quinta-feira, 4 de julho de 2013

Não entenderam, por Merval Pereira


MERVAL PEREIRA4.7.2013 10h30m

 Nada ilustra mais exemplarmente o que as ruas estão criticando do que o uso de um avião da FAB para trazer ao Rio no último fim de semana parentes e amigos do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves para assistirem ao jogo do Brasil na final da Copa das Confederações. Ele desculpou-se, admitindo que errara ao dar carona a parentes, mas alegando ter direito a avião da FAB por que teria um almoço de trabalho com o Prefeito do Rio Eduardo Paes.

Ora, Eduardo Alves não precisava de avião da FAB para vir ao Rio, pois tem direito a passagens pela Câmara e, sobretudo, é um homem rico. Admitir o erro já é um avanço, e restituir o dinheiro uma necessidade. Mas o fato de a viagem ter se realizado em meio à convulsão das ruas agrava o desvio, mostrando que políticos como o presidente da Câmara não entenderam nada do que está acontecendo no país.

Mais do que reformas políticas, mais do que plebiscitos ou constituintes, o que o clamor das ruas pede é uma nova postura de nossos homens públicos, uma nova maneira de se relacionar com a coisa pública. Em vez de uma reforma política proposta como a solução mágica para os problemas, o que o povo quer é mais eficiência e transparência no gasto público de todos os que têm mandato
O presidente do Senado, Renan Calheiros, depois de se fazer de cego diante de um abaixo assinado com mais de 1,5 milhão de assinaturas que pediam a sua saída da presidência, diz que ê preciso ouvir o povo nas ruas . E chegou a propor que se o povo quisesse, o prazo de um ano antes das eleições para fazer mudanças nas regras eleitorais poderia ser alterado. Uma posição irresponsável para conseguir o apoio daqueles que o querem fora do poder.
Os novos meios de comunicação, como as redes sociais, estão demonstrando outras utilidades além de promover manifestações nas ruas do país. É através deles que temos sido notificados das falcatruas que nossos homens públicos praticam, e isso não apenas por denúncias de fatos testemunhados, mas também pelo exibicionismo que esses meios incentivam.
Foi através de uma foto no Instagram que se descobriu que a família Alves estava no Maracanã, assim como, anos atrás, foi pelo Orkut que em 2004 soube-se que o filho do então presidente Lula, Luís Cláudio Lula da Silva, organizou uma excursão de amigos ao Palácio do Alvorada, com direito a uso de um avião da FAB para transportá-los a Brasília e passeio de lancha oficial pelo Lago do Paranoá. Várias mensagens foram postadas nos blogs com fotos posadas ao lado do avião e na lancha.
No governo Fernando Henrique Cardoso, longe ainda dos Facebooks da vida, a farra com jatos da FAB foi um dos principais escândalos, denunciado pelos jornais. Pelo menos seis ministros, um procurador-geral da República e um deputado usaram aeronaves da Força Aérea Brasileira para ir com as famílias, de férias, para o paradisíaco arquipélago de Fernando de Noronha. A "farra dos jatinhos'', como ficou conhecido o episódio, gerou processos, e os políticos foram condenados a ressarcir os gastos.
É cada vez mais comum entre nós a idéia de que o que é público pode ser usado pela autoridade da ocasião como se seu fosse, sem que se faça a ligação entre os gastos públicos e a falta de investimentos no que realmente importa, como alerta o povo nas ruas: educação, saúde, transportes urbanos, segurança pública.


Erro de poeta
A nota oficial do TSE sobre o plebiscito atribui o verso “Cuidado por onde andas, pois é sobre meus sonhos que caminhas" a Carlos Drummond de Andrade, mas o crítico literário e poeta Antonio Carlos Secchin, da Academia Brasileira de Letras, garante que Drummond, uma de suas especialidades, não é o autor. Na verdade a autoria é do poeta irlandês  W.B. Yeats (1865–1939), como vários leitores me avisaram 

"Espalhei meus sonhos aos seus pés. Caminhe devagar, pois você estará pisando neles".

- I have spread my dreams under your feet; Tread softly because you tread on my dreams.

- Later poems - Página 41, William Butler Yeats - Forgotten Books, 1924,

Em retaliação a Gurgel, 17 senadores derrotam indicado ao conselho do MP


  • Senadores rejeitaram em votação secreta indicação de Vladimir Barros Aras, escolhido pelo procurador-geral para compor colegiado

BRASÍLIA — No momento em que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), responde às manifestações e aprova pacote de transparência com adoção do voto aberto para todas as votações no Congresso, 17 senadores usaram o voto secreto para, em retaliação ao procurador geral da República, Roberto Gurgel, rejeitar a indicação do procurador da República Vladimir Barros Aras, para o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Maior autoridade na investigação de lavagem de dinheiro, o procurador baiano foi escolhido por unanimidade pelo Ministério Público Federal, e indicado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Precisava de 41 votos sim para aprovar no plenário, mas o resultado foi 38 votos sim e 17 não. Foram votados 12 indicações de autoridades, só Aras foi rejeitado.
Após a proclamação do resultado, três outros senadores votaram, mas Renan foi inflexível aos apelos para que reconsiderasse o resultado. Citando precedentes, o senador Pedro Taques (PDT-MT) tentou convencer Renan, que não reconsiderou e o líder do PT, Wellington Dias (PI), apresentou um recurso à Comissão de Constituição e Justiça, onde , na sabatina, a indicação de Aras foi aprovada por 16 votos a dois. Maior inimigo de Gurgel no Parlamento, o senador Fernando Collor de Melo (PTB-AL) ficou na Mesa, ao lado de Renan, depois de articular votos não no plenário.
A rejeição se deu ao final de uma série de discursos elogiosos, principalmente exaltando a especialidade do procurador em investigar crimes de lavagem de dinheiro. O senador Walter Pinheiro (PT-BA) , maior defensor do conterrâneo, ficou transtornado com o resultado e com a resistência de Renan em reconsiderar os votos dos senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Aécio Neves (PSDB-MG) e do líder do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira (SP), que completaria os 41 votos necessários para a aprovação.
— Isso é covardia! Retaliar o Gurgel com um cara que foi indicado por unanimidade por uma corporação inteira? Se querem retaliar porque não enfrentam o Gurgel de frente? Vão lá e batam no Gurgel! Mas retaliar o baiano que não tem nada com isso? Isso é um absurdo, uma piração! — reagiu Pinheiro, aos gritos, depois de tentar, sem sucesso, reverter a decisão de Renan.
Os senadores Pedro Taques (PDT-MT), Lídice da Mata (PSB-BA) e Randolfe Rodrigues fizeram questões de ordem, argumentando que em outras votações tinha sido possível a reconsideração, por decisão da Mesa.
— Eu gostaria muito que houvesse essa reconsideração, mas não podemos colher votos depois de apurado o resultado — respondeu Renan a Lídice, mostrando um ato da Mesa inviabilizando o pedido.
— Mas um ato da Mesa pode ser revogado. A Mesa tem essa prerrogativa — insistiu Walter Pinheiro.
Por fim, Taques citou uma brecha no regimento que poderia ser usada para a revisão da votação. Mas Renan respondeu que isso só foi possível em votação simbólica, antes do resultado anunciado. Restou a Wellington Dias recorrer à CCJ.
— Estão achando que o Aras é um nome do Gurgel. Mas ele só oficializou a indicação do Ministério Público Federal. É a maior autoridade no Brasil em investigação de lavagem de dinheiro — disse Taques.
— Não é justo! Se foi retaliação, atingiram um procurador que não tem nada a ver com isso. Se tem alguém irritado com o Gurgel, não pode fazer vingança em cima de um cara que não tem nada a ver com isso — criticou o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

A inteligência engraxa as botas da estupidez


Quem trabalha como assessor de um executivo, de uma autoridade, seja pública, seja privada, em algum momento, cedo ou tarde, terá a sensação de ser mais inteligente do que o chefe. Não raro este sentimento é sufocado pela ideia um tanto lógica de que se o assessor fosse de fato mais inteligente, por certo o assessor seria chefe, e o chefe seria o assessor. E estamos falados. 
E assim o subalterno se recolhe à sua sombra de insignificância e legitima o chefe em seu pedestal. Mesmo quando o assessor seja uma espécie de braço-direito, daqueles que não descuidam de seu assessorado, escrevendo seus discursos, suas palestras, falando por ele nas entrevistas, dizendo-lhe como deve se portar, o que propor, que negócio fechar, que hora entrar, que hora sair de uma situação, daqueles que entregam o parecer finalizado, que levam o despacho pronto para colher assinatura no rodapé do imbróglio mais impermeável. Ainda assim, pela lógica da disposição das coisas, pelas posições no organograma, pelo status do cargo, pelo salário que recebe, o assessor, mesmo percebendo que sua lucidez possa ser maior do que a do assessorado, é levado a crer que alguma coisa do chefe (o músculo de tomar decisão, o tirocínio talvez) seja mesmo superior.
Mas, convenhamos. Como não poderia Nicolau Maquiavel ter a sensação de ser mais inteligente do que Lourenço de Médici. Como não poderia José Bonifácio de Andrada e Silva considerar-se mais inteligente do que D. Pedro de Alcântara? Como não poderia Galileu Galilei sentir-se mais inteligente do que o grão-duque da Toscana? Como poderia Carlos Drummond de Andrade não sentir-se mais inteligente do que o Ministro Gustavo Capanema?
Os exemplos dariam para confeccionar um volume portentoso, do tamanho de uma lista telefônica de uma grande cidade, no tempo em que listas de telefones ainda havia.
De fato não é rara a situação em que o assessor é realmente mais turbinado de arranjos neurais do que o superior hierárquico. A questão que fica a nos intrigar é por que a situação não é logo invertida, rebaixando o mais estúpido e elevando o mais inteligente?
É claro que há casos de poder herdado, de injunções políticas que contrariam a suposta ordem natural das coisas, a ponto de ninguém estranhar quando se depara com um jabuti num galho de árvore. Mesmo assim, com algum espaço de tempo, era de se esperar que a inteligência deveria prevalecer e reverter a situação. Mas isso não acontece corriqueiramente. Portanto, podemos concluir que o “natural” (aquilo que ocorre com maior frequência no mundo dos fenômenos) é mesmo o mais inteligente estar a serviço do mais estúpido.
Podemos, com certa razoabilidade, estender essa noção para além das relações de assessor e assessorado. Na vida social do Homo sapiens, a inteligência é apropriada irremediavelmente pela estupidez, em todo tempo e lugar, em todas as esferas e dimensões, de forma que a estupidez circula com desenvoltura e arrogância, assessorada servilmente pela inteligência.
O que é lamentável em tudo isso é que a inteligência é convidada apenas para desenvolver os meios, a logística do projeto, as táticas operacionais, enquanto os objetivos são determinados mesmo é pela estupidez. A inteligência é um insumo usado para alcançar objetivos estúpidos.
Alguns exemplos de casos em que a estupidez se apropria da inteligência a para chegar a resultados grandiosamente danosos.
Quando, há 105 anos, foi lançado o Ford T nos Estados Unidos, conhecido no Brasil como Ford de Bigode, o primeiro carro user-friendly (facilmente dirigido), consumindo combustível fóssil, muita tecnologia nova foi incorporada, muita inteligência foi mobilizada para levar avante tão auspicioso feito. Em um século de automóvel, surgiu uma nova economia, um novo estilo de vida, uma nova razão de viver. Novas e poderosas companhias multinacionais perfuraram o planeta de canto a canto numa busca frenética pelo caldo preto e pré-histórico, para dar propulsão aos bólidos cada vez mais desejados, populares e irrestritos. Um verdadeiro sucesso de crítica e público.
Com o automóvel puxando a economia, o mundo experimentou uma riqueza sem precedentes, cujo volume e velocidade gananciosos de tempo algum ousaram sonhar. Surgiram da noite para o dia magnatas tão portentosos, cuja riqueza pessoal não seria gasta nem se pudessem levá-la consigo por toda a eternidade. Corporações gigantescas e poderosas afloraram pelo mundo na esteira desse progresso vertiginoso, de tal sorte que muitas empresas, pela primeira vez na história, tornaram-se mais influentes e poderosas do que as cidades-estados do medievo ou dos atuais países soberanos.
Muita inteligência, repita-se, foi mobilizada para que o automóvel dominasse a cena e ocupasse a paisagem da Terra, nestes cento e poucos anos. Esse domínio foi tamanho que se hoje chegasse por aqui um extraterrestre pela primeira vez, anotaria facilmente em sua carta de Pero Vaz de Caminhas que o automóvel é o animal dominante do planeta, aquele que está no topo cadeia alimentar.
Mas não resta dúvida de que esse tempo todo a inteligência esteve no cabresto da estupidez, na execução de seus objetivos mais sórdidos e autodestrutivos. Com a queima inveterada do combustível fóssil, nossa bolha de sobrevivência, mais conhecida como camada de ozônio, foi puída e rasgada a ponto de quase inviabilizar a vida do homo sapiens no planeta, sem ter dado tempo da espécie se preparar para uma possível migração. Sem dar tempo sequer de descobrir um outro planeta azul envolvido igualmente por uma célula de sobrevivência, para onde o animal sinistro pudesse levar sua inteligência puxada pelo cabresto da estupidez.
O Painel do Clima da Organização das Nações Unidas atesta que nestes 100 anos o planeta aqueceu numa velocidade espantosa: num ciclo geológico anterior, sem a presença do homem e suas máquinas tresloucadas, o aquecimento similar teria demorado sete mil anos para transcorrer.
Outro exemplo: A estupidez mobilizou um volume formidável de inteligência para converter o bioma do cerrado em estrume econômico. Em contrapartida ao aumento da produção de alimentos, propiciou o surgimento de desertos, o descontrole do clima, o aparecimento de pragas resistentes cujo controle requer cada vez mais venenos de efeitos paralelos potencialmente letais. E pode-se observar que a estupidez segue firme no controle da situação. Pois não há nenhum pesquisador que se saiba, procurando soluções para recompor o bioma do cerrado. Mas há vários grupos buscando encontrar cultivares que possam resistir e continuar produzindo num ambiente alterado e hostil.
Esquecendo-se de que nós, filhos da Natureza, não podemos prescindir de um ambiente salubre e ameno e que de nada valerão as cultivares resistentes, se o próprio homem será deletado pelo perrengue ambiental que ele mesmo provocou.
Revista Bula

Ser parisiense é..., por Ana Carolina Peliz


Na primeira entrevista com minha orientadora de tese, ela me perguntou desde quando eu era parisiense. Achei engraçado, mas é verdade que os parisienses não são as pessoas que nascem em Paris, você se transforma em parisiense.
Ser parisiense é ficar 45 minutos no metrô para ir a qualquer parte e comemorar quando o trajeto não ultrapassa 30 minutos. Ser parisiense é andar muito rápido, ainda que não se tenha horário marcado ou onde ir. É referir-se às linhas do metrô pelos números e não pelas cores e sorrir ironicamente quando alguém pergunta “Onde fica o centro de Paris?”.
Ser parisiense é saber a diferença entre os bairros, ainda que para um forasteiro “todos pareçam iguais”, é chamar aChamps Élysées de “Champs”, mas nunca colocar os pés lá. É saber onde pagar barato por uma cerveja, mas pelo menos uma vez na vida ser obrigado a pagar mais de 10 euros por ela.
Ser parisiense é saber que o verão pode durar dois dias e o inverno dois anos. É fazer piqueniques em parques, praças, jardins e às margens do rio Sena. Ser parisiense é ver a Torre Eiffel de vários ângulos diferentes, várias vezes por dia, e achar isto normal.
Ser parisiense é pagar quase 1.000 euros para morar no sexto andar de um prédio sem elevador, em um apartamento de 20 m², construído há mais de 100 anos. Ser parisiense é não conhecer seus vizinhos, mas ouvir tudo o que eles fazem através das paredes.
Ser parisiense é ter horror a pombas e aprender a convier com ratos. Ser parisiense é reclamar muito, de tudo, o tempo todo. Ser parisiense é nunca conseguir um táxi depois da meia noite e correr para pegar o último metrô.


Ser parisiense é não ter carro e, muitas vezes, nem carteira de motorista. Ser parisiense é ter uma “carte Navigo” para usar o transporte público, uma “carte Vélib” para as bicicletas de livre serviço e uma “carte Le Pass” para o cinema. Ser parisiense é gostar de Paris no verão, quando a cidade fica vazia.
Ser parisiense é sempre planejar ir embora e ver os amigos partir. Ser parisiense é fazer festas temáticas e convidar 30 pessoas para um apartamento de 30 m² sem se preocupar onde vão se sentar. Ser parisiense é ter os maiores museus do mundo à disposição, as exposições e obras de arte mais importantes da história, milhares de espetáculos e shows em cartaz todas as noites e invejar os turistas que podem aproveitar.
Ser parisiense é conhecer todos os problemas de Paris, mas ainda assim, achar que esta é a cidade mais bonita do mundo.

Ana Carolina Peliz é jornalista, mora em Paris há cinco anos onde faz um doutorado em Ciências da Informação e da Comunicação na Universidade Sorbonne Paris IV. Ela escreve aqui todas as quintas-feiras.

Nada é o que parece


Míriam Leitão, O Globo
A vida é curta para entender tanta confusão que o governo tem feito nas contas públicas. Elas são reveladas diariamente. Em dois dias desta semana se ficou sabendo que o BNDES teve mudança de seu estatuto para transferir mais dividendos para o governo e receberá mais R$ 15 bilhões do Tesouro; a Caixa também receberá mais R$ 8 bilhões. E a Eletrobras terá capital de giro coberto pelo BNDES.
O banco, que é feito para financiar investimento e que nos últimos anos tem entrado em operações polêmicas, agora vai emprestar R$ 2,5 bilhões para a Eletrobras usar como capital de giro, o dinheiro do dia a dia. Isso porque a estatal teve um prejuízo de R$ 6,8 bilhões pela mudança feita às pressas pelo governo no setor elétrico.
O Tesouro tem montado operações financeiras para receber mais dividendos das suas estatais, e, por isso, as financia ou capitaliza com endividamento público. A dívida pública aumenta, mas isso não entra na contabilidade da dívida líquida.
E com essas transferências o governo recebe dos bancos e estatais um volume expressivo de dividendos. Mais expressivos até do que os lucros auferidos pelas instituições. A Caixa pagou dividendos de R$ 7,7 bi e teve lucro de R$ 6,1 bilhões no ano passado. E agora recebe novo aporte de R$ 8 bilhões do Tesouro, a quem tinha pago os dividendos.
A lista das criaturas é enorme. Teve a maneira como foi feita a capitalização da Petrobras, em que o dinheiro passeou tanto que dívida virou receita. Há descontos no superávit primário de gastos feitos. Descontam-se até as desonerações, o que significa contar como tendo entrado no caixa dinheiro do qual se abriu mão.
Mas o mais nefasto é esse mecanismo de endividamento do Tesouro para transferir para os bancos públicos, que assim aumentam e antecipam dividendos. Segundo o “Valor” de ontem, o Tesouro Nacional recebeu R$ 3,6 bi de antecipação de dividendos do BNDES, Caixa e Banco do Brasil, em junho, para fechar as contas do semestre. É circular: o Tesouro se endivida, coloca nos bancos, que antecipam para o Tesouro dividendos.
Essa máquina de fazer dinheiro sem limite pode ser vista no gráfico abaixo, extraído do blog do economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria. Ele mostra o total de dinheiro emprestado pelo Tesouro ao BNDES, cerca de R$ 378 bilhões, e o que isso significa em termos de PIB: 8,3%.
Para se ter uma ideia, em dezembro de 2007, havia apenas R$ 6,6 bi emprestados, o que correspondia a 0,2% do PIB. Em 2007, antes de tudo isso começar, o BNDES pagou R$ 924 milhões de dividendo ao Tesouro. Em 2012, foram quase R$ 13 bilhões.
O governo fala em “robustez fiscal” e ninguém mais acredita. Os números são gritantes, não há mais como esconder. O expansionismo do gasto público brasileiro se dá através desses mecanismos, e o governo afirma que tudo isso é “robusto”. Hoje, todo mundo já sabe que os números da contabilidade oficial brasileira não são o que parecem ser. A cada dado divulgado, gasta-se um tempo enorme para entender onde está o truque. Ele sempre está em algum lugar.

Marqueteiro de Dilma garante que ela vai recuperar a popularidade


Vera Rosa  (Estadão)
A equipe de comunicação da presidente Dilma Rousseff avalia que ela levará quatro meses para reconquistar a popularidade perdida, mas não vê abalo irreversível em sua imagem. Em troca de e-mails com ministros e dirigentes do PT, o marqueteiro João Santana garantiu que Dilma tem todas as condições de se recuperar do “terremoto neopolítico” instalado no País com a onda de protestos e o clima de “tensão pré-eleitoral”. 
A estratégia de reação consiste agora no lançamento de projetos em várias frentes, principalmente em saúde e educação. O assunto foi tratado na reunião ministerial de segunda-feira, 02, na Granja do Torto, quando Dilma encomendou uma “força-tarefa” para tirar projetos da gaveta. “Eu quero resultados, coisas concretas. Não adianta só publicidade”, afirmou ela, de acordo com relato de ministros presentes à reunião.
O prazo de quatro meses para curar as feridas tem como base o tempo que projetos levam para ganhar visibilidade nas ruas e também o cenário previsto para a melhora de indicadores econômicos, apesar das dificuldades enfrentadas. O Planalto aposta no avanço de concessões e leilões neste segundo semestre. A avaliação no núcleo político do governo é que a presidente reverterá o desgaste porque encarna o papel de líder forte, que abraça causas coletivas e acena para uma solução negociada. No diagnóstico do Planalto, a proposta do plebiscito sobre reforma política não teria aprovação tão alta nas pesquisas se ela tivesse uma imagem de descrédito. Os últimos levantamentos mostraram que a sugestão da consulta popular tem a simpatia da maioria da população.
Na análise enviada aos ministros, Santana também chamou a atenção para um dado importante: para ele, o caráter difuso das manifestações mostra que o poder central não foi abalado. O marqueteiro escreveu, ainda, que não há líder de oposição capaz de representar as insatisfações populares. Apesar da tentativa de Santana de tranquilizar o PT, o governo admite que a campanha veiculada por partidos de oposição, escancarando na TV a alta de preços e a escalada inflacionária, foi bem sucedida.
Em conversas reservadas, auxiliares de Dilma também dizem que ela fará tudo para recuperar a imagem do combate à corrupção. Em 2011, Dilma demitiu seis ministros envolvidos em suspeitas de desvio de dinheiro público.

O Brasil está febril


Sylo Costa
Tenho um amigo médico que, sempre que nos encontramos, responde à pergunta natural, “como vai você?”: “estou assintomático”. O adjetivo quer dizer que está sem sintomas de anormalidade orgânica, mas não inclui, evidentemente, uma coceira, uma unha encravada ou mesmo uma dorzinha de cabeça de vez em quando. Sim, mas uma coceira começa coçando, e uma bacteriemia que provoca coceira pode ser coisa muito séria se não for cuidada a tempo.
O Brasil está febril e tem uma coceira danada desde a década passada, que começou em 2003, febre resultante de infecção virótica, provocada pelo “vírus da corrupção”, mal que grassa já há algum tempo na América Latina em países que, como os “nouveaux-riches”, querem liderar o mundo… Existem governantes novos com mentalidades velhas e velhos com mentalidades novas, atualizadas. O Brasil tem se dado melhor com governantes mais velhos, esses do segundo caso.
Nada é mais atual que a honestidade, característica dos governos militares e de uns poucos civis. Cara, você é a favor de ditaduras? Ser, não sou, mas estive e estou em dúvida atroz que a mente esmaga, como a fatalidade de Castro Alves em “Navio Negreiro”. Fui o único voto em branco na convenção da Arena que escolheu o General Figueiredo como presidente da República. Hoje, diante de Collor, Sarney, ex-Luiz e o carbono dele, prefiro até general do Exército de Salvação.
VIROSE RESISTENTE
A febre do Brasil de hoje é provocada por uma virose resistente a qualquer antibiótico, a falta de vergonha na cara, que provoca esse mal difuso chamado “reformas”, que exigem, para baixar a febre, fortificantes, como infraestruturas, saúde, educação, justiça social e segurança para um povo que é trabalhador, de boa índole e quer apenas viver em paz. No eufemismo, quando digo que toda coceira começa é coçando, estou dizendo que essas passeatas de agora já começam a preocupar e confundir a opinião pública, porque o recado já foi dado e entendido, e o governo, demagogicamente, responde com subterfúgios como copas do mundo, Olimpíadas, dinheiro emprestado para comprar produtos da linha branca etc. e tal.
Será que o governo não sabe que o povo não vai para as ruas atrás de geladeiras e fogões? Sei não… mas que parece que esses desconhecidos que quebram tudo e queimam carros, arrebentam lojas e bancos são paus-mandados para confundir a opinião pública, parece. Com eles, quem sabe a multidão não passa a entender que é melhor ficar tudo como está e para de protestar? Isso não está parecendo com aquela história do bode na sala?
Pois é, se acabam as passeatas, acabam também os baderneiros que quebram tudo, e assim continua tudo como dantes naquele quartel de Abrantes… É, pode ser, mas, na história do bode na sala, a catinga melhorou por pouco tempo e, se não houver providências dos governos, a catinga do bode voltará insuportável, e aí… bem, a história vai registrar. (transcrito de O Tempo)

O plebiscito dos espertalhões vai tropeçar na revolta da rua e desaparecer no sumidouro que engole malandragens eleitoreiras


O plebiscito sobre a “reforma política” é o mais recente lançamento da usina de pirotecnias eleitoreiras instalada pelo bando de vigaristas, ineptos e gatunos que está no poder há mais de dez anos ─ e lá quer ficar para sempre. Atarantados com a revolta da rua, a presidente Dilma Rousseff e seus conselheiros trapalhões imaginam que a manobra malandra vai esvaziar o pote até aqui de cólera que enfim transbordou para as ruas de centenas de cidades. Versalhes reencarnou no Planalto.Os espertalhões não demorarão a descobrir o tamanho da encrenca em que se meteram.
As multidões sem medos nem donos já não suportam a impunidade dos corruptos, o apodrecimento dos sistemas de saúde e educação, a gastança debochada dos exploradores da Copa do Mundo, o cinismo dos políticos profissionais, a institucionalização da trapaça, da tapeação, da promessa que não descerá do palanque. Em sua essência, as palavras de ordem reiteradas nos atos de protesto, encampadas pela imensa maioria do país que pensa, exigem a imediata interrupção da Ópera dos Canalhas.
Os mágicos em ação no picadeiro do Planalto acham que, com um plebiscito malandro, vão mandar os manifestantes de volta para casa, livrar a chefe de vaias desmoralizantes, inverter a curva perturbadora desenhada pelas pesquisas, reeleger Dilma Rousseff no primeiro turno e correr para o abraço. Vão todos quebrar a cara. A esperteza da hora será tragada pelo mesmo sumidouro onde jazem, agonizam ou sobrevivem com injeções bilionárias de dinheiro público tantos projetos delirantes, invencionices diversionistas, façanhas imaginárias, milagres de araque, maluquices perdulárias e ideias natimortas.
Um balanço ligeiro informa que, até agora, o legado do governo lulopetista já inclui
o Programa Fome Zero,
as três refeições por dia,
o fim da pobreza,
o extermínio da miséria,
o espetáculo do desenvolvimento que deu no pibinho,
o enquadramento da inflação nas metas do Banco Central,
o Programa Primeiro Emprego,
o trem-bala,
a Ferrovia do Sarney,
a ressurreição da rede ferroviária em ruínas ,
a transposição das águas do Rio São Francisco,
a rede nacional de hidrovias,
as 6 mil creches prometidas em 2010,
as 6 mil casas na Região Serrana do Rio prometidas em 2011,
os 6 mil agentes especializados na prevenção de enchentes,
os 6 mil caminhões-pipa para as vítimas da seca,
os 6 mil médicos cubanos,
o sistema de saúde que Lula considera “perto da perfeição”,
a importação do SUS pelos Estados Unidos,
as 14 universidades de Primeiro Mundo concebidas por Lula,
a erradicação do analfabetismo,
a recuperação da rede rodoviária federal,
o asfaltamento da rodovia Cuiabá-Santarém,
a recuperação da Transamazônica,
a autossuficiência em petróleo anunciada em 2007,
a entrada na OPEP a bordo das jazidas do pré-sal,
as quatro refinarias da Petrobras,
a ascensão da Petrobras à liderança do ranking mundial,
a vaga no Conselho de Segurança da ONU,
o crescimento espetacular do Mercosul bolivariano,
a solução do conflito do Oriente Médio pelo palanque ambulante
(e, como consequência natural, o Prêmio Nobel da Paz),
a candidatura de Lula a secretário-geral da ONU,
a esquadrilha de caças franceses,
a “aliança estratégica” com a França,
os dois submarinos russos,
a fórmula milagrosa que faz tsunami econômica virar marolinha,
a superprodução do biocombustível de mamona,
os pitos telefônicos de Lula em George Bush,
as advertências de Lula a Barack Obama,
os conselhos de Dilma a Angela Merkel,
a Copa do Mundo de matar argentino de inveja,
a Olimpíada de assombrar dinamarquês,
as “obras de mobilidade urbana” legadas pelos eventos esportivos,
o terceiro aeroporto de São Paulo,
os 800 novos aeroportos distribuídos por todo o país,
a reforma e ampliação dos aeroportos das capitais,
a política de segurança nacional,
os presídios federais de segurança máxima,
a proteção das fronteiras com aviões não tripulados,
os recordes de popularidade estabelecidos por Lula e Dilma,
o controle social da mídia,
a regulamentação dos meios de comunicação,
a onisciência da doutora em economia,
o PT detentor do monopólio da ética,
o partido que não roubava nem deixava roubar,
fora o resto.
A lista será ampliada pelo plebiscito que é mais que uma tentativa de golpe: é também a confirmação de que os chefões do lulopetismo e seus comparsas não conseguem ou não querem ouvir a voz da rua. Essa espécie de surdez invariavelmente eleva em milhares de decibéis o som da fúria. E confirma que governantes como Lula e Dilma só ouvem com nitidez a palavra de cinco letras que, gritada em coro pela multidão, costuma prenunciar o final infeliz: basta.

A peleja da amadora contra os profissionais, por Ricardo Noblat


Brilham de forma mais intensa os olhos da maioria dos deputados federais e dos senadores de todos os partidos – alguns deles do próprio PT.
No final da tarde de ontem, um deputado do PMDB do Nordeste aproveitou uma roda de colegas na Câmara para cantar baixinho, feliz, o estribilho de antiga música da dupla Antonio Carlos e Jocafi:
“Você abusou / tirou partido de mim abusou / tirou partido de mim abusou / tirou partido de mim abusou...”
O alvo de tanta felicidade: a presidente Dilma Rousseff.


A hora do troco chegou!
Como Dilma imaginou enfrentar o ronco das ruas?
Jogando nas costas do Congresso o peso das reclamações.
De sua parte, fez pouco para conter a ira dos manifestantes. Disse que investirá R$ 50 bilhões em transporte, prometeu contratar milhares de médicos, até mesmo estrangeiros se necessário, e o que mais?
Em seguida, sacou da bolsinha de mão o que imaginava serem três poderosos trunfos: um plebiscito, uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva e a reforma política.
Por meio de um plebiscito, o povo diria sim ou não à convocação de uma Constituinte exclusiva para fazer a reforma política que o Congresso ignora.
O trunfo da Constituinte foi pelo ralo menos de 24 horas depois. “Para a solução atual, não se faz necessária uma Constituinte. Ou seja, não se faz necessária romper a ordem jurídica”, decretou Michel Temer, vice-presidente da República.
Juristas de peso deram razão a Temer.
O trunfo do plebiscito começou a perder seu valor quando Dilma encaminhou, ontem, ao Congresso sugestões para a reforma política.
O que ela e o PT querem é que os efeitos da reforma se façam sentir nas eleições gerais do próximo ano, o que poderia beneficiá-los.
Para isso o Congresso seria obrigado a aprovar a reforma até 5 de outubro – um ano antes das próximas eleições.
Se isso não for possível, as consequências da reforma só incidiriam sobre as eleições de 2016.
A Justiça Eleitoral deu a entender que dificilmente haverá tempo para realizar o plebiscito e aprovar a reforma no Congresso até o dia 5 de outubro.
O PSB, aliado do governo, defendeu que o plebiscito coincida com as eleições de 2014.
O PMDB da Câmara dos Deputados não quer ouvir falar em plebiscito para já. E se puder dará um jeito para que a reforma política acabe outra vez esquecida.
Em resumo: por tratá-los mal, Dilma abusou dos políticos.
Por terem sido abusados, e diante da queda dela nas pesquisas de intenção de voto, eles agem para enfraquece-la ainda mais.
Está em curso a peleja da amadora contra os profissionais. O resultado é previsível.

Um servílio, por Luis Fernando Veríssimo


Há muito tempo existiu em São Paulo um centroavante chamado Servílio. Não me lembro em que times ele jogou, sei que chegou à seleção brasileira. E do Servílio se dizia que ele jogava sem a bola. Nunca ficou muito claro o que significava aquilo, jogar sem a bola. Talvez, com seu posicionamento ou sua movimentação, ou até mesmo com a ameaça do que faria se tivesse a bola, Servílio ajudasse a abrir ou assustar defesas.
Não era um jogador espetacular como outros do seu tempo (ele foi contemporâneo de Pelé e de Rivelino) e tocou na bola um número suficiente de vezes para ser goleador. Mas, de acordo com a crônica esportiva da época, o grande mérito de Servílio era aquele poder meio misterioso de jogar bola longe da bola.
E Servílio ficou como um protótipo do jogador que atua para o time e não para o público, que o público muitas vezes nem enxerga em campo. Sua função estava no seu nome: Servílio, para servir aos outros.

Pensei no Servílio ouvindo e lendo os repetidos elogios para Neymar, Fred e etc. depois da vitória brasileira na Copa das Confederações. Elogios merecidos, mas quase sempre incompletos. Não incluíam o Oscar. E Oscar é dos jogadores mais importantes da nascente seleção do Felipão. No jogo contra a Espanha, os três gols do Brasil tiveram a sua participação.

 
Neymar, camisa 10. Oscar, camisa11. Foto: Cristiano Andujar / LANCE!Press

Ele é um anti-Servílio na permanente disposição para receber a bola em qualquer lado do campo, mas é um autêntico Servílio na predisposição para servir ao time, muitas vezes se autoapagando, preferindo o passe preciso e a progressão consequente à jogada de efeito.
Seu pouco físico e sua cara de órfão abandonado do Dickens podem explicar sua invisibilidade para o público e a crítica, mas pelo menos o Felipão já deve saber que o ataque para a Copa de verdade tem que ser organizado à sua volta.
Quanto ao resto, estamos bem. Luiz Gustavo — outro neosservílio — foi a melhor surpresa do esquema do Felipão. E aquela bola que o David Luiz tirou de cima da linha do gol num ângulo impossível mostrou que os deuses da física estão do nosso lado. Ajuda.

PAPO VOVÔ
A Lucinda sentou nas minhas costas e eu sugeri que ela usasse minha careca como um tambor. Resposta dela: “Essa é a coisa mais ridícula que eu já ouvi na minha vida.” Não sei quantas coisas ridículas ela já ouviu na sua vida curta, mas minha sugestão bateu todas.

CHARGE DO AROEIRA - Empresas de Eike têm dívidas de quase 8 bilhões


Males do Judiciário são superfaturamento, morosidade, corporativismo e corrupção Roberto Monteiro Pinho Os maiores pesadelos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para fiscalizar o funcionamento do Judiciário, são o superfaturamento, engavetamento (morosidade), corporativismo e corrupção. Quando a morosidade de processo simples, como uma investigação de paternidade, demora 4, 5 ou mesmo 6 anos para alcançarem sua fase final. No processo trabalhista os prazos ainda são maiores, chegam a dez anos. A exemplo de outros setores da vida pública, o judiciário brasileiro também enfrenta a corrupção, com vários exemplos de participação de magistrados, desembargadores, promotores e advogados em esquemas de lavagem de dinheiro, desvio de verbas públicas ou mesmo vendas de sentenças. São dezenas de sedes dos Tribunais brasileiros, que parecem até fazer uma competição para ver quem faz o prédio mais luxuoso, mais tecnológico, maior e mais caro. Construções como a da nova sede do TRF1 possuem nove banheiros coletivos de 800 metros quadrados, boxes para massagem de 60 metros quadrados e setor de lojas com 200 metros quadrados. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) possui os maiores gabinetes entre todos os tribunais, e uma garagem com cinco mil vagas. O superfaturamento e custo do metro quadrado acima do mercado, alguns em 365%, como foi o caso do Fórum de Teresina, no Piauí. CUSTO-BENEFÍCIO Na verdade não temos um judiciário que atenda a contento a sociedade. Seu custo-beneficio é quase zero, e não deve melhorar sua prestação jurisdicional, em virtude de uma série de senões, que estão impregnados no próprio seio dos tribunais. Os serviços desses tribunais funcionam onde poucos destoam de muitos que o mantêm, deixando esse segmento de justiça nos mesmos níveis de intolerância da área da saúde. Em suma, é um judiciário que sequer pensa no efeito externo, tamanha à distância que se encontra da sociedade. Quando o povo passou a exigir um judiciário mais atuante, mais diligente e menos moroso, não concorda com a idéia de que é preciso contratar mais juízes e servidores. E se assim for, como conseguirão remunerar a quantidade necessária de magistrados para atender a demanda cada vez mais crescente por justiça, direitos e ordem pública? O problema é que existem hoje 90 milhões de processos tramitando na Justiça, (82% de empresas públicas, União, Estados e Municípios), e a última meta do CNJ era julgar em 2012 um lote de 23 milhões, no entanto julgou 15 milhões, e recebeu 16 milhões de novas ações.

Males do Judiciário são superfaturamento, morosidade, corporativismo e corrupção

Roberto Monteiro Pinho
Os maiores pesadelos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para fiscalizar o funcionamento do Judiciário, são o superfaturamento, engavetamento (morosidade), corporativismo e corrupção. Quando a morosidade de processo simples, como uma investigação de paternidade, demora 4, 5 ou mesmo 6 anos para alcançarem sua fase final. No processo trabalhista os prazos ainda são maiores, chegam a dez anos.
A exemplo de outros setores da vida pública, o judiciário brasileiro também enfrenta a corrupção, com vários exemplos de participação de magistrados, desembargadores, promotores e advogados em esquemas de lavagem de dinheiro, desvio de verbas públicas ou mesmo vendas de sentenças.
São dezenas de sedes dos Tribunais brasileiros, que parecem até fazer uma competição para ver quem faz o prédio mais luxuoso, mais tecnológico, maior e mais caro. Construções como a da nova sede do TRF1 possuem nove banheiros coletivos de 800 metros quadrados, boxes para massagem de 60 metros quadrados e setor de lojas com 200 metros quadrados.
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) possui os maiores gabinetes entre todos os tribunais, e uma garagem com cinco mil vagas. O superfaturamento e custo do metro quadrado acima do mercado, alguns em 365%, como foi o caso do Fórum de Teresina, no Piauí.
CUSTO-BENEFÍCIO
Na verdade não temos um judiciário que atenda a contento a sociedade. Seu custo-beneficio é quase zero, e não deve melhorar sua prestação jurisdicional, em virtude de uma série de senões, que estão impregnados no próprio seio dos tribunais. Os serviços desses tribunais funcionam onde poucos destoam de muitos que o mantêm, deixando esse segmento de justiça nos mesmos níveis de intolerância da área da saúde.
Em suma, é um judiciário que sequer pensa no efeito externo, tamanha à distância que se encontra da sociedade. Quando o povo passou a exigir um judiciário mais atuante, mais diligente e menos moroso, não concorda com a idéia de que é preciso contratar mais juízes e servidores. E se assim for, como conseguirão remunerar a quantidade necessária de magistrados para atender a demanda cada vez mais crescente por justiça, direitos e ordem pública?
O problema é que existem hoje 90 milhões de processos tramitando na Justiça, (82% de empresas públicas, União, Estados e Municípios), e a última meta do CNJ era julgar em 2012 um lote de 23 milhões, no entanto julgou 15 milhões, e recebeu 16 milhões de novas ações.

A farra continua: presidente da Câmara usou avião da FAB para levar sua noiva e parentes ao Maracanã


Leandro Colon (Folha)

O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), usou um avião da Força Aérea Brasileira para levar a noiva, parentes dela, enteados e um filho ao jogo da seleção no Maracanã no domingo.Um jato C-99 da FAB foi buscar a turma em Natal, terra do deputado. Decolou às 19h30 de sexta-feira rumo ao Rio de Janeiro e retornou no domingo, às 23h, após o jogo.Ao pedir o avião, Alves informou que 14 passageiros poderiam viajar. Pegaram carona com o deputado sete pessoas: sua noiva, Laurita Arruda, dois filhos e um irmão dela, o publicitário Arturo Arruda, com a mulher Larissa, além de um filho do presidente da Câmara. Um amigo de Arturo entrou no voo de volta.
Todos aproveitaram para passear no Rio no sábado e, no dia seguinte, foram à final da Copa das Confederações, vencida pelo Brasil.
O deputado e seus convidados usaram cadeiras destinadas a torcedores, e não às autoridades. Eles postaram fotos em redes sociais de dentro do estádio. No Twitter, Alves comemorou: “BRASIL, seleção nota 10! E a torcida tb, nota 10! O campeão voltou!!”
Sua noiva também: “O campeão voltou… Rouquidão de hoje compensada”. Se tivessem que pagar pela viagem de Natal ao Rio, ida e volta, cada passageiro gastaria pelo menos R$ 1,5 mil.

Skol Design, marca lança kits que transformam garrafa em objeto de decoração

Em edição limitada, as garrafas trazem estampas que traduzem a identidade visual da marca de forma sutil, incentivando o uso decorativo em casa. A divulgação, que conta com peças de mobiliário urbano e ações em redes sociais, inclui também o bom comercial acima.
Skol
Acho que é uma iniciativa que combina com a Skol, que nos últimos anos tem se destacado por diversas inovações de produto, mas me pergunto se a marca é percebida como objeto de desejo pelos consumidores a ponto de esses pagarem pelos kits. R$ 29,90 custa o vaso, por exemplo, o mais barato. Já o pacote completo será vendido por R$ 179,90.
É fácil imaginar que muitas pessoas irão querer esses objetos, mas não seria o caso de distribuir o kits através de alguma promoção? Sim, eu sei que campanha promocional pra bebida alcóolica beira o impossível diante das restrições legais, mas ainda assim é um custo alto para ter uma garrafinha decorada em cima da mesa.
Imagino que a justificativa seria mais fácil se a Ambev fizesse o mesmo para uma marca com uma base de fãs mais fiel, como uma Stella Artois, por exemplo. Na internet vemos inúmeras ideias de objetos decorativos feitos com Heineken ou Jack Daniel’s, para citar concorrentes, e que me parecem ter um apelo bem maior do que a Skol – que construiu sua imagem com base na irreverência, e não na arte – para a proposta da campanha. Posso estar falando bobagem, o planejamento F/Nazca Saatchi & Saatchi deve ter boas respostas para essas perguntas.
Skol
Skol
Skol


Skol