terça-feira, 13 de janeiro de 2015

CHARGE DO PAIXÃO


Esta charge do Paixão foi feita originalmente para o

Convivendo com o inimigo



Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Merval Pereira

Bastou o boato de que o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles substituirá Graça Foster na presidência da Petrobras para as ações da estatal subirem na Bolsa de Valores. Meirelles, ou alguém com instrumentos semelhantes, mais cedo ou mais tarde assumirá mesmo a Petrobras, por que não há amizade que possa prescindir de mudanças profundas em uma hora de crise como a que vive a Petrobras.

É uma decisão básica para dar uma esperança de novos dias, coisa que a presidente Dilma ainda não conseguiu nesse seu segundo mandato. Todo governo novo traz consigo uma renovação de expectativas que por si só ajuda a melhorar o ambiente, e pode ser punido quando essa esperança nele depositada é traída.

Existem diversos exemplos recentes, e o melhor deles, no sentido positivo, é o segundo governo de Lula, que conseguiu superar a crise do mensalão para transformá-se em um líder de altíssima popularidade. As sequelas do mensalão continuarão a marcar a sua trajetória política, e seguidas do escândalo da Petrobras, retiram dele a aura de intocável que por muito tempo o acompanhou.

Mas ele foi beneficiado pela situação da economia internacional nos primeiros anos e, sobretudo, contou com os efeitos do Bolsa Família, que àquela altura de seu segundo governo começavam a aparecer, consolidando sua fama de pai dos pobres e transferindo a força eleitoral do PT para o norte e o nordeste do país.

Um fato interessante desse período é que foi o então ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, quem detectou e explorou a força eleitoral do programa Bolsa Família. Ele assumiu o ministério criado em 2004, quando as políticas sociais do governo federal estavam em crise devido à disputa de grupos políticos e a concepções distintas de suas validades.

O programa Fome Zero, do qual o Bolsa Família era apenas um efeito colateral sem maiores perspectivas, dera errado, devido à burocracia que o paralisava e à disputa conceitual não resolvida de diversas facções petistas. O Bolsa Família estava sendo tocado como um programa de cunho mais político do que eleitoral.

O então assessor especial da Presidência, Frei Betto, via o programa como um canal de fortalecimento da cidadania, e retirou das prefeituras o poder de interferir na distribuição das bolsas, fazendo com que grupos de cidadãos fossem os responsáveis pelo cadastramento e distribuição, com o objetivo precípuo de impedir o uso político do programa.

Patrus, ao contrário, viu o prestígio político que aquele programa daria a Prefeitos de todo o país e transferiu aos municípios a tarefa de distribuir o Bolsa Família, que ganhou um cunho assistencialista enquanto o novo ministério tratava de dar conceitos técnicos ao cadastramento e ao acompanhamento das condicionalidades do programa.

Embora tenha sido o responsável pelo sucesso do programa, Patrus
Ananias não teve os dividendos políticos da ação e acabou alijado da política partidária até recentemente, quando retornou ao mesmo ministério no segundo governo Dilma, sem o aval do presidente Lula.

O problema da presidente reeleita é que não há mais programas novos para lançar, nem dinheiro para implementá-los, e resta a ela esperar que nomes como Meirelles ou Levy, vindos de outras hostes - que ela hostilizou na campanha eleitoral - consertem o que há de errado na economia para ter a esperança de terminar o segundo mandato recuperando a imagem de boa gestora. Para isso, ela ironicamente depende que o ministro da Fazenda Joaquim Levy cumpra o que prometeu ontem a diversos internautas em um bate-papo promovido pela Presidência da República: dificuldades a serem superadas nos dois próximos anos para que, a partir de 2017, o país volte a crescer em ritmo mais forte e com uma base mais firme.

É nessa expectativa que a presidente Dilma está aceitando mudar seus conceitos econômicos, postos em xeque no primeiro governo, que teve números pífios. Levy fala de "empregos melhores" ao fim das mexidas, mas o que se terá até lá é o aumento do desemprego. O que não se sabe é até quando Dilma aguentará os efeitos colaterais negativos das medidas que têm que ser tomadas agora para que, mais adiante, a economia volte a funcionar.


Merval Pereira é Jornalista e membros das Academias Brasileira de Letras e de Filosofia. Originalmente publicado em O Globo em 10 de janeiro de 2015.

Terrorismo: a Rede do Terror finca bases no Brasil


Posted: 11 Jan 2015 03:00 AM PST

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Veja
A Polícia Federal tem provas de que a Al Qaeda e outras quatro organizações extremistas usam o país para divulgar propaganda, planejar atentados, financiar operações e aliciar militantes
Khaled Hussein Ali nasceu em 1970, no leste do Líbano. Sua cidade. Kamed El Laouz, fica no Vale do Bekaa. Nessa região. Ali, seguidor da corrente sunita do islamismo prestou serviço militar. Depois, sumiu. No início dos anos 90, reapareceu em São Paulo. Casou-se e teve uma filha. Graças a ela obteve, em 1998. o direito de viver no Brasil. Mora em baqueta, na Zona Leste paulistana, e sustenta sua família com os lucros de uma lan house localizada no bairro de Vila Matilde. Bonachão, passa o dia na porta da loja distribuindo cumprimentos.
Ali leva uma vida dupla. É um dos chefes do braço propagandístico da AI Queda. a organização terrorista comandada pelo saudita Osama bin Laden. De São Paulo, o libanês coordena extremistas do lilhad Media Baualion em dezessete países. Os textos ou vídeos dos discípulos de Bin Laden são divulgados mediante sua aprovação. A regra também vale para as traduções dos discursos do terrorista saudita e para os vídeos veiculados pelos extremistas na internet. Mais: cabe ao libanês dar suporte logístico às operações da AI Qaeda. Ele faz parte de uma rede de terroristas que estende seus tentáculos no Brasil.
Tratado como "Príncipe" por seus comparsas. Ali foi seguido por quatro meses pela Policia Federal, até ser preso em março de 2009. Os agentes sabiam como ele operava, mas não conseguiam acessar os dados de seu computador protegido pelo programa de criptografia da AI Qaeda o Mojahideen Secrets 2.0. Para ter acesso a suas informações, os policiais deveriam apreender seu computador aberto. Adotaram um estratagema simples: monitoraram Ali até que ele entrasse na internet e lhe telefonaram. Deram o bote enquanto ele atendia a ligação. O equipamento estava repleto de arquivos que comprovam sua posição de liderança no terror islâmico.
Por meio de seus e-mails, é possível reconstituir as ligações do libanês com guerrilheiros afegãos, provavelmente do Talibã. Em janeiro de 2009 Ali encomendou, recebeu e remeteu para endereços no Afeganistão mapas e cartas topográficas daquele pais. Depois, ordenou a seus subordinados que arranjassem manuais para ajudar seus "irmãos combatentes" a compreender esse material. Duas horas mais tarde, recebeu um curso produzido pelas brigadas al-Qassam, o braço armado do Hamas, partido dos radicais palestinos que governam a Faixa de Gaza.
Em fevereiro de 2009, o Jihad Media Battalion foi encurralado e Ali foi acionado para defendo-lo. As 20 horas do dia 18 daquele mês, o libanês recebeu um e-mail informando que um de seus homens havia sido preso em Gaza. Estaria em mãos do Mossad, o serviço secreto israelense. Com a notícia, veio um pedido para que Ali bloqueasse os acessos do comparsa detido aos arquivos do Jihad Media Battalion. Essa medida preservaria o sigilo da organização e o anonimato dos seus militantes. De São Paulo, ele "desligou" o terrorista capturado.
No mesmo dia. Ali recebeu uma mensagem na qual se relatava a invasão do computador de outro ciberjihadista por um vírus espião. Dessa vez, ordenou a seus liderados que espalhassem o vírus por meio de spams, a fim de confundir os serviços de inteligência ocidentais. Sua eficiência nessas operações foi elogiada por um terrorista que se identifica como "Vice-Príncipe" da Al Qaeda no Iraque: "Vocês estão provando para os cruzados (ocidentais) que estamos em seus países, que não podem nos proibir de operar dentro de seu território nem de falar com seus filhos"
Além das provas de terrorismo na internet, a Polícia Federal encontrou no computador de Ali spams enviados aos Estados Unidos para incitar o ódio a judeus e negros. Outros arquivos, que injuriam o presidente Barack Obama , foram remetidos a foros conservadores americanos com o objetivo de tumultuar a discussão política.
Abordado por VEJA, Ali negou sua identidade. Esse material, no entanto, permitiu que a Polícia Federal o indiciasse por racismo, incitação ao crime e formação de quadrilha. Salvou se da acusação de terrorismo porque o Código Penal Brasileiro não prevê esse delito. O libanês permaneceu 21 dias preso. Foi liberado porque o Ministério Público Federal não o denunciou à Justiça. Casos como o de Ali alimentam as divergências do governo americano com o Brasil.
Há vinte anos as autoridades nacionais conhecem e negligenciam os relatórios da Interpol, da CIA, do FBI e do Departamento do Tesouro americano a respeito das atividades de extremistas no Brasil. Os atentados contra alvos judeus em Buenos Aires, que mataram 114 pessoas em 1992 e 1994, deram uma guinada no tratamento da questão. A Policia Federal reagiu constituindo um serviço antiterrorismo. Graças a ele, descobriu que, em 1995. Bin Laden e Khalid Shaikh Mohammed, que o ajudou a planejar a destruição do World Trade Center em 11 de setembro de 2011, estiveram em Foz do Iguaçu.
A passagem de Bin Laden foi revelada por VEJA oito anos depois. Apesar de os tentáculos do terror terem se aprofundado no pais, o governo federal desmobilizou o serviço em 2009. Todos os delegados do setor foram removidos, o que prejudicou as investigações. Há dois meses, VEJA teve acesso aos relatórios dessa equipe. Além de Ali, vinte militantes da AI Qaeda, do Hezbollah, do Hamas, do Grupo Islâmico Combatente Marroquino e do egípcio al-Gama'a al-Islamiyya usam ou usaram o Brasil como esconderijo, centro de logística, fonte de captação de dinheiro e planejamento de atentados. A reportagem da revista também obteve os relatórios enviados ao Brasil pelo governo dos Estados Unidos.
Esses documentos permitiram que VEJA localizasse Ali e outros quatro extremistas. Eles vivem no Brasil como se fossem cidadãos comuns. Um deles chegou a ser condenado em seu país de origem. Hesham Ahmed Mahmoud Eltrabily é apontado pelo Egito como participante da chacina de 62 turistas que visitavam as ruínas de Luxor, em 1997. Com uma ordem de prisão emitida pela Interpol, foi capturado em São Paulo, cinco anos depois. O Supremo Tribunal Federal negou sua extradição, alegando que as provas apresentadas pelo governo egípcio não eram peremptórias. Agora, o egípcio comercializa eletrônicos na Galeria Pagé, um dos centros de venda de contrabando da capital paulista. VEJA relatou o conteúdo desta reportagem aos funcionários de sua loja, mas Eltrabily não retornou os telefonemas.
O caso de Eltrabily é semelhante ao de Mohamed Ali Abou Elezz Ibrahim Soliman, que não foi localizado por VEJA. Soliman também foi sentenciado no Egito por participar do atentado de Luxor. Preso em 1999, Soliman teve sua extradição negada pelo Supremo, que encontrou aros formais de instrução do processo, como falhas na tradução de documentos. Como Eltrabily, ele vende muamba, mas em Foz do Iguaçu. Com o amigo comparsa, ele forma a célula brasileira do al-Gama´a al-Islamiyya. subordinado à AI Qaeda.
Acusado de arquitetar atentados contra instituições judaicas que vitimaram 114 pessoas em Buenos Aires, nos anos de 1993 e 1994, o iraniano Mohsen Rabbani é procurado pelo Interpol mas entrou e saiu do Brasil com frequência sem ser incomodado. Funcionário do governo iraniano, ele usa passaportes emitidos com nomes falsos para visitar um irmão que mora em Curitiba. A última vez que isso ocorreu foi em setembro do ano passado(2010).
Quando a Interpor alertou a Polícia Federal para sua presença no Brasil, ele já linha fugido. Mas não são apenas os laços familiares que trazem esse terrorista ao país. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) descobriu que Rabbani já recrutou, pelo menos, duas dezenas de jovens do interior de São Paulo, Pernambuco e Paraná para cursos de "formação religiosa" em Teerã.
"Sem que ninguém perceba, está surgindo uma geração de extremistas islâmicos no Brasil", diz o procurador da República Alexandre Camanho de Assis, que coordena o Ministério Público em treze estados e no Distrito Federal.
Em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista foram dois brasileiros aliciados. Suas histórias foram descobertas pela CIA durante o interrogatório de um dos líderes da AI Qaeda, o saudita Abu Zubaydah, o mesmo que convenceu o inglês Richard Reid a instalar uma bomba no salto do sapato e explodi-la em um voo que ia de Paris para Miami, em 2001. Preso em Guantánamo, Zubaydah foi severamente torturado com simulações de afogamento.
Em Seu livro, Pontos de Decisão, o ex-presidente George W. Bush alega que a tortura de Zubaydah ajudou a impedir outros atentados. Em Guantánamo, o jihadista saudita falou que acolhera os paulistas Alan Cheidde e Anuar Pechliye no campo de treinamento de combatentes de Khaldan, no Afeganistão. Cheidde pertence a uma família famosa no ABC paulista. Seu pai, Felipe Cheidde, amealhou uma das maiores fortunas da região com a união a empresa de factoring, bingos e loterias. Chegou a ser deputado federal constituinte pelo PMDB. Ele mantém um ordem da quarta divisão paulista, o Esporte Clube São Bernardo, e é popular em sua cidade. Sua casa de 1400 metros quadrados é uma das mais suntuosas de São Bernardo do Campo.
Ainda assim, as conexões de seu filho, Alan, com o terror passaram despercebidas das autoridades brasileiras até 2004, quando a CIA as comunicou à Polícia Federal. Os agentes americanos relataram que Cheidde e seu amigo Pechliye haviam sido incumbidos de arranjar passaportes brasileiros para integrantes da Al Qaeda. Intimados pela Policia Federal, ambos contaram que haviam perdido seu passaporte duas vezes, em 2000 e 2001, e que não se lembravam das circunstancias em que isso teria ocorrido. Apesar de considerarem a desculpa esfarrapada, as autoridades brasileiras decidiram liberá-los.
A VEJA, Cheidde disse que sua viagem é assunto privado. Pechliye não retornou as ligações da reportagem. Uma das raras ocasiões em que os terroristas eram incomodados foi em junho de 2005. Naquele mês, a Policia Federal aproveitou a Operação Panorama contra a imigração ilegal para prender 21 extremistas. Eles foram acusados de falsidade ideológica e adulteração de documentos para obter vistos de permanência no pais. Faziam isso forjando casamentos com brasileiras.
Os radicais escolhiam mães solteiras, pagavam-Lhes 1000 reais para participar da fraude e reconheciam os filhos delas como seus. Tornavam-se formalmente pais de filhos brasileiros e, por isso, não podiam mais ser extraditados.
O bando era chefiado pelo libanês Jihad Chaim Baalbalti e pelo jordaniano Sael BasheerYahya Najib Atari, um proeminente líder muçulmano de Foz do Iguaçu. Com a quadrilha, a Policia Federal apreendeu 1206 passaportes emitidos por Portugal, Espanha e México. Na maioria roubados, esses documentos eram vendidos a 1100 dólares cada um para extremistas procurados pela polícia de diversos países ou para radicais que querem se deslocar sem deixar rastros.
O esquema de Baalbaki e Atari não se restringia ao Brasil. O Kuwait acusa o jordaniano de se associar a falsificadores locais para facilitar a fuga de jihadistas. A maioria da comunidade islâmica de Foz do Iguaçu rechaça o terrorismo. Fugitiva da guerra e dos atentados em seus países de origem, ela é a principal fonte de informação da Policia Federal.
Na Tríplice Fronteira do Brasil, Argentina e Paraguai, os radicais formam um contingente marginal entre os 12000 muçulmanos que lá vivem. Mas isso não impediu Atari de presidir a Associação Árabe Palestina nem de apresentar-se como um porta-voz da comunidade. Foi em tal condição que ele posou para a fotografia que ilustra esta reportagem. Abordado depois por VEJA, Atari, que, assim corno Baalbaki, responde em liberdade ao processo por falsidade ideológica, formação de quadrilha e facilitação de imigração ilegal, afirmou que não gostaria de falar sobre as acusações que lhe são feitas.
A ousadia de Atari reflete o conforto que as leis lhe garantem. Ele e Baalbaki, além de estarem soltos, só serão extraditados se forem condenados. "Os terroristas se aproveitam da fragilidade da legislação brasileira', admitiu, em audiência na Câmara dos Deputados, Daniel Lorenz, ex-chefe do Departamento de Inteligência da Polícia Federal e atual secretario de Segurança do Distrito Federal. A dupla continua fazendo negócios no Paraná, uma espécie de Wall Street da jihad
"A Tríplice Fronteira é, hoje, uma artéria financeira do Hezbollalh" escreveu o diretor do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Tesouro americano, Arfam Szubin, em relatório enviado ao Departamento de Estado de seu país, fazendo referencia ao grupo libanês. Chegou-se a essa situação por causa da recusa do governo brasileiro a encarar o terrorismo.
Em 2007, um grupo de deputados tentou regulamentar o artigo constitucional que prevê o crime de terrorismo. Acabou vencido pelo então secretário nacional de Justiça, Pedro Abramovay. "Ele alegava que uma lei antiterror atrairia terroristas", conta o ex-deputado Raul Jungmann (PPS-PE). Por esse raciocínio, ou fatia dele, o Brasil deveria abolir as leis contra homicídio, roubo e tráfico de drogas. Afinal de contas, elas também incitariam as pessoas a delinquir.
A leniência com o extremismo islâmico é característica também da diplomacia brasileira, que não reconhece o Hezbollah, o Hamas nem as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) como terroristas. Em parte, ela está relacionada à tentativa de vender a imagem do Brasil corno a de um paraíso tropical blindado contra atentados. Mas apresenta-se recheada também da simpatia da esquerda pelos jihadistas, inimigos viscerais dos Estados Unidos. Uma lei antiterror alcançaria, ainda, "movimentos sociais", como o Movimento dos Atingidos por Ramagens, que, em 2007, ameaçou abrir as comportas da hidrelétrica de Tucuruí, e o Movimento dos Sem Terra, que invade e depreda fazendas. "A Polícia Federal e o governo americano apontam a atuação dos movimentos sociais como um dos principais impeditivas para um combate mais efetivo ao terror", diz Jungnann.
Embora seja autora das investigações descritas nesta reportagem, a Polícia Federal assume um comportamento ambíguo ao comentar as descobertas de seu pessoal. A instituição esquiva-se, afirmando que,não rotula pessoas ou grupos que, de alguma forma, possam agir com inspiração terrorista". Esse discurso dúbio e incoerente não apenas facilita o enraizamento das organizações extremistas no Brasil como cria grandes riscos para o futuro imediato.
As cartilhas terroristas recomendam aos militantes que desfiram atentados em ocasiões em que suas ações ganhem visibilidade. O temor de policiais federais e procuradores ouvidos por VEJA é que eles vejam essas oportunidades na Copa de 2014 e na Olimpíada de 2016.
Originalmente publicado na edição de Veja 2211. Um exemplar imperdível para os estudiosos de terrorismos e assuntos estratégicos

SOBRE A TÃO DISTANTE “LIBERDADE DE EXPRESSÃO”

liberdade-expressao
“Liberdade de expressão” ultimamente se tornou uma expressão bem presente nos noticiários, logicamente devido aos atentados contra a sede da revista Charlie Hebdo, em Paris.
Desde então, após uma comoção geral por causa da violência das imagens registradas do atentado, surgiu a campanha “Eu sou Charlie” com manifestações em várias partes do mundo, inclusive aqui no Brasil.
Veja bem, um país que acabou de passar por um processo eleitoral bastante desgastante por causa das agressões gratuitas entre militâncias partidárias que não respeitavam opiniões contrárias, agora se simpatiza com a dor do jornal anarquista.
Seria irônico se não fosse deprimente.
O fato é que parte da população brasileira mais se assemelha com o fundamentalismo cego dos terroristas do que com o sarcasmo dos jornalistas mortos. Não custa nada lembrar que há poucos meses tivemos uma onda de linchamentos, em praças públicas, motivados por um comentário irresponsável de uma apresentadora de uma emissora que não está nem entre as duas principais do país.
Se fizeram tudo isso por alguém de tão pouca relevância, imagina só o que esse povo faria se padres e pastores começassem a pregar a morte de quem não for cristão. Será que essas pessoas teriam capacidade cognitiva para questionar tais mandamentos divinos?
Sinceramente, acredito que não.
Afinal, não percebo discernimento nas atitudes que observo em meu dia-a-dia. Vejo que as pessoas aderem às campanhas da mesma forma que gastam dinheiro para comprar o tal “pau de selfie”. Fazem de tudo, unicamente, para acompanharem a moda.
Vale lembrar que a mesma pessoa que hoje é Charlie para brigar contra o terrorismo, há pouco tempo também foi Macaco para protestar contra o racismo. E ninguém sabe o que será amanhã.
Porém, esse modismo cega e confunde. Diante de tantas campanhas e tendências, as pessoas não enxergam mais o que são. Assim, não percebem que estão longe de alcançar a idealização do anarquismo pregado pela revista francesa, e se aproximando perigosamente do ódio fanático que causa, entre outros males, o racismo que leva alguém a atirar uma banana em um campo de futebol só para humilhar o outro.
Sem dúvida nenhuma, a liberdade de expressão é algo que devemos almejar. Porém, é hipocrisia achar que é exclusividade do islamismo lutar contra ela.
Basta conhecer um pouco de História para compreender que as palavras “liberdade” e “religião” não se relacionam muito bem em uma mesma frase, independente do deus que se prega.
É só lembrar que durante o caminho que nos trouxe até aqui, inúmeras mulheres – que se recusaram a imposição de assumir o papel de “donas do lar” – foram consumidas pelas chamas das fogueiras da santa inquisição, sob a acusação de bruxaria. Também envenenaram cientistas e filósofos que contestaram a teoria do teocentrismo. Fora aqueles que foram massacrados durante as cruzadas.
Ou seja, um histórico nada libertário até aí.
A religião diz oferecer liberdade de escolha, porém, a outra opção sempre leva ao inferno. Como acreditar que se é livre, quando já se nasce pecador?
Por outro lado, tem os oportunistas que querem usar a tal liberdade de expressão para alimentar o seu sadismo, ao provocarem mais sofrimento em quem já enfrenta todas as dificuldades possíveis por não se enquadrar na idealização do senso comum.
Fazer piadas com gordos, gays, negros, ou qualquer pessoa fora de seus padrões não pode ser considerado liberdade de expressão, mas sim, uma forma covarde de opressão.
Não reconhecer a diferença entre opressor e oprimido é de uma comodidade intelectual vergonhosa, digna de quem empunha uma arma de fogo para revidar quem atacou suas crenças com desenhos.

Mark Zuckerberg comenta ataque na França e afirma que Facebook não será silenciado


O criador da rede social declarou que não deixará que extremistas ditem o que pode ser compartilhado no mundo

Redação, Administradores.com, 
iStock
O ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo, na última quarta-feira (7), matou doze pessoas em Paris e trouxe à tona diversas discussões sobre extremismo, liberdade de expressão e terrorismo no mundo todo. Diversas autoridades e figuras da mídia se manifestaram sobre o assunto, e em alguns países, pessoas saíram às ruas em forma de protesto.
O americano Mark Zuckerberg, criador do Facebook, também comentou a tragédia. Em seu perfil na rede social, Zuckerberg lembrou de um episódio em que um extremista islâmico tentou censurar o Facebook e afirmou que a ferramenta sempre será um lugar "onde você pode falar livremente, sem medo da violência.".
Confira o comentário na íntegra:
"Há alguns anos, um extremista no Paquistão lutou para ter me condenado à morte porque o Facebook se recusou a banir conteúdos sobre Maomé que o ofendeu. 
Nós nos opusemos a isso porque vozes diferentes - mesmo se elas forem às vezes ofensiva - podem tornar o mundo um lugar melhor e mais interessante.
O Facebook sempre foi um lugar onde pessoas de todo o mundo compartilham suas opiniões e ideias. Seguimos as leis de cada país, mas nunca deixamos um país ou grupo de pessoas ditar o que as pessoas podem compartilhar todo o mundo.
Reflito sobre o ataque de ontem e minha própria experiência com o extremismo, e isso é o que todos nós precisamos rejeitar - um grupo de extremistas que tentam silenciar as vozes e opiniões de todos os outros ao redor do mundo.
Eu não vou deixar que isso aconteça no Facebook. Estou comprometido com a construção de um serviço onde você pode falar livremente, sem medo da violência.
Meus pensamentos estão com as vítimas, suas famílias, o povo da França e as pessoas de todo o mundo que optam por partilhar as suas opiniões e ideias, mesmo quando isso leva preciso coragem. #JeSuisCharlie"

Serviços secretos detêm israelense que pretendia se alistar no EI



Jerusalém, 12 jan (EFE).- O serviço secreto israelense Shabak tem sob detenção um cidadão árabe-israelense que em abril se deslocou à Síria para se alistar às forças do Estados Islâmico (EI) e que acabou sendo capturado pelos serviços de inteligência sírios.

O caso de Yousef Yacub Mahmed Naserala, de 21 anos, foi conhecido nesta segunda-feira, quando o Shabak pediu a um tribunal da cidade de Kfar Saba, ao nordeste de Tel Aviv, que prolongue sua detenção até o final das investigações, informa o site do jornal "Maariv".

Segundo os dados, Naserala retornou há um mês da Síria e foi detido em uma passagem fronteiriça com a Jordânia quando tratava de retornar a sua casa na cidade árabe-israelense de Kalansua, próxima a Kfar Saba.

O detido disse aos investigadores que pouco após chegar à Síria, foi preso pelos serviços secretos desse país, que o torturaram para obter informação sobre suas intenções e sobre distintas situações secretas em Israel.

"O fenômeno de jovens árabe-israelenses que viajam à Síria é muito perigoso, porque se trata de um palco com vários elementos hostis a Israel", disse uma fonte do Shabak ao diário ao advertir do perigo que depois usem a formação militar adquirida para perpetrar atentados ou passar informação a grupos terroristas e outros inimigos.

Naserala é o segundo caso conhecido de um jovem árabe-israelense que trata de se alistar no EI.

Charlie Hebdo - by Miranda Sá


by Miranda Sá

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Não foi na escola, nem nos livros, as maiores lições de Democracia que recebi; foram do meu pai. Ele me dizia: - “Trate o engraxate (naquele tempo os havia) igual ao presidente da República (era Getúlio Vargas)”. E completava: - “Não permita que ninguém se imponha como superior a você e muito menos que lhe impeçam de falar...”
Com o tempo, aprendi formas eruditas de comprovar a justeza das teses paternas, e que a Democracia e Liberdade são irmãs gêmeas. As duas representam a garantia de proteção dos direitos humanos fundamentais, da expressão do pensamento e de adotar qualquer religião ou filosofia de vida.
Na adolescência mergulhei nas obras de Voltaire apaixonando-me pela sua participação na vida política e cultural do século XIX, e pelos conceitos válidos até hoje que deixou. Um deles se impõe nos dias turbulentos que atravessamos:"Eu não concordo com uma só palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o direito de dizê-las". Refiro-me ao brutal atentado dos terroristas na França contra a revista satírica Charlie Hebdo.
Das charges publicadas pelo semanário ateísta francês de que tomei conhecimento, ri-me de umas, estive de acordo com algumas e achei inaceitáveis outras. Mesmo diante de provocações pesadas e incivis contra a crença religiosa islamita, eu jamais aceitarei a violência estúpida do terrorismo, acarretando destruição, morte e a sensação de insegurança. Em minha opinião, nada justifica isto, como quer meia dúzia de extremistas
Deixemos claro que a ação contra Charlie Hebdo não foi para vingar o Profeta, em que os tresloucados se arriscaram ao martírio na antevisão das 72 virgens no Paraíso prometidas aos jihadistas nos versos do Alcorão.
Se fosse por amor a Maomé, não teríamos uma impotente vigilante morta na calçada, pois não o ofendeu! Também nada fizeram contra o fundador do Islã os reféns, empregados e fregueses da mercearia kosher...
O que se viu, na verdade, foi uma investida totalitária, criminosa, contra a liberdade de expressão e de imprensa; crime, aliás, que se estendeu com o incêndio do jornal alemão Hamburguer Morgenpost.
Condenável é culpabilizar os cartunistas e redatores da Charlie Hebdo, vítimas da intransigência fascista contra a divulgação de idéias contrárias. Os defensores desta tese são cúmplices intelectuais da intolerância e dos assassinatos.
Em minha opinião, quem defende o Terror, mesmo com tímidos “mas, mas”, é contra a Liberdade que se afirma e se completa em si mesma como um amálgama no vitral colorido das várias democracias, unindo-as através de princípios e práticas que as distinguem de outras formas de governo.
Os brasileiros que sofremos hiatos antidemocráticos, principalmente nos períodos ditatoriais de Vargas, 1937-1945, e dos militares, 1960-1985, mas a reação intelectual de muitos permitiu-nos assistir ambos os regimes de exceção cair de podre.
E apodrecerão mais cedo ou mais tarde as ideologias mumificadas postas na vitrine para justificar ditaduras narco-populistas da América Latina e do Brasil, cujos chefes não compareceram à histórica manifestação de Paris em repúdio às seitas radicais do medievalismo contemporâneo.
Voltaire, no seu “Dictionnaire philosophique”, critica os costumes ridículos, as leis imperfeitas e as opiniões insensatas, mas defende o direito individual e coletivo às liberdades e aos deveres de todos que vivem em sociedade.
É por isso que venho conclamando os bem-pensantes a lutarem por um Brasil livre do chavismo canhoto que o lulo-petismo quer nos impor. A consciência patriótica nos obriga a defender os nossos direitos e a nossa liberdade, definida por George Orwell: "Se a liberdade significa alguma coisa, é, sobretudo, o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir".

PT versus PT: o que importa mesmo é o projeto do poder

terça-feira, 13 de janeiro de 2015



A entrevista da senadora Marta Suplicy neste fim de semana escancarou a divisão no PT entre um grupo lulista e aqueles que orbitam em torno de Dilma Rousseff. Não há dúvida que, nos termos fortes em que Marta expôs o quadro, há uma história cheia de drama a esmiuçar sobre a dinâmica interna do partido que ocupa o poder. Mas, a um passo de distância, a divisão atual nada mais que é uma reedição, em ponto grande, das velhas divisões entre tendências petistas: algumas mais radicais, outras mais moderadas, algumas mais ideológicas, outras mais pragmáticas, e assim por diante. Para todos os efeitos que realmente interessam, a discussão é sobre como o PT pode se manter no governo por mais um período de oito anos depois de encerrado o mandato de Dilma. O “projeto de nação”, como disse a presidente em seu discurso de posse no segundo mandato, continua sendo o mesmo. Ou melhor: o projeto de poder. Por trás de todo o "bafafá", o que interessa ressaltar é mesmo o desejo de continuidade. Dilma foi criada por Lula. Se ele se distancia momentaneamente dela, pode também reaproximar-se no futuro. O único calculo que realmente interessa é a possibilidade de manter o partido no poder. E então recontar a história dos mandatos sucessivos da maneira que parecer mais interessante para a hagiografia petista. Marta, que era Ministra da Cultura até novembro, desatou nos últimos dias a criticar colegas de sigla e a gestão de Dilma Rousseff. Em uma entrevista publicada no último sábado pelo jornal O Estado de S. Paulo, ela fez comentários sobre a presidente em um tom que nenhum petista de alto escalão havia usado até agora. E jogou para os holofotes uma disputa que era feita internamente, de forma velada: Lula busca construir um discurso que sustente sua candidatura e pemita que ele se desvincule da imagem de DIlma. Na entrevista, a socialite Marta Suplicy admitiu que defendia o lançamento do ex-presidente Lula na disputa presidencial de 2014 e disse que a presidente Dilma não agiu quando era preciso para evitar problemas na economia: "Não se engendraram as ações necessárias quando se percebeu o fracasso da política econômica liderada por ela", afirmou ela em um dos vários ataques desferidos. As declarações de Marta Suplicy têm duas indicações claras: a primeira é a de que ela não deve mesmo permanecer no PT. Ao deliberadamente atingir a presidente (como já tinha feito há poucos dias, quando criticou o ex-ministro Alexandre Padilha e o ministro Juca Ferreira com termos pesados), ela demonstra ter decidido por um caminho sem volta rumo a outro partido. O segundo sinal transmitido pela senadora partiu do ex-presidente Lula. Ele nunca deixou a posição de líder máximo do PT; uma figura como Marta Suplicy, muito ligada a ele, não traria a público conversas privadas com o petista sem o consentimento, tácito ou explícito, de Lula. Sobre o primeiro recado da socialite Marta Suplicy, as razões parecem ser de natureza pragmática. Ela quer disputar a prefeitura e, eventualmente, um cargo maior em 2016. No PT, acredita que não terá o espaço devido. Como ela mesma afirma na entrevista, imaginou que pudesse ser candidata à Presidência em 2010, sucedendo Lula: "Sempre achei que ia acabar ficando meio de fora das coisas, talvez pela origem, talvez por ser loura de olho azul, não sei". Agora, a senadora pode ir para o PMDB, PSD ou até mesmo para o Solidariedade. A mudança, entretanto, pode lhe render um processo de perda do mandato por infidelidade partidária. Se conseguir convencer a Justiça Eleitoral de que está sendo cerceada no PT, pode migrar e continuar com o cargo de senadora. Já as referências a Lula deixam claro que, num momento de fragilidade do governo, o ex-presidente coloca seu time em campo para construir o discurso de que ele tentou evitar os fracassos do governo Dilma mas não foi ouvido. É uma forma de se precaver das eventuais consequências maléficas que um mau resultado no segundo mandato de Dilma pode trazer à campanha petista em 2018. A polarização entre dilmistas e lulistas, entretanto, não passa de uma disputa de poder que interessa muito ao PT e muito pouco ao Brasil. Os métodos, as idéias e grande parte dos personagens são os mesmos. Dentro do PT, a ordem é evitar o bate-boca com Marta Suplicy para impedir que um aprofundamento do embate respingue tanto em Dilma quanto em Lula. "Acho que o PT tem de cuidar da sua vida. Nós temos uma agenda em curso. Não podemos ficar polemizando com quem quer sair", diz o deputado José Guimarães (PT-CE), vice-presidente do partido. Mas o ministro da Cultura, Juca Ferreira, não deixou de responder às críticas que sofreu de Marta Suplicy. Nesta segunda-feira, afirmou que a senadora "quis atirar em Deus e acabou acertando no padre de uma paróquia". O site oficial do partido deu destaque às declarações de Juca e usou a palavra "crise" para definir o episódio. Se o próprio PT reconhece, é porque a estratégia de Marta Suplicy parece ter funcionado. Até agora, Lula, o principal personagem da trama, segue em silêncio. 

DEFESA DO DELATOR JÚLIO CAMARGO PEDE PERDÃO JUDICIAL

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015



A defesa de um dos delatores do esquema de corrupção investigado na Operação Lava Jato pediu à Justiça Federal perdão judicial. Os advogados do executivo Júlio Gerin de Almeida Camargo, ligado à empresa Toyo Setal, alegam que o acusado merece o benefício por ter ajudado a identificar pessoas e detalhes sobre os desvios de recursos na Petrobras. Em resposta à abertura da ação penal contra Camargo, ocorrida em dezembro passado, a defesa reafirmou todas as declarações dele em depoimento de delação premiada firmado com o Ministério Público Federal. O executivo confirmou pagamento de U$ 30 milhões ao empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, para intermediar a compra de sondas de perfuração para a Petrobras. “Desta forma, procedem por completo os fatos narrados na denúncia oferecida nos presentes autos, por serem absolutamente fiéis às declarações prestadas por Júlio Gerin de Almeida Camargo em colaboração premiada e, ainda, aos documentos por ele apresentados”, declarou a defesa. No termo de delação, Camargo afirmou que em 2005 atuou como agente da empresa Samsung para vender para a Petrobras duas sondas de perfuração de águas profundas na África e no Golfo do México. Para fechar o negócio, o delator disse que procurou Soares “pelo sabido bom relacionamento” dele na área internacional e de abastecimento da empresa, dirigidas à época por Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa, respetivamente. Na mesma ação penal são réus o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró, o empresário Fernanado Baiano e o doleiro Alberto Yousseff. O prazo para que os advogados dos demais acusados também apresentem resposta às acusações vence na semana que vem.

Microsoft critica Google por revelar detalhes de bug no Windows 8.1 antes de correção

O Google publicou um bug no Windows 8.1 ainda sem correção — e, claro, a Microsoft não gostou nem um pouco disso. A falha foi descoberta no Project Zero, o projeto de pesquisa em segurança do Google, que tem como política a revelação da falha 90 dias depois do aviso à empresa responsável pelo software. A Microsoft foi avisada em 13 de outubro do ano passado e planejava lançar o patch para consertar a brecha amanhã —a tradicional Patch Tuesday, termo usado pela indústria para se referir ao dia habitual do lançamento de correções e outros updates, geralmente na segunda ou quarta terça-feira do mês.
A Microsoft diz que pediu ao Google para não revelar o bug antes da correção, mas o que prevaleceu foi a política padrão do Project Zero. Num post no blog de segurança da Microsoft, o diretor Chris Betz criticou duramente a atitude, que ele chama de “pegadinha”.
Liberar informações sem contexto ou sem instruções para proteção coloca mais pressão num ambiente técnico já bastante conturbado. É necessário avaliar a potencial vulnerabilidade, projetar e avaliar a ameaça e publicar um “conserto”antes de ser revelada ao público, incluindo aí aqueles que podem usar a brecha para orquestrar um ataque.
Betz defende a chamada Coordinated Vulnerability Disclosure (ou CVD, que quer dizer “publicação coordenada de vulnerabilidades”), uma política em que as empresas conversam para trocar informações e evitam revelar falhas ainda sem correção, para não expor os consumidores a um risco desnecessário.
Por outro lado, Ben Hawkes, pesquisador do Google, defendeu a publicação numa discussão sobre um caso semelhante — o Google revelou outra falha do Windows 8.1 em 31 de dezembro do ano passado, no meio do recesso de fim de ano — na página do projeto
Prazos para divulgação são atualmente a melhor abordagem para a segurança do usuários — eles permitem que os desenvolvedores tenham um intervalo de tempo justo e razoável para por em prática seus processos de gestão de vulnerabilidades, ao mesmo tempo que respeitam o direito dos usuários de saber e compreender os riscos que estão correndo.
É uma briga entre duas gigantes e uma discussão complicada. Por enquanto, o que temos de concreto é uma falha ainda (até amanhã, pelo menos) sem conserto — e provavelmente ela não será a última a vir a público dessa forma. [TheNextWebZDNet,PCWorld]