terça-feira, 28 de agosto de 2012

Vai faltar hotel para a nova classe média?



Uma série de fatores levaram a Associação Brasileira de Operadoras de Turismo a concluir que sim, vai faltar hotel para a nova classe média. Segundo o levantamento feito pela entidade, o aumento da demanda não tem sido acompanhado por investimentos significativos em novos hotéis de nível intermediário, do tipo três estrelas. Os motivos são variados. O estudo aponta, por exemplo, que o elevado preço dos terrenos nas regiões centrais das cidades brasileiras afasta os investidores e que as empresas hoteleiras, com dificuldade de oferecer garantias, não conseguem captar empréstimos. Hoje, segundo a pesquisa, também leva-se mais tempo para concluir empreendimentos hoteleiros — três anos e meio, em média.
Igor Paulin

Faltam faxineiros que saibam faxinar



A notícia é boa: faltam faxineiros no mercado. A rotatividade na profissão é alta e começa a obrigar as empresas que fornecem mão de obra para esse tipo de serviço, assim como de copeiros e outros trabalhadores de conservação e limpeza, a melhorar a qualificação dos seus funcionários. Em 2011, os investimentos em treinamento cresceram 65% em comparação com 2005. De acordo com levantamentos feitos por uma empresa do ramo, a Holding Higi Serv, na Região Sul, foram treinadas 220 000 pessoas para funções no ramo no ano passado.
Felipe Patury

Em decisão inédita, Previdência dá salário-maternidade a homem


Foi julgado caso de dois pais adotantes, em união homoafetiva, que receberão o benefício do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)

Do Portal Terra
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O Ministério da Previdência Social reconheceu nesta terça-feira (28) o direito de um homem receber salário-maternidade por 120 dias. O Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS) julgou na manhã desta quarta-feira a questão de dois pais adotantes, em união homoafetiva, que receberão o benefício do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A decisão foi inédita, no âmbito administrativo do órgão, e não pode mais ser contestada pelo instituto, exceto na Justiça.
 
Na legislação, o salário-maternidade é pago à mulher segurada em decorrência do parto (inclusive o natimorto), aborto não criminoso, adoção ou guarda judicial para fins de adoção pelo período de 120 dias (licença-maternidade).
 
De acordo com a presidente da 1ª Câmara de Julgamento do CRPS, Ana Cristina Evangelista, que presidiu o julgamento, as quatro conselheiras que participaram do processo votaram em unanimidade pelo direito de os pais receberem o benefício, baseadas na análise da Constituição e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
 
"Estamos falando da Previdência reconhecendo salário-maternidade para um homem. Não poderíamos negar um direito que existe de fato por causa de uma questão semântica [na legislação, consta que 'beneficiária' tem direito ao salário]. A criança tem o direito, o ECA assegura e esse foi o entendimento da composição da Câmara. Isso foi um grande avanço tanto para a área administrativa quanto para a previdenciária", disse a presidenta Ana Cristina.
 
A decisão, no entanto, não significa que o direito ao salário-maternidade é extensivo a todos os pais que se enquadrarem em situação semelhante. A legislação previdenciária continua não prevendo um salário para os pais, espécie de "salário-paternidade", informou Ana Cristina. Os interessados terão de pleitear esse direito e as situações serão analisadas caso a caso.
 
Em nota divulgada pela Previdência, o beneficiário, Lucimar Quadros da Silva, diz que ele e o companheiro querem ter o direito de cuidar do filho. "Além disso, os cuidados e atenção são um direito da criança, não meu ou do meu companheiro. Quem sabe com essa decisão outras crianças possam ter o mesmo direito", disse o pai, na nota.
 
O INSS informou, por meio de nota, que a decisão é interna e administrativa do CRPS e que o presidente do Conselho, Manuel Dantas, não irá se pronunciar.
 
Outro ponto inédito no julgamento foi o fato de ter ocorrido pela primeira vez um processo virtual no órgão. A Câmara da Previdência fica localizada em Brasília e as partes interessadas participaram do julgamento por meio de videoconferência no Rio Grande do Sul. Para a presidenta da Câmara, a possibilidade de usar processos virtuais no órgão irá inaugurar uma "nova era".

Educação formal versus aprendizagem



28 de agosto de 2012
É muito maior
a habilidade
de manuseio
tecnológico do
que a mudança
qualitativa de
competências
básicas
PAULO CÉSAR PEREIRA MACHADO*
São muitas as preocupações que assombram o mundo das competências pedagógicas dos "professores orgânicos", ou seja, comprometidos com os resultados e as consequências de uma educação formal que não pode se dar ao luxo de falhar.
Não obstante depararmos com uma realidade em que, majoritariamente, as novas tecnologias da informação são apontadas como instrumentos essenciais à atratividade e à motivação dos estudantes, o que se constata é que independentemente da utilização desses recursos, não tem havido (e nem se vislumbra que haja), mudança que possa ser encarada com um sentido qualquer de "progresso".
De forma alguma, é intenção atacar os artefatos tecnológicos que nos dão acesso à realidade virtual e que fazem o mundo _ estranha e maravilhosamente _ acelerado e "pequeno". Também não parece apropriado utilizar o termo "virtual" em sentido pejorativo; antes, com o significado que permite ao indivíduo estar "em mais de um lugar a um só tempo", ainda que possa "não estar de fato em lugar algum". De resto, também parece óbvio que esse é um aspecto da cultura tecnológica que caminha no sentido do enraizamento.
Ocorre que mesmo utilizando as TIC _ Tecnologias da Informação e Comunicação _ nas escolas, percebe-se que é muito maior a habilidade de manuseio tecnológico do que a mudança qualitativa de competências consideradas básicas para o sucesso pessoal e coletivo _ em um mundo (talvez uma cultura pós-moderna) em que a interação articulada, ponderada, imediata, com precisão, tem sido um referencial para aqueles que reúnem competências desejáveis à vida profissional e social.
Longe de considerar a não utilização dessas tecnologias que podem tornar mais colorido, ou menos acinzentado, o espaço pedagógico de aquisição do saber. Não é esse o caso. A questão que se coloca é que apesar desses recursos, ou por causa deles, as mudanças que esperávamos pudessem indicar melhoria em competências básicas como "falar, ouvir, ler e escrever textos, pensar de maneira criativa, tomar decisões e resolver problemas", por exemplo, não se realizam no tempo que se considera adequado, mesmo observando conceitos que alargam nossas expectativas, tais como, "respeitar o tempo do aluno", ou "o ato de conhecer é um processo permanente e indefinido".
Então, o que está errado? É obvio que "uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa": investimento em educação é essencial em todos os pontos cuja discussão é interminável, mas, ao mesmo tempo, acaba se mostrando uma das partes do problema. Por outro lado, toda uma vasta pesquisa acadêmica não tem conseguido ou tentado dar solução aos problemas cotidianos da prática pedagógica em sala de aula.
As dificuldades e mazelas do ensino batem todos os dias à nossa porta sob diferentes formas. As soluções não dão solução. Concepções políticas várias insistem em reduzir os significados dos conceitos e fenômenos ao tamanho de suas interpretações. A vida escolar, ou se torna o calvário do professor, ou a mazela do aluno. O quadro só não é aterrador para quem não quer ver, ou vê com olhos de vidro sua própria paisagem vitral.
De resto, o tema é polêmico e, não raras vezes, motivo de cólera. Mas não é aceitável o discurso fácil que transfere responsabilidades. Temos um problema imediato e insuperável sob o ponto de vista segmentado. É preciso um mutirão que envolva todos os recursos humanos, financeiros, acadêmicos e políticos para superarmos essa estagnação que envolve a educação pública no Brasil. O debate é longo e deveria pautar-se na repetição do clichê: "Melhor mesmo é não pagar pra ver".
*Professor de História e supervisor educacional

Qual é a melhor idade para ter filhos?


28 de agosto de 2012
No final das
contas, nós,
homens, também
temos um prazo
de validade
para termos
filhos saudáveis
GUIDO LENZ*
Antigamente a resposta era fácil: tornar-se adulto, achar uma boa moça para casar e ter filhos. Atualmente, no entanto, a resposta é bem mais complicada _ antes de ter filhos, é necessário estudar, ter um emprego, comprar uma casa e achar um momento na carreira, principalmente da mulher, que não atrapalhe demais. Todas essas alterações do mundo moderno fizeram com que a idade mediana em que homens e mulheres passaram a ter filhos crescesse cinco anos desde 1970.
Mas existe um limite de idade para se ter filhos? Para mulheres é o fim da idade reprodutiva, mas para os homens, teoricamente, não existe idade-limite. Entretanto, um estudo publicado na última semana mostrou que o risco para o filho aumenta com a idade do pai.
O pai contribui com metade do genoma do(a) filho(a). Este genoma tem 3,2 bilhões de nucleotídeos. Embora existam vários mecanismos para copiar este genoma da melhor forma, alguns erros são cometidos nesse processo de cópia. O estudo que foi publicado nessa semana na revista Nature analisou o genoma de 78 famílias da Islândia e constatou que um pai de 20 anos transfere, em média, o genoma com 40 mutações, isto é, alterações em nucleotídeos. Isso, obviamente, é muito pouco, considerando que são 40 em 3,2 bilhões. O interessante desse estudo foi mostrar que, quanto mais idade tiver o pai, mais erros ele irá passar para o filho. Cada ano a mais na idade do pai, duas mutações a mais, em média, são transferidas aos filhos. Com isso, pais aos 40 anos passam o dobro de mutações, quando comparados com pais de 20 anos. Embora isso ainda seja um valor muito baixo, aumenta o risco de doenças genéticas como esquizofrenia e autismo. Outra informação surpreendente é que a idade da mãe importa muito menos no número de mutações transferidas.
Apesar de esse estudo indicar que quanto mais cedo melhor, certamente os outros aspectos envolvidos em se tornar pais não podem ser esquecidos e é fundamental que o filho cresça em um ambiente de amor e estabilidade emocional e financeira, mais facilmente presentes em pais com idade maior. Mas é interessante se dar conta de que a suspeita de que problemas genéticos eram decorrentes dos filhos terem nascido de mães mais velhas, provavelmente era mais uma suspeita machista do que um fato científico. No final das contas, nós, homens, também temos um prazo de validade para termos filhos saudáveis.
*Professor associado do Departamento de Biofísica da UFRGS

HUMOR - Charge do Millor



Ricardo Teixeira vendeu a Seleção Brasileira até 2022


 


 No dia 15 de novembro de 2011, quatro meses antes de renunciar à presidência da CBF, Ricardo Teixeira assinou, em Doha, no Qatar, um novo contrato com a International Sports Events (ISE), dando à empresa da Arábia Saudita, com sede no paraíso fiscal das Ilhas Cayman, o direito de organizar amistosos da Seleção Brasileira até o final da Copa do Mundo de 2022.
A revelação está na Folha de S.Paulo de hoje, assinada por este blogueiro.
Desde 2006 a ISE é responsável pelos amistosos do time da CBF que não
estiveram contidos no contrato com a Nike, num acerto que vigoraria até 2010 e que foi alterado em março daquele ano para contemplar mais 10 partidas da seleção.
Teixeira assinou o novo contrato pela CBF e, pela ISE, um tal Moheyddin Kamel, que teria sido apresentado por Sandro Rossel, presidente do Barcelona.
Então, já era dada como certa a saída de Teixeira da CBF.
Rossel é investigado pelo Ministério Público do Distrito Federal por seu envolvimento no amistoso entre as seleções do Brasil e de Portugal, em 2008, quando recebeu R$ 9 milhões para organizar o jogo.
O novo contrato da CBF/ISE prevê o pagamento de uma taxa fixa de US$ 805.000 pelos jogos ainda referentes ao contrato antigo e de US$ 1.050 pelo acordo que vigorará até 2022.
Comentário para o Jornal da CBN desta terça-feira, 28 de agosto de 2012.

Baixinho irritado



Romário telefonou bravo pela manhã porque ontem à noite eu disse no “Linha de Passe”, da ESPN-Brasil, que 1000 gols só  Pelé fez.
Aliás, mais de 1.280 gols.
O Baixinho argumenta que também fez 1000, embora mais de 100 desses gols não sejam como profissional.
Eu apenas contabilizo os gols como profissional e o único profissional que atingiu, e superou, a marca foi Pelé.
Minha simpatia política maior por Romário não me faz pensar diferente.
Ele diz que entre os gols de Pelé estão contabilizados os que fez pela seleção do Exército, o que é verdade, razão pela qual ele pode contabilizar os dele como infantil, juvenil, etc e tal.
A diferença entre uma coisa e outra é grande.
Em primeiro lugar porque a inclusão dos gols pelo time do Exército não influem nem contribuem — são 15 gols em em mais de 1280.
Em segundo porque, mal ou bem, ele já era profissional.
Quanto aos tais 1000 gols de Túlio, só há uma forma de vê-los: palhaçada!
E o Botafogo avaliza.
O que explica muita coisa no Glorioso.
Quanto ao Baixinho, só resta esperar que a irritação passe, até porque sabe que o tenho como dos maiores de todos os tempos, dentro da área só comparável a Coutinho, que segundo Pelé era, ali, melhor que ele.

Tornozeleiras para bandidos e arruaceiros de torcidas organizadas



Milton Corrêa da Costa
Proponho que todos os bandidos arruaceiros, integrantes de torcidas organizadas, presos em conflitos por prática de agressões e homicídios, cujas referidas torcidas sejam proibidas de frequentar estádios de futebol, recebam pela Justiça a medida de controle pessoal com o uso obrigatório de tornozeleiras eletrônicas enquanto durar a determinação proibitiva de frequência aos estádios. Afinal de contas, estamos diante de verdadeiras feras humanas que ameaçam permanentemente a sociedade.
Além disso, porponhoque um dispositivo tecnológico específico, colocado na entrada dos estádios, detecte, pela tornozeleira eletrônica, aqueles que estarão impedidos de assistir aos jogos.
Precisamos também apoiar integralmente o recolhimento a presídio, por formação de quadrilha, lesão corporal e corrupção de menores dos integrantes de uma torcida organizada do Fluminense, que covardemente agrediram dois menores, torcedores do Vasco, momentos antes da partida de sábado último entre Vasco e Fluminense.
Estamos diante de perigosos marginais da lei cuja finalidade é ameaçar a vida e afrontar a ordem pública, não torcer pelo clube. É preciso dar um freio urgente nos homicidas desordeiros e desencorajá-los das prárticas criminosas. Lugar de bandido é na cadeia.

Livre pensar é só pensar (Millôr Fernandes)



J. R. Guzzo: Os ministros do Supremo e o governo deveriam se lembrar sempre do Zé Linguiça



Patriota - só falta um oficial da chancelaria a lhe sussurrar, de tempos em tempos: "Lembre-se de sua mortalidade, e do Zé Linguiça" (Foto: Cristiano Mariz / VEJA)
Patriota - só falta um oficial da chancelaria a lhe sussurrar, de tempos em tempos: "Lembre-se de sua mortalidade, e do Zé Linguiça" (Foto: Cristiano Mariz / VEJA)
Artigo publicado na edição impressa de VEJA que está nas bancas

ZÉ LINGUIÇA
J. R. Guzzo
J. R. Guzzo
Pode até não ser uma verdade comprovada pela história, mas ninguém discute que se trata de uma belíssima ideia. Na Roma antiga, quando um grande general voltava de uma campanha vitoriosa no estrangeiro, fazia-se uma fabulosa procissão triunfal pelas ruas da cidade, o “triunfo”, para exibir diante do mundo a glória do comandante vencedor, e homenagear a grandeza que ele trazia à pátria.
Era a honra máxima que um cidadão romano podia obter, e dava um trabalho danado chegar lá.
Ele tinha de ter matado em combate pelo menos 5.000 soldados inimigos.
Tinha de mostrar, presos, os chefes derrotados.
Tinha de ter enfrentado um exército pelo menos equivalente ao seu.
Tinha, sobretudo, de trazer sua tropa de volta para casa.
O problema, nisso tudo, é que os romanos da Antiguidade eram gente que tinha em altíssima conta a modéstia pessoal — e, em consequência, fechava a cara para qualquer demonstração de soberba. O que fazer, então, na hora em que o general vitorioso desfilava perante a multidão como se fosse um rei? É aí que aparece a ideia mencionada acima.
Logo atrás do “triunfador”, no mesmo carro puxado por quatro cavalos que ele conduzia, ficava um escravo que, de tanto em tanto tempo, lhe dizia baixinho ao ouvido: “Memento mori” (em tradução livre, “lembre-se de que você vai morrer”). Nada melhor, provavelmente, para baixar o facho de qualquer alta autoridade que começa a se achar.
Esse procedimento poderia ser o tipo da coisa útil no governo brasileiro de hoje. Seria uma beleza, por exemplo, se o chanceler Antonio Patriota, ao desfilar pelo planeta com a sua bela pasta de couro, distribuindo em nome da presidente Dilma Rousseff as advertências do Brasil para os grandes, médios e pequenos deste mundo, tivesse algum recurso parecido — naturalmente, com as adaptações necessárias às nossas realidades atuais.
Um oficial de chancelaria, digamos, andaria sempre atrás dele; só que, em vez do severo aviso romano, ficaria repetindo ao seu ouvido: “Lembre-se do Zé Linguiça”. Deveria ser o suficiente para o dr. Patriota cair bem depressa na real.
Ele se lembraria imediatamente de que vem do país do Zé Linguiça — e ninguém, nem a presidente Dilma, consegue transformar em potência mundial um país que chega a ter no centro do maior espetáculo jurídico da sua história, mesmo por um momento fugaz, um cidadão chamado Zé Linguiça.
Quem acompanha o julgamento do mensalão pode estar lembrado desse Zé Linguiça — o elo perdido entre um dos réus e a mala preta do professor Delúbio Soares, o tesoureiro do PT. Mas falar dele justo nesta hora, na suprema corte da nossa terra, em seus dias de solenidade máxima?
Bem no momento em que cada ministro quer ser, no mínimo, um Cícero, e outros são capazes de escrever mais de 1.000 páginas para dizer se um cidadão é culpado ou inocente? Pois é — aí vem o Zé Linguiça, e com um personagem desses não há pose que resista. Some, na hora, o Brasil Grande. Aparece o Brasil de verdade.

A presidente precisava mesmo de alguém que lhe lembrasse: “Todo ano há 50000 homicídios no Brasil” ou “O ensino médio brasileiro, pelos dados oficiais de 2011, tem nota 3,7, numa escala que vai de zero a 10” (Foto: Valter Campanato / ABr)
A presidente precisava mesmo de alguém que lhe lembrasse: “Todo ano há 50 mil homicídios no Brasil” ou “o ensino médio brasileiro, pelos dados oficiais de 2011, tem nota 3,7, numa escala que vai de zero a 10” (Foto: Valter Campanato / ABr)
Falou-se do ministro Patriota, mas o aviso ao pé do ouvido vale para qualquer grão-duque do poder público brasileiro, e para a própria presidente da República, quando começam a imaginar que são o rei Luís XV de França. Quanto à mensagem dos lembretes, então, há uma infinidade de coisas a dizer além do Zé Linguiça.
A voz poderia lhes recordar, por exemplo: “Todo ano há 50.000 homicídios no Brasil”. Em três anos, com 150.000 cadáveres, é o equivalente a uma bomba de Hiroshima. Ou: “O ensino médio brasileiro, pelos dados oficiais de 2011, tem nota 3,7, numa escala que vai de zero a 10”.
Seria possível lembrar que as dez entradas de São Paulo, a cidade mais rica e possante do Brasil, formam uma das mais pavorosas sucessões de favelas de todo o mundo; nosso desenvolvimento, em qualquer lugar do país, tem o dom de atrair miséria.
Também seria útil que nossas autoridades, em seus acessos de grandeza, lembrassem que a população brasileira está proibida de frequentar áreas inteiras das grandes cidades, tomadas por bandidos, vadios e predadores diversos, como se vivesse sob o toque de recolher imposto por um exército de ocupação.
Como essa gente que está no governo pode dormir em paz num país assim?
Esse pesadelo não foi criado pelo governo da presidente Dilma, nem será resolvido por ela. Mas então, como o rei da Espanha recomendou tempos atrás ao coronel Hugo Chávez, por que não se calam?
Por que se metem na vida do Paraguai ou dão palpites na economia da Europa?
Por uma questão de decência comum, e em nome do senso de ridículo, todos deveriam fazer, já, um voto de silêncio.

Justiça condena procurador por falsificação de documentos



O Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio condenou, no início da noite desta segunda-feira, o procurador de Justiça Elio Fischberg a três anos, dez meses e 11 dias de prisão, em regime aberto, e decretou a perda da função pública do réu. A pena, porém, foi substituída por outras duas, restritivas de direito: prestação de serviços à comunidade e pagamento de R$ 300 mil ao Instituto Nacional do Câncer (Inca). Fischberg foi denunciado por falsificação de documentos públicos com o advogado Jaime Samuel Cukier, absolvido no processo por falta de provas. ...

Deputado usou documentos

Por maioria, os desembargadores acolheram o voto da relatora, desembargadora Leila Mariano. "A materialidade encontra-se plenamente delineada. O mesmo se pode dizer acerca da autoria", concluiu, com base nos depoimentos das testemunhas ouvidas no processo, nos laudos da perícia técnica que constataram a falsificação das assinaturas e na própria confissão do réu. Fischberg alegou que foi vítima de chantagem emocional, mas não revelou por quem.

De acordo com a denúncia, Elio Fischberg teria falsificado documentos públicos que levaram ao arquivamento de um procedimento no Tribunal de Contas do Estado (TCE) contra o deputado federal Eduardo Cunha, cliente do escritório de advocacia de Cukier. O crime teria ocorrido em 2002, quando Fischberg era 2º subprocurador-geral de Justiça, e Cunha estava sendo investigado por irregularidades durante sua gestão na presidência da Companhia de Habitação do Estado do Rio (Cehab) entre 1999 e 2000.

Fischberg teria forjado a assinatura de membros do Ministério Público estadual - do então procurador-geral da Justiça, José Muiños Piñeiro, e da procuradora de Justiça, Elaine Costa da Silva -, certificando o arquivamento de três inquéritos civis contra Eduardo Cunha. O deputado então juntou cópias dessa documentação ao processo do TCE, que terminou sendo arquivado. Com isso, ele ficou apto a disputar o cargo de deputado estadual nas eleições.

Advogado pleiteava STF

Nesta segunda-feira, os advogados Fernando Thompson Bandeira e Marcos Thompson Bandeira, que representam Fischberg, foram procurados pelo GLOBO, mas não retornaram as ligações para dizer se irão recorrer da decisão. Na semana passada, após o Órgão Especial do TJ ter adiado a divulgação da sentença para esta segunda, Fernando Thompson Bandeira disse que seu cliente é inocente - sem mencionar confissão -, que houve cerceamento de defesa e que o caso deveria ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), onde Eduardo Cunha já responde pelos fatos. No mensalão, afirmou ele, réus com foro privilegiado puxaram o processo dos outros para o órgão:

- Qual o motivo que ele teria para fazer isso (falsificação)? Além disso, os documentos supostamente falsificados, que foram periciados, eram cópias. Laudo pericial grafotécnico em cópia não é algo absolutamente seguro.
Fonte: Jornal O Globo - 28/08/2012

Sob Toffoli, AGU não quis processar Dirceu



MP convidou governo para ingressar em ação de improbidade. Ideia era recuperar dinheiro público, mas Toffoli não teve interesse

A AGU (Advocacia Geral da União) sob o comando de Antônio Dias Tofolli –hoje ministro do Supremo Tribunal Federal– ignorou um pedido do Ministério Público Federal para entrar como co-autor em ação de improbidade administrativa contra José Dirceu e outros 20 réus do mensalão. A apuração é deste Blog e do repórter da Folha Matheus Leitão. ...

Toffoli votou ontem no julgamento do mensalão e não se deu por impedido. Em um de seus votos, absolveu o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) dos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e dois peculatos (uso de cargo público para desviar recursos).

O Ministério Público perguntou em 2007 se a AGU, “na pessoa do seu advogado público com poderes legais de representação”, teria interesse de participar como “pólo ativo” de uma ação para recuperar dinheiro público supostamente desviado no escândalo do governo Lula.

Embora tenha sido questionada várias vezes nos anos de 2007, 2008 e 2009, durante a gestão de Toffoli, a AGU não respondeu se deveria ou não entrar na ação –ainda em andamento na 6ª Vara Federal de Brasília.

A AGU se limitou a dizer, em duas ocasiões, que estudava internamente se participaria ou não do assunto. Nas duas vezes, pediu mais prazo para responder.

Toffoli, hoje como ministro do Supremo Tribunal Federal, participa normalmente do julgamento de outra ação, a penal, que está há quase um mês em análise na mais alta Corte do país.

Antes de ser advogado-geral da União e ministro do STF, Toffoli trabalhou na subchefia para Assuntos Jurídicos do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) de 2003 a 2005. Foi também assessor parlamentar da Liderança do Partido dos Trabalhadores (PT) e advogado eleitoral do Presidente Lula nas campanhas de 1998, 2002 e 2006.

Procurada, a assessoria de imprensa da AGU confirmou que não houve resposta na gestão de Toffoli.

Luís Inácio Adams, sucessor de Toffoli, respondeu o pedido do Ministério Público após assumir o cargo em 2009. A resposta foi negativa, indicando que a AGU não tinha interesse em entrar na ação de improbidade contra Dirceu.

A reportagem quis ter acesso a essa resposta de Adams, mas soube que o documento foi extraviado no âmbito da AGU.

Por meio da Lei de Acesso à Informação e na assessoria de imprensa, a Folha tenta –há mais de uma semana– ter acesso aos pareceres internos produzidos para o processo. Os pedidos não foram atendidos até agora.

Procurado para comentar esse episódio, o ministro Toffoli não respondeu.

LEI
A AGU não está obrigada a entrar em ações de improbidade como essa que o Ministério Público sugeriu contra José Dirceu em 2007. À época de Toffoli no comando do órgão, não havia tampouco um parâmetro definido sobre esses casos.

A rigor, a entrada da AGU apenas conferiria peso político à ação: o governo, lesado pelo suposto desvio de dinheiro público, estaria perseguindo na Justiça a devolução dos recursos.

Como o mensalão é um caso com forte conotação política, a decisão do governo de abrir uma ação de improbidade contra os réus teria o efeito de eventualmente acelerar o processo de ressarcimento do dinheiro aos cofres públicos.

Agora, sob Luís Inácio Adams adotou-se uma regra. A AGU só entra como co-autora em ações de improbidade contra agentes do Estado quando algum órgão de controle interno já tenha identificado algum desvio. No caso de Dirceu, por exemplo, seria necessário algum tipo de comprovação por parte da Controladoria Geral da União ou do Tribunal de Contas da União.

Para o governo, entretanto, não tem peso o fato de José Dirceu ter tido seu mandato de deputado federal cassado por causa do mensalão.

Por Fernando Rodrigues
Fonte: Blog do Fernando Rodrigues - 28/08/2012

A desmoralização da política



A luta pela democracia marcou o século XX brasileiro. Somente em oito dos cem anos é que não ocorreu nenhum tipo de eleição, de voto popular, para escolher seus representantes. Foi durante a ditadura do Estado Novo (1937-1945). No regime militar as eleições tiveram relativa regularidade, mas sem a possibilidade de o eleitor escolher o presidente da República e, a partir de 1965, dos governadores e dos prefeitos das capitais e das cidades consideradas de segurança nacional. Nas duas décadas do regime militar (1964-1985), a luta em defesa da eleição direta para o Executivo e da liberdade partidária foram importantes instrumentos de mobilização popular. ...

Com o estabelecimento pleno das liberdades democráticas, após a promulgação da Constituição de 1988, as eleições passaram a ter uma regularidade de dois anos, entre as eleições municipais e as gerais. Deveria ser uma excelente possibilidade para aprofundar o interesse dos cidadãos pela política, melhorar a qualidade do debate e e abrir caminho para uma gestão mais eficaz nas três esferas do Executivo e, no caso do Legislativo, para uma contínua seleção dos representantes populares.

Para um país que sempre teve um Estado forte e uma sociedade civil muito frágil, a periodicidade das eleições poderia ter aberto o caminho para a formação de uma consciência cidadã, que romperia com este verdadeiro carma nacional marcado pelo autoritarismo, algumas vezes visto até como elemento renovador, reformista, frente à ausência de efetiva participação popular.

Desde 1988, está será a décima terceira eleição consecutiva. Portanto, a cada dois anos temos, entre a escolha dos candidatos e a eleição, cerca de seis meses de campanha. Neste período o noticiário é ocupado pelas articulações políticas, designações de candidatos, alianças partidárias, debates e o horário gratuito de propaganda política. Cartazes são espalhados pelas cidades, carros de som divulgam os candidatos (com os indefectíveis jingles) e é construída uma aparência de participação e interesse populares.

Porém, é inegável que a sucessão das eleições tem levado ao desinteresse e apatia dos cidadãos. A escolha bienal de representantes populares tem se transformado em uma obrigação pesada, desagradável e incômoda. Tudo porque o eleitor está com enfado de um processo postiço, de falsa participação. A legislação partidária permite a criação de dezenas de partidos sem que tenham um efetivo enraizamento na sociedade; são agrupamentos para ganhar dinheiro, vendendo apoio a cada eleição. A ausência de um debate ideológico transformou os partidos e os candidatos em uma coisa só. O excesso de postulantes aos cargos não permite uma efetiva comparação. Há uma banalização do discurso. E o sistema de voto proporcional acaba permitindo o aparecimento dos "candidatos cacarecos", que empobrecem ainda mais as eleições.

A resposta do eleitor é a completa apatia, com certo grau de morbidez. Vota porque tem de votar. Escolhe o prefeito, como agora, pela simpatia pessoal ou por algo mais prosaico; para vereador, vota em qualquer um, afinal, pensa, todos são iguais e a Câmara Municipal não serve para nada. O mesmo raciocínio é extensivo à esfera estadual e nacional. No fundo, para boa parte dos eleitores, as eleições incomodam, mudam a rotina da televisão, poluem visualmente a cidade com os cartazes e ainda tem de ir votar em um domingo.

Para o político tradicional, este é o melhor dos mundos. Descobriu que a política pode ser uma profissão. E muito rendosa. Repete slogans mecanicamente, pouco sabe dos problemas da sua cidade, estado ou do Brasil, a não ser as frases feitas que são repetidas a cada dois anos. O marqueteiro posa de gênio, de especialista de como ganhar (e lucrar) sem fazer muita força. Hoje é o maior defensor das eleições bienais. Afinal, tem muitos funcionários, tem de pagar os fornecedores, etc, etc. Para ele, a democracia acabou virando um tremendo negócio. E é um devoto entusiástico dos gregos, pois se não fosse eles e sua invenção....

Não é acidental, com a desmoralização da política, que estejamos cercados por medíocres, corruptos e farsantes. O espaço da política virou território perigoso. Perigoso para aqueles que desejam utilizá-lo para discutir os problemas e soluções que infernizam a vida do cidadão.

O político de êxito virou um ator (meio canastrão, é verdade). Representa o papel orquestrado pelo marqueteiro (sempre pautado pelas pesquisas qualitativas). Não pensa, não reflete. Repete mecanicamente o que é ditado pelos seus assessores. Está preocupado com a aparência, com o corte de cabelo, com as roupas e o gestual. Nada nele é verdadeiro. Tudo é produto de uma construção. Ele não é mais ele. Ele é outro. É a persona construída para ganhar a eleição. No limite, nem ele sabe mais quem ele é. Passa a acreditar no que diz, mesmo sabendo que tudo aquilo não passa de um discurso vazio, falso. Fica tão encantado com o personagem que esquece quem ele é (ou era, melhor dizendo).

Difícil crer que toda a heroica luta pelo estabelecimento da democracia, do regime das plenas liberdades, fosse redundar neste beco sem saída. Um bom desafio para os pesquisadores seria o de buscar as explicações que levaram a este cenário desolador, em que os derrotados da velha ordem ditatorial se transformaram em vencedores na nova ordem democrática. Enfim, a política perdeu sentido. Virou até reduto de dançarinos.

Tem para todos os gostos, até para os que adornam a cabeça com guardanapo.

Por Marco Antonio Villa
Fonte: Jornal O Globo - 28/08/2012

De morada rural a tesouro de design




Casa Vogue - 

No leste da Espanha, masía é o nome que se dá para as casas rurais centenárias, em geral de grandes proporções, e habitadas pelas mais ricas famílias de fazendeiros. Reza a lenda que muitas delas escondem tesouros em suas paredes. No caso desta residência catalã, porém, o tesouro está à vista de todos: uma rica coleção de móveis de design e obras de arte.
Trata-se da casa dos galeristas barcelonenses Luis Sendino e Jacobo Valentí, que decidiram restaurar uma masía do século 18 na região de Bajo Ampurdán. A arquitetura original, com arcos e vigas de madeira aparentes, serve de cenário ideal para o colorido mobiliário. A começar pelo living, onde poltronas originais de Marcel Breuer e Jean Prouvé convivem lado a lado com os móveis da sala de estar, como a mesa de Friso Kramer, a cadeira dos Eames e os armários de banco suecos de madeira também do século 18.
Quem chega à residência, aliás, logo se depara no hall de entrada com outro objeto desta época: uma luminária pendente italiana de cristal, sobre a dupla de cadeiras Jour et Nuit, de Garouste e Bonetti, e a mesinha com três pés, de George Nakashima. No mesmo ambiente está a inconfundível cadeira S, de Tom Dixon.
Até na cozinha, o design comparece, neste caso em um aparador francês do século 19, e da poltrona sueca do 18, ao lado de um bar de ferro de Mathieu Matégot, com sua geometria típica da década de 1940. Em um dos quartos, quem rouba a cena é a dupla de camas de Jean Prouvé. E na varanda, sobre a coleção de móveis de diferentes séculos, coroa a residência uma estrutura de ferro procedente da fundição de Gustave Eiffel, o engenheiro que projetou a mais famosa torre de Paris.

Arte e design no lar de uma curadora


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Morada traduz trajetória de Consuelo Cornelsen



Quando a curitibana Consuelo Cornelsen vivia em Portugal na década de 1970, deparou-se com uma frase de Fernando Pessoa que ajudou a determinar seu destino profissional: "sê plural como o universo!". A adolescente, que até então tinha dificuldade de escolher um caminho, devido ao interesse por diversas áreas, decidiu que estudaria tudo o que gostava: artes plásticas, arquitetura, design de interiores, fotografia e literatura.

"Meu pai foi contratado para construir o Autódromo do Estoril, então minha família se mudou para lá”, conta. Passadas mais de quatro décadas, a arquiteta, curadora e produtora cultural vive uma existência plural, como sempre quis. Depois de cursar a Escola Superior de Belas Artes e o Instituto de Arte e Decoração em Lisboa, Consuelo voltou ao Brasil para casar-se, morou em Londres por um ano e atuou como correspondente e fotógrafa de revistas de arquitetura na Europa e no norte da África. No início dos anos 1980, já de volta ao país, abriu, com três sócios, a Nucleon 8, galeria paulistana que reeditou móveis de importantes designers e arquitetos, como Gregori Warchavchik, Lina Bo Bardi e Vilanova Artigas.

Em 1986, decidida a fixar raízes na capital paranaense, instalou-se na cobertura de um edifício no centro da cidade, onde permanece até hoje. Com 670 m² de área – incluindo varanda, jardim e piscina –, o imóvel exibe boa parte do mobiliário e das obras adquiridas pela curadora ao longo dos anos. as peças, uma variada seleção de autores nacionais e internacionais – entre eles, Le Corbusier, Paulo Mendes da Rocha, John Graz, Gaetano Pesce e Zanine Caldas –, traduzem seu interesse por diversas expressões da produção moderna.



"Na hora de dispô-los na casa, meu critério foi bastante emocional. Colocava um móvel ou uma obra em determinado local por algum tempo para ver se o conjunto se harmonizava comigo, se me deixava feliz”, afirma a curadora. Uma de suas próximas exposições será sobre o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba.

Cores fortes e vibrantes são definitivamente uma das paixões da especialista em design. A base do apartamento é feita de tons neutros e madeira, presentes no piso e em boa parte dos móveis. São os objetos que entram com a energia do amarelo, do vermelho e do roxo, entre tantos outros. "Aa fotógrafa alemã Patricia Parinejad, que ficou hospedada em minha casa quando preparava um livro sobre Oscar Niemeyer, disse que eu era a Frida Kahlo brasileira”, diz Consuelo, com um belo sorriso de satisfação.O resultado dessa visão singular está nos múltiplos espaços da residência, como no hall de entrada. A poltrona La Chaise, de Charles e Ray Eames, convive com a porta rústica de madeira encontrada em Minas Gerais durante um festival de inverno que Consuelo organizou. "Nela, pendurei a ferradura que ganhei do artista Antonio Claudio Carvalho para dar sorte e completei com fitinhas coloridas do Bonfim."
  (Foto: Ruy Teixeira)

  (Foto: Ruy Teixeira)

  (Foto: Ruy Teixeira)

  (Foto: Ruy Teixeira)

  (Foto: Ruy Teixeira)

  (Foto: Ruy Teixeira)

  (Foto: Ruy Teixeira)

  (Foto: Ruy Teixeira)

  (Foto: Ruy Teixeira)

  (Foto: Ruy Teixeira)

  (Foto: Ruy Teixeira)

  (Foto: Ruy Teixeira)

UM SOBREVIVENTE



Ralph J. Hofmann
Recebo do Giulio Sanmartini  um artigo sobre Pavel Galitsky um sobrevivente dos campos de prisioneiros russos, agora com 100 anos.
Façamos as contas. Nasceu em 1911 Pelo artigo calculamos que deu entrada no campo de Kolyma em fins da década de 30. Ficou lá durante 15 anos, quando ainda era reativamente jovem. Caso contrário não estaria presente para contar as suas vivências.
Perguntado o que faria se confrontado com seu inquiridor comenta: ” “Cuspiria na cara dele, mas não há perigo disto. Poucos de meus torturadores devem estar vivos a esta altura”.
Pavel Galitsky fora jornalista. Trabalhava para um jornal cuja voz era tão controlada como qualquer outra no ambiente da época, com Stalin ainda no poder. Calcula que sua dissidência deve ter ocorrido por qualquer comentário levemente crítico relatado por algum delator.
Sempre costumamos dizer que o projeto dos campos de extermínio alemães veio da Rússia. A leitura das declarações de Pavel (um homem  lúcido, que opera computadores, relaciona-se na Internet por Skype, conta piadas, canta e dança mesmo com a idade que atingiu, nos leva a crer que os russos, chegavam a ser mais eficazes do ponto de vista do extermínio do que os alemães.
A polícia secreta russa tinha quotas para executar, quotas para aprisionar quotas para condenara  10 anos de transporte à Sibéria e quotas para 25 anos. Pavel recebeu um acréscimo de pena de 5 anos por suas “atitudes”, ou seja, sarcasmo.
Mas fosse qual fosse a condenação a perspectiva d e sair de Kolyma era mínima. Era uma mineração de ouro em território onde as temperaturas ficam até 35 graus negativos. Usando meios primitivos de produção. A comida era uma sopa rala de peixe salgado com repolho roxo e mais meio quilo de pão preto por dia.
De cada grupo de mil e quinhentos prisioneiros trazidos, ao fim de noventa dias não restavam mais de 450.
Num aspecto por russos não se interessavam pela eficiência. No registro da quantidade de prisioneiros recebidos e quantos sobreviviam. Por isto não se sabe exatamente, mas calcula-se que Kolyma tenha recebido. 2,5 milhões de condenados e menos de dez por cento sobreviveram. Há outra estatística desconhecida. Quanto do ouro minerado foi desviado para esquemas dos administradores.
Uma das teorias é que foi em parte renda de esquemas como Kolyma, longe das vistas da metrópole em Moscou que de uma ou outra forma geraram os recursos para a formação de algumas das grandes fortunas russas pós Glasnost.
Peço que os leitores lembrem. Os perpetradores destas barbaridades são os inspiradores de nossos atuais governantes.
Inclusive no provável destino das “sobras” de ouro da mineração.
(1) Fotomontagem: Pavel Galitsky e o gulag de Kolyma.

A LOUCURA NOSSA DE CADA DIA… E A NOSSA POLÍTICA TÃO SUJA.



Ruth Esteves
Recebi esta semana no meu email uma matéria do Carlos Chagas, jornalista que tem uma coluna diária  no blog do também jornalista Cláudio Humberto, intitulada,”Os 5 Generais presidentes”. Muito bem escrita me chamou a atenção pela comparação que faz dos presidentes militares do nosso passado com os atuais petistas que assumiram a nação desde 1º de janeiro de 2003.
Como o próprio jornalista diz: “é inegável os erros cometidos durante o regime militar, aliás, muito já se comentou e a própria história se incumbiu de nos contar os fatos que marcaram tragicamente o longo destes idos tempos. Mas hoje somos compelidos a reconhecer a diferenciada honestidade que cada um desses presidentes teve ao governar o país”.
Isto era um fato intrínseco, natural, pessoal e na época até cultural, e digo mais, não só uma condição  “sine qua non”, entre os políticos, mas de modo geral entre qualquer pessoa de bem.  Me lembro com saudade da época em que as famílias não se esquivavam de punir um filho por qualquer erro, por menos comprometedor que fosse. Poderia ser por causa de uma simples borracha de algum colega de escola, que aparecesse no meio de nosso material. Uma moedinha que fosse, que havíamos pegado, éramos castigados na mesma proporção se tivéssemos pego, qualquer outra coisa de valor de alguém. A palavra roubar eratão pesada,  que conviver com um ladrão era algo inadmissível. Hoje parece prova de esperteza e inteligência. Por isso que resolvi reproduzir aqui o texto acima referido, por ser mais do que oportuno a comparação dos presidentes do PT com os militares.  Vejam abaixo:
Quando CASTELO BRANCO morreu num desastre de avião, verificaram os herdeiros que seu patrimônio limitava-se a um apartamento em Ipanema e umas poucas ações de empresas públicas e privadas.
COSTA E SILVA, acometido por um derrame cerebral, recebeu de favor o privilégio de permanecer até o desenlace no Palácio das Laranjeiras,deixando para a viúva a pensão de marechal e um apartamento em construção, em Copacabana.
GARRASTAZU MÉDICI dispunha, como herança de família, de uma fazenda de gado em Bagé, mas quando adoeceu precisou ser tratado no Hospital da Aeronáutica, no Galeão.
ERNESTO GEISEL, antes de assumir a presidência da República, comprou o Sítio dos Cinamonos, em Teresópolis, que a filha vendeu para poder manter-se no apartamento de três quartos e uma sala, no Rio.
JOÃO FIGUEIREDO, depois de deixar o poder, não agüentou as despesas do Sítio do Dragão, em
Petrópolis, vendendo primeiro os cavalos e depois a propriedade. Sua viúva, recentemente falecida, deixou um apartamento em São Conrado que os filhos agora colocaram à venda, ao que parece em estado de lamentável conservação”.
OBS:quando precisou foi operado no Hospital dos Servidores do Estado, no Rio. Não é nada, não é
nada, mas os cinco generais-presidentes até podem ter cometido erros, mas não se meteram em negócios, não enriqueceram nem receberam benesses de empreiteiras beneficiadas durante seus  governos. Sequer criaram institutos destinados a preservar seus documentos ou agenciar contratos para consultorias e palestras regiamente remuneradas. BEM DIFERENTE DOS TEMPOS ATUAIS, NÃO É?    POIS É…
O PIOR É QUE NINGUÉM FAZ NADA ! Acrescento: nenhum deles mandou fazer um filme pseudo-biográfico, pago com dinheiro público, de auto-exaltação e culto à própria personalidade!Nenhum deles
usou dinheiro público para fazer um parque homenageando a própria mãe.    NENHUM
DELES USOU O HOSPITAL SíRIO E LIBANÊS.NENHUM DELES COMPROU AVIÃO DE LUXO NO EXTERIOR. Nenhum deles enviou nosso dinheiro para “ajudar” outro país. Nenhum
deles saiu de Brasília, ao fim do mandato, acompanhado por 11 caminhões lotados de toda espécie de móveis e objetos roubados.
NENHUM DELE EXALTOU A IGNORÂNCIA. NENHUM DELES FALAVA ERRADO. NENHUM DELES APARECEU EMBRIAGADO EM PÚBLICO. NENHUM DELES SE MIJOU EM PúBLICO. Nenhum deles passou a apoiar notórios desonestos depois de tê-los chamado de ladrões.”
(1) Leia na íntegra:Os Generais Presidentes
(2) Fotomontagem: Castelo Branco, Figueiredo, Lula e Dilma. A  seriedade X A falta de vergonha.