Carlos Newton
O comentarista Vitor Cast nos enviou uma notícia espantosa, dando conta de que o advogado Marcio Thomas Bastos vai arguir a nulidade do mensalão e impetrar habeas corpus a seu cliente (o que beneficiaria todos os demais), porque o procurador-geral Roberto Gurgel não teria se baseado, nas alegações finais, nos mesmos fatos arguidos inicialmente pelo ex-procurador que fez a denúncia.
“Sendo verdade, vê-se que estamos vivendo a era da esculhambação nacional. Demostenes Torres foi boi de piranha para que a boiada continue a passar! O Brasil está sem rumo, não tem planejamento, seriedade e responsabilidade política com o destino da Nação. Me parece que a Nação acabou. O que existe é uma massa de contribuintes compulsórios”, desabafou Vitor Cast.
Mas acontece que o ex-procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza, responsável pela denúncia do mensalão no Supremo Tribunal Federal, confirma as acusações e denuncia que as defesas dos réus do processo estão empenhadas em provocar dúvidas na opinião pública sobre a existência do esquema.
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COMPRA DE APOIO POLÍTICO
COMPRA DE APOIO POLÍTICO
O ex-procurador-geral afirmou ao repórter Márcio Falcão, da Folha, que tanto na denúncia quanto nas alegações finais do Ministério Público existem evidências “certas e determinadas” da compra de apoio político. “Não há dúvida nenhuma quanto a isso”, garante.
A maioria dos advogados tem atacado a acusação, classificando-a até de ato de terrorismo, e o atual procurador-geral da República, Roberto Gurgel, já chamado de “mesquinho” por não reconhecer a inocência de um réu. Outros advogados disseram que o mensalão não existiu.
Mas o Ministério Público Federal considera o mensalão o mais “atrevido” escândalo de corrupção do país. Souza minimiza os ataques dos advogados que tentam desqualificar as provas da Procuradoria sobre a existência de uma “sofisticada quadrilha”. Ele afirma que a movimentação das defesas pretende deixar a “opinião pública imaginar que há uma dúvida sobre o que foi dito”.
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ILEGALIDADE
ILEGALIDADE
Na entrevista a Márcio Falcão, o ex-procurador rejeita a tese dos advogados de que houve caixa dois. “A convicção do Ministério Público é que não foi caixa dois”, diz. “Toda aquela movimentação financeira, pagamentos na calada da noite, às escondidas, em dinheiro vivo, à margem do sistema bancário, revela algo ilícito que não poderia ser à luz do dia”, acredita.
Advogando desde que se aposentou do Ministério Público, em 2009, Souza tem acompanhado parte do julgamento em seu escritório, em Brasília. Diz que e ataques dos advogados a seu sucessor, Roberto Gurgel, são naturais. No oferecimento da denúncia, afirma, os ataques foram mais “agressivos”.
Souza diz ter convicção que o Ministério Público foi justo na acusação, tanto que pediu a absolvição, por falta de provas, de dois réus: Antonio Lamas, ex-assessor do PL, e o ex-ministro Luiz Gushiken. “Isso mostra que o Ministério Público foi cauteloso em todo o processo” – destaca.