quarta-feira, 8 de agosto de 2012

NO FINAL SÃO TODOS UNS ANJOS - LAURENCE BITTENCOURT (*)



O mensalão não existe. Nunca existiu. O mensalão não passa (ou passou) de uma peça (mais uma?) de ficção criada pela cabeça do Procurador Geral da República. Essa é a conclusão, pelo menos inicial, para quem acompanhou as defesas feitas pelos advogados de José Dirceu, acusado pelo Procurador Geral de ser o mentor e o chefe da quadrilha do mensalão, José Genoíno, Delúbio Soares e Marcos Valério.
Só no Brasil a ficção toma o lugar da realidade e o que seria realidade não passa de uma peça de ficção. Adoramos esse tipo de situação. Adoramos. Claro, alguém pode dizer, “mas era isso que se esperava por parte dos advogados que estão lá para fazer a defesa dos seus clientes tentando desmentir a Procuradoria”. Sem dúvida. E os mais “sabidinhos” dirão, tentando com isso fazer a defesa do estado democrático de direito, que todo cidadão é inocente até prova em contrário e que todo cidadão tem direito a defesa, incluindo os mensaleiros. Sem dúvida. Aliás, é isso que estamos vendo, ou melhor, assistindo. Para quem tem estomago.
Bom, pelo que li após o inicio das defesas, José Dirceu agradeceu comovido a defesa feita por seu advogado, José Luis de Oliveira. Agradeceu após o término da defesa. Segundo as palavras de José Dirceu “ele é devedor até o fim dos dias para com o seu advogado”. É de se imaginar então, que pela forma com que agradeceu, que o ex-Chefe da Casa Civil do governo Lula já se sente livre, leve e solto. Ou seja, não imagina sendo condenado.
O incrível é que para o advogado de José Dirceu, o pedido feito pelo Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, de condenação do ex-ministro da Casa Civil, é a “mais atrevida e escandalosa afronta à Constituição”.
Fica uma pergunta no ar, pelo menos para mim: se José Dirceu não é culpado pelo Mensalão, quem seria então? Pelas primeiras defesas, outra conclusão: são todos uns anjos. No Brasil o demônio é o povo. Talvez seja.
Só falta agora os políticos cassados que receberam as gordíssimas propinas negarem que receberam. Todas as pistas, todas as marcas deixadas foram apagadas. O mensalão é uma ilusão. Aliás, como todos os escândalos nesse país. É bom lembrar que durante a leitura de acusação o procurador-geral da República, Roberto Gurgel afirmou que os réus pagaram a políticos, assessores em dinheiro de várias formas pelo apoio ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Todos os pagamentos estão documentalmente comprovados nos autos. Em vários casos, temos pagamentos até semanais”. Segundo o PGR houve saques na boca do caixa em agencias do Banco Rural, entrega de dinheiro em hotéis ou pessoalmente em outros locais marcados.
Mas segunda a defesa, nada disse existiu. Somos um país isento de corrupção. Claro, no Brasil a maior declaração de inocência e isenção de corrupção nas prefeituras do país é dada todos os anos pelos Tribunais de Contas. Agora com a defesa dos mensaleiros podemos dizer: no Brasil não há corrupção. Apesar das gravações e depoimentos. Fico me perguntando, cadê a Policia Federal? Nenhum grampo? Quer dizer que grampo só para Demóstenes e Cachoeira?
Continuo achando que nenhum dos mensaleiros corruptos irá preso. Talvez, no máximo, uma penalidade mais branda. É da nossa natureza, a chamada conciliação das elites. Que o digam os fichas limpas e os fichas sujas. No final são todos uns anjos. O grande vilão, esse, continua sendo o povo. E tome eleições e haja compra de votos, o mensalão do povo. Já o outro mensalão, esse, esse nunca existiu.
(*) Jornalista laurenceleite@bol.com.br

Petismo continua tentando desmoralizar o procurador-geral da República; homem de Dirceu entra com representação contra Gurgel


Reynaldo Azevedo

O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) é um dos fiéis escudeiros de José Dirceu. É tão íntimo que se encontrava com ele naquele famoso quarto de hotel, mesmo sendo, então,  líder do governo na Câmara — do governo, reitero, não no PT. Enquanto o julgamento se dá no STF, os petistas e seus aliados insistem na desmoralização política do procurador-geral.  Leiam trecho da reportagem de Cátia Seabra e Andréia Sadi. Na madrugada, volto ao tema.
Autor de representação, petista acusa Gurgel de ‘avacalhação’
Ex-líder do governo Dilma Rousseff e, ainda hoje, um dos mais combativos articuladores do Palácio, o deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP) é autor de representação contra o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, no Conselho Nacional de Justiça.
Vaccarezza, que diz que entrará com a representação nesta quinta-feira (9), afirma que a cartilha produzida pelo Ministério Público para traduzir o escândalo do mensalão para crianças “é um acinte”. ”É uma avacalhação do trabalho da Procuradoria-geral da República. Não sei se Gurgel tem respaldo dos demais procuradores. É um engajamento político-eleitoral. Ele pode fazer na vida privada. Mas não no site da Procuradoria”.
Na representação, elaborada pelo coordenador do setorial jurídico do PT de São Paulo, Marco Aurélio de Carvalho, Vaccarezza acusa o procurador-geral de “carnavalização” do julgamento do mensalão ao divulgar, no site oficial da Procuradoria-geral da República, uma cartilha dirigida às crianças sem que o julgamento estivesse concluído.
No documento, ao qual a Folha teve acesso, o petista acusa o procurador de preconceito e prejulgamento.
“Gurgel foi rápido. Essa não é uma caracterísitca dele. Se fosse, ele teria sido rápido no caso Cachoeira”, atacou Vaccarezza. Mais de uma vez, o petista usou de ironia ao perguntar “por que o procurador não fez uma cartilhinha para explicar o caso do Cachoeira”. É uma alusão ao fato de Gurgel não ter apresentado denúncia contra o então senador Demóstenes Torres em 2009, quando foi informada pela Polícia Federal que o parlamentar fora flagrado nos grampos.
Segundo Vaccarezza, a edição da cartilha revela um esforço de encobrir as deficiências da acusação de Gurgel, segundo o petista, “simplória e fraca”. ”A Procuradoria tenta fazer uma lavagem cerebral nas crianças, o que é uma perversidade”, disse Vaccarezza, para quem o Ministério Público tem de “descobrir o objetivo político de Gurgel”.
Vaccarezza disse não ter consultado o presidente nacional do PT, Rui Falcão, sobre a iniciativa, “embora tenha passado o dia inteiro com ele”. Na representação, o petista pede que o Conselho Nacional atue para remediar e impedir a carnavalização do julgamento do mensalão, além de suspender a veiculação da cartilha.
“Trata-se de evidente desvirtuamento da atividade do Ministério Público, que está custeando com recursos públicos propaganda pretensamente educativa, informativa e de orientação social, mas com notória intenção de, para utilizar as palavras do respeitado jornalista, carnavalizar um julgamento sério, cuja tão somente ocorrência já impacta severamente a vida da nação e dos acusados.Não é isso que se espera do Ministério Público. Isso não faz parte, certamente, das atribuições elevadas cometidas ao Ministério Público pela Carta da República!”, diz o documento.
(…) 
Por Reinaldo Azevedo

MEU AMIGO PETISTA


AnhangüeraVocês pensam que este jornal geriátrico é dos poucos a tentar fazer desandar o bolo dos incompetentes petistas? Né não!  Os aposentados estão usando a internet para isso. Magu publicou a carta da aposentada que é produtora rural desancando a “presidenta”. E vejam com que verve a Dra. Elizabeth Rondelli, (foto) Doutora em Ciências Sociais, professora aposentada das Universidades Federais do Rio de Janeiro e Juiz de Fora, se manifesta, em carta com o mesmo título desta matéria:
“Tenho um amigo petista (pessoa incrível e honestíssima), que escreveu sobre o relatório da OIT Org. Internacional do Trabalho, mostrando que a pobreza no Brasil caiu 36% em 6 anos, e dizendo que deve ter gente mordendo os cotovelos de tanta raiva. Não resisti e respondo publicamente. ‘Rir com dente é fácil’. Quero ver agora que o preço das commodities caiu, que o modelo de exploração de petróleo criado pela presidanta prova-se inviável, que a Petrobras não consegue mais segurar a inflação artificialmente baixa, que o pibinho petista não vai sequer chegar a 2%, que o Brasil começa a ser encarado como um país onde é difícil fazer negócio por tanta intervenção e achaques às empresas, que o prazo razoável de fazer as importantes reformas (previdenciária, tributária, fiscal, política…) já venceu, que não houve um mísero progresso nas variáveis que impactam o aumento da produtividade e da competitividade (infraestrutura, educação, ciência e tecnologia), que todos os esforços foram direcionados à anabolização dos números no curto prazo em detrimento da poupança e do investimento no longo, que os sete (eu disse SETE) pacotes lançados nos últimos meses para tentar ressuscitar o paciente moribundo mostraram-se tão patéticos quanto as pessoas que os maquinaram, que as famílias estão endividadas até o talo de tanto estímulo ao consumo, que a arrecadação já dá demonstração de queda (mesmo com o aumento das alíquotas, o que representa perda real em base tributável — ou atividade econômica)…
Eu poderia continuar por mais uma semana elencando a sequência de burradas dos governos petistas. E olha que eu nem entrei no mérito moral — aí, é “capivara” mesmo, ficha policial!
Com economia aquecida e uma carga tributária boçal (em ambos sentido: quantidade e qualidade), é fácil ter muito dinheiro para gastar. Distribuir aos pobres parece coisa de gente de bom coração. Renda na mão de pobre vira consumo e consumo conta para o PIB. E, na mão de petista, vira voto na certa.
Mas agora que o dinheiro vai começar a rarear, quero ver onde vai estar o coração dessa gente. Ou vão cravar mais fundo os dentes no setor produtivo da sociedade ou vão ter que escolher o que deixa de receber recursos. Tenho certeza de que o caixa 2 das campanhas eleitorais deles está garantido — até porque este parece ser (por mais surreal que possa parecer) o ÁLIBI dos 36 réus do mensalão.
O fato é que, 10 anos depois, o pobre brasileiro pode ter ficado momentaneamente menos pobre na carteira, mas não se tornou um milímetro mais capaz de enfrentar os desafios do mundo moderno em que o país compete. Basta ver que os analfabetos funcionais das faculdades de gesso do Luladdad chegam a 38% (é inacreditável, mas é verdade).
Acabada a farra da gastança, voltaremos para a mesma estaca em que estávamos antes. Um pouco piores, na verdade, graças aos retrocessos que representam os constantes ataques às instituições da sociedade (a Justiça, a liberdade de imprensa, a independência dos poderes, o que restava de honradez no Congresso, a política externa que deixou de servir à nação para se dobrar a um projeto particular de poder…) e às bases da economia de mercado tão sólidas que os petistas herdaram de seus antecessores mais capazes (a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Bolsa Escola — este, sim, carregava uma contrapartida que produzia um efeito positivo no longo prazo em vez de boçalizar a população com esmola–, a autonomia do Banco Central, a confiabilidade dos dados oficiais, o modelo de privatização, o ordenamento jurídico que atraiu o investidor estrangeiro, a estabilidade econômica e de regras, a não-intervenção nos mercados…).
Eu não mordo os cotovelos porque as pessoas estão menos pobres. Mordo de ver que o PT transformou em mais um vôo de galinha a maior oportunidade que o Brasil jamais teve de entrar definitivamente para a elite global. Mordo de ver que gente inteligente como você não consegue perceber a destruição do nosso futuro que está sendo promovida dia após dia por gente que só quer se locupletar e perpetuar seu poder sobre a máquina estatal — cada dia maior e mais nefasta para a economia e, por extensão, à sociedade. Mordo de ver que estamos abandonando as fontes que trouxeram riqueza para este país para nos alinharmos cada dia mais aos membros do Foro de São Paulo — do qual fazem parte o mais abominável ditador do século na América do Sul e o grupo narco-guerrilheiro que ele apóia no país vizinho. Mordo de ver que gente do bem ainda se alinha com os maiores bandidos que já ocuparam o poder central deste país. Mordo de pena. Mordo de tristeza. Mordo de desesperança”.
Este redator encerra, primeiro perguntando como a Dra. conseguiu um amigo petista honestíssimo, e depois, inquirindo-se como vai ser, pouco mais para a frente, quando os dentes caírem e o Corega não segurar mais as próteses?

Salve-se quem puder: ex-capacho da ditadura, para tirá-lo do Ministério das Minas e Energia querem “dar” a Lobão a presidência do Senado


Ricardo Setti

Lobão: (Foto José Cruz/ Agência Brasil)
Na política brasileira, parece — torçamos para que só pareça — que quanto mais pesada a ficha do cidadão em questão, mais possibilidades ele tem de galgar postos.
O lulalato só acentuou esse traço, que já vem de longe.
Vejam este caso, de agora, de hoje, noticiado pelo site de VEJA: porque quer um titular técnico, que entenda do assunto, à fente do Ministério das Minas e Energia — o ministro Edison Lobão, velho político, conhece energia somente na qualidade de quem sabe acender e apagar o interruptor de luz –, a presidente Dilma Rousseff trabalha para retirá-lo do cargo.
Até aí, tudo bem. Certamente a saída de Lobão preencherá uma lacuna.
Para isso, porém, pretende fazê-lo presidente do Senado.
Num país “normal”, ser presidente do Senado, a casa que reúne os representantes dos Estados, com mandato de 8 anos, e que tem altas responsabilidades ditadas pela Constituição, é muitíssimo mais do que ocupar uma pasta de ministro, servidor passível de demissão por uma canetada, e até por telefone — como fez Lula durante seu governo com o então ministro da Educação Cristovam Buarque.
Então, Dilma, embora tenha boas relações com Lobão, quer livrar-se dele instalando-o nesse altíssimo cargo.
E quem é Lobão?
Lobão era um simples jornalista do Maranhão que escrevia sobre política, em Brasília, para jornais decadentes do Rio de Janeiro que já não existem mais quando suas ligações com o senador José Sarney (PMDB-AP) o levaram a eleger-se deputado federal em 1978 pelo então partido do regime militar, a Arena. Posteriormente, se reelegeu pelo sucessor da Arena, o PDS, e continuou a ser o que era: um incondicional, um capacho da ditadura militar que, como jornalista, sempre defendeu.
A partir daí, foi senador, governador do Maranhão, senador de novo etc etc.
Desde 1978 só fazendo política, Lobão conseguiu a proeza de se tornar riquíssimo — graças, claro, ao especial tirocínio de que são dotados certos políticos para os negócios, exercido evidententemente nos poucos intervalos de sua dedicação integral à carreira púbica.
Sua ficha, para resumir, se completa com a maravilhosa circunstância de que ele não vê probema algum em ter o filho como seu suplente no Senado. Licenciado pela segunda vez para ser ministro – durante o lulalato, já permanecera dois anos no posto –, seu rebento, Lobão Filho, desfruta de todas as prerrogativas de senador da República sem jamais ter recebido um único voto.
Pelo descrito, Lobão parece dispor, de fato, de todas as qualidades para estar bem num governo do lulo-petismo.

Não se pode esquecer o dinheiro que o Brasil doa a países estrangeiros


Guilherme Almeida
Só relembrando mensagem que circulou na internet no inicio de 2011: Lula distribuiu R$ 61 bilhões para 27 países em 2 anos.
Só para lembrar: “o governo Lula e Dilma dizem não ter dinheiro para reajustar os aposentados. Mas, tem para doar para os estrangeiros.
A defasagem dos aposentados que recebem mais que um salário mínimo:
1. No Governo FHC : 18,77%
2. No Governo Lula : 42,27%
Somente nos dois últimos anos de seu governo, o ex-presidente Lula distribuiu mais de R$ 61 bilhões do contribuinte brasileiro para 27 países, a maioria na América Latina, sendo oito na África, para além de algumas das mais tenebrosas ditaduras, como Líbia, Síria e Irã.
Parte expressiva dos recursos saiu do Brasil por meio de financiamento do BNDES, para obras tocadas por empreiteiras favoritas do governo.
PERPLEXIDADE
A lista dos 27 países aos quais Lula deu dinheiro causou perplexidade nos senadores, até nos governistas, da Comissão de Assuntos Econômicos.
A indignação dos senadores também decorreu do fato de que os R$ 61 bilhões terem deixado os cofres públicos sem autorização do Senado.
“DESEMBOLSOS”
Oficialmente, o BNDES admite “desembolsos” de US$ 1,2 bilhão na América Latina e de US$ 906 milhões na África. Ou seja, R$ 3,38 bilhões.
Detalhe final: os R$ 61 bilhões destinados por Lula aos 27 países em dois anos é um valor superior à soma das transferências para os Estados, no período.
via tribuna da internet

ORIGEM DAS ESPÉCIES


Magu
No século XIX, existiu um sujeito, nascido na Inglaterra, na cidade de Shrewsbury, em 1809, que formou-se em Medicina, onde se interessou especialmente por história natural e, estranhamente,  formou-se depois em Teologia. Não se apressou em ser ordenado, e ingressou no curso de Geologia. Coisa de maluco lá das estranjas. Entretanto, o interessante foi que, após 4 anos e 9 meses de viagem a bordo de um brigue, o HMS Beagle, observando e estudando 2/3 desse tempo em terra firme, seus escritos, da observação realizada, fizeram-no ser reconhecido geólogo e, ao mesmo tempo, escritor. Seu nome era Charles Robert Darwin. Além de vários outros escritos, sua obra mais famosa foi o livro, publicado em 24 de Novembro de 1859, nomeado Sobre a Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural,  também chamado A Preservação das Raças Favorecidas na Luta pela Vida.
Acabou sendo um sujeito tão importante que é classificado em 16º lugar na lista das 100 maiores personalidades da História e, recentemente, teve sua efígie colocada na nota de 10 libras esterlinas no lugar de Charles Dickens.
Voltando um pouco, faltou explicar que Darwin participou, na verdade, de uma expedição cujo propósito era o levantamento cartográfico das costas marítimas do Sul da América, uma continuidade de trabalhos anteriores, para medições mais exatas, o que incluiu as Falklands e Galápagos. Darwin acabou desembarcando em Salvador, Bahia, e escreveria depois: “A vista de florestas selvagens irá levar todo e qualquer naturalista a lamber o pó dos pés de um brasileiro”. Um evidente exagêro. Parou também no Rio de Janeiro, onde embrenhou-se a cavalo pela Mata Atlântica, seguindo depois para Montevidéu e posteriormente, à Terra do Fogo. Darwin faleceu em 1882, 19 de Abril, em Kent, no país de origem.
Sua teoria, adotada definitivamente pela comunidade científica, espalhou-se pelo mundo. Incluindo o Brasil. Em virtude das várias reviravoltas políticas ocorridas em nossa terra, com revoluções, ditaduras, fases democráticas, etc, a prova de sua teoria pode ser vista na ilustração acima, onde aparece o “homo petistatæ”.
 

Os pilotos do tráfico


José Casado, O Globo

Há duas semanas a agência antidrogas dos Estados Unidos (DEA) interceptou um avião monomotor que sobrevoava Catacamas, no Oeste do departamento de Olancho, em Honduras. Rastreada a partir da Venezuela, a aeronave foi forçada a aterrissar à beira de uma estrada rural, na manhã de quinta-feira (19). Dois homens tentaram fugir. Eram os pilotos brasileiros Elias Aureliano Rivera e George Luis Herrera Bueno.

Ferido, Bueno se entregou. Rivera "ignorou ordens para se render", segundo Daw Dearden, porta-voz da DEA. Foi morto pelos agentes americanos. Tornou-se a oitava vítima da equipe, nas últimas seis semanas. Do avião foram retirados 968 quilos de cocaína.

Honduras ganha destaque nos mapas do narcotráfico. Tornou-se a primeira escala de 79% dos voos de transporte de cocaína que decolam do Brasil, da Colômbia, do Suriname e da Venezuela, porque faz fronteira com três países (Nicarágua, El Salvador e Guatemala) e tem saída para o litoral do Caribe. Nessa logística, a Venezuela é base avançada da narcoguerrilha colombiana.

No início deste ano, o Departamento do Tesouro dos EUA listou sete oficiais militares e funcionários do governo Hugo Chávez por participação no tráfico, entre eles o ministro da Defesa. O governo Hugo Chávez refutou, atribuindo tudo ao "imperialismo".

Em maio, o juiz Eladio Ramón Aponte Aponte, então presidente da Suprema Corte venezuelana, fugiu do país, entregou-se à DEA e confessou cumplicidade com uma rede de narcotráfico. Admitiu ter manipulado processos judiciais para favorecer traficantes com negócios partilhados -contou - com alguns dos mais graduados funcionários do governo Chávez. E listou: o ministro da Defesa, general Henry de Jesus Rangel Silva; o presidente da Assembleia Nacional, deputado Diosdado Cabello; o vice-ministro de Segurança Interna e diretor do Escritório Nacional Antidrogas, Néstor Luis Reverol; o comandante da IV Divisão Blindada do Exército, Clíver Alcalá; e o ex-diretor da seção de Inteligência Militar, Hugo Carvajal.

Nessa rede sul-americana de tráfico cresce, também, a participação de pilotos brasileiros, com habilidade testada nas rotas de garimpo de ouro e diamantes na Amazônia - onde o desafio de manobras pode ser tão arriscado quanto as de caças sobre porta-aviões durante guerras. Eles seguem a trilha de Leonardo Dias Mendonça, preso há nove anos no Pará, que ficou milionário ao se associar ao general Desiré Bouterse, o líder político e militar mais poderoso do Suriname, antiga colônia holandesa.

Bouterse, o ditador que nos anos 80 proclamou uma "república socialista" no Suriname, tem mais 36 meses de mandato, até 12 de agosto de 2015. No dia seguinte, perde a imunidade presidencial e será apenas um narcotraficante de 70 anos, com prisão decretada no Brasil e em mais meia centena de países - a pedido da Holanda, onde foi condenado a 16 anos de prisão por tráfico de cocaína.

Sob o manto do "socialismo", Bouterse organizou rotas para a Europa. Entre os anos 80 e 90, ele e Mendonça ganharam dinheiro com a narcoguerrilha colombiana: vendiam armamento e recebiam em cocaína. É ampla a documentação indicando que o piloto brasileiro somou um patrimônio de quase US$ 250 milhões.

Mendonça "apadrinhou" a aliança do traficante carioca Luiz Fernando da Costa, o Beira-Mar - na época em ascensão, hoje preso na Paraíba - com Tomás Medina Caracas (o "Negro Acácio"), responsável pelo narcotráfico das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) na fronteira com o Brasil. "Negro Acácio" foi morto em setembro de 2007.

Mendonça e Bouterse financiaram no Brasil a montagem de uma rede de apoio político, na qual se destacou o ex-deputado federal Pinheiro Landim. Acusado em uma CPI, Landim negou ("nunca vi um pacote de cocaína") mas passou à história como o deputado que renunciou duas vezes em cinco semanas: em 15 de janeiro de 2003, no encerramento de uma legislatura (1999-2003), e em 25 de fevereiro, na abertura da legislatura seguinte. Atualmente, é um influente líder do PMDB no Ceará.

AGORA, A PASMACEIRA Carlos Chagas




                                               Mais do que para a rotina, caminha para a pasmaceira a  seqüência de intervenções dos advogados dos mensaleiros, depois da segunda-feira já conhecida como Dia da Fantasia, quando os principais réus foram apresentados como  anjinhos. Ontem mesmo,  ninguém  agüentava mais  ouvir a defesa de outros cinco, senão de menor  culpabilidade, ao menos de menor importância. Imagine-se  então o tédio que por três  semanas  tomará conta dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal, obrigados a ficar cinco horas por dia  escutando discurseiras sem fim. Talvez a exceção em termos de atenção venha a ser a última intervenção, do patrono de Duda Mendonça, certamente mostrado como outro querubim  que nem sabia dos milhões depositados pelo PT em  suas contas no exterior.
                                               A dúvida continua a mesma que vem desde 2005: irão ou não parar  na cadeia os responsáveis pelo maior escândalo político da República? Conseguirão safar-se pela prescrição da lei ou  a benevolência dos julgadores?
                                               A fase atual é de indigestão de julgamento, pois a partir de amanhã a  própria mídia arrefecerá em espaço e tempo dedicados aos trabalhos na mais alta corte nacional de justiça. A menos, é claro, que sobrevenham fatos inusitados, daqueles impossíveis de prever.
                                               Ficam alguns sinais da performance dos advogados de Dirceu, Genoíno, Delúbio e  Valério: se o  primeiro “desligou-se do PT assim que assumiu a Casa Civil”, como esquecer que durante quase um ano enfeixou a coordenação política  do governo Lula,   da qual só abriu mão forçado  pelo acúmulo com as  funções administrativas? Se Genoíno não cuidava das finanças do partido, por que assinou e endossou todos os pedidos de empréstimo junto ao Banco Rural e penduricalhos? Quanto a Delúbio, se não mantinha contacto com Dirceu, por que dispunha de gabinete no quarto andar do palácio do Planalto? De Valério, como passou de publicitário vitorioso a operador que autorizava a remessa de  dezenas de milhões em malas entregues a pombos-correio dos partidos da base do governo, que nenhuma relação tinham com campanhas publicitárias  junto à mídia?
                                               Enfim, cada ministro que vá formando suas convicções e retocando seus votos, a maioria dos quais já esboçada.  A gente só não sabe de seu conteúdo...

FILÓSOFOS GREGOS & AMISH QUE NÃO CONHECERAM O LULA Walter Marquart



Os gregos exploraram o conhecimento; os amish exploram a sabedoria, a sensatez, a moderação… E os idiotas se entregam à tarefa de acabar: primeiro com o trabalho e segundo com o planeta.
Sócrates, Platão, Aristóteles… Foram guias do pensar, agir e colher; Jesus foi o mestre da bondade que olhava, pensava e perdoava. Vieram as grandes descobertas: roda, machado e tesoura; máquina a vapor, revolução industrial, transporte, comunicação e a energia elétrica.
O relógio foi um detalhe que ocupou os suíços, para não continuarem guerreando a favor do rei que pagasse mais. Gutenberg revolucionou o campo gráfico e com ele o papel. Petróleo, carvão e o automóvel ainda não responderam se foram úteis ou participam da destruição da terra.
Até aqui a inércia mental não participava do progresso; o homem tinha importância e valor, honra e alegria festejada.
Vieram, com a eletrônica, chips, acessórios, rapidez nos cálculos e, em nome do progresso, a inércia particular e coletiva. Não há mais verba para salvar a humanidade, 2 a 3 sugam todos os recursos, em nome da atualização tecnológica. Trocamos água, esgoto, conforto, alimentos, educação e paciência, por computadores, pela superacumulação praticada por 2 a 3 senhores. Inversamente à era tecnológica, estamos a construir gigantescos Tribunais em Brasília.
No lugar de educação e sabedoria, Tribunais de Contas tendo como perscrutadores os políticos divorciados do voto.
Esquecemos dos conhecimentos, da sabedora e da bondade. Tudo e todos, em nome da insensatez, transformados em corpos de experiência. O povo perde, o governo gasta e todos percebem, já escravizados ou não, que estamos à mercê daqueles senhores.
As verbas públicas não se destinam mais a beneficiar a população, estão no escaninho da corrupção e da mentira que asfalta a priorização da filosofia de que o homem é apenas um número. Estamos sendo levados ao desastre.
Acabou a máquina a vapor e o código Morse que tanto benefício trouxe. A humanidade cresceu, progrediu e festejou, mas, lamentavelmente, a informática que deu asas para o homem ir até à lua, também o escravizou. Todos contribuindo para a superacumulação daqueles 3 senhores.
Porque o povo sofre? Não há verba para ele, mas torra-se “trolhões” para que a inércia eletrônica proponha leis, fiscalize os atos, seja o guia, controle o povo e engrandeça o poder daqueles senhores.
Os gregos não estão mais entre nós, Jesus perguntaria porque a bondade não está ornamentando os pensamentos; porque a sabedoria não é chamada para fazer parte das leis, porque tantos se preocupando e dando ouvidos àqueles senhores? Precisamos de leis que sejam luz para o caminho, guia para as ações, freio para o indócil e premio para o conhecimento, sabedoria e honra.
Estamos debilitando o homem e a sociedade. Chegará o ponto em que não haverá remédio para reavivá-lo. O homem não tem mais o sorriso, não festeja e, ainda pior, não sabe mais o que é honradez.
A luz do planeta era o homem; também sua vida e progresso que sustentava o SER. A terra passou a ser umpalco iluminado, mas (Orestes Barbosa) “nos tornamos palhaços das perdidas ilusões”.
(*) Fotomontagem: Platão e um amish

Tese de ‘mensalão’ se mantém para 5 ministros do STF FELIPE RECONDO, FAUSTO MACEDO E MARIÂNGELA GALLUCCI


Parte dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) considerou a primeira safra de defesa dos réus de mensalão incapaz de derrubar a tese do Ministério Público Federal segundo a qual o mensalão existiu e era chefiado pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
Cinco ministros ouvidos reservadamente pelo jornal O Estado de S.Paulo disseram que a defesa de Dirceu não conseguiu caracterizar a versão segundo a qual o pagamento feito a parlamentares nos primeiros anos do governo Lula foi apenas caixa 2 para quitar dívidas de campanha. A Corte tem 11 ministros. Para que seja condenado, 6 precisam votar contra Dirceu.
Um dos magistrados chegou a comentar reservadamente que "o Zé Dirceu fazia navio voar". Para outro ministro, "ou você acredita que o mensalão existiu, ou não. Se acredita, é porque tem uma lógica e só tem lógica se você colocar o cérebro (o mentor)."
Sem cérebro
Uma parcela do colegiado também vê falhas na acusação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, conforme revelou o jornal O Estado de S.Paulo no domingo. É consenso, porém, que, se Dirceu for inocentado, implode o esquema descrito pela denúncia.
A absolvição de Dirceu, sustentam, quebraria qualquer lógica do sistema, deixaria o mensalão "sem cérebro". Apontado pelo procurador-geral como "chefe de quadrilha" e "autor intelectual do mensalão", Dirceu baseia sua defesa na falta de provas de que teria montado ou ordenado a compra de apoio político valendo-se, segundo a acusação, de dinheiro público lavado por empréstimos bancários. Segundo os ministros, a defesa foi fraca ao não falar sobre os principais pontos que deverão balizar seu julgamento.

Orelhões do país ganharão vida nova - e acesso à internet Anatel debate revitalização dos telefones públicos, que serão modernizados para suprir demanda com os grandes eventos no país até 2016


Pollyane Lima e Silva, de 


 Call Parade na Avenida Paulista
Call Parade na Avenida Paulista: 100 dos 52.000 orelhões paulistanos foram transformados em obras de arte em diversos pontos da cidade
Rio de Janeiro - Ter um aparelho de telefone restrito a fazer ou receber chamadas de voz é quase tão arcaico hoje em dia quanto mandar uma carta pelo correio para saber notícias de alguém que mora longe. Às vésperas da chegada da tecnologia 4G ao país, os telefones públicos – extremamente úteis no passado – tornaram-se adornos quase inúteis que, no máximo, são capazes de proteger da chuva algum pedestre desprevenido.
É para reverter esse quadro que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) abriu consulta pública há um mês sobre a revitalização dos chamados orelhões. Nesta quarta-feira, uma audiência em Brasília abre espaço para a sociedade se manifestar. Afinal, mesmo que a funcionalidade não seja mais a mesma, o Brasil ainda tem 967.140 telefones públicos em uso – número que passava de 1 milhão há pouco mais de um ano e que vem caindo.
“Hoje em dia, usa-se menos os telefones públicos, mas ainda se usa. Não podemos esquecer que essa é a forma de comunicação mais barata que existe. Mas claro que, com a popularização do celular, deixou de ser prático usar um orelhão, principalmente pela falta de manutenção e pelo vandalismo constante”, avalia a conselheira da Anatel Emília Maria Silva Ribeiro Curi. Baseada nisso, a proposta da agência é mudar a cara dos orelhões, seja por meio de obras de arte – como fez a Vivo em São Paulo –, ou abrindo espaço para publicidade.
Internet - Mas a maior novidade ficará por conta do acesso de dados nos telefones públicos. A ideia é disponibilizar wifi além de serviços de lista telefônica e GPS, explica Emília. “Passaremos a ter mais de 900.000 pontos de acesso à internet no país. Assim, será possível desafogar os telefones móveis, com acesso mais rápido e de qualidade.” A cobrança do sistema, que deve ser liberado por meio de senha, poderá ser feita por cartão de crédito ou até moedas comuns – esse modelo também está em análise na consulta pública.
Em São Paulo e no Rio de Janeiro a experiência já começou. “A empresa está desenvolvendo um projeto de wifi em orelhões, utilizando tecnologia 100% nacional, que está em fase inicial de testes”, informa a Oi, responsável pelo desenvolvimento carioca. O foco - como tudo que envolve inovação no país ultimamente – são os grandes eventos mundiais: Jornada Mundial da Juventude, Copa do Mundo, Olimpíada... Mas a Anatel não quer esperar tanto para ver o novo projeto ganhar forma. “Queremos dar início esse ano ainda. A agência tem pressa”, enfatiza a conselheira.

OBRA-PRIMA DO DIA - PINTURA Mary Cassatt - A Carta (1890/91)


Apesar de resolver seguir seu próprio caminho, sem adotar tendências, Mary Cassatt continuou grande amiga dos Impressionistas e chegou a usar parte dos lucros que obteve com as vendas das 11 telas que colocou na Exposição de 1879 para comprar duas telas, uma de Degas e outra de Monet.
E como já foi dito aqui, estimulou os milionários americanos a comprarem as obras do grupo. Sua amiga Louisine Elder, que se casara com Harry Havermeyer em 1883, iniciou, orientada por Mary, uma bela coleção que hoje faz parte do acervo do Metropolitan Museum of Art de Nova York.
Os últimos anos da década de 80 do século XIX foram muito criativos para Mary. Ela amadurecera e tornara-se menos brusca e mais diplomática em suas opiniões. Pintou excelentes retratos de membros de sua família e passou a mostrar seu trabalho nas galerias dos EUA.
De 1891 em diante, sua serie de gravuras em ponta-seca e aquatinta, de clara influência japonesa, fez muito sucesso. Ela interpretava o estilo japonês à sua maneira, utilizando cores pastel, delicadas, e evitando a tinta negra. A curadora de Artes Plásticas Adelyn Breeskin, considera que “hoje vemos que a contribuição mais original de Mary Cassatt para as Artes Plásticas, foram essas gravuras coloridas que acrescentam mais um capítulo à história das artes gráficas... tecnicamente, como gravuras coloridas, nunca foram superadas”.
O que prova que os anos que ela passou ao lado de Degas estudando o uso do pastel e também que as aulas do grande pintor sobre como utilizar a água-forte, lhe foram de grande valia. Os dois trabalharam lado a lado durante muito tempo e sua arte ganhou muito com essa tutelagem.
Degas fez uma série de gravuras recordando as visitas dos dois ao Louvre, como essa que mostramos aqui hoje (à esquerda).
Tudo leva a crer que Mary tenha se apaixonado por Degas, mas ela logo percebeu que não devia esperar muito da natureza inconstante e temperamental de seu amigo.


“A Carta”, ponta-seca e áqua-tinta, mostra a influência das artes gráficas japonesas na obra de Mary Cassatt. 
“Mary Cassatt na Galeria Etrusca do Louvre”, de Edgar Degas, é gravura a talho-doce de 1879/80.

Acervos: National Gallery of Art, Washington, DC  (A carta) 
               Metropolitan Museum of Art, NY (gravura de Degas)

Boa hora para mudar o Supremo, Helio Doyle


Publicado 07/08/2012 20:50
 
            O julgamento do chamado “mensalão”, certamente o que nos últimos tempos mais atraiu atenções para o Supremo Tribunal Federal, é um bom motivo para o país sair da letargia em relação a alguns temas que estão sendo, indiretamente, colocados em pauta. O julgamento faria bem ao Brasil se fosse além do julgamento em si e mudasse algumas práticas nocivas.
            O primeiro tema que poderia ser discutido, e mais óbvio, é o sistema eleitoral brasileiro e suas repercussões no sistema político. O caixa dois em campanhas eleitorais e o financiamento ilegítimo a políticos e a partidos é o cerne da questão em exame no Supremo. Na verdade, a prática é usual há anos, e exercida por 95% dos políticos brasileiros, no mínimo. As eleições estão cada vez mais caras e assim a política vai se tornando atividade para milionários ou para pessoas que se tornam reféns de seus financiadores de campanha, no caixa um ou no caixa dois.
            O julgamento é um bom motivo para mudar, também, o sistema judiciário brasileiro, e particularmente o antiquado Supremo Tribunal Federal. Diversas questões poderiam ser colocadas para discussão:
            1 – Os ministros devem mesmo ser nomeados pelo presidente da República depois de submetidos a um sabatina formal e vazia no Senado?
            2 – Os ministros devem ser vitalícios ou deveriam ter um mandato?
            3 – É preciso mesmo que os ministros se aposentem compulsoriamente aos 70 anos?
            4 – As atribuições do tribunal não poderiam ser reduzidas, com menos processos e menos julgamentos?
            5 – O ritual formalístico-burocrático é mesmo necessário, não poderia ser simplificado? Não é geralmente apenas perda de tempo e causa gastos desnecessários?
            Há muito mais aspectos no funcionamento do Supremo que poderiam ser discutidos. Só não venham dizer que está tudo bem do jeito que é. Não pode estar bem um tribunal em que:
            - Um processo como esse demora sete anos para ser julgado (e há processos esperando há mais de 20 anos).
            - Ministros usando ridículas togas dormem em suas cadeiras enquanto estão falando advogados que também usam ridículas togas.
            - Uma ministra deixa o julgamento pela metade porque preside outro tribunal e isso é considerado normal pelos demais ministros.
            - Um julgamento importante tem de ser apressado para que um ministro que está fazendo 70 anos tenha tempo de votar. Ou retardado para que ele não vote, dependendo do ponto de vista. Com 70 anos e duas semanas de vida o ministro estará velho demais para decidir.
 

inistros Mendes e Barbosa caem nos braços de Morfeu durante Mensalão



16:31:46

Honorè Daumier, morto em 1879. Obra satírica: Le gens de Justice

Morfeu, o deus grego do sonho, resolveu visitar a sua colega Têmis, deusa grega da Justiça e entronizada na frente do prédio-sede do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele aproveitou para dar um pulo no plenário do Pretório Excelso enquanto eram realizadas as sustentações orais feitas pelos defensores constituídos no processo criminal conhecido por Mensalão. E, então, Morfeu aproveitou para abraçar os ministros Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes, que cerraram as pálpebras e davam a impressão de sonhar. ...

Para muitos, as sustentações orais representam um exagero. Até porque, quando feitas, os julgadores estão com as decisões já prontas. Nas alegações finais (a peça escrita)  tudo já foi colocado. E como reforço, para contato pessoal, os advogados visitam os julgadores e lhes ofertam um memorial, o resumo das teses defensivas. Como regra, a sustentação oral é uma oportunidade solene e pública para se destacar o quadro probatório. Com efeito, causa indignação e torna-se reprovável o fato de um magistrado fechar as pálpebras, como a dormir, num julgamento.

Mas, ontem, o dia foi especial. Além de Morfeu, ocorreram dois “barracos”, com gritaria e quebra-quebra de túmulos em cemitérios na Holanda e em Viena. Os protagonistas foram os filósofos Baruch Spinoza, morto em 1667, e Johannes Messner, falecido em 1984. Ambos foram autores das clássicas obras intituladas Ética e a Ética Social.

Spinoza e Messner  estavam furiosos com alguns réus do Mensalão que jogaram no lixo a ética da igualdade nas disputas político-eleitorais. Mais ainda, ficaram surpresos com o caradurismo das confissões referentes a crimes eleitorais, o chamado Caixa 2.

Com o nome Caixa 2 não está tipificado nenhum crime no Código Eleitoral. As condutas, no particular, são enquadradas no artigo 350 do Código Eleitoral ou na legislação sobre abuso de poder econômico. A propósito, os réus Delúbio Soares e Marcos Valério confessaram a prática de crime eleitoral apelidado Caixa 2, que está prescrito.

Pelo que se sabe, Spinoza e Messner queriam conhecer a ética delubiana do Caixa 2 e a descarada quebra do princípio democrático da igualdade entre candidatos em campanhas políticas.

Delúbio Soares negou o Mensalão. Falou o seu advogado na absoluta ausência de provas. E o próprio defensor, sem cerimônia, admitiu o chamado Caixa 2.

O preparado advogado criminal Arnaldo Malheiros, cogitado para ocupar uma cadeira no STF dada a aposentadoria compulsória do ministro Cezar Peluso, reafirmou que a prova acusatória “era pífia” e mostrou, num gráfico,  como se deram as votações e a impossibilidade de compra de votos, até pelo apoio da oposição em algumas ocasiões. Até foi destacado o fato de o procurador-geral ter mudado o foco e falado da Lei de Falências. Antes, o procurador Gurgel falava em compra de votos quando das votações sobre reformas Previdenciária e Tributária.

Para Malheiros, o réu  Delúbio — já reintegrado ao PT — tinha um sonhado projeto para melhorar o Brasil. Mas, como se nota, Delúbio executou um sonho criminoso. Ele quis, como admitiu,  salvar os quebrados partidos mencionados na denúncia e, também, os candidatos aliados. Só que o Partido dos Trabalhadores e a sua base aliada, exceção ao PCdoB,  desequilibraram as eleições pelo abuso do poder econômico, ou seja, usaram do Caixa 2.

Até agora, há dúvida se o deputado tucano Eduardo Azeredo vai seguir essa ética delubiana para se limpar do chamado “mensalinho”.

 Ontem, o  advogado de José Dirceu procurou emparedar o procurador Gurgel e sobrou até para o seu antecessor, Antonio Fernando de Souza, responsável pela apresentação da denúncia.

A propósito, a denúncia foi considerada, pelos que ontem sustentaram, uma obra de ficção, com equivocadas tipificações criminais pela falta de adequação aos fatos.

Para o defensor de Dirceu não existe prova incriminadora colhida em juízo, sob o crivo do contraditório. Mais ainda, ele sustentou inexistir correlação entre o dinheiro repassado e a conduta de José Dirceu, dado como estranho aos fatos descritos na denúncia.

Como o ônus de provar as acusações é do Ministério Público, teremos de aguardar o que os ministros julgadores vão achar a respeito de como se desincumbiu Gurgel.

Importante recordar a inexistência de confissões quanto às imputações contidas na peça inicial de acusação (denúncia). A confissão já foi considerada a rainha das provas, mas perdeu prestígio.

Farta prova testemunhal é encontrada nos autos processuais. Para alguns, a prova testemunhal é a prostituta das provas. Mas o filósofo britânico Jeremias Benthan ensinou que as “testemunhas são os olhos e os ouvidos da Justiça”.

O defensor do réu José Genoíno, com base na prova testemunhal, sustentou que no PT existia uma divisão de tarefas e Genoíno só cuidava de articulações políticas, dos contatos com a militância e do trato com as bases sociais.

Para o defensor de Genoíno, o procurador Gurgel quer a sua condenação com base na responsabilidade objetiva, em que não se questiona a culpabilidade. Para o defensor, o procurador pretende a condenação de Genoíno pelo simples fato de ter sido presidente do PT, embora não tenha participado do esquema operado pelo tesoureiro Delúbio.

O defensor de Valério fez um trabalho de desconstituição das nove acusações e frisou, o tempo todo, que a denúncia era peça de ficção. Mais ainda, ressaltou não ter havido uso ou arrecadação de dinheiro público.

Pano rápido. Está em curso uma queda de braço entre acusação e defesa. A sociedade civil, cujos membros não conhecem bem a prova dos autos, é expectadora e atenta ao resultado do processo. No nosso sistema processual-constitucional vigora o sistema do livre convencimento do julgador, que tem de apresentar as razões do seu convencimento.

Wálter Fanganiello Maierovitch
Fonte: Terra - 07/08/2012

A Cruz Vermelha na versão corrupto-verde-amarela – Dirigentes da Cruz Vermelha trocam acusações sobre desvio de recursos Por Leslie Leitão, na VEJA Online:


Os desvios milionários de recursos arrecadados pela Cruz Vermelha no Brasil, revelados por VEJA desta semana, geraram uma troca de acusações entre o Órgão Central – a entidade nacional, reconhecida há exatos cem anos pela entidade internacional – e suas filiadas. Na tarde desta terça-feira, notas oficiais da Cruz Vermelha Brasileira e da filial do Maranhão apresentam versões conflitantes sobre a responsabilidade sobre as contas bancárias que receberam recursos para tragédias na região serrana do Rio, no Japão e na Somália. O total desviado ainda não é conhecido.

O desentendimento entre órgãos que, em tese, deveriam trabalhar em cooperação é um indício claro de que algo vai mal nas instituições. A nota da Cruz Vermelha Brasileira traz a seguinte explicação: “Todas as denúncias estão sendo apuradas pelo Órgão Central. As filiais envolvidas nas denuncias, em cumprimento ao Estatuto Nacional, apresentarão seus relatórios de atividades e balanços e os resultados serão apresentados publicamente”. Ou seja: o órgão central dá a entender que está cobrando uma explicação de suas subsidiárias para ‘entender’ o desaparecimento de valores depositados por doadores.
Em matéria de explicação, a filial do Maranhão é um pouco mais incisiva. A nota assinada por Carmen Maria Serra, presidente do conselho diretor naquele estado e irmã do presidente nacional, Walmir Moreira Serra Júnior, diz o seguinte: “A Cruz Vermelha Brasileira solicitou uma conta bancária à filial do Maranhão para que os recursos fossem recebidos e destinados aos cidadãos necessitados, em razão dos inúmeros processos judiciais que determinam bloqueio em suas contas; a preferida conta bancária teve, portanto, sua gestão diretamente conduzida pela Cruz Vermelha Brasileira, Órgão Central, com sede no Rio de Janeiro”.
Carmem Maria Serra devolve a bola para o irmão, que está licenciado desde a semana passada, e cita os bloqueios judiciais de contas que, segundo VEJA apurou, são referentes a ações trabalhistas, totalizando uma dívida que ultrapassa os 40 milhões de reais. No lugar de Walmir, assumiu o vice, Anderson Choucino – braço direito do presidente.
A poeira que sobe do embate entre irmãos embaralha um pouco mais o cenário. A solução ‘caseira’ para driblar o arresto de dinheiro por determinação judicial fez com que o dinheiro arrecadado para os 35.000 desabrigados pela chuva na região serrana, no ano passado; os recursos para a população da Somália, devastada por guerras civis e castigada pela fome; e as doações para vítimas do terremoto no Japão fizessem um ‘tour’ por São Luís, a capital maranhense. nas explicações sobre o destino do dinheiro e o montante desviado, por enquanto, nenhum dos dirigentes avançou um milímetro.