sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Conta abusiva do telefone no Brasil, nem Freud explica


Luiz Cordioli

Em matéria de telefonia, quanto a números, tão caros a alguns, hoje, minha conta mensal em dólares, casa e empresa, dá uns US$ 500, em média. Números caros mesmo… e são mensais e em moeda forte.
Equivalem, portanto, como quantificado acima, a meio “telefone antigo” inteiro ou, no valor maior citado aqui no Blog da Tribuna, a um décimo de “telefone antigo” ao mês. É este o “Custo Brasil telefônico privatizado” 2012. Só de tarifas.
Na melhor situação numérica, então, hoje eu pago cerca de um “telefone antigo” por ano. Só em tarifas, repito. Que se vão para alguma off-shore como as palavras, soltas ao vento…
Eu, que tenho que pagar tal conta, todavia, não acho graça alguma. Sei que estou sendo roubado com mãos de pelica.
Fosse pela regra antiga, com a grana gasta, desde a privatização em 97 até hoje, eu já teria acumulado o valor de 15 aparelhos, declarados no meu IR, formando um patrimônio de $ 75 mil dólares.
No real ? Seja no plano, seja na moeda, seja na situação de fato, contudo, hoje não tenho nada. Nada de nada. Simplesmente “falei” 15 telefones inteiros…
Quanto ao números do rfepórter Ethevaldo Siqueira e ele sendo do Estadão… não valem nada. Só servem ao patrão do momento.
Vejo a manipulação semântica dele no textículo, em três questões óbvias:
1) Se o governo tinha só 19% da Telebrás, como afirma, é porque já tinha pulverizado boa parte da empresa, por baixo dos panos, sem falar nada a ninguém. O termo ‘pulverizado’ colocado no lugar de ‘privatizado’, ademais, antecipa cheiros não muito agradáveis… Mas só quando formos investigar a fundo a privataria.
2) Se, como dono de 19% da empresa o governo gastou $ 21 bilhões antes da privatização total dos seus 19%, então…
E os outros “proprietários”, entraram com outros $ 89,53 bilhões, também antes da privatização, correspondentes à parte deles, de 81% naquele latifúndio ?
3) Quantos dos $ 190 bilhões investidos pós-privatização o foram com recursos do BNDES e qual sua implicação com os títulos emitidos para tanto e a Dívida Pública atual ?
4) Porque adequado e pertinente, qual foi o faturamento do setor no período ?
Será que o Ethevaldo Siqueira teria resposta outra que não esta:
Sim, 1) o governo já havia “pulverizado” os 81% por baixo dos panos e 2) os demais “sócios” não aportaram os seus $ 89,53 bilhões. Quanto aos itens 3) e 4), os $ 190 bilhões investidos e o faturamento, ora, isto é sigilo bancário…
Porque esta seria a única resposta verdadeira que mostra desde o cadáver resultante, até o crime, o criminoso, o veneno e a cobra e o pau que matou a cobra… [créditos ao Vanzolini]
O número mais correto a ser analisado, portanto, é o que mostramos alguns aqui: quanto custavam antes, telefone e tarifas – contemporâneas -, e quanto custam agora. O resto é empulhação, lero-lero, me engana que eu gosto, ou outro nome que queiram dar.
Bom seria um relato adicional do Marcio Silva, para que soubessemos um pouco mais do que ocorria “por dentro” e de como se brecava a Telebrás de outros jeitos.
Sem falar que os “serviços” privatizados, hoje, estão uma droga de primeiríssima qualidade, como de resto o excelente esquema neoliberal!
Prova disto é que o próprio governo, de tanto maus serviços prestados, bloqueou oficialmente as novas vendas de produtos das teles no mês passado. Nem precisava tanto, estavam autobloqueadas, tantos e tais são os seus problemas.
Ou está tudo perfeito, como nas fábulas ?
Interessante observar como, a despeito de tudo, alguns babam de alegria e satisfação porque as empresas privatizadas, agora, ganham esta fortuna imoral e indevida.
Eles mesmos não ganham nada (creio), apenas vibram como simplórios torcedores de um “futebol telefônico”. Na sua lógica, entendem que estando alinhados sempre ao lado “vencedor”, e como as empresas sempre “ganham”, eles sempre “ganham”, também.
Como qualquer ingênuo torcedor, ficam felizes com a vitória “do seu time”. A audível pseudo-euforia justifica sua alegria:
“Ganhamos!”. Nada mais importa, pois.
Diga-se, a final, que isto, nem Freud explica. Pois resta a pergunta: quem ganhou o quê, cara-pálida?

A Charge do Chico Caruso




A MODESTA MARTA SUPLICY



Giulio Sanmartini
Marta Suplicy ao assumir, no “dando é que se recebe”, o ministério da Cultura, colocou-se num ponto fundamental da tríade formada com a presidente Dilma Rousseff e com ex-presidente Lula:. “Lula é deus, eu sou a pessoa que faz e Dilma é bem avaliada”. Segundo ela, “com a entrada desse trio, vai dar certo”.
Depois disso não causará suspeita se Marta um dia destes afirmar em público, que “entre as inúmeras excelsas qualidades, que ornam seu caráter de escol,  brilhe como estrela radiosa modéstia”.
A atuação de Marta seja como prefeita paulistana, seja como ministra do Turismo, lembra o jogador Maradona, que não interessa o que ele tenha feito de certo, passará para a história como o homem do gol ilegal de mão. Marta será lembrada como a prefeita Martaxa e como a ministra Relaxa e Goza.
Todavia o mais negativo em sua passagem no serviço público, será o legado que deixará no senado através de seu suplente, vereador Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP).
Ele tem uma ficha de dar inveja a Carlinhos Cachoeira “et caterva”. É investigado pelo Ministério Público de São Paulo desde agosto pela suspeita de enriquecimento ilícito. O Ministério Público não informou a causa, mas o vereador disse que foi intimado a explicar o motivo de manter R$ 360 mil em casa, entre dólares e reais, conforme declarou à Justiça Eleitoral.
O novo senador já teve outros problemas na Justiça. Em 2010, o Superior Tribunal de Justiça acatou recurso contra decisão de segunda instância que o condenou a devolver R$ 32,7 milhões aos cofres públicos em razão de um contrato firmado pela Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU) quando ele presidia a companhia, em 1992. Carlinhos, como é conhecido, declarou neste ano patrimônio de R$ 974 mil -em 2008, o valor foi de R$ 1,5 milhão, sendo R$ 99,5 mil em moeda nacional. Diz que empobreceu por ter transferido parte dos bens para os filhos.
Com isso o Partido dos Trabalhadores continua o seu sistema de trocar o ruim pelo péssimo.

OBRA-PRIMA DO DIA - PINTURA - As paisagens na pintura de José Malhoa



Vivendo em Portugal, a amável porta de entrada para o mar Mediterrâneo, Malhoa, se desejasse, encontraria todas as facilidades para visitar os grandes centros de cultura da Europa, especialmente Espanha, França e Itália. Participou de importantes exposições em várias cidades e capitais europeias mas, numa opção curiosa e intrigante, Malhoa só saiu de Portugal em 1906 para atender a um convite da colônia portuguesa no Brasil.
Por isso temos quadros dele em alguns museus brasileiros e em coleções particulares.
Ele viveu em uma época quando as novas tintas, fornecidas em bisnagas, permitiam ao artista deslocar-se do estúdio para o campo. Não era mais necessário fazer esboços em papel diante da paisagem ou do modelo que pretendia mais tarde fixar em uma tela já em seu estúdio.

Paul da Outra Banda, 1885  (detalhe
Óleo sobre tela, 196x371 cm

Paisagista de mão cheia, Malhoa se aproveitou dessa evolução na arte da pintura e saia com seu cavalete para pintar ao ar livre e captar não só a imagem como a impressão do momento...

 
Praia das Maçãs, Sintra, 1918 

Depois que comprou a casa em Figueiró dos Vinhos o naturalismo explodiu em suas telas de forma mais intensa. Não idealizava o que via como os românticos e tinha sempre em mente retratar Portugal. As cerca de 2000 obras de desenho e pintura que deixou, entre paisagens, retratos, pinturas de história, cenas religiosas e cenas de gênero, testemunham sua extraordinária versatilidade.

 
Primavera, 1932 
Óleo sobre tela, 24,5x33,5 cm

Em 1933, ainda em vida do pintor, é criado o Museu José Malhoa, em sua cidade natal, Caldas da Rainha, que só seria solenemente inaugurado em 28 de abril de 1934, dia em que se comemorava o aniversário do artista. Malhoa não participou da festa: faleceu em 26 de outubro de 1933, aos 78 anos.