Que tal averiguar, ao menos, um pouco da situação política e econômica do Brasil? Temos uma taxa de homicídios comparável a países em guerra constante, com mais de 50.000 mortes por ano, possuímos uma das maiores taxas de impostos do planeta: pagamos mais impostos que no tempo da colônia (onde, nas escolas, aprendemos que os imperiosos portugueses nos oprimiam constantemente com as pesadas taxas) e do Império; houve tanta corrupção no Brasil pós-2002 que a maior empresa da nação, a que tinha monopólio do seu produto em um país de dimensões continentais, praticamente foi à falência nos últimos anos.
Temos um ex-presidente, uma presidente, senadores e deputados que, estranhamente, nada falam dos regimes genocidas que não só são aliados estratégicos, mas também amigos íntimos em seus esquemas de poder, algo que não veem problema em divulgar publicamente. É claro que a corrupção, as mentiras, as altas taxas e o aparelhamento – como a receita federal nunca ter achado estranho o patrimônio de um tratador de zoológico ser, em poucos anos, um dos maiores do país, ou a juíza, que averiguava o caso desse ex-tratador ter sido inexplicavelmente afastada da investigação – dos Três Poderes e uma boa parte de suas instituições e membros é algo bem pequeno. Um déficit de alguns bilhões equivale a furar a fila ou a não dar lugar a um idoso no ônibus, claro. É tudo pouco criticável, ou a mesma coisa (tratando-se da corrupção), mas apenas na mente de medíocres.
Com todos esses problemas acima, com todo o risco do aparelhamento do Estado e toda a pobreza que a alta carga de impostos gera – não se pode esquecer que a corrupção também é consequência de impostos altos –, não é, no mínimo, estranho algumas pessoas deixarem tudo isso de lado e gritar “Fora Cunha”?
Não é nem um pouco curioso esses sujeitos de esquerda contestarem, apontarem os dedos e berrarem contra Eduardo Cunha por causa de contas suspeitas na Suíça, mas ao mesmo tempo tamparem os ouvidos, olhos e bocas para todas as citações de Dilma no Petrolão? Por que isso ocorre? De onde vem tanta seleção para julgar e criticar alguém? É muito bizarro tais amantes da democratização de tudo e todos quererem Cunha fora da presidência da câmara por certas acusações, mas chamarem de golpistas quem quer a saída da presidente da Repûblica. Por que será que olham mais para Cunha, com menos representatividade, poder e status, que para a presidente da República?
Embora a maioria da população não se encaixe nesse tipo de pessoa, e até mesmo as olhe com receio – dado que a lei de Eduardo Cunha, em defesa da vida, atende às crenças e vontades populares, ou seja, à Democracia –, uma parte considerável de pessoas ainda pensa, não com base em evidências e nexos simples de se fazer, mas sim com um cabresto, o cabresto da ideologia, da covardia e do cinismo.
São tais homens que merecem o nome de medíocres. A mediocridade se estabelece pela falta de interesse por algo maior, algo superior. Não sabem distinguir as proporções entre certas virtudes ou problemas; os medíocres apontam seus dedos para Cunha, Bolsonaro, Caiado, isso quando não o fazem para instituições sociais ou grandes parcelas da população brasileira, com um sorriso de superioridade. Medíocres não sabem analisar a realidade, têm carências e são inaptos para fazer a mais simplória análise. Entre uma presidente da República, a pessoa mais poderosa da Nação, citada várias vezes em um inquérito, e um presidente do Congresso, que ainda esta sendo investigado, preferem defender a primeira, atacar compulsivamente o segundo e ainda rotular negativamente quem quer a saída da presidente.
Mas quando a verdade é estampada na face do medíocre, o que inviabiliza seus cabrestos cognitivos, ele começa a tentar jogar com a retórica – sem conteúdo, claro – e inverter o argumento do acusador para ele mesmo. Esse tipo de argumentação é bastante louvável, entretanto tal retórica precisa ser bem construída, e para apresentá-la é necessário ser cuidadoso e ter boas intenções. Mas todas essas três características necessárias inexistem – o medíocre, em sua débil defesa, afirmará que os “coxinhas” atacam a Dilma, mas não o Cunha, que são preconceituosos porque Dilma luta pelo pobre, Cunha pelo rico, Dilma é pela mulher, Cunha pelo machismo, Dilma tem seu nome citado em corrupção, mas Cunha tem contas no exterior… Mas o medíocre não se guia pelos fatos, pela investigação, e sim pela ideologia, pelas aparências, por cacoetes e vícios embasados em raciocínios falsos. O medíocre não leu o que Rodrigo Constantino publicou na Veja quando Cunha entrou para a presidência da Câmara, não passou um mísero olhar em algum texto ou publicação de Olavo de Carvalho, Kim Kataguiri, Felipe Moura Brasil, Marco Antônio Villa, Reinaldo Azevedo… Não. O medíocre leu a Carta Capital ou viu algum “meme”, em uma imagem da Iconoclastia Incendiária sobre os representantes da Direita no Brasil.
Os medíocres preferiram Gregório Duvivier, Sakamoto, e a Socialista Morena. Ter o trabalho básico de pesquisar e averiguar o que seus opositores pensam e expressam, nenhum dos medíocres teve. Nem a base necessária para a construção de uma mentalidade política sã os sujeitos possuem. O que esperar de pessoas que se negam a enxergar as coisas simples em volta? Nada além da decepção, da incapacidade de fazer análises simples. Os parâmetros normais e racionais, mais que esquecidos, foram desprezados pelos medíocres.
A mediocridade, pelo andar da carruagem, se comporta como um tipo de infecção nas faculdades do homem. É difícil dialogar com quem grita a plenos pulmões “FORA CUNHA!”, acreditando que ele é o mau da nação e fechando os olhos para o quão conveniente é a militância “anti-Cunha” e para a atuação da atual gestão do Brasil (mas cabe a pergunta: se Cunha se render ao esquema petista, será que os medíocres irão se “esquecer” das contas na Suíça do atual Presidente da Câmara? Tudo indica que sim). Sujeitos que ainda choram pelo governo do PSDB no final do século passado e do início deste, se esquecendo de que faz mais de uma década que o PSDB não governa a Federação; a situação é tão negativa para a mentalidade medíocre, que eles sequer conseguem concatenar um simples pensamento: “se era tão ruim com o PSDB, então era melhor antes? Se FHC foi um presidente tão cruel com o povo e as classes menos abastadas, então elas estavam melhor antes, para depois piorarem?”. Naturalmente: caso os medíocres ousassem pensar com tanto poder lógico, dessa maneira, veriam que a situação melhorou para o povo com FHC, em relação aos governos anteriores. Mas tal esforço é muito grande para quem usa o cabresto cognitivo, assim como o simples raciocínio de que é mais perigoso, complicado e danoso para todos os cidadãos de bem do país ter uma presidente incompetente, corrupta, incapaz, desarticulada, impopular, e com flertes ditatoriais que um presidente da Câmara com problemas de corrupção.
Os usuários do cabresto preferem negar as estatísticas, pois elas, talvez, sejam muito exatas para suas mentes humanas – ou será que conseguiram chegar à cognição do Homo Sapiens? Talvez sejam outro hominídeo menos evoluído. As estatísticas mostram claramente que a corrupção cresceu durante o governo do PT, que a violência, mortes e crimes nunca estiveram tão altos antes do governo do PT no país. Até mesmo a colocação das universidades brasileiras diminuiu em mais de uma década de PT. Por que raios insistir tanto em quem não tempoder como FHC e Eduardo Cunha?
O fetiche de sempre voltar no tempo, de culpar o mais rico, o mais bem-sucedido, resolvido pelas mazelas da sociedade é um jogo já ultrapassado, mas que ainda surte efeito na mente de algumas “minorias”. Possivelmente, os medíocres só usem o cabresto por moda, por uma onda reativa em relação ao nascimento da direita no Brasil. É bem possível que os medíocres estejam em vias de extinção, e em uma década sejam praticamente irrelevantes, mas até lá a doença, o mal da mediocridade ainda se espalhará pela sociedade, corroendo a verdade mais simples, o fato mais fácil de constatar.
É hora de a direita parar de ser rotulada, e rotular com mais força e afinco, dar nome aos bois e colocar ordem na casa. Medíocres serão chamados de medíocres, e desonestos de desonestos. Só com uma grande “pancada” da realidade, infelizmente, a doença poderá ser curada.
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