26/04/2013
Laurence Bittencourt –
Esse atentado de Boston ou em Boston, quando ocorreu, conversando com um amigo, eu predisse que isso me cheirava a questões religiosas. Não deu outra. O grande gargalo atual continua sendo as questões religiosas, tal o fanatismo e o delírio por trás delas.
Obviamente que nas investigações, que continuam, pode se chegar a novas evidencias, ou descobertas, mas todas irão se ligar a questões religiosas. É o pano de fundo atual. E, na minha avaliação, retirando a América Latina, as questões ideológicas (com a queda do muro de Berlin e o desastre que foi a experiência socialista na ex-União Soviética) ou politicas, como queiram, não faz mais sentido algum, o que não quer dizer que não se deva apontar ou criticar as tomadas de decisões antidemocráticas.
Mas quem chegou a ver fotos e os efeitos da explosão em Boston, deu para sentir o tamanho do infortúnio, e o grau de intolerância que corre e cresce como capim quando envolve questões religiosas. As fotos são estarrecedoras. E mais: as relações no Oriente Médio, envolvendo Palestinos e Judeus, e as relações nunca amistosas entre Judeus e Mulçumanos, com o ódio aos Estados Unidos alimentando ou cortando essas relações, torna-se o ingrediente ou ingredientes que deixam as possibilidades de paz em suspenso. Não acredito em solução a curto e médio prazo. Infelizmente.
A fé, como já disse vários pensadores, torna-se imune a lógica, e em muitos casos, é até necessária.
Mas o problema é que o mundo sempre foi um barril de pólvora, sempre. E não há pessimismo na minha frase, ou mesmo como querem alguns, realismo, é uma constatação. O que também não se quer dizer que se deva cruzar os braços.
Mas, em todos os tempos, e todas as épocas, o ser humano sempre foi, no mínimo, infeliz e viveu sempre desconfortável. O desejo de coletividade sempre esteve ameaçado, porque faz e propõe níveis de exigência que muitas vezes torna-se intolerável e asfixiador para o individuo. E claro, as reações vem.
Obviamente que o ódio dos irmãos Chechenos (interessante que os Estados Unidos apoiou os Chechenos na sua luta pela libertação e autonomia em relação a Rússia, inclusive abrindo as portas para a imigração de muitos deles, o que torna ainda mais o atentado um paradoxo) que terminou no atentado, envolve outros ingridentes que escapam apenas as questões entre países e nações. Mas, como me faltam dados, fica difícil uma análise mais precisa. Um dos irmãos já havia sido preso por agressão à namorada. E não me surpreenderia novas descobertas com relação a própria familia dos envolvidos. No facebook do irmão mais velho pôde ser lido que o mesmo dizia que sua visão de mundo era a do Islã e que seus objetivos de vida eram “carreira e dinheiro”.
De qualquer forma as questões (perguntas) levantadas por Obama me pareceram extremamente sensatas, como sempre. Disse ele, Obama: “Obviamente, nesta noite ainda temos muitas perguntas sem resposta. Entre elas: por que dois jovens que cresceram e estudaram aqui, como parte de nossas comunidades e país, recorrem a tal violência? Como eles planejaram e realizaram esses ataques? E, finalmente, receberam alguma ajuda?”. Obama insinuava possibilidades de uma ligação mais ampla terrorista, mas até o momento não há respostas satisfatórias.
(1) Foto: A viúva de Tamerlan Tsarnaev, o irmão mais velhos da dupla de terroristas autores do atentado da semana passada na Maratona de Boston,