quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Arquiteto projeta casa de luxo flutuante; veja fotos


Casa foi projetada para o desenvolvedor francês H2ORIZON
Por Juliana Américo Lourenço da Silva  


SÃO PAULO – O que você pensaria de morar sobre a água, mas não em um barco? O arquiteto Dymitr Malcewprojetou uma casa de luxo flutuante. Ele afirma que o imóvel foi projetado “para pessoas que apreciam a liberdade e a natureza em sua porta”.
A casa, de 128 metros quadrados, foi projetada para o desenvolvedor francês H2ORIZON, que é especializada em estruturas flutuantes, e conta com dois quartos de luxo, dois banheiros, sala, cozinha e um generoso terraço. Ela foi construída sobre plataforma flutuante e pode ser facilmente transportada de um lugar para outro,  o que dá grande flexibilidade de localização.
Além disso, sua estrutura permite que o morador tenha uma vista panorâmica do local onde está “ancorado”. Vale lembrar que o tamanho, planta, materiais e acabamentos podem ser personalizados de acordo com as necessidades do cliente. O preço do imóvel não foi divulgado.
Preço do imóvel não foi divulgado (Divulgação)
Preço do imóvel não foi divulgado (Divulgação)
Veja abaixo algumas fotos da casa:
Casa flutuante_01
Casa flutuante_03
Casa flutuante_04
Casa flutuante_05
Casa flutuante_06

Oportunidade perdida, por José Aníbal


Ao se discutir os legados que a Copa de 2014 poderia deixar ao Brasil, jamais se considerou entre eles uma duradoura cultura de paz, tolerância e respeito nos estádios. A selvageria no jogo Atlético-PR x Vasco, no último domingo, serve ao menos para desnudar o oba-oba ufanista e nos trazer de volta para o mundo real.
Nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, muitos fizeram piadas com a campanha do governo chinês contra as chamadas "pragas comportamentais", como escarrar em público e furar fila. Por aqui, não foi gasto um tostão sequer para promover conscientização, mudança de postura e de mentalidade nos estádios.
Chutar a cabeça de alguém caído no chão, ou dar pauladas no rosto de uma pessoa desacordada, num estádio de futebol, diz muito da nossa concepção de espaço público, de anonimato e de impunidade. E o pior: há certo prazer convicto nesta violência, espécie de catarse com a aniquilação do outro.
O estádio, no vácuo de tantas outras ausências do Estado, tornou-se palco preferencial do espírito de turba, onde a disponibilidade para a violência é permanente e os agressores, ocasionais ou não, sentem-se à vontade para delinquir e brutalizar. Somos um país violento e negligente com a violência.

Foto: Pedro Kirilos / Agência O Globo

Agora, faltando seis meses para a Copa e depois de inúmeros episódios de selvageria -- inclusive em algumas das arenas da Copa --, o governo vem a público condenar a violência e exigir policiamento dentro dos estádios. Como de costume, uma solução retórica foi improvisada: "delegacias do torcedor".
Infelizmente, legado, por aqui, sempre foi sinônimo de obra. Assim foram justificados a queima de dinheiro público, os atrasos e os indícios de desvio, sobrepreço e corrupção, mesmo num momento em que o país sente falta de mais recursos para tantas outras coisas importantes e urgentes.
Para um governo que gosta e gasta tanto com propaganda, ainda há tempo para uma campanha de reeducação e de conscientização, que promova a tolerância, o respeito e a gentileza nos estádios, mas que também censure o comportamento antissocial, a inconveniência desrespeitosa e a agressividade gratuita.
A Copa é a ocasião perfeita para uma revolução na questão da violência nos estádios. Mais do que educar, é o momento de criar um espírito de fraternidade e diversão em torno da maior paixão do brasileiro. Faltam seis meses para a Copa e tudo o que o governo tem feito neste sentido é cultivar a chama de velhas bravatas nacionalistas.

José Aníbal é economista, ex-presidente do PSDB e deputado federal licenciado.

À beira do precipício


A governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini, acumula mais de 60 processos na Justiça Eleitoral, entre arquivados e em tramitação. Em pelo menos quatro ações ela já vinha correndo o risco de ser afastada de suas atividades políticas. Os processos mais contundentes pediam sua cassação: como senadora, em 2006, e, em 2010, através de um recurso contra a expedição de diploma para o cargo de governadora.

Rosalba Ciarlini, governadora do Rio Grande do Norte

Todas as acusações apontam abuso de poder econômico e excessos nas propagandas durante a campanha eleitoral. Nos dois casos mais graves, mesmo sendo voto vencido, o atual presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Marco Aurélio Mello, se manifestou a favor da cassação da governadora. Em um dos votos, Marco Aurélio ressalta um “quadro escandaloso” nas condutas da então candidata.
Como senadora, e em campanha para o governo de seu Estado, Rosalba Ciarlini teria utilizado verba indenizatória do Senado Federal para o pagamento indevido de agência de publicidade. Até o momento, o TSE ainda não recebeu nenhuma contestação para reverter a sentença de cassação pronunciada pelo TRE-RN no início desta semana.

Cartas de Nova Iorque: Cidade branca, por Luisa Leme


Essa semana, Nova York sentiu um pouco mais de paz e silêncio do que o normal. O efeito branco e gelado da neve não traz somente o caos e confusão em Manhattan, quando um tempestade estraga os planos da cidade inteira, atrasando o transporte público, fechando aeroportos, e “prendendo” muitas pessoas em casa.
A neve que caiu durante o dia todo nesta terça-feira bateu recorde para o dia 10 de dezembro, mas não atrapalhou tanto o movimento da cidade (apesar de alguns atrasos no aeroporto e no metrô). O resultado: o “minuto nova-iorquino” durou um pouco mais do que sete segundos dessa vez.
Desde de 1932 não nevava tanto em Nova York neste dia do ano. A quantidade aumentou de 1.3 polegada para 1.4 polegada de acordo com o Serviço Nacional do Tempo (National Weather Service).
Medir esse pouquinho de neve é um pouco curioso, mas os americanos adoram saber esses detalhes sobre o tempo, principalmente porque quase todos os anos em dezembro, a cidade vive uns dias de confusão por causa da neve.


Esta semana, estava tudo preparado em Nova York para uma tempestade, mas isso não aconteceu. Em seu lugar, o gelo branco caiu fininho e mais molhado, e a ruas ficaram mais silenciosas, as pessoas andaram mais devagar, e até os passarinhos mais aventureiros do Brooklyn continuaram cantando de manhã.
A neve tem esse efeito nos nova-iorquinos. Eles são menos acostumados com muita neve como em outras partes do país. Aqui tudo fica mais calmo quando neva, e Manhattan fica mais quieta.
Normalmente, para aproveitar uma Nova York um pouco menos explorada pelo nosso mundo corrido e consumista, é preciso sair de Manhattan. No Brooklyn – a região com o maior número de residentes – existem mais árvores, casas, crianças, pequenos cafés e mercados, e prédios baixinhos que permitem que se veja o céu. Mas nesta terça-feira, a primeira ida ao trabalho debaixo de neve este ano na cidade, Manhattan ficou um pouco mais humana, mais com jeito do seu irmão mais relaxado.
Até que a neve acumulada no chão começou a derreter, virou uma lama cinza, esquecida pelos taxis amarelos, as galochas apressadas, e o raro momento de sossêgo se despediu.

Luisa Leme é jornalista e produtora de documentários. Passou pela TV Cultura e TV Globo em São Paulo, e pelas Nações Unidas em Nova York. Mora nos Estados Unidos há sete anos e fez mestrado em relações internacionais na Washington University in St. Louis. Escreve aqui sempre às quintas-feiras. Mantém o blog DoubleLNYC com imagens e impressões sobre Nova York. Twitter: @luisaleme

Fantasias de 2014, por Mara Bergamaschi


“Imagina na Copa”. Não dá para imaginar mais nada, mal ou bem, porque a Copa simplesmente chegou. A ficha caiu: faltam seis meses, só. E sem estádio ícone, nem aeroporto super, nem novíssimas estações de metrô, nem trem bala Rio-São Paulo, nem hotel das Arábias em cartão postal. Menos, menos, muito menos.
Segure a cívica vaidade vã, lamente a megalomania e nem se lembre do fantástico Ninho do Pássaro de Pequim (construção de US$ 500 milhões, equivalentes à reforma do Maracanã). Considere: o panteão moderno de Brasília, que custou R$ 1,7 bi e um operário morto, com aquelas colunas todas, bem que impressiona.
Esqueça a estrutura de ferro e aço que despencou na lama do estádio construído para abertura do Mundial, o Itaquerão de São Paulo – jazigo perpétuo de dois outros trabalhadores. Tragédia que nem os mais pessimistas esperavam.
Mantenha o prumo, caia na real, almeje o possível. Digamos: torcedores conscientizados ao longo dos últimos quatro anos e, quem sabe, um Maracanã sem inundação no seu entorno. Quanta ambição! Menos, bem menos: a realidade aqui é inimaginavelmente dura.

Maracanã. Foto: Severino Silva / Agência Estado

Até para a intocável Fifa. Escaldada pela Copa das Confederações, ela se prepara, sempre em grande estilo, para o pior: no sorteio da Copa, na sexta-feira passada, realizado em luxuoso e exclusivo resort da Bahia, soube-se que havia dois policiais para cada três convidados do evento.
Com ou sem protestos, a blindagem do público da Copa, ainda que por forças de segurança muito aquém do “padrão Fifa”, está mais do que testada. Iludida, revoltada ou alijada, a maioria dos brasileiros vai parar em Junho para ver o Mundial. Na Hora H da seleção, quem, no país do futebol, ficará indiferente?
Mesmo sendo anfitriões, nosso orgulho cívico dependerá mais do resultado obtido no gramado do que das realizações fora dele. Fora do campo, é patente – e gritaram isso as manifestações de Junho -, que as conquistas, no Esporte e além dele, foram superestimadas. Restará a batalhados atletas: jogar bem, controlar os adversários e contar com a sorte.
Se escaparmos dos riscos de vexame, no final será apresentado um balanço favorável da Copa, apesar de estouros em orçamentos regionais. Houve, é certo, quem trabalhasse direito. Mas se ganharmos o Hexa, que legado importa?
Começará em seguida a rodada que definirá o placar de Outubro. Veremos erguer-se novamente o mundo dourado para eleitores. A hora da abundância: mais, mais e mais promessas - inclusive para as Olimpíadas de 2016.

Mara Bergamaschi é jornalista e escritora. Foi repórter de política do Estadão e da Folha em Brasília. Hoje trabalha no Rio, onde publicou pela 7Letras “Acabamento” (contos,2009) e “O Primeiro Dia da Segunda Morte” (romance,2012). É co-autora de “Brasília aos 50 anos, que cidade é essa?” (ensaios,Tema Editorial,2010).

Mandela e a lição para o Brasil, por Bruno Lima Rocha


O funeral de Nelson Mandela é o termômetro de seu peso político para o mundo. Cabe uma reflexão deste legado em comparação com a matriz africana que o Brasil ainda renega.
Interessante observar que o mito não chegou a contaminar-se com o governante. A sabedoria política o faz assumir o Poder Executivo apenas por um mandato (1994-1999), o primeiro após a transição seguida das eleições gerais, de modo que o herói não se desgastou tanto como gestor.
Em seu governo, a África do Sul conseguiu duas proezas antagônicas. No aspecto negativo, seu mandato foi marcado por uma agenda social tímida seguida de reestruturação econômica sob tutela do FMI e campanha de privatizações.
No intuito de pacificar o país, a distribuição de renda foi adiada, fazendo parte das promessas não cumpridas pelo Congresso Nacional Africano (CNA). Apesar da fuga de capitais bôeres, a estrutura produtiva ainda é muito vinculada aos colonizadores de origem holandesa, concentrando cerca de 80% do PIB do país.

Nelson Mandela


No aspecto positivo, unificou o país, assumindo o conceito de Estado Plural, com um conjunto de etnias e multiplicidade de idiomas. Neste caldeirão cultural, a herança dos bôeres foi reconhecida, sendo o africâner – o holandês falado no período colonial - tido como mais uma língua africana.
A mudança da bandeira da República da África do Sul, adotada em 26/04/1994, materializa o reconhecimento das múltiplas raízes, mas não do modelo segregacionista e tampouco uma história linear. Ao mesclar as cores holandesas e inglesas com a bandeira universalista do CNA, a república foi reinaugurada com outra identidade.
Quanta diferença para o Brasil! No país sede do mito da “democracia racial” os afro-descendentes equivalem a 53% da população; logo não poderia haver qualquer tolerância com a herança colonial e escravagista.
Infelizmente, até a bandeira reflete o oposto. As cores nacionais representam a tentativa da formação do Império Luso-Brasileiro, onde a unidade nacional fora vergonhosamente mantida através do pacto pela escravidão. Neste reino, o amarelo-ouro da bandeira representaria a Casa da Áustria (Habsburgos) e o verde a Casa dos Bragança. Ao centro do losango amarelo, a coroa imperial, mais tarde substituída pelo logo positivista após o golpe de Estado republicano.
No país cuja presidenta e quatro ex-mandatários fazem a rota inversa do Atlântico para render homenagens ao líder anti-racista, sequer a bandeira representa a herança histórica da maioria. Que a África do Sul sirva de lição.

Bruno Lima Rocha é cientista político e professor de relações internacionais.
(www.estrategiaeanalise.com.br blimarocha@gmail.com)

PSICANÁLISE DA VIDA COTIDIANA A angústia de perseguição.


CARLOS VIEIRA
Desde que o mundo existe e que o homem nasceu, o sentimento de que às vezes as pessoas e a realidade estão conspirando contra ele, é fato. Persecutoriedade, sentimento de perseguição, atitude auto referencial, como se tudo e todos estivessem olhando, controlando seu comportamento, desconfiando dele e armando tramas para prejudicá-lo, foi e sempre será vivido circunstancialmente pelas pessoas ditas normais, e quase de modo permanente, em tempo integral, pelos psicóticos, especialmente os pacientes esquizofrênicos em sua forma – esquizofrenia paranoide - segundo os tratados de psicopatologia e psiquiatria clínica, e um estado específico de loucura denominado: paranoia. 
Hodiernamente, com as transformações do mundo pós-moderno, com as atitudes egocêntricas das pessoas, com a exploração nos meios de trabalho, com a implantação de Ditaduras em várias regiões do planeta terra esse fenômeno está mais frequente. Somam-se a isso, as condições precárias de segurança individual e social; as ameaças permanentes de uma guerra química, a impunidade que habita os jardins de uma vida sem direitos e segurança, assegurados na Constituição e pouco levado em consideração pelos governos; o medo e às vezes o pânico de viver nesse mundo de homicídios, estupros, gangues perversas e mortíferas. 
O homem moderno é uma pessoa só, por vezes abandonada e excluída, perseguida, ameaçada, acuada, por isso é cada dia mais frequente a volta à condição tribal, simbolicamente representada pela edificação de “condomínios da vida”, no sentido concreto e metafórico; a volta à casa dos pais, na ilusão de resgatar uma segurança do ideal paradisíaco, e mais, desenvolvendo uma resistência de sair de casa para o mundo, atitude por vezes reforçada pelos pais, evidenciando os seus próprios medos de tolerar que seus filhos conquistem o mundo com coragem, criatividade e ousadia e que saibam se defender de modo civilizado. 
“Viver é perigoso” já escrevia Guimarães Rosa, e mais perigoso è nascer, complementa nosso mestre dos Sertões! 
No entanto existem outros aspectos que apontam para a gênese do sentimento de perseguição: 
Primeiro, quanto mais narcísica, pretensiosa, arrogante uma pessoa for, mais insegura e mais ameaçada pelos seus semelhantes, tanto do ponto de vista real como imaginário ela se sente. Observem: quanto mais eu me arrogo, mas desejo mais, muito mais do que os outros; quanto mais eu tripudio meu semelhante e me coloco na vida como o “The Best”, mais carreio para mim o medo da “retaliação do outro ferido, denegrido e desconsiderado”. Quanto se implantar o poder para mim próprio, mais frágil se é, mais perseguido se fica e mais persecutório de torna. Lembram-se do aparato dos “donos do culpe de 64”? Aquela opulência poderosa, aquela atitude de tudo controlar, de tudo perseguir e de implantar de modo fundamentalista as suas ideias, pagavam o preço do medo, do medo à retaliação, do incremento da segurança, pois a cada momento podiam ser perseguidos mesmo. Violência gera ferida narcísica; ferida narcísica deixa ódio, ressentimento e desejo de vingança. Esse é um aspecto da perseguição realística. 
Segundo, um sentimento de perseguição, de prejuízo à sua pessoa, desde pequeno: nascemos com medo de perder o amor dos pais; diga-se de passagem: o que fizemos contra eles para merecer tal coisa? Nascemos querendo tudo, com uma voracidade e inveja primárias até do “seio” materno, que traz qualidades físicas e psíquicas e que produz consequências trágicas e severas quando o bebê não tolera essas qualidades. Quantas vezes na vida uma pessoa deixa de aproveitar as virtudes dos outros por inveja! Nascemos pretensiosos, querendo ser “exceção”, querendo “roubar” dos nossos irmãos o amor dos pais, assim como os benefícios dados. Ato contínuo, ficamos perseguidos pelos próprios irmãos. Não é difícil imaginar a mesma coisa nas relações sociais! 
Um homem que não tem amor no coração, não sofre de solidão, dizia São João da Cruz; eu acrescentaria que, sofre de solidão e de perseguição alguém que por sua destrutividade sádica, desconsideração e violência que fez com os outros cria para si uma espécie de paranoia. 
Enfim, uma coisa é a persecutoriedade como reação a um trauma real, concreto; outra coisa é o sentimento de perseguição proveniente da responsabilidade da nossa maldade, instinto agressivo-destrutivo. Somos vítimas das perseguições realísticas, mas também somos perseguidos por nós próprios, pois como diz o ditado: ”uma vez é do feitiço, outra do feiticeiro”; “quem com ferro fere, com ferro será ferido”, e “um dia é da caça, outro do caçador”.
Carlos.A.Vieira, médico, psicanalista, Membro Efetivo da Sociedade de Psicanálise de Brasília e de Recife. Membro da FEBRAPSI e da I.P.A - London.

O Superior Tribunal de Justiça rejeitou nesta terça-feira o pedido de habeas corpus impetrado pelo advogado Daniel Adolpho Assis em favor de Roberto Aparecido Alves Cardoso, o Champinha. Em 2003, aos 16 anos, o psicopata adolescente planejou e consumou, à frente de um grupo de comparsas, o assassinato de Felipe Caffé, 19, e Liana Friedenbach, 16, um casal de namorados que pretendia acampar em Juquitiba, na Grande São Paulo. Antes de matar a jovem a facadas, Champinha submeteu-a durante quatro dias a estupros sucessivos e incontáveis sessões de tortura.

Estarrecido com os detalhes do duplo assassinato, sobretudo com a descrição do apavorante martírio imposto a Liana, o  país teve de engolir a brandura da sanção aplicada ao homicida patológico. Nem houve julgamento. No Brasil, o castigo reservado a menores de idade, sejam quais forem os horrores cometidos, não vai além de um período de hospedagem na Fundação Casa, antiga Febem. A temporada se encerra quando o “infrator” comemora o 21° aniversário. O presente é a restituição da liberdade.
Champinha virou exceção porque a Justiça entendeu que devolver às ruas esse caso perdido, deformado por gravíssimos distúrbios psiquiátricos visíveis a olho nu e confirmados por sucessivas baterias de exames, seria demais até para os padrões do País do Carnaval. O matador compulsivo foi transferido para a Unidade Experimental de Saúde, criada pelo governo paulista para manter isoladas aberrações semlhantes a Champinha. Ali continua descansando em companhia de meia dúzia de similares.
Subscrito por especialistas do Instituto de Medicina Social e de Criminologia (Imesc), um laudo recente ratificou os anteriores: o “severo grau de periculosidade” exibido pelo paciente transforma em experiência de altíssimo risco qualquer tentativa de reintegrá-lo à sociedade. Baseados no parecer dos psiquiatras e na sensatez, os ministros rechaçaram por unanimidade a concessão do habeas corpus. Mas o palavrório de Daniel Adolpho Assis avisa que o militante do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente não vai sossegar até conseguir a soltura de Champinha.
Todo criminoso, insista-se, tem direito a um advogado de defesa. Mas advogado nenhum tem o direito de mentir para ganhar a causa.  Foi o que fez o defensor do indefensável. Decidido a transformar em vítima da sociedade cruel um matador compulsivo, Assis não hesitou em esquartejar a verdade. “Roberto vive uma situação dramática”, começou. ”Ele sofreu abusos do Estado e foi submetido a torturas”, prosseguiu o monólogo de deixar ruborizado o mais audacioso canastrão.
“Não o deixaram em paz, violaram o direito civil e constitucional de ele ser esquecido”, foi em frente. Fez uma pausa, caprichou na expressão compungida e partiu para o fecho glorioso: “Seria Roberto um monstro avesso à moral, decrépito, traiçoeiro perante a criança incauta? Estaria onipresente e onisciente e, por isso, tanto pânico causado perante a mídia? Esse não é Roberto, esse é Champinha, persona que a mídia tem tratado como fera”.
Num post de 4 de novembro, reproduzido na seção Vale Reprise, a coluna se dispôs a pagar o salário do carrasco de Felipe e Liane se o procurador Pedro Antonio de Oliveira Machado, também engajado na luta pela libertação de Champinha, topasse empregá-lo como motorista da família. Caso o advogado Assis aceite contratar o cliente como guarda-noturno, os leitores decerto ajudarão o colunista a pagar-lhe um salário de senador. Se o bacharel misericordioso permitir que o injustiçado Roberto proteja seu lar com um tresoitão na cintura, pagaremos o dobro.
Vai nessa, doutor.

É INACREDITÁVEL, E É OFICIAL: Bolívia humilhou o governo brasileiro, vistoriando avião da FAB

Ricardo Setti - VEJA

Morales: seu governo violou soberania do Brasil vistoriando ilegalmente avião da FAB, sem autorização do ministro da Defesa, Celso Amorim
Morales: seu governo violou soberania do Brasil vistoriando ilegalmente avião da FAB, sem autorização do ministro da Defesa, Celso Amorim (Fotos: AP :: ABr)
Publicado originalmente em 16 de julho de 2013
campeões de audiência 02O Ministério da Defesa negou hoje nota publicada pelo colunista Cláudio Humberto que o blog reproduziu sobre violação da soberania de um avião da Força Aérea Brasileira no final de 2012, mas informou que, no final do ano anterior, o governo de Evo Morales uma vez mais passou uma rasteira no Brasil — como fizera com o envio de tropas para instalações da Petrobras — fazendo exatamente isso: vistoriando um  avião da FAB, a gloriosa FAB que teve participação heroica na II Guerra Mundial e que, pelos serviços prestados à população desde que existe, é um orgulho dos brasileiros.
O ato de hostilidade dos bolivianos foi feito sem autorização do ministro da Defesa, Celso Amorim, mas, como reação, tudo o que o governo brasileiro fez foi encaminhar uma tímida e pusilânime “nota de reclamação” ao governo de Evo Morales.
Alguém aí se lembra de essa “nota de reclamação” ter sido pelo menos divulgada a nós, brasileiros?
O Brasil se curva aos governos bolivarianos, e em troca obtém esse tipo de atitude. Vejam esse texto da oficial Agência Brasil:
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Marcelo Brandão
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Ministério da Defesa divulgou hoje (16) nota negando que uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) tenha sido revistada no ano passado na Bolívia. Na mesma nota, no entanto, o ministério admite que, no final de outubro de 2011, houve violação de imunidade de um avião da FAB na Bolívia.
À época, autoridades bolivianas, sem autorização do ministro da Defesa, Celso Amorim, vistoriaram o avião usado por ele em compromisso oficial na cidade de La Paz.
A assessoria do ministério não soube informar o motivo da ação do governo boliviano na ocasião, mas explicou que uma nota de reclamação foi encaminhada àquele país. “No documento, a embaixada informou que a repetição de tais procedimentos abusivos levaria à aplicação, pelo Brasil, do princípio da reciprocidade”.
Ainda de acordo com o ministério, não houve registro de violações semelhantes após o ocorrido em 2011.
Quanto à possível revista de um avião da FAB em Santa Cruz de la Sierra, em outubro do ano passado, o ministério diz que a informação é improcedente. “Não procede a informação de que o avião da FAB utilizado nesta viagem oficial, no dia 3 de outubro de 2012, foi vistoriado por autoridades bolivianas no aeroporto de Santa Cruz de La Sierra”, diz a nota.
Segundo notícia publicada pelo jornal Valor Econômico, o governo boliviano teria retido e revistado o avião usado pelo ministro Celso Amorim, que voltava da cidade de Santa Cruz de la Sierra. De acordo com a reportagem, o motivo da revista foi a suspeita de que o senador boliviano Roger Pinto, opositor do presidente Evo Morales, estava a bordo.

J. R. Guzzo: Lula tem vidão de rico, e continua denunciando “as elites”, às quais hoje ele gostosamente pertence


Lula saiu do povo e não voltou mais. Anda com bilionários, exige jato particular para ir às suas conferências e Johnnie Walker Rótulo Azul no cardápio de bordo ( Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula)
UMA DOCE VIDA DE RICO — Lula saiu do povo e não voltou mais. Anda com bilionários, exige jato particular para ir às suas conferências e Johnnie Walker Rótulo Azul no cardápio de bordo ( Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula)
Publicado originalmente em 8 de junho de 2013
Artigo publicado em edição impressa de VEJA
O ENIGMA DAS ELITE
campeões de audiência 02A elite brasileira é acusada todo santo dia pelo ex-presidente Lula de ser a inimiga número 1 do Brasil – uma espécie de mistura da saúva com as dez pragas do Egito, e culpada direta por tudo o que já aconteceu, acontece e vai acontecer de ruim neste país. É possível até que tenha razão, pois se há alguma coisa acima de qualquer discussão é a inépcia, a ignorância e a devastadora compulsão por ganhar dinheiro do Erário que inspiram há 500 anos, inclusive os últimos dez e meio, a conduta de quem manda no país, dentro e fora do governo.
O diabo do problema é que jamais se soube exatamente quem é a elite que faz a desgraça do Brasil. Seria indispensável saber: sabendo-se quem é a elite, ela poderia ser eliminada, como a febre amarela, e tudo estaria resolvido. Mas continuamos não sabendo, porque Lula e o PT não contam. Falam do pecado, mas não falam dos pecadores; até hoje o ex-presidente conseguiu a mágica de fazer discursos cada vez mais enfurecidos contra a elite, sem jamais citar, uma vez que fosse, o nome, sobrenome, endereço e CPF de um único de seus integrantes em carne e osso. Aí fica difícil.
Mas a vida é assim mesmo, rica em perguntas e pobre em respostas; a única saída é partir atrás delas. Na tarefa de descobrir quem é a elite brasileira, seria razoável começar por uma indagação que permite a utilização de números: as elites seriam, como Lula e o PT frequentemente dão a entender, os que votam contra eles nas eleições?
Não pode ser. Na última vez em que foi possível medir isso com precisão, no segundo turno das eleições presidenciais de 2010, cerca de 80 milhões de brasileiros não quiseram votar na candidata de Lula, Dilma Rousseff: num eleitorado total pouco abaixo dos 136 milhões de pessoas, menos de 56 milhões votaram nela. É gente que não acaba mais. Nenhum país do mundo, por mais poderoso que seja, tem uma elite com 80 milhões de indivíduos. Fica então eliminada, logo de cara, a hipótese de os inimigos da pátria serem os brasileiros que não votam no PT.
As elites seriam os ricos, talvez? De novo, não faz sentido: os ricos do Brasil não têm o menor motivo para se queixar de Lula, dos seus oito anos de governo ou da atuação de sua sucessora. Ao contrário, nunca ganharam tanto dinheiro como nos últimos dez anos, segundo diz o próprio Lula. Ninguém foi expropriado sequer em 1 centavo, ou perdeu patrimônio, ou ficou mais pobre em consequência de qualquer ato direto do governo.
Os empresários vivem encantados, na vida real, com o petismo; um dos seus maiores orgulhos é serem “chamados a Brasília” ou alcançarem a graça máxima de uma convocação da presidente em pessoa. No puro campo dos números, também aqui, não dá para entender como os ricos possam ser a elite tão amaldiçoada por Lula e seus devotos.
De 2003 para cá, o número de milionários brasileiros (gente que tem pelo menos 2 milhões de reais, além do valor de sua residência) só aumentou. Na verdade, segundo estimativas do consórcio Merrill Lynch Capgemini, apoiado pelo Royal Bank of Canada e tido como o grande perito mundial na área, essa gente vem crescendo cada vez mais rápido. Pelos seus cálculos, surgem dezenove novos milionários por dia no Brasil, o que dá quase um por hora, ou cerca de 7 000 por ano; em 2011, o último período medido, o Brasil foi o país que teve o maior crescimento de HNWIs – no dialeto dos pesquisadores, “High Net Worth Individuais”, ou “milionários”.
O resultado é que há hoje no Brasil 170 000 HNWIs – os 156 000 que havia no levantamento de 2011 mais os 14 000 que vieram se somar a eles, dentro da tal conta dos dezenove milionários a mais por dia.
Não dá para entender bem essa história. O número de milionários brasileiros, após dez anos de governo popular, não deveria estar diminuindo, em vez de aumentar? Deveria, mas não foi o que aconteceu. A sempre citada frota de helicópteros de São Paulo, com 420 aparelhos, é a segunda maior do mundo; no Brasil já são quase 2000, alugados por até 3 000 reais a hora.
Os 800 000 brasileiros, ou pouco mais, que estiveram em Nova York no ano passado foram os turistas estrangeiros que mais gastaram ali: quase 2 bilhões de dólares. Na soma total de visitantes, só ficaram abaixo de canadenses e ingleses – e seu número, hoje, é dez vezes maior do que era dez anos atrás, início da era Lula.
O eixo formado pela Avenida Europa, em São Paulo, é um feirão de carros Maserati, Lamborghini, Ferrari, Aston Martin, Rolls-Royce, Bentley, e por aí afora. Então não podem ser os ricos os cidadãos que formam a elite brasileira – se fossem, estariam sendo combatidos dia e noite, em vez de viverem nesse clima de refrigério, luz e paz.
Um outro complicador são as ligações de Lula com a nossa vasta armada de HNWIs, como diriam os rapazes da Merrill Lynch. É um mistério. Como ele consegue, ao mesmo tempo, ser o generalíssimo da guerra contra as elites e ter tantos amigos do peito entre os mais óbvios arquiduques dessa mesmíssima elite? Ou será que bilionários e outros potentados deixam de ser da elite e recebem automaticamente uma carteirinha de “homem do povo” quando viram amigos do ex-presidente?
Para ficar num exemplo bem fácil de entender, veja-se o caso do ex-governador de Mato Grosso Blairo Maggi, uma das estrelas do círculo de amizades políticas de Lula. O homem é o maior produtor individual de soja do mundo, e a extensão das suas terras o qualifica como o suprassumo do “latifundiário” brasileiro. É detentor, também, do título de “Motosserra de Ouro”, dado anos atrás pelo Greenpeace – grupo extremista e frequentemente estúpido, mas que ainda faz a cabeça de muita gente boa pelo mundo afora.
É claro que não há nada de errado com Blairo: junto com seu pai, André, fundador da empresa hoje chamada Amaggi, é um dos heróis do progresso do Brasil Central e da transformação do país em potência agrícola mundial. Mas, se Blairo Maggi não é elite em estado puro, o que seria? Um pilar das massas trabalhadoras do Brasil? Lula anda de mãos dadas com Marcelo Odebrecht, presidente de uma das maiores empreiteiras de obras do Brasil e do vasto complexo industrial que crescerem torno dela.
Ainda há pouco foi fotografado em companhia do inevitável Eike Batista, cuja fortuna acaba de desabar para meros 10 bilhões de dólares, numa visita a um desses seus empreendimentos que nunca decolam; foi seu advogado, logo em seguida, para conseguir-lhe um ajutório do governo. É um fato inseparável de sua biografia, desde o ano passado, o beija-mão que fez a Paulo Maluf, hoje um aliado político com direito a pedir cargos no governo – assim como Maggi, que ainda recentemente foi cotado para ser nada menos, que o ministro da Agricultura de Dilma.
Dize-me com quem andas e eu te direi quem andas e te direi quem és, ensina o provérbio. Talvez não dê, só por aí, para saber quem é realmente Lula. Mas, com certeza, está bem claro com quem ele anda.
As classes que Lula e o PT descrevem a “elite brasileira” não são suas amigas só de conversa – estão sempre prontas para abrir o bolso e encher de dinheiro a companheirada. Nas últimas eleições presidenciais, presentearam a candidata oficial Dilma Rousseff quase 160 milhões de reais – mais do que deram a todos os outros candidatos somados. Há de tudo nesses amigos dos amigos: empreiteiros de obras, é claro, banqueiros de primeira, frigoríficos empenhados até a alma no BNDES, siderúrgicas, fábricas de tecidos, indústrias metalúrgicas, mineradoras. É o que a imprensa gosta de chamar de “pesos-pesados do PIB”.
Ninguém, nessa turma, faz mais bonito que as empreiteiras, que dependem do Tesouro Nacional como nós dependemos do ar. Foram as maiores doadoras privadas às eleições municipais do ano passado: torraram ali quase 200 milhões de reais, e o PT foi o partido que mais recebeu. Ficou com cerca de 30% da bolada distribuída pelas quatro maiores empreiteiras do país, e junto com seu grande sócio da “base aliada”, o PMDB, raspou metade do dinheiro colocado nesse tacho.
Todo mundo sabe quem são: Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, OAS e Camargo Corrêa. Mas esses nomes não resolvem o enigma que continua a ocultar a identidade dos membros da elite. Com certeza, nenhum dos quatro citados acima pertence a ela, já que dão tanto dinheiro assim ao ex-presidente, seu partido e seus candidatos. Devem ser, ao contrário, a vanguarda classes populares.
Restariam como membros da elite, enfim “inconformados” com o fato de que “um operário chegou à Presidência” ou que a “classe melhorou de vida. Mais uma vez, não dá para levar a sério. Por que raios essa gente toda está inconformada, se não perdeu nada com isso? Qual diferença prática lhes fez a eleição de presidente de origem operária, ou por que sofreriam vendo um trabalhador viajar de avião?
Num país com 190 milhões de habitantes, é óbvio há muita gente que detesta o ex-presidente, ou simplesmente não gosta dele. E daí? Que lei os obriga a gostar? Acontece com qualquer grande nome da política, em qualquer lugar do mundo. Ainda outro dia, milhares de pessoas foram às ruas de de Londres para festejar alegremente a morte da ex-líder britânica Margaret Thatcher – que já não estava mais no governo havia 23 anos. É a vida.
Por que Lula e seus crentes não se conformam com isso e param de encher a paciência dos de outros com sua choradeira sem fim? O resumo dessa ópera é uma palavra só: hipocrisia. Lula bate tanto assim na “elite” para esconder o fato de que ele é hoje, na vida real, o rei da elite brasileira. O ex-presidente diz o tempo todo que saiu do povo. De fato, saiu – mas depois que saiu não voltou nunca mais. Falemos sério: ninguém consegue viver todos os dias como rico, viajar como rico, tratar-se em hospital de rico, ganhar como rico (200 000 reais por palestra, e já houve pagamentos maiores), comer e beber como rico, hospedar-se em hotel de rico e, com tudo isso, querer que os outros acreditem que não é rico.
Onde está o operário nisso tudo? (Foto: Valter Campanato / ABr)
Onde está o operário nisso tudo? (Foto: Valter Campanato / ABr)
Lula exige jato particular para ir às suas conferências e Johnnie Walker Rótulo Azul no cardápio de bordo. Quando tem problemas de saúde, interna-se no Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, um dos mais caros do mundo. Sempre chega ali de helicóptero. Vive cercado por um regimento de seguranças que só o típico magnata brasileiro costuma ter.
O ex-presidente sempre comenta que só falam dessas coisas porque “não admitem” que um “operário” possa desfrutar delas. Mas onde está o operário nisso tudo? É como se o banqueiro Amador Aguiar, que foi operário numa gráfica do interior de São Paulo e ali perdeu, exatamente como Lula, um dos dedos num acidente com a máquina que operava, continuasse dizendo, sentado na cadeira de presidente do Bradesco, que era um trabalhador manual.
Lula não trabalha, não no sentido que a palavra “trabalho” tem para o brasileiro comum, desde os 29 anos de idade, quando virou dirigente sindical e ganhou o direito legal de não comparecer mais ao serviço. Está a caminho de completar iria 68 e, depois que passou a fazer política em tempo integral, nunca mais tomou um ônibus, fez uma fila ou ficou sem dinheiro no fim do mês. Melhor para ele, é claro. Mas a vida que leva é um igualzinha à de qualquer cidadão da elite. O centro da questão está aí, e só aí. Todo o resto é puro conto do vigário.

Bateu o pânico – CCJ do Senado rejeita audiência com Tuma Junior


Por Gabriel Castro, na VEJA.com:
A Comissão de Constituição e Justiça do Senado rejeitou nesta quarta-feira um requerimento de convite a Romeu Tuma Junior, secretário nacional de Justiça durante parte do governo Lula. O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) queria que ele fosse ouvido a respeito das revelações de seu novo livro, “Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado”.  VEJA mostrou trechos do livro em que Tuma Junior revela, dentre outros fatos, o uso da máquina pública para montar dossiês contra adversários, o esquema de corrupção que motivou a morte do ex-prefeito de Santo André, o petista Celso Daniel, e a existência de uma conta criada nas Ilhas Cayman para movimentar recursos do mensalão.
 A base aliada se mobilizou pela derrubada do requerimento. “O Senado não cumpre um de seus deveres essenciais, que é o de fiscalizar o Executivo. As denúncias são da maior gravidade: o que se denuncia é a existência de um aparelho policial marginal na estrutura da administração federal”, criticou o senador Alvaro Dias, autor do requerimento, após a sessão. A gora, Dias quer fazer um convite extra-oficial para que Tuma Junior compareça ao Senado e fale a parlamentares interessados. Também nesta quarta, a base governista conseguiu o adiamento da votação de um convite a Tuma Junior na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara. Com isso, o requerimento só voltará a ser analisado – se for – em 2014.
Por Reinaldo Azevedo

Rio, cidade submersa: obras recém-inauguradas não resistem à primeira chuva


Por Daniel Haidar e Pâmela Oliveira, na VEJA.com:
Falta pouco para a expressão “imagina na Copa” perder o sentido. A população do Rio de Janeiro, no entanto, ainda não tem razões para crer que problemas históricos, como as inundações causadas pelas chuvas de verão, os engarrafamentos, os arrastões na praia ou a penúria dos aeroportos estarão resolvidos a tempo do Mundial de 2014 – nem da Olimpíada de 2016. Particularmente em relação à chuva, não há mais esperanças: obras recém-inauguradas na cidade não resistiram ao primeiro temporal de verão e estão na mesma situação de prédios degradados, ruas esburacadas. Uma parte, claro, vem do volume de chuva, mas já era tempo de a cidade e seus gestores terem algo a oferecer além de pedir que o carioca “evite se deslocar”.
Símbolo da nova era da cidade, o recém-inaugurado estádio do Maracanã, o “novo Maracanã”, foi fotografado nesta quarta-feira como uma imensa nave boiando num espelho d’água turva na região da Grande Tijuca. O estádio foi reformado ao custo de 1 bilhão de reais, com o entorno também revirado para a adequação das galerias, redes de esgoto e toda a infraestrutura necessária para uma obra padrão Fifa. As obras de agora, no entanto, ainda parecem insuficientes para garantir que a região resista aos temporais de todo verão.
Outra obra finalizada recentemente também amanheceu alagada: o complexo Cidade da Polícia, no Jacaré, que passou a abrigar treze delegacias especializadas e a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), tropa de elite da Polícia Civil do Rio de Janeiro. A área da cantina passou parte do dia com alguns palmos de altura de inundação. O estacionamento de viaturas ficou alagado e policiais temem que tenham sido danificadas picapes utilizadas em operações. A água é mais um problema para quem trabalha na Cidade da Polícia: policiais relatam que a falta de luz é uma constante no local.
A Empresa Municipal de Obras Públicas (Emop), ligada à Secretaria de Obras do Estado, informou que a Cidade da Polícia tem sistema de bombeamento e drenagem eficientes para suportar as enchentes no local. O acionamento automático das bombas, no entanto, não funcionou, e foi preciso ligar manualmente os equipamentos. “O Grande Meier registrou um índice pluviométrico de 163 milímetros, muito próximo da média esperada para todo o mês de dezembro que é de 170 milímetros”, explica uma nota da Emop.
Por Reinaldo Azevedo

Toffoli pense o que quiser; só não vale nos iludir


Dias Toffoli tem o direito de pensar o que quiser. Mas acho que não deveria tentar nos iludir. Citando uma reportagem do G1, demonstra que o PT — que o fez ministro do Supremo — é o partido que mais obteve financiamento de empresas na eleição passada. Com isso, pretende o quê:
a) criar a impressão de que o fim do financiamento privado não é do interesse do partido;
b) chamar a atenção para o fato de que ele, Toffoli, não está dando um voto no melhor interesse de quem o nomeou — é um dado objetivo; não é questão de gosto.
Ocorre que:
c) o PT patrocina hoje a emenda que institui o financiamento público de campanha;
d) é o partido que mais recebeu doação de empresas porque está no poder; é o usual, diga-se.
Acontece que, com a legislação atual, as demais siglas têm a chance de se financiar. Se e quando vier o financiamento público, estarão limitadas ao desempenho na eleição anterior. Logo, o partido que hoje está na frente conservará essa vantagem.
Por Reinaldo Azevedo

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO


“Seria um gesto respeitoso entre os dois Poderes”
Deputado Henrique Alves (PMDB) sobre a sanção de Dilma ao Orçamento Impositivo


PRISÃO DE MENSALEIROS NÃO ALTERA OPÇÃO DO ELEITOR

O julgamento do caso do mensalão, maior escândalo de corrupção da História do Brasil, e a prisão dos envolvidos, não alteraram a intenção de voto de 93,5% dos eleitores para as eleições presidenciais de 2014, segundo levantamento do Instituto Paraná Pesquisa em 158 municípios brasileiros, entrevistando 2.250 eleitores. Somente 6,50% dos entrevistados admitiram que a prisão dos meliantes mudou seu voto.

LADROAGEM CONTINUA

Para 57,17% dos eleitores, a prisão dos mensaleiros não contribui para “diminuição efetiva nos casos de corrupção entre os políticos do Brasil”.

SURPREENDA-SE

Com os mensaleiros presos, 38,02% “acreditam mais” na Justiça, 39,32% acreditam “da mesma forma” e 20,21% “acreditam menos”.

RECHECAGEM

Criterioso, o Instituto Paraná Pesquisas fez as entrevistas entre os dias 3 e 7 deste mês, e rechecou as respostas de 19,6% dos entrevistados.

ESCADA PARA O CÉU

Ressurgem rumores em Cuba de que Fidel Castro piorou de saúde. Mandou representante receber por ele mais um prêmio do regime.

JOSUÉ NA VICE FARIA PMDB REBELAR-SE, DIZ RAUPP

Caso o PT fizesse prosperar a intenção de substituir Michel Temer pelo empresário Josué Gomes (filho do falecido José Alencar), na chapa presidencial de Dilma Rousseff, haveria “uma rebelião” no PMDB, segundo advertiu ontem o senador Valdir Raupp (RR), presidente do partido. Ele reconhece as virtudes do empresário, mineiro que vive em São Paulo, e o considera opção para 2018, mas, para 2014, nada feito.

JOGADA ELEITORAL

A ideia de Lula foi adotada pelo PT: Josué vice de Dilma repetiria a aliança de 2002 e tiraria votos de Aécio Neves (PSDB) em Minas.

CORTEJO FÚNEBRE

É tanto defunto ilustre para exumar, que a Secretaria de Direitos Humanos vai gastar R$ 1 milhão com motoristas terceirizados.

DE BRAÇADA

Profético o slogan da reeleição do prefeito Eduardo Paes (PMDB), “Somos um Rio”: a cidade boiou com uma madrugada de chuva.

EXPANSÃO PETISTA

Dono do Hotel S. Peter, Paulo Abreu tem sido monitorado com atenção pelo governo. O Planalto soube que, depois de José Dirceu, a quem ofereceu emprego, ele teria se aliado ao ex-ministro Ricardo Berzoini (PT-SP) na negociação da compra da rádio Jovem Pan, de São Paulo.

PAROU POR QUÊ?

Há dois anos o Banco Central não atualiza na internet a entrada de capitais estrangeiros no Brasil. No último registro, de setembro de 2011, consta rede de restaurantes falida, com capital nas Ilhas Jersey.

VOANDO BAIXO

O presidente francês François Hollande pretende “tocar de leve” na venda dos caças Rafalle, ao falar com Dilma nesta quinta. Nem trouxe o ministro Le Drian (Defesa), sinal de que o caça está no telhado.

ELE NÃO QUER CONTINUAR

O ministro interino Francisco Teixeira (Integração) nem sequer retornou ligação de Otto Alencar, vice-governador e secretário de Infraestrutura da Bahia, com assunto urgente a tratar. Foi xingado de “mal-educado” e “grosseiro” pelo deputado José Carlos Araújo (PR-BA), na Câmara.

BOMBEIRO

Com ajuda de Geddel Vieira Lima, a Executiva do PMDB finalmente fechou acordo no Tocantins, onde Júnior Coimbra terá preferência para disputar governo, caso Marcelo Miranda seja vetado pela Justiça.

POLÍTICO ESOTÉRICO

Cotado para disputar o governo, o deputado João Paulo (PT-PE) deixou o almoço de confraternização com Eduardo Campos (PSB), no sábado, para se encontrar com o guru que faz seu mapa astral.

ACERTANDO PONTEIROS

O PMDB decidiu realizar nova convenção, em 29 de março, para definir o comando do partido em Curitiba, onde Roberto “Maria Louca” Requião foi deposto, após intervenção do desafeto Orlando Pessuti.

GERALDILMA

Enquadrado pelo PMDB após pedir apoio de Geraldo Alckmin (PSDB) a Dilma (PT), o prefeito de Araraquara, Marcelo Barbieri, passou o dia bajulando Paulo Skaf, candidato do PMDB ao governo paulista.

FUMAÇA HISTÓRICA

Presidente do primeiro país a legalizar plantação e venda de maconha, o presidente uruguaio Jose Mujica será conhecido como Jose “Larica”.


PODER SEM PUDOR

O MÍNIMO, PECADO MÁXIMO

Ao final da entrevista ao jornalista Giba Um, certa vez, na TVA de São Paulo, Paulo Maluf foi surpreendido por uma pergunta baseada no célebre questionário do francês Bernard Pivot:

- Se o céu existe, o que gostaria que Deus lhe dissesse quando você estivesse chegando lá?

- Entra, Maluf - respondeu - você fez muitas coisas lá em baixo e os seus pecadinhos são menores que o salário mínimo do PT...

De lá para cá, muitas coisas mudaram, e Maluf hoje é aliado petista.

A necessária renovação da frota - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 12/12

Dos caminhões que circulam pelas ruas e estradas do País, nada menos do que 212 mil têm mais de 30 anos de uso. E mais de 400 mil caminhões com capacidade para transportar de 8 a 29 toneladas têm, em média, idade superior a 20 anos. Embora representem apenas 7% da frota total de veículos, os caminhões antigos estão envolvidos em 25% dos acidentes graves ocorridos no País. Além de menos seguros do que os modelos mais novos, os veículos com longo período de utilização quebram com mais frequência, prejudicando o tráfego, poluem mais e consomem mais combustível.

Tudo isso justifica a instituição de políticas públicas que estimulem a renovação da frota de caminhões, de modo a reduzir gradualmente sua idade média até níveis comparáveis com os de países mais desenvolvidos e aumentar a eficiência e a segurança do sistema de transporte rodoviário de carga. Uma sugestão nesse sentido, que resultou de uma inédita ação conjunta de dez entidades vinculadas à questão, foi apresentada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior há algumas semanas.

Essas entidades sabem que não há condições para a renovação rápida da frota. O objetivo da proposta por elas entregue ao governo, que ainda não se manifestou sobre ela, é trocar anualmente 30 mil unidades com mais de 30 anos de uso por veículos novos. Ao longo de uma década, cairia bastante a idade média da frota nacional de caminhões, atualmente estimada em 18 anos pela Associação Nacional do Transporte de Cargas & Logística.

Dados sobre o tamanho e a idade média da frota de caminhões constantemente atualizados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), e disponíveis na sua página eletrônica, mostram claramente que, no caso dos caminhões leves e simples (com capacidade de 3,5 a 27 toneladas), as unidades mais antigas são as operadas por transportadores autônomos. No caso dos caminhões leves (até 7,99 toneladas), a idade média da frota dos autônomos é de 19,3 anos; no dos caminhões simples (de 8 a 19 toneladas), de 22,8 anos. Os autônomos operam 572 mil caminhões leves e simples.

Eles são forçados a manter os caminhões em operação por mais tempo porque enfrentam dificuldades históricas para financiar a renovação de seu instrumento de trabalho. A linha de financiamento oferecida por cerca de três semanas (até 13 de dezembro) pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social para a compra de veículos rodoviários com juros de 4% ao ano e recursos do Programa de Sustentação de Investimentos foi destinada a micro, pequenas e médias empresas. Das pessoas físicas interessadas no financiamento foi exigida a comprovação da condição de produtores rurais e do uso dos recursos na agropecuária. Ou seja, essa linha não atendeu os transportadores autônomos.

Programas já lançados por governos estaduais atendem tanto autônomos como empresas transportadoras e cooperativas de transportes. O de São Paulo, anunciado em abril, está sendo operado em caráter inicial no Porto de Santos, por onde circulam diariamente cerca de 6 mil caminhões, dos quais quase metade tem mais de 30 anos ou perto de atingir essa idade. O interessado entrega o caminhão antigo para reciclagem em postos autorizados pela Cetesb e obtém financiamento de até 100% do valor do veículo novo, para pagar em até 96 meses, com 6 meses de carência, sem juro se pagar as prestações em dia ou juro de 0,33% ao mês se atrasar.

Em outubro último, o governo do Estado do Rio anunciou um programa pelo qual o proprietário, frotista ou transportadora entregam o veículo antigo, com mais de 20 anos de uso, para uma empresa recicladora e obtêm um crédito que será utilizado na compra de um caminhão produzido no Estado, com isenção do ICMS, hoje de 12%. Projeto semelhante ao do Rio foi aprovado em outubro pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Para que o estímulo à renovação da frota de caminhões se estenda a todo o País é preciso que haja um programa federal.