domingo, 30 de setembro de 2012

Alvo, agora, é o ‘juro invisível’


Governo quer que varejo informe taxas embutidas no crédito supostamente sem custo



Pediu, levou. O arquiteto Marcos Drummond negociou e conseguiu desconto na TV comprada à vista: em vez de R$ 1.599, pagou R$ 1.399
Foto: Givaldo Barbosa / O Globo
Pediu, levou. O arquiteto Marcos Drummond negociou e conseguiu desconto na TV comprada à vista: em vez de R$ 1.599, pagou R$ 1.399GIVALDO BARBOSA / O GLOBO
BRASÍLIA - O governo prepara uma nova investida contra o custo financeiro no país. O foco, neste caso, é o juro que ninguém vê. Estudo da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, feito com base em cruzamento de dados do Banco Central e da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE, mostra que o consumidor tem consciência de apenas uma pequena parcela do que paga efetivamente de juros. As famílias desembolsaram R$ 170 bilhões, mas a percepção é de apenas 1,9% desse valor, ou R$ 3,2 bilhões. O estudo tem como referência valores de 2008, ano-base do último levantamento do IBGE.
Auxiliado pela SAE, o Banco Central(BC) analisa alternativas para uma nova legislação que dê transparência ao setor financeiro e, ao mesmo tempo, abra espaço para a criação de produtos voltados para a nova classe média.
Uma ideia sobre a mesa é obrigar lojistas a mostrarem o chamado custo efetivo total (CET) das operações. Ou seja, todas as taxas embutidas nos parcelamentos, mesmo aqueles alardeados como sem juros. E deixar claro o desconto no preço à vista, que deve ser necessariamente menor que o parcelado. Embora muitos consumidores não percebam, um preço à vista igual ao parcelado significa que o valor à vista está inflado. As instituições financeiras já são obrigadas a dar transparência a essas informações desde 2007.
Para governo, inflação teria alívio
A diretora de projetos da SAE, Diana Grosner, observa que a invisibilidade dos juros é um problema que atinge todas as classes sociais.
— Mesmo a classe alta, com média de 12 anos de estudo, parece que não está conseguindo perceber o que está pagando de juros — diz Diana.
É a nova classe média que mais sofre as consequências dessas taxas escondidas, tendo em vista que usa e abusa de parcelamentos com o incentivo do próprio governo. Ciente de que essa camada da população carece de educação financeira, o Palácio do Planalto quer mudar o jogo. O assunto foi objeto de estudo apresentado pela SAE no 3º Fórum Banco Central sobre Inclusão Financeira, em novembro do ano passado. Uma das hipóteses consideradas pela SAE é que parte da população confunde endividamento com inadimplência. Assim, a dívida contraída por quem compra a prazo não seria percebida dessa forma.
É por isso que a equipe econômica discute como dar transparência aos verdadeiros juros por trás das compras sobre as quais as empresas alardeiam não incidir custo. Além de forçar uma queda adicional das taxas, a iniciativa deve ajudar a combater as pressões sobre a inflação, avaliam os técnicos.
— O objetivo é trazer a economia para a normalidade. Atuar nesse caminho é desinflacionário — diz um técnico.
Preço à vista tem que ter desconto
É comum as lojas embutirem nas compras à vista os juros que dizem deixar de cobrar nos parcelamentos. E muita gente não percebe. A analista de sistemas Adriana Portela, de 37 anos, usou o cartão de crédito para comprar roupas num shopping de Brasília, na sexta-feira. A conta ficou em R$ 98, que poderiam ser dividido em três vezes. Adriana comprou em duas parcelas e saiu convencida de que não pagou juros.
— O valor parcelado era o mesmo que à vista — conta Adriana.
Em seguida, ela própria percebeu que, se os R$ 98 podiam ser quitados em três vezes, é sinal de que havia margem para cobrar menos em duas ou uma parcela. Segundo ela, grandes lojas de roupas não costumam negociar. A situação muda no comércio de eletrodomésticos. Que o diga o arquiteto Marcos Drumond, de 37 anos. Ao comprar um aparelho de TV de 32 polegadas, ele pediu um valor mais baixo, já que se dispunha a pagar numa única vez o produto que a loja vendia em até dez prestações. Pediu e levou: em vez de R$ 1.599, gastou R$ 1.389.
O consumidor também paga taxas exorbitantes no rotativo ou no parcelamento de dívidas no cartão de crédito para compensar as supostas vendas a prazo sem juros. As administradoras de cartão alegam cobrar caro porque precisam compensar o “juro zero” de quem paga em dia. O argumento é que, entre a data da compra e o vencimento da conta, nada é cobrado do cliente.
O presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon) de Minas Gerais, Wilson Siqueira, afirma que as pessoas não devem se deixar enganar pelos preços à vista sem desconto. Quando isso acontece, segundo ele, a empresa está embutindo o custo financeiro que teria ao longo dos meses no valor à vista. E o percentual, segundo o economista, começa em 2% ao mês.
Ele cita como exemplo uma geladeira de R$ 1.599, parcelada em 12 vezes sem juros. Usando essa taxa mínima, ele calcula que há juros de pelo menos R$ 383,76 embutidos. Com essa diferença, o cliente poderia comprar um forno elétrico, por exemplo.
— A pessoa tem que pedir desconto à vista, sempre.
‘O consumidor está sendo enganado’
Segundo analistas, as montadoras de veículos adotam prática semelhante. Se um veículo custa R$ 25 mil e a concessionária fará uma promoção para vendê-lo a 0,5% ao mês, ela turbina o preço de partida para, assim, diluir os juros das parcelas mais baixas. A montadora manda uma tabela com os “juros especiais”, revela um especialista no setor.
— O consumidor está sendo enganado — disse o economista.
Na avaliação do governo, só foi possível mostrar esses custos ocultos depois que as taxas de juros reais caíram e deixaram essas distorções em evidência. Combatê-las, segundo técnicos, é uma forma de acertar outra ameaça importante que continua pairando sobre o país: a alta da inflação. O assunto deve ser motivo de conversas do ministro da Fazenda, Guido Mantega, com os setores produtivos e com os bancos, que administram os cartões de crédito.

A MÚSICA DO DIA Astrud Gilberto canta Quiet Night of Quiet Stars



Astrud Gilberto

Ouça Quiet Night of Quiet Stars, de Antonio Carlos Jobim

HUMOR A Charge do Chico Caruso



O novíssimo truque de Lula, por Mary Zaidan


POLÍTICA


Não se deve levar a sério o que Lula diz. Fala pelos cotovelos, não raro pelos calcanhares, a exemplo da exortação para que militantes arrancassem materiais de adversários das ruas de São Bernardo. E não tem qualquer apreço pela coerência entre o que disse ontem, o que diz hoje e o que dirá amanhã. Muito menos pela verdade.
Sobre o mensalão, navegou entre o traído que de nada sabia ao humilde que pede desculpas à nação pelo escândalo que pegou de calças curtas os seus mais caros auxiliares. Daí, migrou para a fantasiosa versão do caixa 2, expressa em entrevista mais fantasiosa ainda, transmitida pelo Fantástico, da TV Globo, em julho de 2005, dois dias depois de ser gravada em Paris.
A esse enredo, Lula e sua turma penduraram adereços. A ênfase de que culpados seriam punidos “doa em quem doer” ecoou no vazio.
A fala dura do ex-presidente do PT e hoje governador gaúcho Tarso Genro preconizando a refundação do partido deu lugar à de um Ricardo Berzoini (PT-SP): "A prioridade é reeleger o presidente Lula. Depois veremos isso (a apuração) com calma. E essa história do mensalão é uma ficção.”
E por aí foi. Mensalão virou algo que nunca existiu, com Lula assegurando que como ex se dedicaria integralmente a provar que tudo não passara de farsa, coisa da direita para derrubar o primeiro presidente operário. Algo, aliás, que a dócil oposição nem mesmo cogitou.
Se o transmudar dos fatos já era de admirável desfaçatez, o que se vê agora bate todos os recordes dessa categoria.
Antes de o julgamento começar, Lula mexeu vários pauzinhos ou toras inteiras. Tentou em vão convencer ministros pelo adiamento, manobra que veio à tona quando Gilmar Mendes denunciou a tentativa de coação.
Instigou seu partido a conclamar o povo a ir às ruas, tarefa cumprida, pateticamente, pelo deputado Rui Falcão. 
Julgamento em curso, constrangeu aliados para que assinassem nota de apoio a ele, contestada no seio dos mesmos partidos que a subscreveram.
Do cineasta Luiz Carlos Barreto, amigo do réu José Dirceu, obteve carta aberta com 264 assinaturas da elite intelectual. Barreto batizou o documento como “filosófico-doutrinário”. Seja lá o que isso quer dizer, não é nada filosófico, ou muito menos doutrinário, alertar o país para a presunção da inocência, como se a Suprema Corte não fosse capaz de enxergá-la.
Agora, com condenações se acumulando e a proximidade da análise dos crimes do núcleo petista, Lula já antecipou seu novíssimo truque: o julgamento só está acontecendo porque ele, Lula, combateu como ninguém a corrupção. “Se juntarem todos os presidentes da história do Brasil, vocês vão ver que eles não criaram instituições para combater a corrupção como nós criamos em oito anos. Sintam orgulho porque se tem uma coisa que fizemos, foi criar instrumentos para combater a corrupção.”
Mais desfaçatez, impossível.

Mary Zaidan é jornalista, trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa, @maryzaidan

Cartas de Toronto: Uma noite em claro por labirintos artísticos


CRÔNICA


Desde 2006, a Nuit Blanche (noite em claro, em tradução livre) é o evento artístico que tira a grande maioria dos Torontonians da cama por uma noite em setembro. O evento original foi concebido em Paris em 2002 com o intuito de facilitar o acesso do grande público à arte contemporânea. Lá, mais de um milhão de parisienses tomam as ruas da cidade todos os anos. Por aqui, a Nuit Blanche se transforma numa das noites mais lucrativas da província de Ontário, avaliada em 37 milhões de dólares em 2011.
A essência da Nuit Blanche envolve 12 horas de experimentação artística em público. Hoje, os Torontonians que levam a sério a celebração despertam após percorrerem mais de 10 km pela cidade, incluindo duas universidades, a prefeitura, e diversos centros culturais.
A mostra desse ano contou com a participação de mais de 150 instalações artísticas, muitas delas com curadores oficiais e patrocínio.
Mas quem já viveu uma das Nuit Blanche de Toronto, sabe que o que faz a noite sem sono da cidade interessante é a interação do público com objetos inusitados, conceitos estranhos e a noite em si. Ano passado, por exemplo, uma das instalações mais populares envolvia canhões de fogo e malabares. A hipnosia inicial era gerada pela beleza no espetáculo, mas, na Nuit Blanche mais fria da história, a excitação da plateia se intensificava com o calor gerado pelo show.
A ideia de se iniciar uma jornada artística às 19:30 hrs que só termina com o nascer do sol tem também um fundamento sensorial. A exaustão mental e física da maratona acaba influenciando a forma em que muitos passam a ver as instalações do evento.
Os sentidos mudam com o passar das horas e a mesma obra vista as 8 da noite pode despertar emoções diferentes às três da madrugada. Para os amantes da Nuit Blanche, a noite em claro se transforma em uma verdadeira jornada mental com o passar das horas.


Daqui, fico imaginando um evento parecido no Rio. Nossa história artística é tão rica que uma viagem sensorial pela nossa arte nos permitiria viver a nossa cultura de uma forma diferente. Em tempo de eleição, será que os candidatos a prefeito se preocuparam em incluir um plano detalhado sobre futuro das artes carioca em suas plataformas de governo?

Veronica Heringer é jornalista formada pela PUC-Rio, mestranda em media production pela Ryerson University e estrategista em marketing digital. Bloga noMadame Heringer.com e escreve para o Blog do Noblat aos domingos.

O mais grave dos riscos, por Miriam Leitão



Miriam Leitão, O Globo
O IBGE revelou uma notícia assustadora, mas não houve reação à altura. O Brasil tem um milhão quatrocentos e quinze mil crianças de 7 a 14 anos oficialmente analfabetas pelo registro da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (Pnad). E de 2009 a 2011 caiu — sim, é isso, caiu — o percentual de jovens de 15 a 17 anos na escola. Será que é assim que queremos vencer?
A vastidão da tragédia educacional brasileira não caberia nesta coluna, e arruinaria — querida leitora, caro leitor — este seu domingo. Por isso vamos pensar juntos apenas em alguns números. Fomos informados dias atrás pelo IBGE que em 2009 o Brasil tinha 85,2% de jovens de 15 a 17 anos na escola.
O que equivale a dizer que 14,8% não estavam, e isso já era um absurdo suficiente. Mas em 2011, a Pnad descobriu que o número tinha piorado e agora só há 83,7%. Aumentou para 16,3% o total de jovens nessa faixa crítica que estão fora da escola.
Em qualquer país do mundo, que saiba a natureza do desafio presente, esses números seriam motivo para se fazer um escândalo, iniciar uma investigação, chamar as autoridades à responsabilidade. O ministro se desculparia, os educadores seriam entrevistados para saber como resolver o problema, os contribuintes exigiriam mais respeito com seus impostos, os pais se mobilizariam.
Mas a notícia foi dada numa sopa de outros indicadores e sumiu por lá. Em alguns jornais foi destaque, em outros, nem isso.
Como assim que em 2012 o país fica sabendo que tem menos — e não mais — jovens onde eles deveriam estar? E mesmo assim não se assusta, não reage? Difícil saber o que é pior: se a notícia em si ou a falta de reação diante da notícia.
Os demógrafos já nos informaram que estão nascendo menos brasileiros, e que, por isso, a população vai parar de crescer. Os empresários estão dizendo que há um apagão de mão de obra, falta trabalhador qualificado.
Nem que seja por uma mera questão econômica, de formação de trabalhadores, o país deveria exigir explicação das autoridades. Afinal, estamos jogando fora cérebros que serão necessários à economia.
Mas a educação, evidentemente, não é só para formação de trabalhadores, como se fossem peças de uma máquina. É a única estrada que leva as pessoas à realização do seu potencial, a única forma de realmente incluir o cidadão, a melhor maneira de fortalecer a democracia.
A taxa de analfabetismo no Brasil é considerada a partir de 15 anos. Com esse recorte etário, a taxa foi de 8,6% em 2011. Uma melhora em relação a 2009, quando era de 9,7%. Com mais de 15 anos temos 12,9 milhões de analfabetos.
Mas se formos considerar quem não está na conta — os de 7 a 14 anos — existem mais 1,4 milhão de analfabetos. O problema desse número é que ele derrota a ideia de que o analfabetismo é um problema herdado pelos erros passados do Brasil. De fato, ele é maior quanto mais alta for a idade. Mas esses dados mostram que o país está repetindo agora o mesmo desatino. Há analfabetos jovens, hoje. Meio milhão deles estão na área rural. Aliás a taxa de analfabetismo rural brasileiro é de 21%.
Eu queria não estragar o domingo de você que me lê. Então vamos concluir assim: ainda há tempo. Se o Brasil se apressar, pode correr atrás dos ainda analfabetos. Pode tentar trazer de volta os jovens que desistiram da escola.
Alguns mais céticos dirão que não há mais tempo e o cérebro não educado na infância jamais terá de volta a habilidade necessária. São tantos os casos de superação.
É quase tarde demais, mas ainda há tempo. Se o Brasil não se apressar esses jovens continuarão em seu desamparo.

Santa Helena te perdoe



Sebastião Nery
José Burnet, maranhense, jornalista, intelectual brilhante, depois chefe da Casa Civil do governador João Castelo, era deputado estadual do PSD. Em 1962, candidatou-se à Câmara e saiu pelo interior em campanha eleitoral. Chegou à cidade de Santa Helena, foi para o comício:
– Povo de Santa Helena! Gosto tanto desta terra, mas tanto, que se pudesse nascer de novo pediria a Deus para nascer aqui em Santa Helena.
Foi um sucesso. No dia seguinte, Burnet estava em Pinheiro:
– Povo de Pinheiro! Gosto tanto desta terra, mas tanto, que se pudesse nascer de novo pediria a Deus para nascer aqui em Pinheiro.
Lá de trás, um agricultor, que por acaso tinha assistido ao comício da véspera, em Santa Helena, gritou:
– Doutor, e Santa Helena, doutor?
– Santa Helena? Santa Helena? Santa Helena que me perdoe!
E desceu.
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PMDB DO MENSALÃO
O senador Sarney não precisa pedir a Deus para nascer em Pinheiro. Já nasceu lá. Precisa, e muito, é pedir perdão a Santa Helena por ser tantos sendo um só. E, em cada época e lugar, ser um Sarney tão diferente do outro.
O ex-presidente competente que comandou no País a travessia da ditadura para a democracia e por isso é respeitado nas referencias e conferencias internacionais, o construtor da nova política sul-americana do Brasil, a partir do Mercosul, o acadêmico com seus romances traduzidos lá fora, não tinha o direito de ser o chefe do PMDB do Mensalão e Sanguessugas.
E ainda fica magoado quando seus amigos e companheiros, de Senado e de partido, se declaram decepcionados, como o senador Pedro Simon:
“É triste esse papel do Sarney. Infelizmente, ele serve a qualquer governo e tem os cargos que quer”.
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O CANGURU
O senador Simon sabe e diz, e isso sobretudo o constrange, que o pecado de Sarney, de servir a qualquer governo, em qualquer época e da maneira mais cinzenta, desde que puxe as brasas para sua sardinha, vem de longe.
Em janeiro de 1971, em pleno horror do governo Médici, mal Sarney chegara ao Senado, o americano B. Shepard desceu na Lua, comandando a Apolo 14. (Não era o primeiro. Em julho de 1969, Neil Armstrong, Michael Collins e Edwin Buzz já haviam caminhado na lua pela primeira vez).
Quando Shepard pisou na lua e saiu andando, branco e inflado, sobre as crateras de Fra Mauro, um cientista de Houston gritou: “É o canguru”!
O mundo todo ouviu e riu. Naquele dia, a Veja havia saído com uma surpreendente entrevista, nas páginas amarelas, do jovem e brilhante senador de 41 anos. Ele, que nada mais tinha sido na vida senão político (deputado aos 25 anos, governador aos 35), pregava que “a hora é dos técnicos”. Atacava “a velha era dos políticos” e anunciava “a nova era dos técnicos”. Sarney emprestava sua boca para um recado da linha dura militar.
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SARNEY
Quem o conhecia, seus companheiros da Bossa Nova da UDN, quase todos cassados, levaram um susto. Desde 1950, lá em São Luís, jornalista talentoso, candidato a deputado federal pelo PSD, ele só fazia política. Fui à Enciclopédia Larousse: “Canguru: caracteriza-se por uma cauda imponente para assegurar o equilíbrio do salto. Animal inofensivo e medroso”. Pensei logo: “É o Sarney.” E escrevi, na Tribuna da Imprensa, um artigo (O canguru do Maranhão) contando a decepção dos ex-colegas dele.

Charge do Sponholz



Jogadores continuam a ser convocados em final de campeonato


Tostão

Pelo critério de Mano Menezes, de convocar apenas um jogador de cada time brasileiro para os jogos da seleção contra Iraque e Japão, em outubro, fica a dúvida se Réver e Bernard seriam chamados se não houvesse essa limitação. Bernard e Réver estão, no mínimo, no nível de Leandro Castán e Thiago Neves (ou Juliano).
É um absurdo, na fase decisiva do Campeonato Brasileiro, os times perderem seus melhores jogadores, como Victor (Atlético), Neymar (Santos), Lucas (São Paulo), Paulinho (Corinthians), Leandro Damião (Internacional), Fernando (Grêmio) e outros.
A marcação de jogos da seleção simultâneos aos do Brasileirão chegou a um nível insuportável. Isso não acontece em nenhum país da Europa.

Livre pensar é só pensar (Millôr Fernandes)



O SUS DO LULA



Giulio Sanmartini
Num de seus habituais ataques de verborragia, o ainda presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em abril de 2006, na cidade de Porto Alegre (RS), gabou-se de mais uma suas inumeráveis  proezas: “Eu acho que não está longe da gente atingir a perfeição no tratamento de saúde neste país”.
Mas ele não ficou satisfeito com essa patacoada e em novembro de 2009, condoído com as carências do sistema de saúde americano,  presenteou o colega da Casa Branca com a solução: “Obama, faça o SUS”. 
Em janeiro de 2010, ao inaugurar no Recife uma Unidade de Pronto Atendimento, reafirmou que fizera em nove anos o que todos os outros não fizeram em 500: “Eu “tava” visitando a UPA, e eu “tava” dizendo que ela “tá” tão bem organizada, ela “tá” tão bem estruturada, que dá até vontade de a gente ficar doente para ser atendido aqui”.
Se Lula tivesse vivido no tempo de Dante Alighieri, o poeta teria criado para ele um círculo no inferno da Comédia, para  onde seriam atirados os boquirrotos, e teriam como pena uma doença grave, que os iriam impedir gradualmente de falar.
O tempo não se fez esperar, no dia 29 de outubro (2011), Lula diagnosticado um câncer na laringe. Poderiam pensar os menos avisados, que logo ele se serviria do tão enaltecido SUS para o difícil tratamento.
Ledo engano, esse “quisifodista” filho de pai ignoto, recorreu ao Hospital Sírio Libanês de São Paulo, um dos mais caros do país, mas ele está se ralando, quem paga sua conta é o brasileiro que está morrendo nas filas e nos corredores do infernal SUS.
Atenção Lula, tua batata está assando!
(1) Texto de apoio: Augusto Nunes

Padre Católico conta sobre a farsa de Fátima

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Câmera na sala de aula; isso é bom?



Iniciativa de escola paulistana causa polêmica e abre debate sobre as necessidades e as consequências da vigilância eletrônica

Natália Martino e Tamara Menezes
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O ambiente está sendo filmado. As imagens são confidenciais e protegidas nos termos da lei.? Foi com essa informação impressa em pequenas placas que os alunos do terceiro ano do ensino médio do Colégio Rio Branco ? um dos mais conceituados e tradicionais de São Paulo ? foram surpreendidos quando entraram na sala de aula na manhã da segunda-feira 24. Inconformados com a instalação de câmeras para vigiar as classes sem que para isso houvesse qualquer discussão anterior, e sob o discurso de que estariam com a privacidade tolhida, os estudantes, em protesto, ocuparam um dos principais pátios do colégio, dificultando a entrada dos demais alunos ? 107 deles foram suspensos por um dia. Na quarta-feira 26, a diretora do colégio, Esther Carvalho, admitiu que falhou ao não fazer um comunicado prévio sobre a instalação das câmeras e os motivos que levaram à sua decisão. Ela também explicou que a punição dada aos alunos não se deveu apenas ao protesto da segunda-feira, mas foi uma resposta da escola a recorrentes atos de indisciplina que o grupo vinha protagonizando nos últimos meses, desafiando a direção, questionando notas e métodos de avaliação sem usar os canais adequados para isso. Justa ou não a punição, o certo é que, durante a semana passada, as câmeras instaladas dentro das salas de aula do Colégio Rio Branco viraram tema de uma oportuna discussão sobre a necessidade e as consequências pedagógicas da vigilância eletrônica em salas de aula.
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SURPRESA 
Instalação de câmeras sem aviso-prévio 
gerou protesto no Colégio Rio Branco (SP)
Câmeras na entrada, nas quadras e nos corredores de escolas particulares e públicas são comuns. A novidade, que não é uma exclusividade do Colégio Rio Branco, foi a instalação das câmeras na sala de aula, o que divide a opinião dos especialistas. Os que se manifestam favoráveis à vigilância alegam que a indisciplina dos jovens de hoje está tão fora do controle que qualquer ferramenta que ajude a policiá-los é válida. ?Estamos vivendo em uma selva?, diz Victor Notrica, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Rio de Janeiro. ?É muito triste a pessoa ter que se sentir vigiada, mas com os problemas de segurança e de disciplina acaba sendo aceitável.? A presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Quézia Bombonatto, concorda com a necessidade de impor mais limites aos jovens e acredita que a estratégia das câmeras não prejudica o aprendizado. ?Não podemos condenar uma medida que, em última instância, vai acabar inibindo práticas inadequadas, como o bullying?, avalia. ?Quanto ao professor, se o seu trabalho é adequado às propostas pedagógicas da escola, não há com que se preocupar. Pode ser até bom para evitar agressões contra o profissional, que são cada vez mais comuns?, afirma.
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No colégio Alfa CEM, no Rio de Janeiro, por exemplo, as câmeras estão presentes na sala de aula e são usadas para vigiar o comportamento dos alunos. Segundo a diretora, Maria Carolina Alves, as imagens gravadas já foram usadas para provar a alguns pais a participação de seus filhos em episódios de indisciplina. Em outro colégio carioca, o Pensi Ipanema, a diretora, Débora Goulart, atesta os bons resultados da medida adotada no ano passado. ?Inibe um pouco os alunos em relação à bagunça?, diz ela. ?As carteiras e as paredes das salas estão mais limpas e os adolescentes muito mais comportados?, relata a diretora. 

Embora os resultados práticos da medida sejam positivos, a estratégia é questionável do ponto de vista da formação dos adolescentes. ?As normas precisam ser interiorizadas para que a pessoa ganhe autonomia e não há como isso acontecer em um ambiente que condiciona o bom comportamento à vigilância?, diz Silvia Colello, professora de psicologia da educação na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). ?Os jovens precisam ser conscientizados sobre as regras de convivência, não coagidos a segui-las. Vamos ensiná-los a se comportar só quando alguém estiver olhando??, pergunta.
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De acordo com os especialistas ouvidos por ISTOÉ, as câmeras podem ser uma solução urgente e concreta para os graves problemas de indisciplina enfrentados pelas escolas atualmente, mas é necessário analisar a questão de forma mais ampla. ?Não adianta só identificar o aluno que agrediu o colega. É preciso saber o que fazer com ele, como garantir que ele não repita o ato. A escola não é um presídio onde a regra é vigiar, ali a regra deve ser formar, ensinar?, diz Silvia, da USP. Para a educadora, a escola é um microcosmo da sociedade e os conflitos são inevitáveis. Por isso, as instâncias de mediação do colégio, que incluem professores, coordenadores e inspetores, têm de saber como lidar com isso. ?Vigiar as salas só vai fazer com que os alunos transfiram as práticas indesejadas para outros lugares, sejam os banheiros, seja a calçada em frente à escola?, diz. Segundo ela, a imposição de limites e o aprendizado das regras de convivência começam em casa. Mas, em alguns casos, o que se vê são pais que reconhecem sua incapacidade de exercer a autoridade e tentam transferir para a escola a função de controlar o filho.
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BIG BROTHER
Colégio Alfa CEM, no Rio: a direção diz 
que a disciplina melhorou com a vigilância
A questão também é polêmica do ponto de vista do professor. As câmeras são aliadas na hora de garantir a disciplina e podem até funcionar como ferramenta de aprimoramento profissional. Com elas, o docente passa a ter a possibilidade de rever suas aulas e descobrir como melhorar. O equipamento de vigilância, porém, pode prejudicar a espontaneidade na relação com o aluno ou na utilização de métodos alternativos de ensino, como brincadeiras, por exemplo. ?Esse terceiro elemento no ambiente sempre vai causar apreensão e inibir discussões sobre assuntos polêmicos e necessários, como drogas e discriminação?, exemplifica Silvia Bárbara, diretora da Federação dos Professores do Estado de São Paulo, há mais de três décadas no magistério. A autoridade do docente para administrar os conflitos dos seus alunos também fica em xeque, pois esse papel é transferido para um árbitro que vai decidir com base nas filmagens.
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No Colégio Rio Branco, onde a polêmica se instalou, a direção da escola informa que o equipamento de vigilância em sala de aula é parte de um projeto iniciado há quatro anos. No total, a instituição conta agora com 112 câmeras. Elas foram instaladas primeiramente nas áreas comuns e depois nos laboratórios. Apesar de admitir que as imagens podem ocasionalmente ser usadas para a resolução de conflitos entre os alunos e entre eles com os professores, a diretora garante que esse uso será secundário. ?É para segurança patrimonial?, afirma a diretora Esther. Depois de o episódio ganhar notoriedade, a direção da escola se reuniu com pais e explicou os motivos que levaram o colégio a adotar a medida. Até o fim da semana, porém, os alunos seguiam insatisfeitos. ?Quando um adolescente diz que não é ouvido, é bom questionarmos se ele realmente não está sendo ouvido ou se apenas suas demandas não foram integralmente atendidas, apesar de terem sido avaliadas?, diz a diretora.  
Fotos: Marcelo Justo/folhapress; reprodução 

Pode-se zombar de Maomé?


CHARLIE HEBDO


Por Leneide Duarte-Plon em 25/09/2012 na edição 713
O mínimo que se pode dizer das caricaturas de Maomé publicadas pelo jornal satírico francês Charlie Hebdoé que a maioria delas não prima pela genialidade. E que são inúteis. Por que motivo os chargistas deCharlie Hebdo precisam provar que a França é um país onde reina a liberdade de expressão, expondo as escolas e embaixadas francesas dos países muçulmanos à vendetta dos radicais islâmicos, que o diretor do jornal, o chargista Charb, chama “les fascistes de Dieu?
Publicadas num contexto explosivo, depois que manifestantes haviam invadido um consulado americano na Líbia e matado o embaixador dos Estados Unidos, entre outras pessoas, essas charges satíricas soaram para muitos, na França, como uma provocação. O ministro das Relações Exteriores Laurent Fabius comparou: “É como colocar gasoline no fogo”. O editorial do jornal Le Monde, publicado no dia seguinte à edição deCharlie Hebdo,tem como título “Integrismo: é necessário botar óleo no fogo?”O jornal considerou as charges “de mau gosto e mesmo constrangedoras”. Mas diz que não se pode colocar no mesmo nível a crítica a Charlie Hebdo e a seus inquisidores. “De um lado, querem fazer rir. Do outro, lançam anátemas”.
Incêndio na redação
A capa do jornal era uma grande charge de Charb mostrando um rabino empurrando um mollah numa cadeira de rodas com o balão “Não se deve debochar”. O título “Intouchables 2” era uma alusão ao filmeIntouchables, no qual um jovem negro da periferia de Paris se emprega como acompanhante de um milionário paraplégico. A comédia lançada no ano passado foi o maior sucesso de bilheteria da história do cinema francês.
Algumas caricaturas mostravam Maomé nu, como quem espera ser sodomizado, com uma estrela desenhada no ânus e o título “Maomé, nasce uma estrela”. Ou nu, de turbante, dizendo a um Jean-Luc Godard, que o olha por trás da câmera, a frase de Brigitte Bardot no filme Le Mépris: “Et mes fesses? Tu les aimes mes fesses?” (E minha bunda, você gosta da minha bunda?)
Charb argumentou que todos os outros jornais falaram do filme anti-Islã. A forma que seu jornal usa para tratar desse assunto é a charge. As caricaturas foram publicadas na semana seguinte à morte do embaixador americano. Em diversos países muçulmanos houve protestos contra os Estados Unidos, onde foi filmado o abacaxi do ano chamado A inocência dos muçulmanos, que joga lama sobre o profeta do Islã.
Na França, Charlie Hebdo esgotou-se em um dia. Os 75 mil exemplares da primeira tiragem evaporaram na quarta-feira (19/9) e no dia seguinte as bancas de jornais já estavam com nova tiragem. Quem sabe, o lucro dessa edição compensa o incêndio provocado na redação em novembro do ano passado, quando o jornal publicara um número especial chamado Charia Hebdo, zombando da lei islâmica? Até hoje uma investigação tenta estabelecer a responsabilidade pelo incêndio.
Laicismo absoluto
Desde a quarta-feira (19), quando saiu o número polêmico de Charlie Hebdo, os políticos, os comentaristas políticos, os editorialistas, de direita como de esquerda, elegeram duas ideias básicas em torno da qual passaram a debater: a liberdade de expressão, que de fato reina na França, e a prudência.
Até que ponto a liberdade de expressão deve ser usada? Num momento já naturalmente explosivo depois da divulgação do filme americano, não seria mais prudente não provocar os fanáticos com caricaturas de seu profeta? Para que eleger Maomé como alvo? Apenas para cutucar os integristas da França e do estrangeiro e provar que aqui se tem liberdade de expressão? Não fazer novas caricaturas de Maomé representa se curvar aos extremistas islâmicos?
O Conselho Federal do Culto Muçulmano condenou “esse novo ato islamofóbico”, enquanto Charb defendia a iniciativa em nome da sacrossanta “liberdade de expressão”. Os que criticavam o jornal comparavam essa edição incendiária com a outra de 2006, quando Charlie Hebdo resolveu republicar as caricaturas do jornal dinamarquês Jyllands-Posten, que meses antes tinha provocado a ira e a vingança de integristas muçulmanos em diversos países.
A diferença é que ao republicar as caricaturas do jornal dinamarquês, Charlie Hebdo se solidarizava com um jornal atacado por fanáticos, que destruíram representações dinamarquesas em diversos países e ameaçavam de morte os responsáveis pela publicação. Naquele momento, Charlie Hebdo militava pela ideia de um laicismo absoluto e pela liberdade de expressão. E fez uma capa na qual um Maomé dizia, desesperado: “É duro ser amado por babacas”. Aquele número vendeu mais de 600 mil exemplares e valeu um processo feito por organizações muçulmanas. O jornal acabou inocentado.
Quem paga a conta
Agora, ao publicar novas caricaturas – todas made in France – num contexto em que um filme de quinta categoria vem zombar do profeta maior da religião muçulmana, o Charlie Hebdo quer apenas afirmar que os integristas não fazem a lei na República Francesa.
A quem acha que eles foram longe demais, Charb responde: “Criticamos todos os extremismos. Em vinte anos, tivemos quatorze processos da extrema direita católica e apenas um dos muçulmanos”. Agora serão dois, pois uma entidade muçulmana já entrou com novo processo contra o jornal.
Não deixa de ser uma causa louvável reafirmar a liberdade que reina nos países ocidentais, onde a religião e o Estado estão devidamente separados e o laicismo é praticamente incontestável. Mas quem pagou a conta da proteção policial excepcional nas embaixadas e escolas francesas, além dos dois dias que ficaram fechadas para prevenir ataques em vinte países muçulmanos, foi la République, isto é, o contribuinte. Não foi Charlie Hebdo.
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[Leneide Duarte-Plon é jornalista, em Paris]

SEGURANÇA PÚBLICA Um velho retrato na parede



Por Luciano Martins Costa em 29/09/2012 na edição 713
Comentário para o programa radiofônico do OI, 28/9/2012
O passado parece ter feito uma parada nos jornais de sexta-feira (28/9). O assassinato do pastor evangélico Florisvaldo de Oliveira, que se tornou conhecido como o exterminador cabo Bruno, e um relatório federal sobre o estado de guerra entre a Polícia Militar de São Paulo e a facção criminosa que domina os presídios do estado passam a impressão de que o setor de segurança pública ficou parado no tempo.
Acrescente-se a esses elementos o fato de que a Justiça retoma em janeiro o julgamento dos policiais militares envolvidos no massacre do Carandiru, ocorrido em 1993, e teremos uma velha história recontada.
Quando fatos de duas ou mais décadas atrás se reencontram no noticiário, é hora de refletir sobre o estrago que produzem na sociedade as estratégias conservadoras aplicadas a problemas sociais crônicos.
A rigor, o personagem Cabo Bruno, que foi responsabilizado por pelo menos 50 assassinatos ao longo de sua carreira de matador financiado por comerciantes, representa o mesmo pensamento que conduz à atual prática oficial da Polícia Militar, de aguçar os confrontos com criminosos e suspeitos por meio da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) o braço mais bélico da corporação.
Estado de guerra
O massacre do Carandiru foi o símbolo dessa política de segurança pública que transfere para agentes militares a tarefa de prevenir, julgar, condenar e executar delinquentes verdadeiros ou supostos.
Os indicadores da violência divulgados nos últimos dias demonstram que a ideologia da guerra não produz resultados: segundo analistas citados pela imprensa, esse arremedo de “tolerância zero”, desacompanhado de outras ações, como a quebra de comando do crime organizado e o combate à corrupção no corpo policial, produz apenas mais violência.
Na sexta-feira (28), os jornais noticiam o assassinato de mais um policial, em nova ação provavelmente comandada pelo grupo que se tornou conhecido como Primeiro Comando da Capital. A polícia também credita a essa facção a autoria da morte do ex-cabo Bruno, que havia se tornado recentemente o pastor Florisvaldo de Oliveira, em cerimônia coberta com destaque pelo Estado de S.Paulo no domingo anterior.
Em 1993, quando a Polícia Militar invadiu o presídio do Carandiru, após uma rebelião, e executou pelo menos 111 presos e suspeitos que aguardavam julgamento, o Estadão foi o jornal que condenou mais explicitamente a decisão da Secretaria da Segurança Pública, culpando diretamente o então governador, Luiz Antonio Fleury Filho, pelo massacre.
Na ocasião, Fleury Filho tentou ser recebido pelo então diretor-responsável do jornal, Júlio de Mesquita Neto, mas seu helicóptero foi impedido de pousar no heliponto do jornal. Fleury desceu no terreno de um supermercado e foi retido no portão, passando pelo vexame de ser barrado por um vigilante.
Mesquita Neto mandou dizer que não receberia um assassino em sua casa, e sustentou a posição do jornal contra a barbárie, mesmo com a quase totalidade das cartas de leitores apoiando a ação criminosa da Polícia Militar.
Hoje, ainda é o Estadão que coloca sob crítica a estratégia do confronto mantida pelas autoridades paulistas. Em reportagem publicada com destaque na sexta-feira, o jornal informa que o sistema de monitoramento de crises da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) do governo federal emitiu alerta para o agravamento do estado de guerra entre a Polícia Militar de São Paulo e o PCC. Faltou dizer que oficiais da PM acusam policiais civis de fazerem vista grossa diante da ação ostensiva do crime organizado.
Estratégia desastrosa
As mortes do ex-cabo Bruno e do soldado André Peres de Carvalho, ocorridas no mesmo dia, teriam sido decididas pelo comando do PCC e a execução do soldado celebrada como uma vitória, segundo o jornal.
O governo do estado contesta a avaliação feita pela Abin, mas os números reforçam a tese de que a ação mais agressiva da Rota, desvinculada de outros movimentos, como o combate efetivo à corrupção policial, apenas aumenta a violência.
Dados da própria PM, citados pelos jornais, revelam que o número de policiais mortos neste ano é 40% superior ao do mesmo período do ano passado. Os assassinatos são ordenados pelo próprio comando do crime organizado, na proporção de um policial executado para cada membro da facção morto pela PM, com a recomendação de que o crime seja cometido de preferência quando o militar está de folga e diante de sua família.
Não é preciso muito para se concluir que os policiais mortos são aqueles que combatem o crime, não os que se associaram a ele.
A questão da segurança pública em São Paulo é um velho retrato na parede.

Mergulho nas alturas: prédio residencial no Peru terá piscinas suspensas


Chamado de Sky Condos, o empreendimento será construído em Lima pela empresa mexicana DCPP Arquitectos e terá a fachada de vidro transparente

Quem sofre de vertigem deve ficar bem longe dos andares mais altos deste novo empreendimento que será construído em Lima, no Peru. O Sky Condos terá piscinas privativas que ficarão praticamente suspensas nas alturas, como grandes trampolins – e sem grades de proteção. Além disso, toda a fachada do prédio de 20 andares, de autoria da mexicana DCPP Arquitectos, será de vidro transparente, unindo o ambiente exterior à vida dos moradores e permitindo maior iluminação natural. 

Divulgação / DCPP Arquitectos

A ideia dos arquitetos foi projetar um edifício nada tradicional. Em vez de vários apartamentos idênticos, foram criados três modelos residenciais, cada um com diferentes características, em uma área total de 10 mil metros quadrados. 

Divulgação / DCPP Arquitectos

Os profissionais acreditam, ainda, que, mesmo em apartamentos, é preciso investir em áreas externas. Sendo assim, foram construídos ambientes com terraço e piscina para cada unidade. 

Divulgação / DCPP Arquitectos


Criminosos se passam por fiscais eleitorais em Porto Alegre


11:30, 27 DE SEPTEMBER DE 2012 
IGORPAULIN
 

A campanha da candidata a prefeita de Porto Alegre, Manuela D’Ávila (PCdoB), protocolou uma notícia-crime na Justiça Eleitoral em que acusa criminosos de depredar suas peças de propaganda espalhadas na capital gaúcha. Segundo a denúncia, depredadores se identificam como fiscais da Justiça Eleitoral, vestidos em coletes azuis e verdes, e recolhem os cartazes de publicidade de D’Ávila. Os criminosos não foram identificados.
Igor Paulin

Bens que se quis: Justiça bloqueia Délvio Buffulin, ex-presidente do TRT-SP




A Justiça decretou o bloqueio dos bens do ex-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª RegiãoDélvio Buffulin.Acusado de improbidade administrativa por liberar R$ 58 milhões em aditivos para a construção do Fórum Trabalhista de São Paulo, Buffulin fora absolvido em primeira instância havia dez meses. A União recorreu e, agora, o pedido foi acatado. A desembargadora federal Cecília Marcondes decidiu que o patrimônio ficará indisponível até o final do processo. A decisão se estende ao engenheiro Antônio Carlos da Gama e Silva, acusado de ser cúmplice de Buffulin. Recentemente, a Justiça recuperou parte do desvio da obra do Fórum graças ao bloqueio de bens do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, o Lalau, e do ex-senador Luiz Estevão.
Igor Paulin

- Charge do Paixão, via Gazeta do Povo.


Enquanto isso, na sala de Justiça… 



- Charge do Paixão, via Gazeta do Povo.

A supremacia do pensamento



Carla Kreefft (Jornal O Tempo)
São imensuráveis os riscos que a sociedade corre ao caminhar para a polarização e a radicalização das posições, sejam elas ideológicas, religiosas ou comportamentais. Essa história de declarar os que estão ao lado de amigos e os que estão do outro, de inimigos, não permite autocrítica, compartilhamento e, principalmente, estimula a violência – muitas vezes – por motivos extremamente banais.
Certamente, política, religião e esporte – até por serem temas apaixonantes – são áreas em que o radicalismo mais aparece em todo o mundo e em todos os tempos. Uma das capacidades humanas mais admiráveis é a de se organizar de forma coletiva em torno de um objetivo comum que não seja simplesmente a sobrevivência, como fazem os animais. Assim, a associação para a luta em favor de um ideal é a base para a organização da sociedade humana. E, por isso mesmo, também é ela que, no seu exagero, provoca grandes tragédias.
Ações e reações radicais que levam a guerras, genocídios, assassinatos, torturas e outros crimes contra a humanidade não têm explicações, mas, sem dúvida, tiveram origem em um mesmo lugar: a incapacidade de conviver com o diferente. E, neste mundo globalizado, em que tudo é cada vez mais igual, a diferença tem cada vez menos lugar.
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SISTEMA DE VIGILÂNCIA
Aquele prognóstico, explorado vastamente pela literatura e pelo cinema, de que a sociedade humana acabaria em um tipo de organização de permanente vigilância, sob os olhos do grande irmão, tem se mostrado verdadeiro. Há algum tempo, essa tese foi associada à proposta do regime comunista. Mas, agora, depois da queda do muro de Berlim e do fim da Guerra Fria e com a sociedade mundial caminhando para a consolidação dos regimes democráticos, percebe-se que o sistema de vigilância não é algo de uma ideologia específica.
O grande irmão parece ser mais um ente da sociedade moderna que, independentemente de regimes, não tolera a diferença e, por isso, a aprisiona na marginalidade.
O progresso da tecnologia e a possibilidade de a sociedade se organizar de maneira virtual facilitam o estabelecimento de conceitos e padrões dominantes que alimentam mercados, mas, principalmente, criam linhas de condutas sociais rígidas.
E são rígidas porque não são cobradas por uma autoridade, mas por alguém de mesmo nível hierárquico, alguém que está ao lado o tempo todo e em todos os lugares. Trata-se de uma supremacia do pensamento que ninguém sabe de onde veio e a que se destina. Porém, desrespeitá-la é um risco.