domingo, 2 de março de 2014

Porto Seguríssimo: Igual ao Mensalão, chefão Lula fica de fora da ação criminal contra amiga Rose e mais 17



Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

O presidentro Luiz Inácio Lula da Silva continua no Porto Seguro da mais impressionante blindagem na Justiça. Repetindo o milagre do escândalo do Mensalão (no qual foi poupado politicamente), Lula não aparece no processo agora oficialmente aberto pela Justiça Federal para investigar Rosemary Novoa Noronha - publicamente apontada como sua melhor amiga e ex-poderosa secretária do escritório da Presidência da República em São Paulo.

Embora ligadíssimo a Rose, e agora sem direito a foro privilegiado, Lula não aparece entre os acusados de corrupção ativa, tráfico de influência, falsidade ideológica e formação de quadrilha. Tudo por causa da venda de pareceres em órgãos públicos federais. O próprio Ministério Público Federal eliminou qualquer envolvimento de Lula no caso. A tese do MPF: não houve indícios da participação de Lula no esquema. "Ela (Rosemary) usava mais o seu cargo. Ela não se apresentava por ele [o presidente]."

Não por mera coincidência, um dia após a maioria do Supremo Tribunal Federal aliviar os mensaleiros da condenação por formação de quadrilha, o juiz substituto da 5ª Vara Federal em São Paulo, Fernando Américo de Figueiredo Porto, acatou denúncia do Ministério Público Federal contra a “doutora” Rosemary e mais 17 enrolados na Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, no final do ano de 2012. Tudo indica que caminhamos para mais um caso de impunidade seletiva – que vai pegar alguns para bodes expiatórios, enquanto se protege a presumível cúpula do esquema.

A acusada Rosemary deverá se salvar das acusações ou pegar alguma pena bem menor. Embora seja a pessoa com hierarquia mais alta envolvida no escândalo – e assessora tão próxima de Lula que viajava com ele pra cima e para baixo, mundo afora -, Rose não foi denunciada como a “chefe da quadrilha” (aliás, será a primeira coisa que os defensores provarão que não existiu). Deve ser por isso que o advogado de Rosemary, Celso Vilardi, garante que ela provará sua inocência. Mesmo que seus dois ex-maridos (José Cláudio Noronha e João Batista de Oliveira, também denunciados) tenham sido acusados de receber da “quadrilha” um diploma falso e um atestado frio de capacidade econômica.

A amiga Rose foi poupada – conforme desejava Lula – que só deve ser arrolado no processo para falar bem da queridíssima assessora e reafirmar que nada sabia sobre o que aconteceu. Com Rose poupada – para que o nome de Lula não entre no meio -, aparecem como os chefes do esquema os irmãos Paulo Rodrigues e Rubens Carlos Vieira. Tudo indica que ambos recebam a carga da culpa, na quase certa condenação. Rose ficaria milagrosamente de fora, para que nada atinja seu superior direto: Luiz Inácio Lula da Silva...

Quando a PF estourou a Operação Porto Seguro, Paulo era diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA) e titular de cargo efetivo de Analista de Finanças e Controle do Ministério da Fazenda. Rubens era diretor de Infraestrutura Aeroportuária da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e procurador da Fazenda Nacional. O juiz Fernando Porto chegou a escrever em sua decisão de aceitar a denúncia do MPF sobre as “relações espúrias entre Rosemary e os irmãos Vieira”. O motivo: Rosemary “agendava reuniões para Paulo, fazia indicações de nomeações para cargos em comissão e, em troca, recebia favores de Paulo”.

Nas 53 páginas do relatório do inquérito, o delegado da PF Ricardo Hiroshi Ishida aponta que "a quadrilha" agia para obter "facilidades junto a órgãos públicos por meios ilícitos", cometendo "crimes de corrupção" para "atender interesses de empresários". Por isso, o Juiz Fernando Porto dividiu o caso em cinco núcleos processuais. Seus motivos para a partilha: “analisando a denúncia, é possível perceber uma clara separação entre os fatos supostamente criminosos. Embora a investigação tenha origem comum, percebe-se que os supostos ilícitos não possuem relação umbilical entre si”.

O primeiro núcleo se refere ao caso Tecondi-Codesp-TCU. Nesse caso, o auditor do TCU (Tribunal de Contas da União) Cyonil da Cunha Borges é acusado de receber propina de Paulo Vieira para alterar pareceres em favor da empresa Tecondi. O caso mexe com R$ 38 milhões desviados – que teriam de ser devolvidos aos cofres públicos, caso haja condenação

O segundo núcleo é sobre as acusações de irregularidades em empreendimentos da Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo) na Ilha dos Bagres e na Ilha das Cabras. Segundo o MPF, Paulo Vieira pagou propina a funcionários da Secretaria do Patrimônio da União para beneficiar empresas ligadas ao ex-senador Gilberto Miranda.

Na terceira parte do processo, que deve ser enviada para Brasília, constam as acusações de tentativa de fraude em licitações da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos). O desaforamento foi pedido pelo juiz porque, apesar de que as vantagens ilícitas deveriam ser recebidas em São Paulo, as reuniões para combinar o esquema foram feitas na capital federal.

Paulo Vieira é acusado ainda, no quarto núcleo, de ter oferecido favores e dinheiro a um servidor do Ministério da Educação, para conseguir aprovação de cursos da Faculdade de Ciências Humanas de Cruzeiro (Facic). De acordo com a investigação, a instituição pertence ao réu.

Por fim, o quinto núcleo trata das acusações de formação de quadrilha e troca de favores entre Rosemary Noronha e os irmãos Vieira (Paulo, Rubens e Marcelo). A ex-chefe de gabinete de Lula em Sampa é apontada, inclusive, como responsável por conseguir a nomeação de Paulo e Rubens para os cargos que ocupavam. Uma vez nomeados, eles são acusados de favorecer ilicitamente Rosemary. "Doutora" Rose também é acusada de usar seu cargo para obter benefícios pessoais.

Além de Rosemery, os outros denunciados são: Paulo Rodrigues Vieira, Rubens Carlos Vieira, Gilberto Miranda (ex-senador, ligadíssimo a José Sarney), Cyronil da Cunha Borges de Faria Júnior (ex-auditor do Tribunal de Contas da União, que denunciou o esquema à PF), José Weber Holanda Alves (ex-advogado-geral-adjunto da União), José Claudio Noronha (ex-marido de Rose), João Batista de Oliveira (ex-marido de Rose), Kleber Ednald Silva, Mauro H Costa Souza, Esmeraldino Malheiros Santos, José Gonzaga da Silva Neto, Evangelina de Almeida Ponho, Carlos Cesar Floriano, Marcelo Rodrigues Vieira, Patrícia Santos de Oliveira e Marco A. Negrão Martorelli.

Pelo tamanho da confusão, daqui a uns 10 anos, tudo deve se resolver... Até lá, todo o crime deverá ter compensado, política e economicamente...

Questão de pouco tempo...

O resultado da Ação Penal 470 será completamente reformado, assim que a hegemonia petista se completar no Supremo Tribunal Federal.  

Tese do Barbosa

As afirmações e advertências do Presidente do STF, Joaquim Barbosa, merecem destaque no desabafo pós-salvação dos mensaleiros por formação de quadrilha:

"Temos uma maioria formada sob medida para lançar por terra o trabalho primoroso desta Corte no segundo semestre de 2012. Isso que acabamos de assistir. Inventou-se um recurso regimental totalmente à margem da lei com o objetivo específico de anular a reduzir a nada um trabalho que fora feito. Sinto-me autorizado a alertar a nação brasileira de que esse é apenas o primeiro passo. É uma maioria de circunstância que tem todo o tempo a seu favor para continuar sua sanha reformadora",

"Ouvi com bastante atenção argumentos tão espantosos quanto aqueles que se basearam apenas em cálculos aritméticos e em estatísticas totalmente divorciadas da prova dos autos, da gravidade dos crimes praticados e documentados."

"Como sustentar que isso não configura quadrilha? Crimes de corrupção ativa, passiva peculato, contra o sistema financeiro nacional, tudo provado, tudo documentado. [...] Ouvi até mesmo a seguinte alegação: eu não acredito que esses réus tenham se reunido para a prática de crimes. Há dúvidas de que eles se reuniram? De que eles se associaram e de que essa associação perdurou por pelo menos três anos? Ninguém ousou dizer que não existiu".

"Agora inventou-se um novo conceito para formação de quadrilha. Agora, só integram quadrilha segmentos sociais dotados de características socioantropológicas, aqueles que normalmente cometem crimes de sangue. Criou-se um determinismo social".

E atenção: até 31 de março, vamos ter certeza se Barbosa se aposenta no STF e vem ou não candidato a algum cargo político... O jogo está abertíssimo... Barbosa no páreo seria a confusão perfeita na reeleição de Dilma Rousseff... Agora, se ele vai disputar a presidência, se vai ganhar e se, ganhando, conseguirá governar normalmente, aí são outros quinhentos...

Por isso, nos resta pregar e praticar: Legitimidade, já!

Nosso Rei?


O nome dele é NePTuno... E, dizem, pode afundar o PTitanic...

Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

O Alerta Total tem a missão de praticar um Jornalismo Independente, analítico e provocador de novos valores humanos, pela análise política e estratégica, com conhecimento criativo, informação fidedigna e verdade objetiva. Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog Alerta Total: www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos.


A transcrição ou copia dos textos publicados neste blog é livre. Em nome da ética democrática, solicitamos que a origem e a data original da publicação sejam identificadas. Nada custa um aviso sobre a livre publicação, para nosso simples conhecimento.

© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 1º de Março de 2014.

Lições de Caracas - ROBERTO RACHEWSKY

Artigo| 

01 de março de 20146
A revolução
pacífica, que
ainda não
passou por
aqui, chama-se
capitalismo
ROBERTO RACHEWSKY*
Simon Bolívar era militar, político, latifundiário e oligarca.
Estudou na Europa, conviveu com a aristocracia e assistiu à coroação de Napoleão.
Flertou com as ideias socializantes de Rousseau e liberalizantes de John Locke.
Exercitou os ensinamentos do revolucionário francês e, ainda que apreciasse, nunca estabeleceu uma sociedade liberal, como pregava o filósofo inglês.
Personificou papéis paradoxais. Foi aclamado El Libertador e o grande ditador do continente, que lhe deve a independência.
Foi comparado então a George Washington. Hoje é confundido com tiranetes como Hugo Chávez, que de Bolívar apropriou-se apenas do gosto pela farda e pelo poder.
Chávez e seu sucessor, Nicolás Maduro, inspiraram mais o grande general do que foram inspirados por ele.
El Libertador conhecia tipos como esses já há 200 anos. Por isso, não acreditava na possibilidade de replicar a experiência norte-americana, de uma República constitucional, fundada na liberdade individual, no direito de propriedade para a busca da felicidade.
Bolívar entendia que deveria reger a política com pulso firme, considerava a sociedade hispano-americana submetida, como dizia, ao triplo jugo da ignorância, da tirania e do vício. Passados dois séculos, ainda vivem assim.
Aqui no Brasil, colonizado por burocratas portugueses, temos a mesma infelicidade.
Não se trata de determinismo histórico, apenas nunca demos a devida atenção aos aspectos culturais e filosóficos, que transformariam esta parte da América em um continente de nações desenvolvidas.
Desde os primórdios, a Humanidade segue por caminhos diversos, que se chocam sistematicamente. Um mantém o homem como um ser sinistro, místico, afeito à violência, avesso ao entendimento, à cooperação, ao uso da razão. Outro, que ilumina a mente através do reconhecimento da realidade, da eleição de princípios éticos que enobrecem e fazem com que todos prosperem. O primeiro caminho é trilhado por bandos. O segundo, por indivíduos.
Sob o triplo jugo da ignorância, da tirania e do vício, chegamos até aqui, convivendo com a violência e a miséria, resultados de uma cultura retrógrada, eivada de coletivismo, focada na luta política deletéria e cega ao caos social institucionalizado.
Construir nosso futuro em direção do desenvolvimento é possível e necessário.
John F. Kennedy dizia: “Aqueles que tornam impossível uma revolução pacífica tornam inevitável uma revolução violenta”.
A revolução pacífica, que ainda não passou por aqui, chama-se capitalismo. Sistema social que transforma a sociedade naturalmente, criando o novo e o melhor, destruindo o obsoleto e o ruim, sem violência.
Entender que o indivíduo é um fim em si mesmo, que tem o seu próprio propósito de vida. Que as relações sociais devem ser livres, espontâneas e voluntárias, em regime de cooperação para benefício mútuo, criando valor para todos, são as condições básicas para uma revolução pacífica perene que gere paz e prosperidade.
Temos insistido no outro caminho, do uso da força e da opressão. Enquanto assim for, veremos o que sempre se viu, a violência como padrão de revolução.
*Conselheiro do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)

http://wp.clicrbs.com.br/opiniaozh/2014/03/01/artigo-licoes-de-caracas/?topo=13,1,1,,,13

Jornal da Record News: Convidado avalia importância do porto em Cuba par...

Crônicas de Carnaval - MIRANDA SÁ


by mirandasa08
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br )
  1. “Quanto riso, quanta alegria, mais de mil palhaços no salão” – Sinto-me um deles, impotente para por nos trilhos a minha Pátria na direção do futuro que merece, com ética, democracia, desenvolvimento, honestidade, justiça e paz.
  2. Os dias de carnaval trazem novos ditos e novas modas. Neste, que assistimos não se vê mais a “Maria Sapatão”; passam por mim, às dezenas, as marias bigodões...
  3. Admiro-me com a criatividade do povo brasileiro; e o carioca, em particular, é impressionante. Mas senti falta de críticas políticas, tão comuns na minha mocidade. Apenas, excepcionalmente, máscara e capa preta de Joaquim Barbosa, com dizeres sobre a corrupção reinante no país.
  4. Sentei-me à mesa de calçada de um bar, olhando os passantes. De ouvidos atentos, ouvi confissões afetuosas entre amigos mal saídos do armário... E atendi a um bloco de moças “De Turbante”, vendendo sanduíches naturais...
  5. Entre chopes e tira-gostos ri dos muitos obesos, gordinhos e gordinhas, preocupados em morder imensos ‘joelhos’ de boteco com refrigerantes industriais, invés de cantar ou sambar.
  6. Observador, dou razão à filosofia de Joãozinho Trinta, afirmando que “Quem gosta de pobreza é intelectual”. Uma enormidade de proles usa coroas de reis, rainhas e princesas... Um luxo!
  7. Ao lado da esfuziante alegria de muitos, emocionei-me com o semblante triste de outros tantos, principalmente pessoas mais velhas, que já contornaram o Cabo da Boa Esperança...
  8. Registrei também a melancolia de dezenas de “minnies” em grupo ou solitárias, sem ter a companhia dos seus “mickey mouses”. E estas fantasias da Disneylândia, levaram-me à recordação e à pergunta: Onde se escondem os pierrôs às colombinas as odaliscas as jardineiras os piratas as havaianas os mosqueteiros? Só na minha memória?
  9. Desfilaram muitas alas jovens. Chamou-me a atenção um grande número de bruxas que, sem sacanagem, lembraram-me as feiosas e ensimesmadas ministras da Rainha da Sucata...
  10. Nas ruas, como para se exibir, passaram ambulâncias do Samu com sirenes altíssimas. Pareceu-me que faziam campanha eleitoral...
  11. Ainda vigora o charme e a graça dos “sinalzinhos” exibidos por brotinhos em flor... Estão no rosto, na barriga, nas pernas e, graças à modernidade, entrevistos no relance do glúteo...
  12. Invadiu-me uma saudade imensa dos bailes do meu tempo... Baile das Atrizes, dos Artistas, da Balança, do Cartola. E a folia no Automóvel Clube, no Iate, no Sindicato dos Comerciários (onde, diziam, “as calcinhas voavam”). Entrei na vida carnavalesca no High Life e fui entusiasta do “Pijama para Dois” no Hotel Colonial.
  13. Falar em baile soube que na Urca cobravam “de contrabando” R$ 500 pelo ingresso... E, segundo o mesmo comentário, não era do “padrão FIFA”.
  14. Não encontrei mais as torcidas fervorosas pelas escolas de samba, que estimulavam discussões e até brigas! Hoje aquilo é um show para turistas e novos ricos verem.
  15. Falei que me entristeceu ver poucas críticas políticas. Mas uma me entusiasmou, e poderia ser a única para me entusiasmar: Uma placa trazia o mapa do Brasil, em verde amarelo, como se fora a vela de um barco. E o pessoal cantava “Se essa porra não virar, olé, olé, olá, eu chego lá!”

A charge de Chico Caruso


Cartas de Buenos Aires: Adeus a Vilaró, por Gabriela Antunes


Existem poucos homens que, ao invés de se somar à paisagem, as reconstroem. Carlos Páez Vilaró foi um desses homens. Pintor, escritor, construtor, escultor, Vilaró era um artista precedido por suas habilidades, fiel a um dom.
Vilaró encheu o Uruguai, seu país de origem, de formas, o mundo de murais, casas e museus de cores. Apaixonado pelo carnaval – sim, o Uruguai celebra o carnaval com tambores em ritmos locais herdados dos escravos africanos – o artista devolveu ao país um pouco de suas origens afro descendentes.
Para os ricos e privilegiados, deitou perto de Punta del Este o Hotel Casapueblo, um castelo com ares mediterrâneos, algo hibrido entre Gaudí e Miró, sem deixar que sua mente e as mãos que moldaram tantas paisagens perdessem seu toque único e especial.
Quando deixou nesta semana a paisagem que ajudou a moldar, aos 90 anos de idade, o Uruguai e admiradores de todo o mundo pararam um instante para pensar no universo de Vilaró. Foi enterrado com honras de Chefe de Estado. Entre os que mais lamentavam estava Pepe Mujica.
“Ele era parte importante da história artística popular do Uruguai”, disse o Presidente sobre o artista que passou boa parte de sua juventude em Buenos Aires.


Do Brasil, levava consigo a admiração por Oscar Niemeyer, outro homem que modificou paisagens. Vilaró e Niemeyer se conheceram em Brasília, onde o uruguaio encontrou um apressado arquiteto desenhando uma capital, ao mesmo tempo em que era erguida.
Sem perder a esperança, se sentou à beira da cordilheira por dois meses esperando a volta do filho, um dos passageiros do avião chileno que transportava jogadores de rugbye que caiu na cordilheira dos Andes em 1972.
Carlos Miguel Páez Rodriguez apareceu com os outros sobreviventes no Natal de 1972. As angústias passadas durante meses em um dos ambientes mais inóspitos do planeta, e nas quais se incluem mortes e canibalismo, foram retratadas no livro “Entre mi Hijo y yo, la Luna”, de Vilaró, e em filme hollywoodiano.
Intuitivo, Vilaró era autodidata e perseverante. “Temos que seguir caminhando. Quando me perguntam se sou pintor, eu digo que não, sou um fazedor de coisas. Sou um homem de tentativas: tentei cerâmica sem ser ceramista, tentei construir sem ser arquiteto, tentei pintar sem professores, tentei fazer música sem ser compositor”.
Certa vez contou que, enquanto esperava o regresso de seu filho das cordilheiras, se lembrou de uma frase de Walt Whitman:
Se não me encontras de imediato, não te desanimes; se não estou naquele lugar, procure-me em outro. Espero-te, em algum lugar estarei te esperando”.
Há muito lugares para encontrar Vilaró.

Gabriela G. Antunes é jornalista e nômade. Cresceu no Brasil, mas morou nos Estados Unidos e Espanha antes de se apaixonar por Buenos Aires. Na cidade, trabalhou no jornal Buenos Aires Herald e hoje é uma das editoras da versão em português do jornal Clarín. Escreve aqui todos os sábados.