quinta-feira, 24 de outubro de 2013

PINTURA DO DIA - A Alegoria da Primavera - Sandro BOTTICELLI


Sobre a obra
Fonte - cchsvirtual.bem-vindo.net

A Primavera (c. 1482), também conhecido como "Alegoria de Primavera", é um quadro de Botticelli que utiliza a técnica de têmpera sobre madeira. O quadro é descrito na revista "Cultura e Valores" (2009) como "um dos quadros mais populares na arte ocidental". É também, segundo a publicação "Botticelli, Primavera" (1998), uma das pinturas mais faladas, e mais controversas do mundo". Enquanto a maioria dos críticos concordam que a pintura, retrata um grupo de figuras mitológicas num jardim (alegoria para o crescimento exuberante da Primavera), outros sentidos também foram dados ao quadro. Entre eles, o trabalho é por vezes citado para ilustrar o ideal de amor neoplatónico.
A história da pintura não é muito conhecida, porém, parece ter sido encomendada por um membro da família Medici. É provável que Botticelli se tenha inspirado nas odes de Poliziano para realizar esta obra. As outras fontes são da Antiguidade: os Faustos de Ovídio e De rerum natura de Lucrécio.. Desde 1919, a pintura faz parte da colecção da Galeria Uffizi, em Florença, Itália.

A Primavera, também conhecido como "Alegoria da Primavera", é um quadro do pintor renascentista Sandro Botticelli. A pintura utiliza a técnica de têmpera sobre madeira. Pintado cerca de 1482, o quadro é descrito na revista "Cultura e Valores" (2009) como "um dos quadros mais populares na arte ocidental". É também, segundo a publicação "Botticelli, Primavera" (1998), uma das pinturas mais faladas, e mais controversas do mundo". Enquanto a maioria dos críticos concordam que a pintura, retrata um grupo de figuras mitológicas num jardim (alegoria para o crescimento exuberante da Primavera), outros sentidos também foram dados ao quadro. Entre eles, o trabalho é por vezes citado para ilustrar o ideal de amor neoplatónico.
A história da pintura não é muito conhecida, porém, parece ter sido encomendada por um membro da famíliaMedici. É provável que Botticelli se tenha inspirado nas odes de Poliziano para realizar esta obra. As outras fontes são da Antiguidade: os Faustos de Ovídio e De rerum natura de Lucrécio.  Desde 1919 que a pintura faz parte da colecção da Galeria Uffizi em FlorençaItália

Fonte - Wikpédia
A pintura apresenta seis figuras femininas e duas masculinas, juntamente com um anjo de olhos vendados, numa plantação de laranjas. À direita do quadro, uma figura feminina coroada de flores num vestido de estampa floral espalha flores, recolhidas nas dobras do seu vestido. Seu companheiro mais próximo, uma mulher de branco diáfano, está sendo tomado por um homem com asas. Suas bochechas estão inchadas, sua intenção de expressão e contemplação natural separa-o dos restantes. As árvores ao redor dele sopram na sua direcção, assim como a saia da mulher que ele está aproveitando.

A paisagem pastoral é elaborada. Botticelli (2002) indica que existem cerca de 500 espécies de plantas identificadas retratadas na pintura, com cerca de 190 flores diferentes. "Botticelli Primavera (1998)" diz que das 190 espécies diferentes de flores retratadas, pelo menos 130 foram designadas especificamente para a pintura. Agrupado à esquerda, um grupo de três mulheres também em branco diáfano unem as mãos a dançar, enquanto um jovem coberto de vermelho com uma espada e um capacete levanta um pedaço de madeira levantando algumas finas nuvens de cinza. Duas das mulheres usam colares bem destacados. O cupido a voar tem uma seta voltada para as meninas dançando. Central e um pouco isolada das outras figuras está uma mulher vestida de vermelho e azul com olhar de espectadora. As árvores atrás dela formam um arco quebrado em forma de dois olhos.
Temas
Várias interpretações do quadro foram definidas, mas é geralmente aceite o caracterizado por "Cunningham e Reich (2009)", "uma elaborada alegoria mitológica da fertilidade florescente do mundo." Elena Capretti emBotticelli (2002) sugere que a interpretação é feita da seguinte forma:
A leitura da imagem é da direita para a esquerda: Zefiros, o vento cortante de Março, sequestra e possui a ninfa Clóris, a quem mais tarde se casa e a transforma em divindade, torna-se a deusa da Primavera, portadora da vida eterna, espalhando rosas pelo chão.

Além de seu significado evidente, a pintura tem sido interpretada como uma ilustração do amor neoplatónico popularizado entre os Medicis e seus seguidores por Marsilio Ficino.Nesta interpretação, tal como estabelecido em Sandro Botticelli, 1444-1445 -1510 (2000), o amor carnal natural representada por a figura de Zefiros à direita, é objecto de renúncia pela figura central das três Graças, que virou as costas para a cena despreocupada com a ameaça (cupido) que paira sobre ela. A preocupação dela está em Mercúrio, que mesmo ele olha despreocupado para além da tela, ignorando-a.Vénus preside o jardim, as graças que a acompanham (e alvo do Cupido) usam jóias com as cores da família Médici, enquanto o caduceu de Mercúrio mantém o jardim seguro de nuvens ameaçadoras. As identificações básicas de caracteres é amplamente adaptada, mas outros nomes são usados às vezes para as mulheres à direita. De acordo comBotticelli (1901), a mulher de vestido florido é Primavera (a sua personificação), cujo companheiro é Flora. Flores primaveris saem da boca de Flora em contacto com o Deus do Vento.
Origens
A origem da pintura é um pouco obscura. Pode ter sido criada em resposta a um pedido em1477 de Lorenzo de Medici, ou pode ter sido encomendado por Lorenzo um pouco mais tarde, ou pelo seu primo Lorenzo di Pierfrancesco de Medici. Outra teoria sugere que Lorenzo encomendou o retrato para celebrar o nascimento de seu sobrinho, Giulio di Giuliano de Medici (que um dia se tornaria Papa), mas mudou de ideia após o assassinato do pai de Giulo, seu irmão Giuliano, tendo assim oferecido como um presente de casamento para Lorenzo di Pierfrancesco de Medici, que se casou em 1482.
O quadro em geral foi inspirado por uma descrição do poeta Ovídio sobre a chegada da Primavera (Fasti, Livro 5, 2 de Maio), embora os detalhes podem ter sido derivadas de um poema de Poliziano. Como o poema de Poliziano, "Rústico", foi publicado em 1483 e que a pintura é geralmente dita de ter sido concluído por volta de 1482, alguns estudiosos têm argumentado que a influência foi revertida. Outra fonte de inspiração para a pintura parece ter sido Lucrécio no poema "Natura Rerum De". Tem sido proposto que o modelo de Vénus foi Simonetta Vespucci, esposa de Marco Vespucci e, talvez, a amante de Giuliano de Medici, que se diz ter sido ele próprio o modelo para Mercúrio.
História
Independentemente da veracidade da sua origem e inspiração, a pintura foi inventariado na colecção de Lorenzo di Pierfrancesco de Medici, em 1499. Em 1919, foi movido para a Galeria Uffizi, em Florença. Durante a campanha italiana na Segunda Guerra Mundial, a imagem foi transferida para o Castelo de Montegufoni, cerca de dez milhas a sudoeste de Florença, para protegê-lo dos bombardeamentos. Foi devolvido para a Galeria Uffizi, onde permanece até hoje. Em 1982, a pintura foi restaurada. O trabalho tem escurecido consideravelmente ao longo do tempo.

Galeria

Alguns detalhes de "A Primavera":

Sandro Botticelli

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Sandro Botticelli
Provável autorretrato de Botticelli,
em Adoração dos Magos (UffiziFlorença)
Nascimento1 de março de 1445
Florença
Morte17 de maio de 1510 (65 anos)
Florença
Nacionalidadeitaliano
OcupaçãoPintura
Movimento estéticoRenascimento



Alessandro di Mariano di Vanni Filipepi, ou Sandro Botticelli (Florença1º de marçode 1445 – 17 de maio de 1510), foi um célebre pintor italiano da Escola Florentina doRenascimento. Igualmente receptivo às aquisições do introduzidas por Masaccio na pintura do Quatrocento e às tendências do Gótico tardio, seguiu os preceitos daperspectiva central e estudou as esculturas da Antiguidade, evoluindo posteriormente para a acentuação das formas decorativas e da atenção dispensada à harmonia linear do traçado e ao vigor e pureza do colorido. Suas obras tardias revelariam ainda umexpressionismo trágico, de agitação visionária, fruto certamente da pregação deSavonarola.
Protegido dos Médici, para os quais executou preciosos registros da pintura de cunhomitológico, foi bem relacionado no círculo florentino, trabalhando também para o Vaticano, produzindo afrescos para a Capela Sistina. Foi ainda destacado retratista, e seu talento excepcional de transpor para a linguagem formal as concepções de seus clientes tornou-o um dos pintores mais disputados de seu tempo. Sua reputação, alvo de um curto reavivar de interesse no século XVI, logo esvaiu-se, e somente com o reaparecimento de uma crescente curiosidade pelo Renascimento, registrada no século XIX, e, em particular, pela interpretação filosófica de suas obras, é que sua arte volta a adquirir o êxito e a fama que mantém até hoje.

Biografia
Nasceu no dia 1 de Março de 1445 e faleceu no dia 17 de Maio de 1510. Filho de um curtidor de peles.
Na adolescência trabalhou na casa de um ourives, possivelmente , na oficina de Filippo Lippi , a quem teria ajudado nas decorações da Catedral de Prata.
Protegido dos Médicis, para os quais executou preciosos registos da pintura de cunho mitológico, foi bem relacionado no círculo florentino, trabalhando também para o Vaticano, produzindo frescos para a Capela Sistina.
Botticelli foi sepultado na Igreja de Ognissanti, para a qual pintara, trinta anos antes, a Êxtase de Santo Agostinho.

Juventude
Nascido em Florença, no popular rione (bairro) de Ognissanti, aprendeu inicialmente ourivesaria com seu irmão e depois foi aprendiz deFra Filippo Lippi, e com ele aprendeu a arte de Masaccio. Também estudou com Andrea del Verrocchio, entre 1467 e 1470, na mesma época em que com ele estudava Leonardo da Vinci. Em 1470, aos vinte e cinco anos, abriu seu próprio ateliê. Nesse ano, foi encarregado de pintar o quadro A Coragem, que seria colocado no Tribunal do Palácio do Mercado.

Maturidade e vida tardia

Em 1481, esteve em Roma, para participar dos trabalhos na Capela Sistina, onde pintou os frescos As Provações de MoisésO Castigo dos Rebeldes e A Tentação de Cristo. Em 1505, fez parte do Comitê Florentino, organizado para decidir onde seria colocado o Davi de Michelangelo. Na temática religiosa destacam-se também São Sebastião (1473) e um afresco sobre Santo Agostinho. Na década de 1490, quando os Médici foram expulsos deFlorença, Botticelli passou por uma crise religiosa e tornou-se discípulo domonge beneditino Girolamo Savonarola, que pregava a austeridade e a reforma, mas Botticelli jamais deixou Florença. Nessa nova fase destacam-se:A Natividade Mística (década de 1490), e A Crucificação Mística (c. 1496). Todos expressam intensa devoção religiosa e representam certo retrocesso no desenvolvimento de seu estilo.
Faleceu em 17 de maio de 1510. Está sepultado na Abbazia Di Ognissantiem Florença.1

Principais trabalhos
.Dedicou boa parte da carreira às grandes famílias florentinas, especialmente a Família Médici, para os quais pintou retratos. Entre tais obras, destacam-se Retrato de Giuliano de Medici e A adoração dos Magos. O último rendeu-lhe a admiração e atenção da Família Médici, que o colocou sob sua proteção e patronato. Seus contatos com a Família Médici foram sem dúvidas úteis para que obtivesse proteção e condições para que produzisse várias de suas obras-primas.
Participou dos círculos intelectual e artístico da corte de Lourenço de Médici, recebendo a influência do neoplatonismo cristão lá presente, o qual pretendeu conciliar com as idéias clássicas. Por exemplo, a sua obra Minerva e o Centauro, parece representar a ideia do amor desenvolvida pelo filósofoneoplatônico Marsilio Ficino.2 Tal síntese expressa-se emA Primavera e O Nascimento de Vênus, ambas realizadas sob encomenda para enfeitar uma residência dos Médici e que hoje estão expostas na Galeria Uffizi, em Florença, na Itália. Até hoje não há consenso na interpretação dessas pinturas, embora creia-se que Vênus pode ser vista como fonte do amor divino, tanto do ponto de vista cristão quanto pagão. Assim como o batismo é o "Renascer em Deus", o nascimento de Vênus remete a esperança do "renascimento". . Para A Primaverafoi provavelmente buscar inspiração nas odes de Poliziano, nos Faustos de Ovídio e na poesia filosófica De rerum natura de Lucrécio.
Nesta linha pagã, destacam-se também a série de quatro quadros Nastagio Degli Onesti, produzidos em 1483, nos quais o artista recria uma das histórias do Decameron, de Boccaccio. Também pintou diversos quadros de temática religiosa, como A Virgem Escrevendo O Magnificat (1485); A Virgem de Granada (1487) e A Coroação da Virgem (1490), todas expostas na Galeria Uffizi, eVirgem com o Menino e Dois Santos (1485), exposta nos Museus Estatais de Berlim (Staatliche Museen). Em 1472 ingressou naCompanhia de São Lucas, uma fraternidade dedicada à caridade gerida por artistas. No ano seguinte, Botticelli foi chamado a Pisa, para pintar um fresco na catedral da cidade (essa obra foi perdida pelo desgaste do tempo).



Renascimento

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Chamou-se "Renascimento" em virtude da redescoberta e revalorização das referências culturais da
 antigüidade clássica, que nortearam as mudanças deste período em direção a um ideal humanista e naturalista. O termo foi registrado pela primeira vez por Giorgio Vasari já no século XVI, mas a noção de Renascimento como hoje o entendemos surgiu a partir da publicação do livro de Jacob Burckhardt A cultura do Renascimento na Itália (1867), onde ele definia o período como uma época de "descoberta do mundo e do homem".RenascimentoRenascença ou Renascentismo são os termos usados para identificar o período da História da Europa aproximadamente entre fins do século XIV e meados do século XVI. Os estudiosos, contudo, não chegaram a um consenso sobre essa cronologia, havendo variações consideráveis nas datas conforme o autor.1 Seja como for, o período foi marcado por transformações em muitas áreas da vida humana, que assinalam o final da Idade Média e o início da Idade Moderna. Apesar destas transformações serem bem evidentes na culturasociedadeeconomiapolítica ereligião, caracterizando a transição do feudalismo para o capitalismo e significando uma ruptura com as estruturas medievais, o termo é mais comumente empregado para descrever seus efeitos nas artes, na filosofia e nas ciências.2
O Renascimento cultural manifestou-se primeiro na região italiana da Toscana, tendo como principais centros as cidades de Florença e Siena, de onde se difundiu para o resto da península Itálica e depois para praticamente todos os países da Europa Ocidental, impulsionado pelo desenvolvimento da imprensa por Johannes Gutenberg. A Itália permaneceu sempre como o local onde o movimento apresentou maior expressão, porém manifestações renascentistas de grande importância também ocorreram na InglaterraAlemanhaPaíses Baixos e, menos intensamente, em Portugal e Espanha, e em suas colônias americanas. Alguns críticos, porém, consideram, por várias razões, que o termo "Renascimento" deve ficar circunscrito à cultura italiana desse período, e que a difusão européia dos ideais clássicos italianos pertence com mais propriedade à esfera do Maneirismo. Além disso, estudos realizados nas últimas décadas têm revisado uma quantidade de opiniões historicamente consagradas a respeito deste período, considerando-as insubstanciais ou estereotipadas, e vendo o Renascimento como uma fase muito mais complexa, contraditória e imprevisível do que se supôs ao longo de gerações.4


Filosofia do Renascimento

Ideias principais

Humanismo pode ser apontado como o principal valor cultivado no Renascimento. Baseia-se em diversos conceitos associados:NeoplatonismoAntropocentrismoHedonismoRacionalismoOtimismo e Individualismo. O Humanismo, antes que um corpo filosófico, é um método de aprendizado que faz uso da razão individual e da evidência empírica para chegar às suas conclusões, paralelamente à consulta aos textos originais, ao contrário da escolástica medieval, que se limitava ao debate das diferenças entre os autores e comentaristas. O Humanismo afirma a dignidade do homem e o torna o investigador por excelência da natureza. Na perspectiva do Renascimento, isso envolveu a revalorização da cultura clássica antiga e sua filosofia, com uma compreensão fortemente antropocentrista e racionalista do mundo, tendo o homem e seu raciocínio lógico e sua ciência como árbitros da vida manifesta.5 Seu precursor foi Petrarca, e o conceito se consolidou no século XV principalmente através dos escritos de Marsilio Ficino,Erasmo de RoterdãoPico della Mirandola e Thomas More.
Reunindo esse corpus eclético de idéias, os homens do Renascimento cunharam ou adaptaram à sua moda alguns outros conceitos, dos quais se destacam as teorias da perfectibilidade e do progresso , que na prática impulsionaram positivamente a ciência de modo a tornar o período em foco como o marco inicial da ciência moderna. Mas como que para contrapô-los surgiu uma percepção de que a história é cíclica e tem fases de declínio inevitável, e de que o homem natural é um ser sujeito a forças além de seu poder e não tem domínio completo sobre seus pensamentos, capacidades e paixões, nem sobre a duração de sua própria vida. O resultado foi um grande e rico debate teórico entre os eruditos, recheado por fatos novos que apareciam a cada momento, que só teve uma resolução prática no século XVII, com a afirmação irresistível e definitiva da importância da ciência. Por um lado, alguns daqueles homens se viam como herdeiros de uma tradição que havia desaparecido por mil anos, crendo reviver de fato uma grande cultura antiga, e sentindo-se até um pouco como contemporâneos dos romanos. Mas havia outros que viam sua própria época como distinta tanto da Idade Média como da Antiguidade, com um estilo de vida até então inédito sobre a face da Terra, sentimento que era baseado exatamente no óbvio progresso da ciência. A história confirma que nesse período foram inventados diversos instrumentos científicos, e foram descobertas diversas leis naturais e objetos físicos antes desconhecidos; a própria face do planeta se modificou nos mapas depois dos descobrimentos das grandes navegações, levando consigo a física, a matemática, a medicina, a astronomia, a filosofia, a engenharia, a filologia e vários outros ramos do saber a um nível de complexidade, eficiência e exatidão sem precedentes, cada qual contribuindo para um crescimento exponencial do conhecimento total, o que levou a se conceber a história da humanidade como uma expansão contínua e sempre para melhor.7 Talvez seja esse espírito de confiança na vida e no homem o que mais liga o Renascimento à antiguidade clássica e o que melhor define sua essência e seu legado. O seguinte trecho de Pantagruel (1532), de François Rabelais, costuma ser citado para ilustrar o espírito do Renascimento:
Todas as disciplinas são agora ressuscitadas, as línguas estabelecidas: Grego, sem o conhecimento do qual é uma vergonha alguém chamar-se erudito, HebraicoCaldeuLatim (…) O mundo inteiro está cheio de acadêmicos, pedagogos altamente cultivados, bibliotecas muito ricas, de tal modo que me parece que nem nos tempos de Platão, de Cícero ou Papiniano, o estudo era tão confortável como o que se vê a nossa volta. (…) Eu vejo que os ladrões de rua, os carrascos, os empregados do estábulo hoje em dia são mais eruditos do que os doutores e pregadores do meu tempo.

 pensamento medieval tendia a ver o homem como uma criatura vil, uma 
"massa de podridão, pó e cinza", como se lê em De laude flagellorum de Pedro Damião, no século XI. Mas quando se eleva a voz de Pico della Mirandola no século XV o homem já representava o centro do universo, um ser mutante, essencialmente imortal, autônomo, livre, criativo e poderoso, o que ecoava as vozes mais antigas de Hermes Trismegisto ("Grande milagre é o homem") e do árabe Abdala ("Não há nada mais maravilhoso do que o homem"). Esse otimismo se perderia novamente no século XVI, com a reaparição do ceticismo, do pessimismo, da ironia e do pragmatismo em Erasmo, Maquiavel, Rabelais e Montaigne, que veneravam a beleza dos ideais do classicismo mas tristemente constatavam a impossibilidade de sua aplicação prática universal e testemunhavam o deplorável jogo político, a pobreza e opressão das populações e outros problemas sociais e morais do homem real de seu tempo. Cabe notar que muitos pesquisadores consideram esta fase final não como uma etapa no grande ciclo do Renascimento, e a estabeleceram como um movimento distinto e autônomo, dando-lhe o nome de Maneirismo.O preparo que os humanistas preconizavam para a formação do homem ideal, são de corpo e espírito, ao mesmo tempo um filósofo, um cientista e um artista, se desenvolveu a partir da estrutura de ensino medieval do Trivium e do Quadrivium, que sistematizavam o conhecimento da época. A novidade renascentista não foi tanto a ressurreição da sabedoria antiga, mas sua ampliação e aprofundamento com a criação de novas ciências e disciplinas, de uma nova visão de mundo e do homem e de um novo conceito de ensino e educação.7 O resultado foi um grande e frutífero programa disciplinador e desenvolvedor do intelecto e das habilidades gerais do homem, que tinha origem na cultura greco-romana e que de fato em parte se perdera para o ocidente durante a Idade Média. Mas é preciso lembrar que apesar da idéia que os renascentistas pudessem ter de si mesmos, o movimento jamais poderia ser uma imitação literal da cultura antiga, por acontecer todo sob o manto do Catolicismo, cujos valores ecosmogonia eram bem diversos dos do antigo paganismo. Assim, a Renascença foi uma tentativa original e eclética de harmonização do Neoplatonismo pagão com a religião cristã, do eros com a charitas, junto com influências orientais, judaicas e árabes, e onde o estudo da magia, da astrologia e do oculto não estavam ausentes.

Fases do Renascimento e seu contexto

Costuma-se dividir o Renascimento em três grandes fases, TrecentoQuattrocento e Cinquecento, correspondentes aos séculos XIV, XV e XVI, com um breve interlúdio entre as duas últimas chamado de Alta Renascença.

Trecento

Trecento representa a preparação para o Renascimento e é um fenômeno basicamente italiano, mais especificamente da cidade deFlorença, pólo político, econômico e cultural da região, embora outros centros também tenham participado do processo, como Pisa eSiena, tornando-os a vanguarda da Europa em termos de economia, cultura e organização social, conduzindo a transfomação do modelo medieval para o moderno.

Na religião a mudança foi assinalada pela busca, amparada pela ciência, de explicações racionais para os fenômenos da natureza; por uma nova forma de ver as relações entre
 Deus e o homem, e pela idéia de que o mundo não deveria ser renegado, mas vivenciado plenamente, e que a salvação poderia ser conquistada também através do serviço público e do embelezamento das cidades e igrejas com obras de arte, além da prática de outras ações virtuosas. Deve-se frisar que mesmo com a crescente influência clássica, que era toda pagã na origem, o cristianismo jamais foi posto em xeque e permaneceu como um pano de fundo ao longo de todo o período, criando-se a síntese original que conhecemos hoje.O início do século viveu intensas lutas de classes, com prejuízo para os trabalhadores não vinculados às guildas, e como conseqüência instalou-se grave crise econômica, que teve um ponto culminante na bancarrota das famílias Bardi e Peruzzi em torno de 1328-38, gerando uma fase de estagnação que não obstante levaria a pequena burguesia pela primeira vez ao poder. Esta situação foi comentada depreciativamente pelos poetas célebres da época - Boccaccio e Villani - mas constituiu a primeira experiência democrática em Florença, durando cerca de quarenta anos. Tumultos políticos e militares, além de duas devastadoras epidemias de peste bubônica, provocaram períodos de fome e desalento, com revoltas populares que tentaram modificar o equilíbrio político e social, mas só conseguiram assegurar a permanência dos burgueses à testa do governo. Os Médici, banqueiros plebeus, assumiram a liderança da classe mas logo se revestiram da dignidade da nobreza, e um sistema oligárquico voltou a dominar a cena política, muitas vezes se valendo da corrupção para atingir seus fins, mas também iniciando um costume de mecenato das artes que seria fundamental para a evolução do classicismo no século seguinte.economia era dinamizada pela fundação de grandes casas bancárias, pelo surgimento da noção de livre concorrência e pela forte ênfase no comércio, e cada vez mais se estruturava em moldes capitalistas e bastante materialistas, onde a tradição era sacrificada diante do racionalismo, da especulação financeira e do utilitarismo. O sistema de produção desenvolvia novos métodos, com uma nova divisão de trabalho organizada pelas guildas e uma progressiva mecanização, mas levando a uma despersonalização da atividade artesanal. A Itália nesta época era um mosaico de pequenos países e cidades independentes. O regime republicano com base no racionalismo fora adotado por vários daquelesEstados, e a sociedade via crescer uma classe média emancipada intelectual e financeiramente que se tornaria um dos principais pilares do poder e um dos sustentáculos de um novo mercado de arte e cultura.9

Quattrocento


Um novo vigor nesse processo foi injetado pelo erudito grego
 Manuel Chrysoloras, que entre 1397 e 1415 introduziu na Itália o estudo da língua grega, e com o fim do Império Bizantino em 1453 muitos outros intelectuais, como Demetrius Chalcondyles, Jorge de Trebizonda, Johannes Argyropoulos, Theodorus Gaza e Barlaam de Seminara, emigraram para a península Itálica e outras partes da Europa divulgando muitos textos clássicos de filosofia e instruindo os humanistas na arte da exegese. Grande proporção do que hoje se conhece de literatura e legislação greco-romanas nos foi preservado por Bizâncio, e esse novo conhecimento dos textos clássicos originais, bem como de suas traduções, foi, no entender de Luiz Marques, "uma das maiores operações de apropriação de uma cultura por outra, comparável em certa medida à da Grécia pela Roma dos Cipiões no século II a.C. Ela reflete, além disso, a passagem, crucial para a história do Quattrocento, da hegemonia intelectual de Aristóteles para a de Platão e de Plotino. Nesse grande influxo de idéias foi reintroduzida na Itália toda a estrutura da antiga Paideia, um corpo de princípios éticos, sociais, culturais e pedagógicos concebido pelos gregos e destinado a formar um cidadão modelar. As novas informações e conhecimentos e a concomitante transformação em todas as áreas da cultura levaram os intelectuais a perceberem que se achavam em meio a uma fase de renovação comparável às fases brilhantes das civilizações antigas, em oposição à Idade Média anterior, que passou a ser considerada uma era de obscuridade e ignorância.
Ao mesmo tempo, um novo interesse pela
 história antiga levou humanistas como Niccolò de' Niccoli e Poggio Bracciolini a vasculharem as bibliotecas da Europa em busca de livros perdidos de autores como Platão, Cícero, Plínio, o Velho, e Vitrúvio. O mesmo interesse fez com que se fundassem grandes bibliotecas na Itália, e se procurasse restaurar o latim, que havia se transformado em um dialeto multiforme, para sua pureza clássica, tornando-o a nova língua franca da Europa. A restauração do latim derivou da necessidade prática de se gerir intelectualmente essa nova biblioteca renascentista. Paralelamente, teve o efeito de revolucionar a pedagogia, além de fornecer um substancial corpus de estruturas sintáticas e vocabulário para uso dos humanistas e dos homens de letras, que assim revestiam seus próprios escritos com a autoridade dos antigos.13 Também foi importante a febre decolecionismo de arte antiga que se verificou entre os poderosos, que acompanhavam de perto escavações a fim de enriquecer seus acervos privados com obras de escultura e outras relíquias que vinham à luz, impulsionando o desenvolvimento da arqueologia.14 Areconquista da Península Ibérica aos mouros também disponibilizou para os eruditos europeus um grande acervo de textos de Aristóteles, Euclides, Ptolomeu e Plotino, preservados em traduções árabes e desconhecidos na Europa, e de obras muçulmanas deAvicena, Geber e Averróis, contribuindo de modo marcante para um novo florescimento na filosofia, matemática, medicina e outras especialidades científicas. Para acrescentar, o aperfeiçoamento da imprensa por Johannes Gutenberg em meados do século facilitou e barateou imenso a divulgação do conhecimento para um público maior.O chamado Quattrocento (século XV) viu o Renascimento atingir sua era dourada. O Humanismo amadurecia e se espalhava pela Europa através de Ficino, Rodolphus Agricola,Erasmo de Roterdão, Mirandola e Thomas MoreLeonardo Bruni inaugurava a historiografiamoderna e a ciência e a filosofia progrediam com Luca PacioliJános VitézNicolas ChuquetRegiomontanusNicolau de Cusa e Georg von Peuerbach, entre muitos outros.
Ao longo do Quattrocento Florença se manteve como o maior centro cultural do Renascimento, atravessando um momento de grande prosperidade econômica e conquistando também a primazia política em toda a região, apesar de Milão e Nápoles serem rivais perigosos e constantes. A opulência da sua oligarquia burguesa, que então monopolizava todo o sistema bancário europeu e adquiria um brilho aristocrático e grande cultura, e se entregava à "bela vida", gerou na classe média uma resistência retrógrada que buscou nogótico idealista um ponto de apoio contra o que via como indolência da classe dominante. Estas duas tendências opostas deram o tom para a primeira metade deste século, até que a pequena burguesia enfim abandonou o idealismo antigo e passou a entrar na corrente geral racionalista. Foi o século dos Medici, destacando-se principalmente Lorenzo de' Medici, grande mecenas, e o interesse pela arte se difundia para círculos cada vez maiores.

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