terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Charge do Sponholz



Em todo o país, estão sendo fechados bares e boates que funcionam sem esquemas de segurança



Francisco Bendl
Os jornais televisivos desta noite dão conta que dezenas de cidades brasileiras através de suas respectivas prefeituras, decretaram o fechamento de inúmeras boates e bares por conta da tragédia em Santa Maria.
Se essas casas noturnas estivessem com seus Alvarás regularizados, por acaso haveria esta correria POR PARTE DOS PREFEITOS E SECRETÁRIOS para que fossem fechadas?!
Ora, claro que não! TODAS estavam funcionando sem as devidas obediências às leis e normas que regem suas aberturas conforme exigências de segurança aos frequentadores.
Pergunto, então, a respeito dos responsáveis pela emissão dos Alvarás, por que não foram eles, os subalternos, que tomaram esta iniciativa, mas os prefeitos?! Lamento, porém, tenho razão na acusação que faço ao poder público.

Polícia Federal indicia nove integrantes de ONG ligada ao PCdoB



A Polícia Federal (PF) indiciou nove pessoas sob suspeitas de desvio de pelo menos R$ 4,2 milhões do programa do governo federal Segundo Tempo para a Organização Não Governamental (ONG) Pra Frente Brasil, sediada em Jaguariúna, interior de São Paulo. Entre os indiciados está a ex-vereadora e ex-jogadora de basquete Karina Valéria Rodrigues (PCdoB), gerente da entidade. Segundo a PF, Karina usava dinheiro desviado da ONG para despesas pessoais, como para pagar dentista e empregada doméstica.
 Karina, chefe da gang
Planilhas encontradas pela PF mostraram o pagamento de valores registrados como “partido”, além de saques em dinheiro de cerca de R$ 50 mil e que, segundo a anotação, seriam destinados à ex-vereadora.
Os nove foram indiciados na semana passada pelos crimes de peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica, sonegação, formação de quadrilha, fraudes em licitação e lavagem de dinheiro.
A ONG Pra Frente Brasil recebeu do Ministério do Esporte em torno de R$ 30 milhões entre os anos de 2007 e 2011 para desenvolver atividades esportivas para atender 18 mil crianças e adolescentes, mas, além de atender um número muito menor de beneficiados, fornecia serviços com materiais com qualidade inferior do que o declarado.
As investigações dos agentes federais também mostraram pagamentos indevidos para fornecedores e para mais de 200 pessoas que nunca prestaram serviços para a entidade.
Para encobrir as fraudes, a ONG mudou por diversas vezes a sua diretoria usando nomes de pessoas próximas à Karina.
(Transcrito do jornal O Tempo)

A barulhenta orquestra



Welinton Naveira e Silva
Ser presidente da República num sistema democrático capitalista, mal (bem) comparando, é tentar reger com eficiência (nem tanto), uma grande orquestra contando com muitos músicos (políticos) de pouca vocação e preparo, de pouca visão, impossibilitados de acompanhar a regência do maestro (presidente da Repúbica).
Quase todos os instrumentos costumam estarem desafinados e ruins (máquina do governo). O grande espaço ocupado pela orquestra (a gigante malha do poder sobre a grana do trabalhador), pouco ventilado e escuro, cheirando ruim, com estranhos ruídos, aberto ao livre tráfego de coisas indesejáveis e imorais.
Como se já não bastassem todos esses monumentais desarranjos, o maestro (presidente da República) da orquestra, na grande maioria das vezes, costuma não ter dotes algum para música, menos ainda, experiência.
O povo, sempre obrigado a assistir a infernal barulho, pagando caros bilhetes (baixos salários com altos impostos), com tempo acaba surdo. Quanto às elites dominantes, donas da orquestra, dos instrumentos e do grande espaço, nunca gostaram de música, gostam mesmo é da grande grana deixada na bilheteria pelo sofrido povo. Para ter paz diante de tanta barulheira, só mesmo, ficando surdo (despolitizado).

Para Renan e Henrique Eduardo adquirirem popularidade, por Carlos Chagas



Previstas para sexta-feira, as eleições para as presidências do Senado e da Câmara marcarão nova etapa na crônica do Congresso. Jamais os candidatos foram tão atacados quanto Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves. Mesmo sem a emissão de juízos de valor a respeito das acusações contra os dois, fica evidente que serão fiscalizados como nunca, tanto pela imprensa quanto por seus pares. Qualquer nomeação que façam passará pelo crivo da opinião pública, assim como a elaboração diária das ordens do dia, a autorização de viagens de deputados e senadores ao exterior e suas próprias agendas.
O Brasil não é o país dos milagres, mas eis aí excelente oportunidade para Henrique Eduardo e Renan darem a volta por cima e realizarem aquilo que nenhum de seus antecessores realizou, ou seja, a moralização das duas casas. Surpreenderiam, é claro, mas a História está cheia de surpresas, algumas até agradáveis.
Por que, por exemplo, os dois presidentes não revogarem a decisão de as sessões deliberativas apenas acontecerem entre terça e quinta-feira? Só dependerá deles marcar sessões para sábado, segunda e sexta-feira, de dia e de noite, com exigência da presença permanente de seus colegas? E mais: com o corte automático nos vencimentos dos faltosos, sem aceitarem as ridículas justificativas de ausência.
Seria bom, também, que cancelassem o funcionamento da sala VIP no aeroporto de Brasília, onde se acomodam os parlamentares em fuga, sem ser vistos pela massa aglomerada nos saguões. Fila neles, com prerrogativas especiais reservadas apenas aos maiores de 65 anos.
PROVIDÊNCIAS
Nada de viagens ao estrangeiro, pagas pelos cofres do Legislativo. Muito menos as fajutas permanências em Nova York, como observadores da Assembléia Geral. Cada um empenhado em fazer turismo, que voe por conta própria. Nenhuma concessão às respectivas famílias, nesse particular. Da mesma forma, extinção das polpudas verbas de gabinete para contratar funcionários nos estados de origem ou compensar gastos com gasolina. Aliás, carros oficiais, só para os membros das mesas diretoras, mesmo assim, para compromissos de representação óbvia.
Nenhum auxílio para moradias. Os que ocuparem apartamentos funcionais deverão pagar aluguel de mercado, e sempre que suas esposas quiserem trocar a geladeira ou o sofá da sala, que arquem com as despesas. E quem morar em hotel, tire o pagamento de seus vencimentos, como acontecia quando a capital federal funcionava no Rio.
Mas tem mais: fiel cumprimento da Constituição, que proíbe atividades empresariais de qualquer espécie para deputados e senadores. Vigilância absoluta quanto à existência de laranjas ou familiares agindo em nome deles em empresas variadas. Denúncia imediata e ação dos Conselhos de Ética contra quem burlar a regra.
Devolução obrigatória ao poder público de concessões para emissoras de rádio e televisão funcionarem em nome de testas-de-ferro e familiares dos legisladores. Assim como a aplicação do dispositivo que considera cassados os mandatos dos faltosos. Proibição, também, de deputados e senadores ocuparem ministérios ou secretarias estaduais sem antes renunciarem a seus mandatos.
Seria um bom começo para Henrique Eduardo Alves e Renan Calheiros, ainda que perigoso. Talvez fossem destituídos em 48 horas, mas certamente estariam livres das acusações e denúncias levantadas contra eles.
SORTE DOS PREFEITOS
Vivem a expectativa de um Natal Permanente os 5.591 prefeitos empossados e já em exercício em seus municípios, ainda que nem todos tenham vindo a Brasília para a reunião com a presidente Dilma. Porque estão recebendo a promessa de que a partir de agora as coisas serão diferentes e eles não precisarão mais ficar de chapéu na mão, mendigando verbas e protelando dívidas.
Anunciadas, as medidas de ajuda e proteção aos municípios despertaram entusiasmo nos prefeitos, restando aguardar sua efetivação. Como dizia o dr. Ulysses, ninguém mora na União ou nos Estados. Moramos todos nos Municípios.

CHARGE DO ALPINO


Lincoln estreia nos cinemas do país

Copa do Mundo: espetáculo sectário, autoritário, perdulário



Helio Fernandes
A partir da Olimpíada de 1920, messiê Jules Rimet aumentou sua obsessão de realizar uma competição de futebol que não fosse subordinada a nenhum evento, tivesse vida própria. Assistiu à Olimpíada de 1924, ganha pelo Uruguai, à de 1928, também vencida pelo Uruguai, que se consagrou como a “Celeste Olímpica”.
Em 1930 concretizou seu sonho, a primeira Copa do Mundo foi no Uruguai, pelo passado e pelo presente. O Uruguai completava 100 anos da Independência. Eram 8 países convidados, não existia eliminatória, nem estádios assombrosos, luxuosos, suntuosos. Apenas o Estádio Centenário, que existe sem reformas altamente custosas.
O tempo passou, chegamos à realidade de agora. No momento vários países disputam sediar a Copa de 2026, a de 2030 já está prática e justamente destinada: será no Uruguai-Argentina, uma parceria. Principalmente para a Fifa que já patrocinou um fracasso total, jogado entre Japão e Coréia do Sul. Sete horas de avião de um país para outro, moeda diferente, língua idem, e por aí vai.
A de 2026, luta enorme entre México e EUA. Por que essa antecedência, se antigamente o anfitrião era indicado entre 5 e 6 anos antes. Preponderância da corrupção e do poder financeiro. Por causa disso, a Fifa mudou seus hábitos, escolheu no mesmo dia (inédito e surpreendente) duas sedes. Rússia 2018. Qatar 2022. O dinheiro “correu solto”. (Parecia até a reeleição de FHC).
A escolha da Rússia, no distante 2018, e a do Qatar, no mais longínquo 2022, acusações que correram o mundo. Blatter, um dos acusados, aproveitou para expulsar os adversários, contabilizou (ou contaminou) mais uma reeleição. De simples funcionário (amanuense), se transformou em riquíssimo personagem esportivo.
O AMANUENSE BLATTER
Tem um plano de saúde para sempre, ao custo de 300 mil dólares. Aposentadoria majestosa, salários mensais ou anuais, que não consegui descobrir de quanto é. Fora as mordomias, avião especial, por que iria se misturar com a plebe vil e ignara?
Com toda essa deficiência de competência e de caráter, se permite fazer exigências a um país como o Brasil, que aceita tudo, incluindo mudanças constitucionais. Lembrando seu secretário-geral, Jerome Valcke, que disse para todo mundo ouvir: “O Brasil deveria levar um pontapé no traseiro”. Inacreditável, continuam vindo ao país, dando ordens ou fazendo restrições.
A Copa do mundo geralmente não deixa “herança” positiva para a coletividade, gastam fortunas em estádios desnecessários, e depois, praticamente inúteis. Muito mais elogiável e facilmente verificável é a Olimpíada. Podem dizer, “beneficia apenas uma cidade”. Vejam o Rio, hoje um “canteiro de obras” em todos os lugares, do subúrbio à Zona Sul, tudo para a população. E que reflete e repercute no país inteiro.
Desmoralizaram até o Maracanã, um símbolo respeitado no mundo inteiro. Na Copa do Mundo de 50 não eram exigidos tantos estádios, também não havia eliminatórias. Na final Brasil-Uruguai, histórica pelo monumental silêncio provocado pela derrota. E histórica pelo fato de estarem presentes 200 mil pessoas, ou até mais.
MARACANÃ E AS “REFORMAS”
Na bancada de imprensa, em cada cadeira, ficavam 5 jornalistas em pé. Depois, na eliminatória de 1978, Brasil-Paraguai, mais de 188 mil pessoas. Num jogo Flamengo-Fluminense, mais de 170 mil pagantes. Agora, na “reforma” desse Maracanã do qual tanto nos orgulhamos, quase um bilhão de reais desperdiçados. Para ser mais exato e com os números oficiais: 882 milhões.
Não podemos esquecer: nos 4 anos do governador Garotinho, obras de mais de 300 milhões. A seguir, no governo de Dona Garotinha, outra reforma no custo de mais 400 milhões. Isso em quanto tempo? 12 anos. E as duas obras executadas pelo mesmo personagem, chamado de Chiquinho da Mangueira, eleito deputado estadual, se licenciava, logo ia para a Secretaria de Esportes e o Maracanã.
Acabava o governador Garotinho, voltava para a Alerj,era reeleito, outra vez a palavra voltava, para a mesma Secretaria de Esportes e para mais obras no Maracanã. O que mudava? Saía o marido, entrava a mulher.
Excluído o Maracanã, apresentemos apenas os totais oficiais de 10 estádios. Sem qualquer aparelhamento ou discussão sobre números, só o que o Ministério do Esporte divulga: 5 bilhões e 160 milhões. O que ficará para a comunidade? Só o exagero.
O mais caro, São Paulo, acima de 800 milhões. O menos dispendioso, do Paraná, pouco mais de 200 milhões. E foram construídos com uma capacidade aceitável, com previsão de público razoável para esses estádios.
EM BRASÍLIA, O ABSURDO
Absurdo completo: 70 mil pessoas em Brasília, que nem campeonato trem. (Mais importante na capital é “A pelada do Estevão, disputada). O único estádio pronto é o de Fortaleza, ao custo e mais de 700 milhões, não estão incluídos na lista de mais de 5 bilhões.
Esse estádio é chamado de “Castelão”, muita gente pensa que é por causa do ditador Castelo Branco. Quando foi construído (agora monumentalizado), Castelo nem era nascido. É que naquela região só existiam castelos, ultrapassados.
###
PS – Para terminar: estava demorando o Parreira posar para câmeras e holofotes. Diz: “O Brasil não tem direito de perder outra Copa em casa”. Além de não se aproveitar nada do que falou, esta preciosidade: “O Zagallo me ajudou muito nas duas Copas”. A primeira, 1994, a mais fraca de todas, vencida nos pênaltis, depois de uma classificação com um gol milagroso e mediúnico do Branco.
PS2 – A segunda Copa a que ele se refere foi a de 2006 na Alemanha. Vexame completo, até hoje inesquecível, vive na mente e no coração dos brasileiros. Agora apela para o apoio do torcedor: “É preciso envolver todo mundo no projeto vitória. E quando falo todo mundo, é o país inteiro”. Por que o povão confiaria na Comissão Técnica, comandada por esse Marin, que foi parceiro, “vice e depois governador da ditadura”?
PS3 – Guardei para o fim o único elogio geral. A Copa de 1930 no Uruguai, que festejava os 100 anos de liberdade. Em 2030, 100 anos da primeira Copa, resta saber o que a autoritária, arrogante e corrupta Fifa vai exigir dos anfitriões.