sábado, 31 de março de 2012

Destaque da revista Veja da semana: O cruel teorema da Saúde




Revista Veja da semana - Edição nº 2263

...

Fonte: Revista Veja - Edição nº 2263 - 31/03/2012

Sinal amarelo para as universidades particulares



Fechamento de faculdade, denúncias de fraude em exame do MEC em 30 instituições privadas e ondas de demissão de professores colocam o governo diante do desafio de regular um setor no qual estudam 78% dos alunos do ensino superior

Rachel Costa
chamada.jpg
Em menos de três meses, a repercussão de problemas em cinco grandes grupos educacionais particulares acendeu o sinal de alerta para o ensino superior privado brasileiro. Só nos últimos dez dias, o Ministério da Educação (MEC) descredenciou a Universidade São Marcos, em São Paulo, e divulgou auditoria para investigar possíveis fraudes no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) da Unip e de outras 30 instituições. Na mesma semana, o Serviço de Proteção ao Consumidor (Procon) de Campinas notificou a União das Instituições Educacionais do Estado de São Paulo (Uniesp) por suspeita de propaganda enganosa relativa ao Programa de Financiamento Estudantil (Fies). A mesma instituição já foi proibida pelo MEC de usar a sigla Uniesp – por sugerir que se trata de uma universidade – e responde a diversos processos. Some-se a isso a demissão de cerca de dois mil professores pelos grupos educacionais Galileo e Anhanguera, seguida por queixas relativas ao aumento do número de alunos por sala de aula, a redução da carga horária presencial e a perda de qualidade nos cursos. Este cenário conturbado leva a uma pergunta obrigatória: estaria o aluno que ingressa nas faculdades particulares muitas vezes levando gato por lebre?

Por todo o País, as instituições privadas multiplicam-se rapidamente. De acordo com o último Censo da Educação Superior, elas já somam mais de 2.099 instituições – em 2000, esse número era menos da metade. Nelas estão 78% das matrículas no ensino superior e um poder de movimentação financeira de mais de R$ 28 bilhões anuais, de acordo com o último relatório do grupo Hoper, consultoria especializada em educação. O tamanho desses números impõe ao Ministério da Educação o desafio de não deixar que a educação se torne mero negócio. “Não há dúvida de que vamos precisar de mais gente e de pessoal especializado para dar conta dessa demanda”, diz Luís Fernando Massonetto, responsável pela recém-criada Secretaria de Regulação do Ensino Superior do MEC. O órgão, em funcionamento há menos de um ano, é uma resposta do Ministério aos mandos e desmandos perpetrados por instituições privadas. “Esperamos que com a secretaria se tornem mais claras as regras que devem ser seguidas pelas instituições particulares”, diz Adércia Hostin, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino.
img1.jpg
FIM 
A Universidade São Marcos, em São Paulo, foi fechada pelo MEC.
Douglas Claudino irá para outra instituição e terá de fazer mais um ano de curso
Diante da dificuldade de controlar o setor, o que se vê são muitos alunos à deriva, sem saber o que fazer diante de arbitrariedades. Caso de Luiz Augusto de Sá, 24 anos, que foi obrigado a mudar sua formação superior de filosofia para psicologia. Aluno da Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, ele descobriu, no início do ano, que seu curso havia sido extinto. “A reitoria achou inviável mantê-lo e o encerrou. Fomos informados da decisão só em janeiro”, conta. O fechamento súbito soma-se a duas ações coletivas na Justiça contra a instituição, recém-adquirida pelo grupo Galileo: uma por causa do aumento abusivo de mensalidades (que, no cálculo dos alunos, variou entre 18% e 40%) e outra para reverter a demissão em massa dos professores. “Com base nas homologações que recebemos, já são mais de 400 demitidos”, diz Wanderley Quêdo, presidente do Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro. “Não tem como manter qualidade do ensino sem corpo docente.” O acúmulo de problemas tem incomodado os alunos. “Desde o início do ano, fizemos duas assembleias, com cerca de 500 estudantes em cada uma”, diz Igor Mayworm, aluno de história na Gama Filho e presidente da União Estudantil do Estado do Rio de Janeiro. “Em uma delas conseguimos levar o reitor, que prometeu sanar a falta de professores, mas isso ainda não aconteceu.” Procurado por ISTOÉ, o grupo Galileo não quis se manifestar.

Situação semelhante, porém ainda mais grave, acontece na Universidade São Marcos. Descredenciada pelo MEC por descumprir ordem de não realizar vestibular e sem pagar os professores, a instituição deixou ao léu seus mais de dois mil estudantes. Douglas Claudino, 30 anos, aluno do último período de administração da São Marcos, descobriu que a transferência obrigatória para outra universidade irá lhe valer ao menos mais um ano de curso. “Ia me formar agora, no meio de 2012”, diz. Embora muitos estudantes não tivessem a informação, a situação crítica da São Marcos não é nova. “Desde 2007 estamos alertando o MEC sobre problemas nessa instituição”, diz Celso Napolitano, presidente da Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp). “Ela já deveria ter sido fechada há muito tempo.” Napolitano critica o Ministério pela morosidade na avaliação das denúncias e na tomada de medidas.
img.jpg
CRISE
Igor Mayworm, aluno da Universidade Gama Filho: 
promessa ainda não cumprida de sanar falta de professores
Quem estuda o ensino superior brasileiro, porém, garante que os casos assistidos nos últimos meses são apenas a ponta do iceberg. Por detrás desses escândalos está a incompatibilidade entre a regulação existente e as mudanças que têm ocorrido no setor, cada vez mais dominado por grandes grupos empresariais. “A Lei de Diretrizes e Bases da Educação e outras portarias e decretos nos anos 1990 promoveram uma flexibilização muito grande do marco regulatório”, diz Aparecida Tiradentes, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio. A especialista critica a falta de limites aos grupos empresariais que optam por maximizar seus lucros sem se preocupar com a qualidade do ensino. Para o professor Otaviano Helene, ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o risco que se corre é o de deixar a educação sujeita apenas à lógica de mercado. “O que temos hoje são cursos de baixo retorno social, concentrados em poucas áreas de conhecimento, com carga horária pequena e distribuição geográfica equivocada”, resume.
img2.jpg

PT X PT: é ‘malfeito’, diz petista sobre a Pe$ca




Ex-ministro da Pesca, o deputado petê Luiz Sérgio (RJ) resolveu chamar pelo nome próprio –“malfeito”— a pescaria feita pelo PT de Santa Catarina (R$ 150 mil) na caixa registradora do fabricante das lanchas inúteis compradas pela pasta (R$ 31 milhões).
“Em relação à iniciativa do ministério de buscar contribuições, minha posição é contrária a isso”, disse Luiz Sérgio. “Não é função de ministério arrecadar dinheiro para candidaturas ou para partidos.” Das arcas do PT catarinense, as verbas foram à campanha de Ideli Salvatti ao governo do Estados, em 2010.
É corrupção?, indagou-se ao ex-ministro. E Luiz Sérgio, adotando vocáculo mais ao gosto de Dilma Rousseff: “Eu diria, como a nossa presidente tem feito, que é um malfeito.”
Líder do PT na Câmara, o deputado Jilmar Tatto (SP) discordou do companheiro: “Não há porque caracterizar como um malfeito, o ministério não pediu contribuição [para a campanha], foi o PT.” Hã? “Além disso, a doação é voluntária.” Hã, hã…
No poder federal desde 2003, o PT revela-se uma legenda inovadora. Depois do mensalão, criou a “contribuição” pré-datada. Antes, beliscava-se a empresa para depois oferecer-lhe os contratos. Agora, fecha-se o negócio antes e belisca-se o provedor depois. Inaugurou-se o voluntarismo de resultados.

Como inovar quando o cliente não sabe o que quer



Postado por Sandro Magaldi - 30/03/2012
“Se eu tivesse perguntado aos clientes o que eles queriam, teria inventado um cavalo mais rápido.”

Essa frase é atribuída ao personagem responsável por uma das inovações que mais influenciaram o capitalismo: Henry Ford. Inventor profícuo, Ford foi responsável pela popularização da Indústria Automobilística e seu sistema de produção influenciou praticamente todos os setores organizacionais.
 
Figura polêmica, Henry Ford traz à tona um dos principais dilemas da inovação: como criar inovações se os clientes, muitas vezes, não sabem o que querem? Uma visão reducionista tende a sintetizar essa resposta em uma frase: não ouça o cliente, baseie-se na sua intuição. Mas será que esse é o caminho? Todos os casos de inovação bem sucedidos, do iPod ao post-it, só foram um êxito porque atenderam a uma demanda silenciosa de seus consumidores.

Na realidade, o caminho está muito mais orientado na busca por novas formas de auscultar nosso consumidor do que pela decisão de não ouvi-lo. Muitas empresas têm trilhado esse caminho como, por exemplo, a Unilever, que popularizou uma forma de pesquisa dos hábitos do consumidor baseada na etnografia (método proveniente da antropologia), que tem como principal orientação a busca pela “visão de dentro” de determinada comunidade.

Com esse foco, a Unilever tem se dedicado a internalizar seus executivos nas comunidades e lares de seus principais consumidores. O saudoso autor C.K.Prahalad estudou um dos casos originários dessa prática, que aconteceu na Índia e traz boas referências sobre o processo de inovação orientado ao consumidor.

inovação,b2b,negócios,sandro magaldiRefiro-me ao reposicionamento do sabonete Lifebuoy no país. O principal desafio consistia em chegar a mercados inexplorados compostos por consumidores de baixíssima renda e alto potencial de consumo. Convivendo nessas comunidades foi identificado que uma das doenças que causa mais impacto é a diarreia (30% dos casos de morte pela doença no mundo acontecem no país). A letalidade da doença pode ser eliminada com um simples gesto: lavar as mãos.

A Unilever desenvolveu, então, um produto com um poder bactericida maior e aliou-se a ONGs da região para investir em campanhas sobre a conscientização de se lavar as mãos.
Faltava ainda o mais importante: como fazer com que os produtos chegassem às mãos dos consumidores (literalmente). É aí que entra outro processo inovador. Nessas comunidades existem mulheres que exercem o papel de líderes comunitárias. Tendo essa visão, a companhia desenvolveu um modelo de venda porta a porta tendo como principal agente essas mulheres. Com isso, a organização conseguiu entregar dois valores importantes para estas pessoas: por um lado, o produto tem como foco erradicar uma doença que causa um impacto profundo nas comunidades; por outro, gerou uma nova fonte de renda a essas cidadãs.

Atualmente, estima-se que cerca de 15% das vendas rurais da região sejam geradas por esse canal (e o melhor de tudo: dinheiro novo aliado à responsabilidade social). Notem que se trata de um caso inovador que não envolve nenhuma grande invenção e cujo preceito básico é o entendimento com profundidade das demandas do seu consumidor.

Não basta ouvirmos nosso consumidor. É fundamental entrarmos no universo de nossos clientes e enxergarmos o mundo com seus olhos. Não se trata de tarefa fácil, porém é fundamental a busca por caminhos que tenham esse foco.

Carreira - Planejamento | Você tem um plano c ?



Não se trata do seu plano B, aquela atividade que garante uma renda extra ou vai substituir o trabalho que você não aguenta mais. Falamos de fazer algo que dá prazer e traz realização

Murilo Ohl; Andrea Giardino (redacao.vocesa@abril.com.br)  

Desde cedo, o ítalo-suíço Maurizio Mancioli, de 40 anos, soube que tinha duas grandes vocações: as artes plásticas e a fotografia. No entanto, optou na juventude por trilhar uma carreira mais tradicional e que garantisse uma renda mais estável. Graduou-se em administração de empresas pela Business School de Lausanne, na Suíça, onde conheceu Heitor Penteado, seu futuro sócio na Business School São Paulo (BSP), negócio que o levou a se mudar para o Brasil.
Em paralelo à carreira de gestor, maurizio transformou a arte em atividade permanente. Em 2001, começou a fazer exposições individuais em galerias e museus no Brasil e no exterior. Atualmente trabalhando como consultor da BSP Career, unidade de transição de carreira da escola de negócios paulista, maurizio acredita que manter duas atividades distintas é uma coisa importante para a sua vida. “O lado executivo me faz crescer profissionalmente e oferece estabilidade, e a arte estimula o processo criativo e o autoconhecimento”, afirma, ressaltando que com a arte aprendeu a ter um novo olhar sobre as coisas, além de desenvolver senso crítico e intuitivo.
Hoje, Maurizio já consegue obter como artista um retorno financeiro maior do que como consultor. Embora seja crescente o número de profissionais que se dedicam a atividades paralelas à carreira principal, ainda existe uma certa resistência, principalmente entre os executivos. O professor antônio Carvalho Neto, coordenador do programa de pós-graduação em administração da PUC minas Gerais, vem estudando o assunto há seis anos e explica que poucos são aqueles que encontram algum tipo de prazer em coisas que não estejam relacionadas ao ambiente de trabalho.
“Pesquisamos mais de 1 400 executivos ao longo desse tempo e constatamos que apenas 10% têm outras atividades, sendo que todos fazem por obrigação”, Afirma. essa realidade começa a mudar. Muita gente passou a despertar para os benefícios de viver outras dimensões que não só as de carreira. são pessoas que descobriram o prazer de deixar as habilidades pessoais falarem mais alto fora do escritório, o que se torna uma fonte poderosa de realização e motivação.
Não se trata de buscar uma renda secundária ou de desenvolver um trabalho que substituirá a carreira atual num futuro próximo, algo como um plano B. Trata-se de uma atividade que expande os horizontes, amplia o conhecimento, combate frustrações e energiza a pessoa. Se, de quebra, a atividade se transformar em uma segunda fonte de remuneração, mesmo que pouco significativa, ótimo. Mas estamos falando de um tipo de atividade que não tem o objetivo estrito de gerar renda.
“Esse tipo de experiência é valiosa porque abre a cabeça do profissional, que passa a ter uma visão holística”, Afirma marcus Ronsoni, consultor sênior da Produtive, firma de recolocação profissional. Buscar a multiplicidade é essencial para melhorar a capacidade de aprender, defende o headhunter Alfredo Assumpção, diretor-geral da empresa de seleção de executivos Fesa, que tem uma longa carreira como músico de blues, jazz e rock, além de se arriscar como escritor — lança em setembro seu nono livro, o primeiro de ficção.
“As pessoas precisam sair de sua casta”, afirma alfredo, que diz que a sensação de realização é importante para o crescimento pessoal. “Ela só aparece quando não se fica restrito apenas a uma atividade.” Quebrar a rotina e promover pequenas rupturas é crucial para quem não quer se tornar refém da prisão que a modernidade trouxe aos homens. Na visão de mario sergio Cortella, filósofo, consultor e professor da PUC São Paulo, a extensa jornada de trabalho faz o profissional ficar restrito ao seu próprio universo, o que leva à limitação mental e ao sofrimento.
Cortella lembra que a expressão “bitolado” tem origem no significado literal da palavra “bitola”, a largura padrão que separa os trilhos em uma linha de trem. “A pessoa vai com segurança no trilho, mas é incapaz de sair dele”, diz Cortella. “Se de um lado a bitola garante a estabilidade, de outro provoca uma limitação brutal.”
Vantagens da atividade paralela • Aumenta a capacidade de aprendizado.
• Diminui a frustração profissional.
• Dá uma nova visão do mundo.
• Amplia a rede de contatos.
• Abre novas oportunidades.
• Pode virar um empreendimento.
• Pode ser uma segunda fonte de renda.
Segunda carreira Há cerca de dez anos, o gaúcho Marcelo Montenegro Jobim, de 43 anos, descobriu sua paixão por vinhos. Enquanto exercia a função de executivo de negócios da operadora Brasil Telecom (incorporada à Oi), nutria nas horas vagas seu interesse pela bebida, curiosidade que foi aumentando após participar de algumas degustações. Um dia, matriculou-se num curso de sommelier na Universidade de Caxias do Sul.
Continuou se aprofundando e passou a promover degustações para grupos de amigos. “Fazia algo de que gostava muito e ainda ampliava meu networking”, diz Marcelo. Ao mesmo tempo, extraía o máximo de experiências que se refletiam no trabalho. “Com a segunda atividade, passei a enxergar as questões de maneira mais ampla, avaliando variáveis até então descartadas ou ignoradas”, afirma.
Num determinado momento, quando a venda da Brasil Telecom para a Oi começou a se concretizar, Marcelo passou a ver na enologia uma alternativa de carreira. Ele ficou na empresa alguns anos após a fusão até ser demitido em março do ano passado. Juntou uma reserva de dinheiro e está finalizando os trâmites legais para abrir uma firma de representação de vinhos na cidade de Porto Alegre.
“Não fiquei angustiado porque de certa forma a atividade extra me preparou para essa transição”, diz Marcelo. Para Karin Parodi, diretora da consultoria Career Center, de São Paulo, vivenciar novas possibilidades é saudável, sobretudo por acrescentar elementos externos à rotina. Uma das vantagens, diz ela, é construir uma rede de relacionamentos rica ao mesclar interesses distintos que fogem da esfera dos negócios, como esporte, cultura ou música. “Atividades que dão prazer estimulam outras competências”, diz Karin.“Elas podem até se tornar uma segunda carreira no futuro, uma espécie de plano B”, diz.
Novo olhar Outra função da atividade paralela é suprir a vida de um conhecimento e de satisfação que a carreira nem sempre proporciona. Há quem encontre isso no trabalho voluntário. Desde a juventude, quando colaborava com creches, o paulistano Dimas Moura, de 53 anos, gerente de marketing da Unisys para a América Latina, se identifica com projetos sociais voltados para os jovens.
O voluntariado foi tomando um escopo cada vez maior em sua vida. Quando trabalhou na HP, Dimas ingressou num programa mundial de mentoring social da empresa. Foi aos Estados Unidos conhecer o projeto de orientação a jovens de baixa renda. Ao voltar, montou um comitê no Brasil e passou a dar palestras sobre empreendedorismo em comunidades mais carentes, atividade que ainda realiza.
Nessas oportunidades, o gerente ensina maneiras de transformar atividades informais em renda e em outras ocasiões faz trabalho de coaching com jovens carentes. “Com o trabalho social aprendi a ouvir mais antes de tomar qualquer decisão, além de ter melhorado minha habilidade de comunicação”, ressalta. Aspectos que resultaram no plano futuro de aposentadoria de Dimas. “Já defini que, ao concluir a carreira executiva, usarei metade do tempo para me dedicar ao coaching profissional e o restante para orientação de carreira gratuita a jovens das classes C e D”, revela o executivo.
Como começar Não dá para começar um plano C sem antes fazer uma reflexão sobre a vida. “As pessoas hoje funcionam como robôs e encaram a vida de forma alienada”, afirma o filósofo Mario Sergio Cortella. Só assim é possível ver com clareza as reais motivações pessoais e listar atividades que possam trazer satisfação. A partir daí, deve-se traçar uma estratégia para incluir uma nova atividade na agenda.
Antes de dar o pontapé inicial, pese os prós e contras de ter uma jornada dupla. Embora as vantagens sejam muitas, não dá para ignorar que quem paga seu salário é a empresa onde você desenvolve a carreira principal. Nem sempre as companhias entendem o fato de o funcionário conciliar duas atividades ao mesmo tempo.
Dupla jornadaInclua novas atividades na sua agenda
Faça uma lista de coisas que você tem interesse em fazer.
Pense em atividades de que você gosta, como hobbies.
Abra espaço para incluir outras possibilidades.
Trace uma estratégia para conciliar o plano A com o plano C.

Eis a grande obra de Maria do Rosário até aqui: Militares da reserva são agredidos e chamados de “porcos” e “assassinos”




Militares da reserva são hostilizados por baderneiros, que exibem, como se nota, a sua grande coragem (Foto: Fábio Motta/AE)
Militares da reserva são hostilizados por baderneiros, que exibem, como se nota, a sua grande coragem (Foto: Fábio Motta/AE)
Maria do Rosário, a ministra dos Direitos Humanos, e Dilma Rousseff, a presidente que a nomeou para a pasta, estão começando a colher os frutos, quem sabe esperados, de suas ações.
O Brasil passou os últimos 33 anos — desde a Lei da Anistia, em 1979 — construindo a democracia e o estado de direito. Agora, há grupos firmemente empenhados em fazer o país marchar para trás. Ou para o lado: aquele da revanche, do pega pra capar, da violência. Questões que haviam sido superadas, ou que estavam justamente adormecidas, são reavivadas com paixão cruenta.
O incentivo à revanche está em toda parte. Se Dilma acha que está no bom caminho, que continue a dar corda a seus radicais. Leiam o que informam Wilson Tosta e Heloísa Aruth Sturm, no Estadão. Volto no próximo post.
Dezenas de militares da reserva que assistiram ao debate “1964 - A Verdade” ficaram sitiados no prédio do Clube Militar, na Cinelândia, no centro do Rio, na tarde desta quinta-feira, 29. O prédio foi cercado por manifestantes que impediram o trânsito pelas duas entradas do imóvel.
O evento marcou o aniversário do golpe militar de 1964 e reuniu militares contrários à Comissão da Verdade. Ao fim do evento, eles tentaram sair, mas foram impedidos por militantes do PC do B, do PT, do PDT e de outros movimentos organizados que protestavam contra o evento.
“Tortura, assassinato, não esquecemos 64″, gritavam os manifestantes. “Milico, covarde, queremos a verdade”, diziam outros. Velas foram acesas na frente da entrada lateral do centenário do Clube Militar, na Avenida Rio Branco, representando mortos e desaparecidos durante a ditadura militar. Homens que saíam do prédio foram hostilizados com gritos de “assassino”. Tinta vermelha e ovos foram jogados na calçada, sem atingir ninguém.
Homens do Batalhão de Choque foram ao local e lançaram spray de pimenta e bombas de efeito moral contra o grupo, que revidou com ovos. Um dos manifestantes foi imobilizado por policiais e liberado em seguida após ser atingido supostamente por uma pistola de choque, e outro foi detido e algemado.
Os militares foram orientados a sair em pequenos grupos por uma porta lateral, na rua Santa Luzia, mas tiveram que recuar por conta do forte cheiro de gás de pimenta que tomou o térreo do clube. A Polícia Militar tenta conter os manifestantes e chegou a liberar a saída de algumas pessoas pela porta principal, mas por medida de segurança voltou a impedir a saída.
Um grupo que saiu sob proteção do Batalhão de Choque da Polícia Militar foi alvo de xingamentos. Os manifestantes também chamaram os militares de “assassinos” e “porcos”. Mais tarde, a saída dos militares da reserva foi liberada por meio de um corredor criado por PMs entre o prédio até a entrada do metrô, na estação Cinelândia, a poucos metros do Clube Militar.
Por Reinaldo Azevedo

Há despolitização, corrupção nos três Poderes e oligarcas como Sarney. A Nova República fez aniversário, ninguém lembrou. Havia motivo?


Fracassamos


Marco Antonio Villa, Folha de S. Paulo
Nem o dr. Pangloss, célebre personagem de Voltaire, deve estar satisfeito com os rumos da nossa democracia. Não há otimismo que resista ao cotidiano da política brasileira e ao péssimo funcionamento das instituições. 
Imaginava-se, quando ruiu o regime militar, que seria edificado um novo país. Seria a refundação do Brasil. Ledo engano.
Em 1974, Ernesto Geisel falou em distensão. Mas apenas em 1985 terminou o regime militar. Somente três anos depois foi promulgada uma Constituição democrática. No ano seguinte, tivemos a eleição direta para presidente.
Ou seja, 15 anos se passaram entre o início da distensão e a conclusão do processo. É, com certeza, a transição mais longa conhecida na história ocidental. Tão longa que permitiu eliminar as referências políticas do antigo regime. Todos passaram a ser democráticos, opositores do autoritarismo.
A nova roupagem não representou qualquer mudança nos velhos hábitos. Pelo contrário, os egressos da antiga ordem foram gradualmente ocupando os espaços políticos no regime democrático e impondo a sua peculiar forma de fazer política aos que lutaram contra o autoritarismo.
Assim, a nova ordem já nasceu velha, carcomida e corrompida. Os oligarcas passaram a representar, de forma caricata, o papel de democratas sinceros. O melhor (e mais triste) exemplo é o de José Sarney.
Mesmo com o arcabouço legal da Constituição de 1988, a hegemônica presença da velha ordem transformou a democracia em uma farsa.
Se hoje temos liberdades garantidas constitucionalmente (apesar de tantas ameaças autoritárias na última década), algo que não é pouco, principalmente quando analisamos a história do Brasil republicano, o funcionamento dos três Poderes é pífio.
A participação popular se resume ao ato formal de, a cada dois anos, escolher candidatos em um processo marcado pela despolitização. A cada eleição diminui o interesse popular. Os debates são marcados pela discussão vazia. Para preencher a falta de conteúdo, os candidatos espalham dossiês demonizando seus adversários.
O pior é que todo o processo eleitoral é elogiado pelos analistas, quem lembram, no século 21, o conselheiro Acácio. Louvam tudo, chegam até a buscar racionalidade no voto do eleitor.
Dias depois da "festa democrática", voltam a pipocar denúncias de corrupção e casos escabrosos de má administração dos recursos públicos. Como de hábito, ninguém será punido, permitindo a manutenção da indústria da corrupção com a participação ativa dos três Poderes.
Isso tudo, claro, é temperado com o discurso da defesa da democracia. Afinal, no Brasil de hoje, até os corruptos são democratas.
No último dia 15, a Nova República completou 17 anos. Ninguém lembrou do seu aniversário. Também pudera, lembrar para que?
No discurso que fez no dia 15 de janeiro de 1985, logo após a sua eleição pelo colégio eleitoral, Tancredo Neves disse que vinha "para realizar urgentes e corajosas mudanças políticas, sociais e econômicas, indispensáveis ao bem-estar do povo".
Mais do que uma promessa, era um desejo. Tudo não passou de ilusão.
Certos estavam Monteiro Lobato e Euclides da Cunha. Escreveram em uma outra conjuntura, é verdade. Mas, como no Brasil a história está petrificada, eles servem como brilhantes analistas.
Para Lobato, o Brasil "permanece naquele eterno mutismo de peixe". E Euclides arremata: "Este país é organicamente inviável. Deu o que podia de dar: escravidão, alguns atos de heroísmo amalucado, uma república hilariante e por fim o que aí está: a bandalheira sistematizada".
Transcrito da Folha de S. Paulo de 29 de março de 2012

Marco Antonio Villa55, é historiador e professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)