos. ...

Conhecido pelo vigor demonstrado em investigações sobre o ex-governador Paulo Maluf e também no caso Satiagraha, que colocou o banqueiro Daniel Dantas na prisão, desta vez o procurador federal, de 37 anos, não demonstrou a mesma energia. Para usar uma expressão que costuma definir a postura de autoridades que só contribuem para a impunidade de atos criminosos: ele sentou em cima do processo. No mês passado, um integrante do Ministério Público Federal de São Paulo chegou a denunciar a seus superiores que a conduta de De Grandis “paralisou” por dois anos e meio a apuração contra os caciques tucanos. As razões que o levaram a engavetar o caso agora serão alvo do procurador-geral, Rodrigo Janot, e da Corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público, que abriu uma queixa disciplinar contra De Grandis.

Até o momento, as explicações do procurador carecem de consistência. Com boa vontade, sua teoria de “falha administrativa” poderia até caber para explicar um ofício perdido. Mas não faz sentido quando se sabe que foram oito os ofícios encaminhados, sem falar nas conversas por telefone e e-mails. O último dos ofícios, que chegou à mesa de Rodrigo De Grandis há apenas duas semanas, acusa o procurador de “nunca” ter dado retorno às comunicações feitas pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça, responsável pela interface em matéria judicial com outros países.


 
A primeira solicitação oficial do MP suíço chegou ao Brasil em 15 de março de 2010 e, em 16 de abril, foi encaminhada à PGR e ao procurador federal pelo ofício nº 3365. As autoridades suíças queriam a quebra de sigilo bancário, o interrogatório, além de busca e apreensão nos escritórios de Romeu Pinto Júnior, Sabino Indelicato e outros suspeitos. Nada se fez. Em 18 de novembro, a Suíça fez o primeiro aditamento ao pedido de cooperação e novo ofício foi encaminhado ao MPF, em 1º de dezembro. Desta vez, o MP suíço pedia informações que poderiam alimentar sete processos em curso naquele país. Nada. Em 21 de fevereiro de 2011, os procuradores estrangeiros tentaram pela terceira vez. Queriam que fossem ouvidos, entre outros, o lobista Arthur Gomes Teixeira e João Roberto Zaniboni, ex-diretor da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).


Em março, as autoridades suíças cobraram retorno das demandas. De Grandis foi novamente acionado, mas não deu resposta. Em julho e novembro, foram encaminhados novos ofícios sobre os pedidos de cooperação da Suíça. Mais uma vez, o silêncio. Depois de dois anos e meio, em 7 de agosto deste ano, já com o escândalo das propinas batendo à porta do Palácio dos Bandeirantes, o ministro José Eduardo Cardozo foi informado da falta de cooperação e determinou que se fizesse novo contato com o procurador. Tudo em vão. Sem obter resposta, o MJ encaminhou outro ofício (6020/2013) ao MPF em 10 de outubro. E novamente outro (6280/2013) no dia 21, reiterando “extrema urgência e a importância do tema” e pedindo retorno em cinco dias. De Grandis solicitou novas remessas de documentos e finalmente respondeu na última quarta-feira 30. A resposta, porém, foi incompleta – apenas algumas oitivas.  O silêncio obsequioso do procurador inviabilizou diligências que poderiam ser essenciais para alimentar as investigações do propinoduto, tanto na Suíça como no Brasil, causando um prejuízo incalculável ao esclarecimento de um esquema de corrupção cuja dimensão total ainda não se conhece. Feitas no tempo certo, poderiam ter ajudado as autoridades a estabelecer, antecipadamente, a relação entre o esquema usado pela Alstom e o da Siemens para subornar políticos.

ARQUIVADOS?
Teixeira, Zaniboni e Matarazzo (da esq. para a dir.): personagens centrais do escândalo do PSDB

Em agosto de 2012, após quatro anos de investigação, a Polícia Federal concluiu o primeiro inquérito sobre o caso Alstom. Sem acesso a dados bancários e fiscais da Suíça, conseguiu apenas reunir provas parciais para indiciar por corrupção passiva o vereador Andrea Matarazzo, que, em 1998, era secretário estadual de Energia no governo Mário Covas. O inquérito foi para as mãos de De Grandis, que, passado mais de um ano, ainda não apresentou sua denúncia. Nos bastidores, o procurador reclamava a assessores que a peça policial era pouco fundamentada. Sob pressão, solicitou à Justiça Federal a quebra do sigilo de 11 acusados. O promotor Silvio Marques, do MP estadual, e outros procuradores federais em São Paulo pediram em julho o compartilhamento das provas para aprofundarem a apuração. Os procuradores suíços, longe de arquivar os processos, também estão interessadíssimos em conseguir a cooperação brasileira.

 
PARADO
Fachada do prédio do Ministério Público em São Paulo: investigações emperradas

Na semana passada, ISTOÉ enviou ao gabinete de De Grandis uma lista com 20 perguntas. Nenhuma foi respondida. Por meio da assessoria de imprensa, o MPF alegou “sigilo das investigações” e disse que o procurador está de licença até 5 de dezembro para concluir um mestrado. Especialista em direito penal e professor da Escola Superior do MP de São Paulo, De Grandis é considerado pelos colegas um sujeito de temperamento difícil e de poucos amigos. Entre eles, o ex-delegado Protógenes e o neoativista Pedro Abramovay, hoje antipetista de carteirinha após ser banido do governo. Para o advogado Píer Paolo Bottini, ex-secretário da gestão Márcio Thomaz Bastos e professor de Rodrigo de Grandis num curso de pós-graduação, o procurador nunca usaria o cargo para fins políticos. “Conheço ele e não acredito que tenha qualquer direcionamento em sua atuação”, diz.
 


O ex-ministro José Dirceu pensa diferente. Na semana passada, ele voltou a acusar De Grandis de agir politicamente ao quebrar seu sigilo telefônico para tentar envolvê-lo no caso MSI, o esquema de cartolagem do futebol paulista. Na Satiagraha, De Grandis e Protógenes se uniram contra Daniel Dantas, um velho aliado do PSDB e de Marcos Valério, que se aproximou do PT depois que Lula chegou ao poder em 2002. A partir de 2008 o deputado estadual Roberto Felício (PT) encaminhou seis representações ao procurador. O deputado ainda alertou De Grandis sobre indícios de que Alstom e Siemens usavam as mesmas consultorias internacionais para lavagem de dinheiro e pagamentos de propinas e subornos a diversas autoridades no Brasil. Nenhuma foi concluída.  
Fonte: Claudio Dantas Sequeira e Alan Rodrigues - Revista ISTOÉ - N° Edição: 2294 - 02/11/2013

A Nova Cara do Brasil - A falta de rumo para conter os black blocs


Especialistas em segurança pública criticam as medidas anunciadas pelos governos federal, do Rio e de São Paulo para lidar com o vandalismo nas manifestações. Uso de balas de borracha e monitoramento da internet são ações controversas.


Mais de cinco meses depois que o primeiro protesto, no início da onda atual de manifestações, resultou em destruição, incêndios e prisões, as autoridades mostram total falta de habilidade para lidar com a violência. Uma reunião com a cúpula da segurança pública federal, do Rio de Janeiro e de São Paulo, na última semana, terminou com o anúncio de ações sobre as quais não existe sequer consenso. O velho discurso do trabalho integrado entre os órgãos envolvidos veio embalado em outra máxima típica de momentos de crise: a necessidade de mudanças na legislação. Integrantes do governo e especialistas divergem até em questões mínimas, como o uso de balas de borracha. ...

“De todas as bobagens que foram anunciadas pelo governo federal numa atitude de marketing, a única coisa que realmente se faz necessária é o trabalho coordenado entre as polícias, mas isso não é de agora. O sistema de informações desses órgãos foi sucateado ao longo dos anos”, critica o mestre em ciência política José Augusto Rodrigues, pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Segundo ele, a elaboração de um protocolo que uniformize a atuação das forças de segurança serve apenas para encobrir a incompetência. “Basta que a polícia filme a conduta criminosa e prenda. É só atuar. Ninguém precisa ensinar o Pai-Nosso ao vigário”, diz.

"É absolutamente inconstitucional tratar as pessoas de forma diferente. Se há pena maior para agressão a policial, como fica quando for o contrário, se o policial agredir?", Wadih Damous, presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB

Ex-comandante da Polícia Militar de São Paulo e ex-secretário nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva considera importante a elaboração de um protocolo único, embora destaque que a proposta já vem atrasada. “Dizer que os protestos no Brasil são um fenômeno completamente novo e que, por isso, as polícias não estão preparadas não é desculpa. Só São Paulo registrou, ao longo de 2011, 2.056 manifestações. A falta de padronização leva a atuações equivocadas, como as que temos visto. Estamos a oito meses da Copa sem nenhum planejamento. É preciso cuidar dos detalhes”, diz.

Nem em detalhes aparentemente simples existe consenso. O uso de bala de borracha, por exemplo, é um dos pontos controversos. “Medidas legais, legítimas e difíceis de implementar são manter policiais regularmente nos locais, treiná-los e aparelhá-los com mecanismos legítimos de contenção, que não os gases e as balas de borracha. Por que não usar a mangueira de água?”, questiona Ivar Hartmann, professor de direito constitucional da FGV Direito Rio. O coronel Silva defende o uso de todos os equipamentos não letais. “Além das balas, é preciso garantir cassetetes, capacetes, escudos, sprays, bombas de efeito moral. E outros, como um sistema de rádio que interligue PM, Civil e Bombeiros, mas nem isso existe”, defende.

Resistências
Um trabalho de acompanhamento das redes sociais para que a polícia se antecipe aos protestos poderia ajudar no planejamento e na atuação das forças de segurança, de acordo com Rodrigues, da Uerj. “Falta monitoramento, as informações são públicas. Se alguém pratica crime ou incita, com a devida ordem judicial, quebra-se o sigilo para rastrear, sem qualquer problema”, diz. Já Hartmann considera a estratégia ilegal. “Monitorar quem não cometeu crime? Quebra-se uma barreira muito perigosa para, de um modo fácil, achar bodes expiatórios e, ao mesmo tempo, retroceder em direitos conquistados a duras penas no Brasil”, diz o especialista da FGV, que dá aulas de direito de informática, além de constitucional.

As divergências nas questões aparentemente simples ampliam-se quando as propostas levantadas para combater a ação de grupos violentos, que usam a chamada técnica black bloc, chegam a uma seara delicada: a legislação penal vigente. Integrantes do governo — que estão tentando agendar reuniões com o Conselho Nacional de Justiça, o Conselho Nacional do Ministério Público e o Supremo Tribunal Federal — apostam em um grande debate entre a liberdade de expressão e a necessidade de criar instrumentos mais eficientes para enquadrar manifestantes que fazem vandalismo e agridem policiais. A tendência é não fazer modificações legais que possam ameaçar o direito de manifestação, consagrado na Constituição.

Setores do governo, sobretudo mais ligados aos direitos humanos, rejeitam endurecimento de penas, mas de forma reservada depois que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se comprometeu a estudar o tema. Entre especialistas, a proposta também sofre resistência. “Nossa legislação atual dá conta perfeitamente de transgressões e abusos do direito de manifestação. É absolutamente inconstitucional tratar as pessoas de forma diferente. Se há pena maior para agressão a policial, como fica quando for o contrário, se o policial agredir?”, questiona Wadih Damous, conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil e presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da entidade.

De acordo com ele, outras perguntas são mais urgentes. “Desde junho, milhares de pessoas foram para as ruas cobrar transparência, saúde, transporte. Até agora, o Estado não atendeu essas reivindicações. As coisas não se resolverão com mais polícia, mais repressão, mais lei penal”, critica Damous. Integração entre governos estaduais e federal, como a anunciada na última semana por Cardozo, deveria ser praxe na condução de problemas graves na segurança do país, afirma o integrante da OAB. “Para combater a atividade criminosa complexa, não para lidar com meia dúzia de manifestantes.”

As dificuldades

Veja os pontos que, na avaliação do governo e de especialistas, são gargalos para o controle da violência nos protestos. O problema é que não há soluções consensuais, além das dificuldades técnicas para superar os obstáculos

Redes sociais
Como as manifestações são sempre marcadas pela internet, uma forma de se preparar para acompanhá-las, bem como de identificar lideranças, seria fazer constantes pentes-finos na web.

Críticas: para especialistas, é inviável e até ilegal monitorar um cidadão sobre o qual não pesa nenhuma suspeita. Abriria espaço para arbitrariedades.

Órgãos coordenados

Polícias integradas (Militar e Civil), Corpo de Bombeiros, hospitais e até Defesa Civil, se necessário, deveriam trabalhar afinados, tanto no planejamento quanto na hora de atuar no protesto.

Críticas: a “integração dos trabalhos” é medida anunciada a cada crise na segurança, mas nunca feita, de fato, para o combate habitual a crimes graves, como tráfico de armas e de drogas.

Atuação e equipamentos
Governo federal criou grupo de trabalho para elaborar uma forma de atuação das forças de segurança em protestos, com o objetivo de padronizar condutas e equipamentos.

Críticas: há discordâncias até sobre a necessidade do uso de balas de borracha. Para muitos, o tal protocolo não passa de jogo de cena, uma vez que as polícias não têm treinamento adequado.

Punição efetiva
Estados têm pedido aumento de pena para atos de vandalismo e agressões contra policiais, como forma de inibir os autores e garantir que a punição seja aplicada.

Críticas: 
o grande problema da falta de punição é a elaboração precária de provas. Independentemente da pena, se não houver como enquadrar os vândalos, a impunidade permanecerá.
Fonte: Renata Mariz - Correio Braziliense - 03/11/2013

Os gazeteiros e suas desculpas oficiais

Legislativo



De fevereiro a outubro, os 24 distritais apresentaram 283 justificativas para faltar às sessões. De acordo com documento obtido pelo Correio, a maioria não compareceu ao plenário para se encontrar com eleitores, correligionários e resolver assuntos particulares.

Plenário da Câmara Legislativa: três distritais faltaram a mais de 30% das sessões ordinárias este ano
Os 24 distritais da Câmara Legislativa desfrutam de salários e condições de trabalho capazes de causar inveja à maioria dos cidadãos. Ganham R$ 20 mil por mês, têm direito a uma polpuda verba indenizatória (de R$ 20 mil) e só precisam bater ponto em plenário três vezes por semana, sempre à tarde. A lista de deveres e obrigações dos representantes do DF é muito pequena, o que não constrange alguns parlamentares a se ausentarem sistematicamente das sessões. Este ano, a Casa registrou 283 ausências. Três deputados não compareceram a mais de 32% das reuniões ordinárias em plenário, o que representa uma falta a cada três sessões. Enquanto na Câmara eram debatidos projetos de lei, reajuste de servidores, vetos a propostas do governo e outros assuntos de interesse dos brasilienses, os gazeteiros se encontravam com eleitores, faziam reuniões partidárias, realizavam eventos em seus gabinetes ou resolviam pendências particulares. ...

O Correio teve acesso a todas as 283 justificativas apresentadas pelos distritais para faltarem às sessões realizadas entre 5 de fevereiro e 29 de outubro. Os documentos foram solicitados à Casa com base na Lei de Acesso à Informação há um mês, mas a entrega dos dados teve que ser aprovada pela Mesa Diretora. A maioria das desculpas apresentadas pelos gazeteiros é bem vaga. O Regimento Interno não exige explicações detalhadas sobre a falta. São oito as justificativas permitidas pela Câmara, como problemas de saúde própria ou de familiar, participação em atos públicos, presença em eventos fora da Casa e representação do legislativo em eventos oficiais.

Cassado, Raad Massouh justificou ausências para atender "clamor público"

Mas são permitidas também desculpas vagas e estranhas, como “atendimento ao clamor público vinculado a questões emergenciais”. Essa foi a justificativa para a maioria das faltas do deputado recém-cassado Raad Massouh (PPL). Ele e Cristiano Araújo (PTB) foram os mais ausentes em 2013, com 32 faltas cada um — o equivalente a 35% das sessões ordinárias realizadas na Casa (confira Ranking).

Clique na imagem para ver o Ranking completo



Raad alegou comparecimento a cinco atividades externas, uma participação em solenidade oficial e ainda tirou licença para tratar de assuntos particulares. Em 25 das 32 ausências, ele entregou ofício à Mesa Diretora alegando que faltara ao compromisso em plenário para atender “clamor público”. O ex-deputado usou essa explicação para sumir dos corredores da Câmara, sem obviamente detalhar de que forma estava atuando para atender o clamor da sociedade. Foi o único a usar essa justificativa.

Já Cristiano Araújo alegou compromissos externos para faltar em plenário


Ofício padronizado

Os ofícios de Cristiano Araújo para explicar suas faltas são padronizados. Ele enviou 12 justificativas alegando estar em “atividades parlamentares externas” e 10 memorandos para informar que manteve “reuniões com representantes da comunidade”. No início do ano, o modelo adotado pelos funcionários do gabinete do parlamentar afirmava que Cristiano havia faltado à sessão por conta de “compromissos externos que se estenderam além do horário previsto.”

O gabinete do petista Patrício, o terceiro mais faltoso, também adotou um ofício padronizado para justificar as frequentes ausências do parlamentar. O memorando afirma que “na ocasião, o deputado participava de reunião externa, o que o impediu de chegar ao plenário a tempo para a sessão”, sem descrever qual o motivo dos encontros. Em outros documentos entregues à Mesa, ele alegou que teve “reunião na Administração do Gama”, “compromisso na cidade do Gama”, “reuniões sindicais”, “reunião com policiais militares fora da Câmara” e “reunião com PMs em seu gabinete”.

Celina Leão (PDT), que teve 20 faltas, também deu justificativas vagas. Alegou apenas ter “reunião externa” para explicar 65% de suas ausências. Em outras situações, afirmou que não comparecera por representar a Casa em “evento socioeducativo” e apresentou ainda três atestados. Benedito Domingos (PP) deu explicações diferentes da maioria dos colegas. Para justificar sua ausência em 21 de junho, disse que a falta “ocorreu em virtude da necessidade de comparecimento a uma reunião com lideranças partidárias para debater os últimos acontecimentos no cenário político nacional”. Já em 4 de junho, a desculpa foi o comparecimento “a uma reunião com lideranças evangélicas”.

Explicações mais sérias, como a morte de parentes, também entrou no rol de justificativas. Joe Valle (PDT) teve que se ausentar para “providenciar documentos necessários para se proceder o translado dos corpos de parentes falecidos no Canadá”. Chico Vigilante (PT) também explicou à Mesa Diretora que perdera um irmão no Maranhão e faltou a duas sessões por conta do sepultamento de seu familiar. Sete das 11 faltas de Evandro Garla foram justificadas com a participação dele em reuniões da Executiva Nacional do PRB.

Enquanto distritais alegam estarem longe da Câmara para explicar a ausência, Wellington Luiz (PMDB) entregou seis ofícios em que afirmou estar em atendimento à comunidade em seu gabinete, no horário da sessão. Robério Negreiros, do PMDB, circulou pela vice-governadoria, ocupada pelo aliado Tadeu Filippelli, no horário de alguns encontros deliberativos da Casa. Essa visita foi a justificativa apresentada pelo parlamentar em ofício enviado à Mesa Diretora para justificar três de suas 13 faltas.

Argumentos
A reportagem procurou os três deputados mais faltosos. Patrício explicou que a atividade parlamentar não se restringe às sessões plenárias. “O trabalho se estende à discussão de pautas importantes do Legislativo, como, no meu caso, com a articulação de reivindicações de diversas categorias junto do GDF”. Segundo ele, “muitas vezes, esses compromissos se chocam com a agenda do plenário e, por isso, as faltas são justificadas, de acordo com o previsto no Regimento Interno”. Raad não foi localizado. A assessoria de Cristiano Araújo informou que todas as suas ausências são baseadas no regimento da Casa e que o deputado tem tido uma agenda extensa por estar à frente da Comissão de Assuntos Fundiários.

Para o cientista político Emerson Masullo, professor de políticas públicas da Universidade Católica de Brasília, é preciso haver mais transparência na apresentação de justificativas de ausências. “Eles têm direito a apresentar essas justificativas. A atividade partidária faz parte do Estado Democrático. Mas existe uma necessidade de maior fiscalização”, comenta o professor. “E por uma questão de bom senso, a maioria dessas reuniões poderia ser realizada em horário diferente das sessões e das outras atividades em plenário”, acrescenta.

As regras

O que os deputados distritais podem alegar para faltar às sessões:
» Motivos de saúde própria ou de familiar
» Participação em assembleias e atos públicos
» Entrevistas de rádio ou televisão
» Participação em solenidades oficiais
» Atendimento ao clamor público vinculado a questões emergenciais
» Atividade parlamentar de reunião, seminário, congresso, movimento social e de missão de caráter diplomático ou cultural
» Representação da Câmara Legislativa em eventos oficiais
» Participação em eventos fora do Distrito Federal, mediante prévia comunicação à Mesa Diretora
Fonte: Helena Mader - Correio Braziliense - 03/11/2013

Receita da corrupção - EDITORIAL FOLHA DE SP


FOLHA DE SP - 01/11

Novo escândalo milionário na cidade de São Paulo envolve ocupantes de cargos de confiança nas gestões de Kassab e Haddad


Até para os padrões brasileiros é impressionante a dimensão do novo escândalo revelado na administração municipal de São Paulo.

Os R$ 500 milhões que, segundo se estima, foram subtraídos dos cofres públicos a partir de 2007 superam, por exemplo, o montante necessário para congelar as tarifas de ônibus por um ano --para mencionar um tema caro ao prefeito Fernando Haddad (PT).

Não é sobre o petista, entretanto, que incide o maior potencial destrutivo desse escândalo. O esquema se estruturou na gestão de seu antecessor e atual aliado, Gilberto Kassab (PSD) --embora o próprio Haddad tenha dito que, por enquanto, não há indício de envolvimento das autoridades políticas.

Kassab, de resto, já sofrera enorme desgaste quando se revelou, nesta Folha, o suspeitíssimo enriquecimento de Hussain Aref Saab, responsável pelo setor de aprovação de imóveis da prefeitura. Entre 2005 e 2012, enquanto era encarregado de vistoriar a liberação de grandes empreendimentos, Aref adquiriu 106 imóveis, avaliados em cerca de R$ 50 milhões.

Surgem agora, conforme denominação interna da prefeitura, os "arefinhos" --se bem que o diminutivo seja enganoso neste caso, tal a importância dos recursos que se acredita terem desviado.

Calcula-se em R$ 80 milhões a quantia recebida pelos "arefinhos", logo convertida em carros de luxo, motocicletas e imóveis de alto padrão. O esquema, que segundo as investigações era liderado por Ronilson Bezerra Rodrigues, subsecretário da Receita municipal durante a gestão Kassab, era razoavelmente complexo.

Superestimava-se, num primeiro momento, o cálculo do ISS (Imposto Sobre Serviços) devido por determinada empresa. Para reduzi-lo, era necessário depositar uma quantia na conta de um dos participantes da quadrilha. Feito o depósito, liberavam-se os documentos atestando que o tributo havia sido pago, em valor muito mais modesto que o estipulado previamente.

Só então os imóveis eram liberados. Portanto, um misto de chantagem, corrupção e lesão aos cofres públicos teria se articulado.

Vê-se como estava enredado o setor imobiliário na cidade de São Paulo. Depois de passar pela catraca alojada na Secretaria de Finanças, o empreendedor ainda tinha de haver-se com o pedágio acomodado na Secretaria de Habitação.

Ao menos é auspicioso que o escândalo presente tenha sido objeto de investigação da própria prefeitura, por intermédio da Controladoria Geral do Município --órgão em boa hora criado por Haddad.

Falta explicar, contudo, por que o mesmo Haddad havia nomeado para diretor de finanças da SPTrans, empresa que gerencia o transporte municipal, ninguém menos do que o próprio Ronilson Bezerra Rodrigues, cujo patrimônio tantas suspeitas suscita. Decerto não foi só pelos 20 centavos.

A dívida dos Estados - PEDRO SIMON


ZERO HORA - 01/11

Antiga reivindicação dos Estados, a renegociação em bases mais adequadas da dívida dos entes federados com a União está próxima de ser viabilizada. O Senado vota, na primeira semana de novembro, o Projeto de Lei Complementar número 238. Aprovado na Câmara dos Deputados, o texto estabelece novos critérios de reajuste e juros mais palatáveis aos exauridos tesouros estaduais. O alívio imediato para o Rio Grande do Sul, em 2013, será da ordem de R$ 1 bilhão, conforme estimativas oficiais. No total dos entes federados, alcança a cifra de R$ 15 bilhões.
O projeto é uma iniciativa do governo federal, finalmente sensibilizado diante das agruras enfrentadas por governadores endividados e sem recursos para investimentos, obras e programas sociais. A pressão permanente dos representantes no Congresso funcionou, numa comprovação da necessidade de unidade e determinação na defesa dos interesses do Rio Grande.
A crise atual da dívida dos Estados vem sendo construída desde 1998, quando a União promoveu uma renegociação geral em bases mais razoáveis do que as existentes então. Com o tempo, a estabilização da economia e a redução dos juros, em contraste com a manutenção do alto serviço da dívida, se encarregaram de criar distorções. O Rio Grande do Sul é um exemplo claro dessa situação. A dívida inicial era de R$ 9,5 bilhões, o Estado pagou até o ano passado R$ 17 bilhões, quase o dobro, e continua devendo a fantástica soma de R$ 42 bilhões.
Os Estados terão mais recursos para investir sem deixar de honrar seus compromissos e manter o funcionalismo em dia. Os governadores ganham mais oxigênio para se movimentar. No caso gaúcho, temos ainda muito a reivindicar junto à União e, por isso, apresentamos proposta no Senado de criação de uma Comissão Especial de Encontro de Contas (Projeto de Lei 427/2013). A finalidade é avaliar a participação financeira do Estado na implantação do III Polo Petroquímico e Aços Finos Piratini, bem como as antecipações de recursos para a realização de obras de responsabilidade da União, incluindo investimentos em estradas federais e a compra de terras para a reforma agrária. É necessário mencionar, ainda, os créditos referentes à Lei Kandir, dispositivo que o governo federal não cumpre integralmente.
Questões dessa natureza, que dizem respeito à federação e às relações dos entes federados entre si, como a unificação do ICMS, o Fundo de Participação dos Estados e a dívida dos municípios, vêm sendo tratadas de forma isolada. A União está deixando passar a oportunidade de debater com a nação uma profunda reforma tributária e um novo Pacto Federativo. Um modelo fundado na cooperação entre as unidades federativas da República, com a previsão de maior autonomia para Estados e municípios. Essa é uma luta que ainda exigirá muito de todos nós.

PT fecha os olhos para mazelas de Sarney


Posted: 03 Nov 2013 06:47 AM PST
Redação

Informa a coluna de hoje de O Estado Maior de O Estado do Maranhão:

“A ministra Ideli Salvatti deve desembarcar em São Luís nos próximos dias para acompanhar os preparativos do PT maranhense para as eleições internas.

Emissária do Palácio do Planalto, a ministra Ideli Salvatti dirá aos petistas maranhenses que o melhor caminho é o da aliança com o PMDB”. (EMA, Reprodução, Blog do John Cutrim).

Pelo jeito, o PT vai fechar os olhos para as mazelas do Clã Sarney no estado do Maranhão. Que nem fez a ministra com o ex-presidente:


Ideli, Sarney, Beijo

CHARGE DO LUSCAR


O assédio cubano - ROBERTO LOPES


O GLOBO - 02/11

Oficiais lotados no Ministério da Defesa tentaram neutralizar a atuação dos civis petistas que facilitam a parceria com os cubanos na área das informações estratégicas


A inteligência militar brasileira está inquieta. Diplomatas de Cuba vêm assediando funcionários de missões diplomáticas brasileiras no exterior, em busca de informações sobre: (a) a expansão do esforço antidrogas do Brasil na América do Sul, em substituição ao papel antes desempenhado pelo governo americano — fato que ocorre, por exemplo, na Bolívia; (b) a real medida da resistência brasileira à importação de médicos cubanos; (c) os motivos que levam a maioria dos formadores de opinião do país a se entrincheirar contra o chavismo.

Tal aproximação representaria o início de um processo de infiltração da inteligência cubana no Brasil, já que, em Havana, o recrutamento de diplomatas para serviços de coleta de informações é rotineiro.

Recentemente, oficiais lotados no Ministério da Defesa tentaram neutralizar a atuação dos civis petistas que facilitam a parceria com os cubanos na área das informações estratégicas. Mas não conseguiram. Tais servidores parecem ser irremovíveis, e não porque tenham sido nomeados pela presidente Dilma Rousseff, mas porque fazem parte da cota pessoal do ex-presidente Lula na administração federal.

O pessoal do G2 — Seguridad del Estado — e da contraespionagem militar cubana teve facilidade em dominar o aparato de segurança interna e a contraespionagem venezuelanos, porque lá o chavismo exigiu a politização das Forças Armadas. Coronéis (e simples majores) castristas desfilam como se fossem divindades pelos quartéis venezuelanos. À passagem deles, diz-se, os militares locais juntam os calcanhares e adotam rígida posição de sentido.

O Brasil é, felizmente, um desafio imensamente maior para os cubanos que a Venezuela, ou a Bolívia do compañero Evo. Tanto o ex-presidente Lula quanto o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, já precisaram ouvir de patentes militares que o pior que poderia acontecer no país seria a politização das Forças Armadas brasileiras. E isso porque, no Palácio do Planalto, houve quem (do alto da barba, dos óculos e da gravata borboleta) sonhasse com oficiais-generais lulistas...

Nunca existiu um partido que apoiasse tanto a renovação dos meios de Defesa no país quanto o PT (e um que frustrasse tanto as expectativas dos militares quanto o PSDB), mas o preço que os petistas cobram por seu apoio é alto.

Essa conjunção de fatores fez surgir certa expectativa em relação à dupla Eduardo Campos/Marina Silva. Ele, neto de um político no passado perseguido pelos militares; ela, a guerreira da Amazônia, que representa um potencial de problemas a certas medidas consideradas urgentes pelos militares, como a modernização da BR-319 (Manaus-Porto Velho).

A questão é que, além dos seus históricos pessoais, a dupla Eduardo/Marina também oferece um compromisso com ética e ação governamental (desenvolvimentista) mais eficiente. E isso é, verdadeiramente, novo.

Talvez eles até consigam deixar o Itamaraty esticar o pescoço por cima da linha do Equador, para enxergar que existem chances de cooperação fora do eixo Sul-Sul. E, ao afrouxar a rigidez sobre o leme, permitam que a nau gire suavemente, adotando outra proa.

A beleza é uma convenção - CACÁ DIEGUES


O GLOBO - 02/11

‘Vesgo, beiçudo (...) além de ser gago e totalmente incapaz de expressar-se.’ O gênio tão amado não podia ser mais feio



O mais popular artista plástico inglês chama-se apenas Banksy, um grafiteiro. Nos últimos dias, os jornais de lá não pararam de falar sobre sua primeira passagem por Nova York, rendendo até editorial do “New York Times”, o principal jornal do país. No Brasil, que eu saiba, só Elio Gaspari escreveu sobre ele.

Banksy não é um grafiteiro como Basquiat ou Blek le Rat, em busca de novas formas visuais que os museus ainda recusam como arte. Ele nem tem o talento transgressor desses dois e de outros como os paulistas Osgemeos. Muito menos o visionarismo de Andy Warhol, que inventou uma cultura com suas Marylins, sopas e bananas.

O artista inglês grafita com spray, sem muitas cores, utilizando técnica de gravura oriental. Seus temas dependem de onde grafita. Exemplo típico é o grafite de um homem triste, mão no bolso, a outra com um buquê cujas flores despencam, a esperar em vão, encostado à real porta fechada de uma casa noturna de Manhattan. Sua última façanha foi comprar um quadro convencional de paisagem e pintar sobre ele um oficial nazista a contemplá-la, denominando a obra “A banalidade da banalidade do mal”. Rendeu uma fortuna num leilão beneficente.

Num domingo de outubro, Banksy expôs seus quadros numa banca do Central Park, em Nova York, sem anunciar quem era e do que se tratava. Em qualquer galeria, cada quadro daqueles valeria uns 50 mil dólares, mas ele vendia por apenas 60 dólares a peça. Só três passantes compraram os quadros expostos, sem se dar conta do real valor do que estavam comprando.

Não acho que isso seja prova de ignorância dos novaiorquinos, nem da desimportância da obra de Banksy. Quando Manet, pai do impressionismo, exibiu seu famoso “Olimpia” no Salão de Artes de Paris, só faltou ser apedrejado pela imprensa, pelos estudantes de belas artes e pelas senhoras de família que cobriram com lençóis o nu de seu personagem. O mesmo aconteceu com Pablo Picasso, mestre do cubismo e das vanguardas do século 20. Em 1937, sua “Mulher que chora” chegou a ser chamada de “a coisa mais horrorosa já pintada no mundo”.

A beleza não é um padrão uniforme estabelecido na eternidade. Mesmo na tradição grega, que nós adotamos na cultura ocidental, não era sempre assim. Segundo Umberto Eco, “temos uma imagem estereotipada do mundo grego, nascida das idealizações criadas no período neoclássico (...) o neoclassicismo idealizou os antigos, esquecendo que eles nos legaram também imagens de seres que eram a própria encarnação da desproporção, a negação de qualquer cânone”.

Esopo, por exemplo, o grande fabulista moral da antiguidade, cujo prestígio atravessou os séculos, sempre foi pintado, de artistas anônimos a Velázquez, como está descrito em texto do primeiro século: “Repelente, nojento, barrigudo, com a cabeça pontiaguda, atarracado, corcunda, braços curtos, vesgo, beiçudo (...) além de ser gago e totalmente incapaz de expressar-se.” O gênio tão amado não podia ser mais feio.

O herói é sempre aquele que ama. Ou só é belo quando ama. Quando, em 1933, no filme de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack, King Kong se apaixona por Fay Wray até se deixar fuzilar no alto do Empire State, os monstros ficaram livres para amar. A beleza é uma convenção, muitas vezes ditada pelas necessidades do tempo e do lugar. Para os moradores do planeta Júpiter, o gás escuro e pesado que envolve sua atmosfera deve ser, de tão belo e indispensável à sua vida, uma prova de que Deus existe.

Há pouco, na novela das 9, o enfermeiro Daniel se encantou pela enfermeira Perséfone, moça adorável, porém, mais gorda do que o suportável pelos amigos do noivo. Como a beleza é uma convenção, nada impede que amanhã as mulheres gordas como Perséfone voltem a parecer belas, como queriam o barroco clássico, o teatro do século 19 e o Botero contemporâneo. A beleza é o resultado de um acordo social ou de uma intensa propaganda de quem se interessar por ela. O poder e o dinheiro ajudam a promover o gosto que ainda não é o nosso.

Portanto, minha senhora, se o espelho indelicado acusá-la de gordinha, denunciando-lhe umas gordurazinhas a mais, empenhe-se em dieta e ginástica, ou espere paciente pela próxima onda da moda. Quem sabe, descobriremos então que o enfermeiro Daniel era um homem à frente de seu tempo, um homem de vanguarda.

Fico assombrado com a euforia com que se anuncia e se comenta a derrocada de Eike Batista. Claro, se seus negócios não deram certo, ele tem mesmo que pedir a tal recuperação judicial e ressarcir a quem deve, sobretudo aos cofres públicos. Não sou muito fã do capitalismo brasileiro, acho que podíamos construir uma democracia mais socialmente justa no Brasil. Mas, se o regime do país é o capitalismo, um capitalista de respeito tem mais é que tentar ganhar dinheiro.

Porém, Eike não ficou só no sonho infantil de ser o mais rico do mundo. Com sua fortuna, colaborou com a sociedade criando o generoso complexo de Porto do Açu, despoluindo a Lagoa Rodrigo de Freitas, financiando as UPPs, patrocinando desportistas, dando recursos para filmes como “5XFavela, agora por nós mesmos” (concebido, escrito e realizado por jovens cineastas moradores de favelas cariocas, que não foi beneficiado por nenhum edital de empresa estatal e não seria feito se não fosse o empresário). Quantos milionários brasileiros se comportam assim

Homofobia, até quando? - MOISÉS GUIMARÃES


O GLOBO - 03/11

À época, os jovens que os atacaram justificaram sua ação dizendo tê-los confundido com um casal gay. A barbárie está para toda a gente



Recentemente aconteceu uma morte que chocou a cidade de Palmas, Tocantins. Um professor de português de 56 anos foi morto a pedradas na saída da escola onde trabalhava. A barbárie de sua morte teve motivação: o professor assumiu ser gay. Infelizmente, o crime ainda não foi esclarecido. Neste contexto, a demora na apresentação dos culpados acena para um problema ainda maior: o fracasso do poder público em garantir o pleno exercício dos direitos humanos no Brasil. A história da morte desse professor que era pai de três filhas nos faz pensar se o brasileiro está sabendo lidar com as questões ligadas à livre manifestação de afetos, também estas, um direito humano. Não é de hoje que o MEC vem tentando apresentar material didático que possa contemplar as carências de abordagem sobre o tema. Os parâmetros curriculares mencionam a necessidade de trabalhar a diversidade sexual nas unidades escolares como tema transversal, mas falta ainda capacitação adequada ao corpo docente.

Alguém ainda se lembra do pai que teve a orelha decepada num rodeio em São Paulo só porque estava abraçado ao seu filho? À época, os jovens que os atacaram justificaram sua ação dizendo tê-los confundido com um casal gay. A barbárie está para toda a gente e por todos os lados! Quem será a próxima vítima?

Vivemos em tempos nos quais a capacidade humana de racionalizar e reagir se mostra condicionada a uma matriz que nos estagna e corrompe. Num contexto onde a revolução digital proporciona ao homem avanços significativos, assistirmos ainda e de forma recorrente casos de homofobia e, muitos deles, sem que a vítima possa se defender; é um retrocesso.

O que falta para que o poder legislativo compreenda a emergência de atuar no combate às mortes por crime de ódio? Os jovens ou adultos que cometeram esse ato de crueldade com o professor tocantinense continuarão no anonimato e serão incentivados por nossa indiferença. Já é hora de o Brasil acordar!

Vergonhoso para um país como o nosso ter em sua gente alguém que julga ser legítimo decidir e executar a morte daqueles que se declaram gays. Já não basta a chacota diária que sofrem todos os efeminados? Faz décadas que Chico Buarque compôs “Geni e o Zepelim” e a pedra lançada contra Geni, destituída de sua força poética, ainda sustenta os que valem pela homofobia e por tantas outras ações preconceituosas. Enquanto negarmos direitos às mulheres, aos negros, aos portadores de necessidades especiais, reconhecer a diversidade sexual como uma questão legítima e humana será uma premissa sempre relegada a segundo plano. Enrijecemos muito nosso olhar e nossa sensibilidade com essa pseudotolerância. O comandante do Zepelim que o diga!

Espero ainda viver num país em que nossas escolas possam ter professores capazes de se assumirem sexualmente sem correrem o risco de serem apedrejados. Que nossas autoridades possam assegurar os direitos de todos, garantindo sua cidadania e dignidade.

O dízimo do reino de Eike - ELIANE CANTANHÊDE


FOLHA DE SP - 03/11

BRASÍLIA - Eike Batista tinha o império X, bem de acordo com a paixão da família pelo Japão. Mas as empresas ruíram e o que sobra é uma grande história a ser contada, com cenários de contos de fadas, bastidores sórdidos, personagens controvertidos.

De um lado, o mítico Eike, que teve tudo na vida, foi casado com o símbolo de desejo do país e sonhou ser o homem mais rico do mundo. Chegou bem perto, na 8ª posição.

De outro, os médicos, engenheiros e assalariados em geral que jogaram nas chamas da assembleia do reino de Eike seus recursos, sua inocência e a falta de informações confiáveis. Foram dormir acreditando na solidez e nas perspectivas apetitosas das companhias de Eike. Acordaram num pesadelo sem fim.

Essas histórias pavorosas se repetem, com empresas que estavam no céu e vieram abaixo a caminho do inferno, levando de roldão as economias de seus clientes como se fossem dízimos de fiéis incautos.

Há a lembrança fresca da Encol, que, dias depois de reluzir na capa da "Gazeta Mercantil" como estrela entre as empreiteiras, deixou na mão 11 mil funcionários e 42 mil crentes (como eu) que compraram imóveis e nunca receberam nem o imóvel nem o dinheiro de volta.

E quem se esqueceu de Edemar Cid Ferreira, do Banco Santos, e Ângelo Calmon de Sá, do Econômico? Eles tinham riqueza, ostentavam riqueza, exalavam riqueza. O mundo deles desabou na cabeça dos que foram levados a acreditar num reino de Deus aqui na terra brasilis. No céu, o lucro era principalmente deles. No inferno, a desgraça maior é dos correntistas e investidores.

Eike Batista deve tantas explicações quanto Edemar, Ângelo e Pedro Paulo de Souza, da Encol, entre tantos "pastores" que estão por aí. Quem, como, onde e por quê? De onde veio e para onde foi o dinheiro?

Entre meias verdades, as vítimas vão para o inferno e os réus ficam eternamente no limbo da boa vida.

Padilha diz que recorreria a um médico reprovado no Revalida. Ele sabe que isso jamais acontecerá e que tem o Sírio-Libanês à disposição, como Lula e Dilma


Se o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, tiver um problema relativamente sério de saúde, aonde ele vai? Muito provavelmente, ao Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, que está entre os melhores do Brasil e do mundo. Foi lá que Lula e Dilma trataram do câncer que os acometeu. É para lá que correm os poderosos de Brasília. E notem: nem estou aqui a dizer que deveriam ter recorrido ao SUS. Essa é uma das coisas que me atribuem e que nunca escrevi. O que afirmei, sim, é que a cobrança que muitos fizeram para que apelassem ao sistema público de saúde não tinha nada de “antidemocrático” ou “demagógico”, como afirmaram alguns colunistas alinhados com o poder
Ou Lula não é aquele que chegou a declarar que o SUS estava “próximo da perfeição”? Ao inaugurar uma unidade pública de saúde, afirmou certa feita que até sentia vontade de ficar doente só para ser tratado lá… O pudor não é o forte dos nossos valentes. Pois bem… Nesta sexta, Padilha, fiel à sua estirpe política, disse que não teria nenhum problema em recorrer aos serviços de um médico estrangeiro reprovado no exame “Revalida”. Sabem onde ele estava quando disse isso? No… Sírio-Libanês!
Explica-se. Reportagem da Folha apurou que 48 de um total de 681 médicos selecionados para o programa “Mais Médicos” tinham sido reprovados no Revalida. Nesse grupo, apenas um profissional havia passado na primeira fase da prova. Atenção! Sem o Revalida, médicos que obtiveram o diploma em outros países SÓ PODEM TRABALHAR no programa do governo.
Padilha ainda tentou explicar: o Revalida é para profissionais que vão se dedicar a trabalhos mais complexos, não para os vão fazer o atendimento básico. Ah, bom!!! Agora entendi. Quer dizer que  há médicos de primeiro nível — os capazes de procedimentos complexos — e os de segundo nível. Certo! São, para empregar a linguagem da presidente Dilma, os “apalpadores” — no caso, apalpadores de pobres.
A fala de Padilha é expressão do populismo mais rasteiro. Todo mundo sabe que ele jamais será refém de médicos de segunda linha, incapazes de praticar determinados procedimentos. Ao contrário: se ficar doente, será tratado por profissionais de ponta e com os equipamentos mais avançados que a medicina pode oferecer.
A fala escarnece dos pobres!
Mais cubanos
Informa a Folha (em vermelho):
O governo aumentou de 1.600 para 3.000 o número de médicos cubanos na segunda etapa do Mais Médicos. Eles chegam ao país na segunda e ficarão hospedados inicialmente em cinco cidades: São Paulo, Brasília, Fortaleza, Vitória e Belo Horizonte. Já estavam no Brasil 2.400 cubanos. Inicialmente, a meta era trazer de Cuba 4.000 profissionais. O número sobe agora para 5.400 para preencher as vagas que ficaram abertas por causa do desinteresse de médicos brasileiros e de outros países. O aumento no número de cubanos não altera a meta geral do programa federal, de 13.000, prevista para ser atingida em abril.
A eleição está chegando. Não se espantem se Padilha for “surpreendido” pelos marqueteiros do PT na fila do SUS… Encerro o post com um vídeo que traz o pronunciamento de Lula no IX Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, em novembro de 2009. Quatro anos depois, o PT entregará a saúde dos pobres a médicos reprovados num exame de proficiência.
Por Reinaldo Azevedo

NA VEJA DESTA SEMANA – Lei de Acesso à Informação vem sendo utilizada para encobrir segredos do poder


Por Rodrigo Rangel e Robson Bonin:
A transparência, a publicidade e o acesso às informações oficiais são direitos elementares de qualquer cidadão numa sociedade subordinada aos princípios democráticos. No Brasil, a norma está escrita na Constituição e regulamentada por uma lei específica que não deixa margem a dúvida: o interesse público deve sempre servir como referência número 1 na hora de decidir o que pode ou não ser divulgado pelos governos. A prática, porém, tem revelado um paradoxo. A Lei de Acesso à Informação, que está completando dois anos de existência, é celebrada como um avançado instrumento para garantir a transparência das ações de governo, mas, ao mesmo tempo, vem sendo sistematicamente usada em sentido inverso — para dificultar o acesso, evitar a publicidade e continuar mantendo em segredo assuntos que podem constranger determinadas autoridades, quase sempre envolvidas com o mau uso do dinheiro dos contribuintes.
A Força Aérea Brasileira gasta milhões de reais por ano para operar uma frota de jatos à disposição das autoridades. Os aviões deveriam ser usados exclusivamente em deslocamentos de serviço. Vez por outra, descobre-se que um político menos diligente requisitou uma aeronave para ir a um jogo de futebol, ao casamento de um amigo ou para levar a família a uma praia paradisíaca. Existe uma lenda segundo a qual um ex-presidente da República, que se comporta como se ainda fosse o presidente da República, até hoje solicita o helicóptero oficial para pequenas viagens. Quem faz isso? Com que frequência? Quanto se gasta? Se depender do governo, o contribuinte jamais saberá. Como não saberá como altos funcionários torram milhões de reais por ano nos cartões corporativos, as condições em que foram concedidos os milionários financiamentos do BNDES a países como Venezuela e Angola e os detalhes do acordo que permitiu a chegada dos médicos cubanos. Em todos os casos, há dinheiro público envolvido. Em todos os casos, há suspeita de irregularidades. São, porém, apenas alguns exemplos de assuntos que continuarão escondidos do público porque o governo se recusa a liberar as informações.

MINISTRO PÕE CULPA NOS "ENGENHEIROS RUINS" PELO ATRASO NAS OBRAS DE AEROPORTOS DA COPA DO MUNDO

sábado, 2 de novembro de 2013


A culpa pelo atraso de obras em seis dos 12 aeroportos brasileiros em capitais que receberão a Copa do Mundo no ano que vem é dos engenheiros brasileiros, que são ruins e elaboram projetos mal feitos. Na hora da execução, todo o planejamento e cálculos tem de ser refeitos e a obra atrasa, além de ficar de mais cara. Essa é a explicação do ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, Wellington Moreira Franco, para o problema. "Os atrasos não acontecem por falta de dinheiro ou de vontade, é por responsabilidade", disse. "Os projetos que pegamos para executar são muito ruins, e temos que refazer todos eles", afirmou Moreira Franco a dezenas de jornalistas editores de jornais regionais durante o evento "Encontro Nacional de Editores da Coluna Esplanada", promovido pelo jornalista Leandro Mazzini na quinta-feira. "Temos uma geração inteira de engenheiros nos anos 1970 e 1980 que saíram da faculdade direto para o mercado financeiro, então há uma carência de profissionais experientes e qualificados nessa área. Os jovens não saem bem formados da faculdade e os projetos são muito ruins", disse. "As empresas tem uma dificuldade muito grande em suprir isso e fazem verdadeiros milagres", continuou, sobre as obras tocadas pela Infraero, sob responsabilidade do governo: "Os engenheiros são ruins". O governo planejou, em 2011, uma série de melhorias para os aeroportos das 12 cidades-sede. Em seis deles, porém, nem metade das obras de ampliação de terminais foi feita. A Infraero garante que todas as reformas estarão concluídas até junho do ano que vem, quando cerca de 600 mil turistas estrangeiros devem desembarcar no País, segundo a Embratur. O Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia) evitou polemizar e, questionado sobre as declarações do ministro, não respondeu. Disse apenas que o Brasil atravessou um grande período de estagnação em seu desenvolvimento industrial durante 30 anos em que a formação em Engenharia não era atraente. Com a retomada do crescimento econômico, nos últimos dez anos, a engenharia voltou a ser valorizada e o mercado profissional aquecido.

Neil Ferreira: O nosso Gandhi


"O coronel Rossi tinha sob o seu comando a tropa armada, pronta para salvar-lhe a pele, que corria risco de morte: 'Segura a tropa, não deixa a tropa perder a cabeça'" (Foto: Eli Simioni / CPN / Sigmapress)
“O coronel Rossi tinha sob o seu comando a tropa armada, pronta para salvar-lhe a pele, que corria risco de morte: ‘Segura a tropa, não deixa a tropa perder a cabeça’” (Foto: Eli Simioni / CPN / Sigmapress)
Por Neil apoio o pacifismo numas Ferreira, publicado no Diário do Comércio da Associação Comercial de São Paulo
O NOSSO GANDHI
Neil Ferreira
Neil Ferreira
“Segura a tropa, não deixa a tropa perder a cabeça”, disse o coronel Reynaldo Simões Rossi depois de ser quase linchado a pontapés, murros e pancadas na cabeça e no corpo inteiro com uma chapa de metal, defendendo-se à mão limpa sem puxar sua arma, sozinho e com o ombro fraturado, no meio de um bando de covardes bandidos mascarados, que “protestavam contra o capitalismo”.
O capitalismo não dá a menor bola pra eles; o capitalismo já me falou que eles podem quebrar os vidros de quantos bancos quiserem, que os bancos não vão quebrar nunca; o lucro do Itaú foi maior do que o da Petrobras, à beira da falência.
O quebra-quebra de bancos e caixas eletrônicas e o fogo ateado em viaturas policiais e ônibus eram provas indiscutíveis da “coragem” deles, com um dos criminosos filmando as cenas de barbárie, registrando-as para o youtube e para a posteridade.
O coronel Rossi tinha sob o seu comando a tropa armada, pronta para salvar-lhe a pele, que corria risco de morte.
Ele optou pela ação revolucionária do pacifismo, a mesma que Gandhi usou para expulsar o Império Britânico e seu poder de fogo da Índia indefesa, sem que se ouvisse o disparo de um único tiro, a não ser o que uns dois ou três anos depois o assassinou, disparado por um compatriota radical, quando jejuava e orava para que se encontrasse uma solução pacífica para as encrencas com o Paquistão, até hoje não totalmente acertadas.
Fosse eu o coronel Rossi, teria sacado o treisoitão e feito uma faxina em regra; teria nada, isso é papo do valentão que não sou, pra desabafar. Apoio a não-violência e o pacifismo numas, nem que tenha que sair no tapa com os que não aceitam a causa.
Não me visto de branco como Gandhi e nem mesmo conheço o que o levou a levar uma vida de revolucionário que pregava a não-violência e a não-agressão, no mundo armado até os dentes em que fez sua formação acadêmica: graduou-se em Londres, então um dos grandes centros de vendas de armas de guerra, como é até hoje.
Pra mim o coronel Rossi poderia se vestir de branco como os oficiais da Marinha, para exercer o comando da sua tropa e ensiná-la que o pacifista é quem é a revolução, o pacifista é quem tem a Força.
Ele poderia ensinar à menina bonitinha de cabelo curtinho, não peguei o nome dela mas o sobrenome é Comparato, que pregar a violência e o vandalismo é um tremendo absurdo, que é o que ela faz na propaganda em que as globetes convidam para a passeata do dia 31.
Vi a propaganda na internet, acho que só passou lá porque tinha uns cinco minutos, longo demais pra caber na grade da Globo.
Pode parecer que os meus dois neurônios estão em guerra, um criticando a menina bonitinha por sua posição, que deve ser livre por mais idiota que seja, como exijo que a minha seja por mais idiota que sempre é; e o outro falando besteiras como morrer em pé de botina e dando tiro e puxar o treisoitão etc etc etc.
Isso foi como parece o que foi: valentia besta da minha parte que se você for conferir não vai achar nada.
Aí vem você e me diz “Ah tá, aparece um Truman que te manda uma bomba A, ou mesmo duas, pelas fuças e o teu pacifismo vira pó”. Vira e eu, torcida do Flamengo, o resto da vizinhança e do mundo viramos também. Então… Évem mais pacifista évem outro évem outro e mais outro e mais outro.
Você me corta um verso eu escrevo outro, quando você menos espera olha aí eu de novo, eu e meu cachorro; nóis é motoboy, nóis prolifera.
Us Brequi Brócolis estão à baixura daquela coisa que foi à Câmara dos Deputados Federais, um dos Três Poderes da República, declarar que “Se me encherem o saco vou concorrer em 2018…” etc etc etc. E aproveitou pra meter o pau na mídia, fingindo não saber que a maior parte disso que ele chama de “mídia” é chapa branca.
Em certos pontos sou obrigado a te pedir licença pra dizer que essa mesma “mídia” me deixa de “saco cheio”. É quando passa mão nas cabecinhas inocentes dos quase homicidas, que promovem quebra-quebra e incendeiam viaturas policiais e ônibus.
Repetition is reputation — a força da repetição da propaganda oficial levou o “país dos mais de 80%” a acreditar que véve no mió dus mundo.
Jornais, rádios, tevês, chamam os quase assassinos de “os meninos”, “os garotos”; a PM prende hoje 90 em flagrante de destruição e a Justiça solta 89 amanhã.
Um coronel Rossi faz verão? Por mais que eu duvide, sou forçado a lembrar que um Gandhi fez; expulsou o Império Britânico sem dar nem levar um tiro. Mas pagou com a vida a ousadia de querer pacificar o seu próprio país.
Os imperialistas do Império Britânico eram civilizados e sabiam guerrear a guerra cavalheiresca de luvas brancas, a última delas a da Criméia, quando apanhou uma sova histórica.
Se o coronel Rossi desejar que a tropa não perca a cabeça, precisa arranjar um jeito de mandar São Paulo pra UTI, que é o último refúgio que resta para sua salvação. (Agora eu sei o que é uma UTI).
Escute o barulho lá embaixo, não saia na janela que sobra pra você, há quebra-quebra agora mesmo na porta vizinha à do teu prédio, liga a tv e veja ao vivo, olha lá, tem ônibus pegando fogo, us Bréquis Brócolis vem aí.