sábado, 24 de outubro de 2015

DIPLOMACIA POBRE - JOSEF BARAT


Josef Barat
Josef Barat

Josef Barat

é economista e coordenador na ACSP para estudos urbanos. Este ótimo artigo foi publicado no Estadão no dia 13 e no B&A no dia de aniversário do Anhangüera, 19 de Outubro.


Nada mais charmoso que diplomatas e intelectuais buscando formas de inserir o Brasil numa espécie de “Diplomazia Povera”. Dai a insistência em manter o Brasil atrelado à essa união de rotos do Mercosul, ditadores africanos corruptos, e sobretudo como vagão de segunda classe à locomotiva chinesa…

Sendo o Brasil um país pobre do ponto de vista material, é natural que a atenção de estudiosos se volte para a pobreza. Trata-se de entender uma sociedade extremamente desigual, onde estão presentes ilhas de riqueza em meio à pobreza generalizada. Surpreende, porém, a fascinação pela pobreza, sem termos tido, por séculos, a contrapartida de medidas objetivas, consistentes e duradouras para superá-la. Isto porque a pobreza não é somente material, mas também reflexo do “deserto de homens e ideias” na célebre frase de Oswaldo Aranha. É neste deserto inóspito que a irresponsabilidade, a prepotência, o descaso e a corrupção brotam de forma endêmica, e que, ao fim e ao cabo, perpetuam a pobreza.

Mas se o fascínio pela pobreza não resulta em ações concretas de superação, são abundantes as manifestações de “denúncia”, de “libelos” e de busca de explicações para a sua existência. Neste sentido, é interessante reportar à “Arte Povera” que impregna, em grande medida, nossas manifestações artísticas e culturais. A “arte pobre” foi uma expressão criada pelo crítico italiano Germano Celant, ao referir-se ao movimento artístico que surgiu na década de 1960 na Itália. Os adeptos desta arte utilizavam materiais não convencionais nas formas de expressão visual, como, por exemplo, sacos, jornais, resíduos e trapos, com o intuito de “empobrecer” a obra de arte, reduzindo seus artifícios e eliminando barreiras entre a Arte e o quotidiano. O objetivo era o de revelar sua critica ao “empobrecimento” de uma sociedade guiada pelo acúmulo de riquezas materiais.

No Brasil, o fascínio pela pobreza atinge até hoje indiscriminadamente todos os segmentos da criação artística e cultural e também, vejam só, os formuladores da nossa política externa. Nada mais charmoso que diplomatas e intelectuais buscando formas de inserir o Brasil numa espécie de “Diplomazia Povera”. Dai a insistência em manter o Brasil atrelado à essa união de rotos do Mercosul, ditadores africanos corruptos, e sobretudo como vagão de segunda classe à locomotiva chinesa. Isto é bom para atender aos anseios da construção pesada e de alguns segmentos pouco competitivos da indústria. Claro que também temos uma pujante agricultura que, no entanto, não controla a demanda e os preços das commodities numa relação colonial com a China.

Mas concretamente o que representa essa “Diplomazia Povera” para a economia brasileira, além dos mimos concedidos aos empresários amigos? Primeiramente, as opções equivocadas da nossa política externa – com escolhas de parcerias irrelevantes – acarretaram um reforço à baixa competitividade dos nossos produtos industriais e reduziu sua relevância na pauta de exportações. Com as exceções de praxe, cada vez mais, agregamos menos valor ao que nossa indústria exporta. A segunda consequência é que as decisões de excluir o Brasil dos grandes acordos transcontinentais (Pacífico e Atlântico) fizeram o país ficar fora dos fluxos relevantes do comércio mundial para bens industriais e serviços. Não é por acaso que nosso comércio exterior é reduzido e está se reduzindo ainda mais.

Não há dúvida de que o crescimento das exportações de minério e soja para a China incrementou consideravelmente as nossas exportações e induziu avanços tecnológicos na sua produção e produtividade. No entanto, esse avanço não retirou dessas commodities a sua condição básica de vulnerabilidade frente às oscilações de demanda e preços. No entanto, a excessiva dependência à demanda chinesa e a teimosia em recusar acordos com blocos e países que poderiam estabelecer fluxos de comércio mais equilibrados conosco, colocaram a nossa indústria também em situação de vulnerabilidade. Esta resulta da perpetuação da sua baixa capacidade competitiva e impossibilidade de inserção em um mercado dinâmico pelos seus baixos níveis de produtividade e inovação.

Com a crise “made in Brazil” e a rápida perda de protagonismo no cenário mundial, é de se esperar – como diria o saudoso Millôr – que o fracasso não suba à cabeça dos formuladores da nossa política externa.

CHARGE DO SPON: Lula na Papuda.


A libertação está nos fatos



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Artigo para O Estado de S. Paulo de 24/10/2015
Poucas vezes terá havido situação semelhante à deste nosso banquete de horrores no qual 90% dos comensais declaram-se com nojo da comida que lhes tem sido servida mas são obrigados a continuar a traga-la simplesmente porque não sabem pedir outro prato.
Na 2a feira, 19, O Globo publicou nova reportagem da série “Cofres Abertos” sobre a realidade do estado petista. O título era “Remuneração em ministério vai até R$ 152 mil”.
Eis alguns dados:
Lula acrescentou 18,3 mil funcionários à folha da União em oito anos. Em apenas quatro Dilma enfiou mais 16,3 mil. Agora são 618 mil, só na ativa. 103.313 têm “cargos de chefia”. Os títulos são qualquer coisa de fascinante. Ha um que inclui 38 palavras. “Chefe de Divisão de Avaliação e Controle de Programas, da Coordenação dos Programas de Geração de Emprego e Renda...” e vai por aí enfileirando outras 30, com o escárnio de referir um acinte desses à “geração de emprego e renda”...
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O "teto" dos salários é o da presidente, de R$ 24,3 mil. Mas a grande tribo só de caciques constituída não pelos funcionários concursados ou de carreira mas pelos “de confiança”, com estrela vermelha no peito, ganha R$ 77 mil, somadas as “gratificações” que podem chegar a 37 diferentes. No fim do ano tem bônus "por desempenho”. A Petrobras distribuiu mais de R$ 1 bi aos funcionários em pleno “petrolão”, depois de negar dividendos a acionistas. A Eletronorte distribuiu R$ 2,2 bilhões em “participação nos lucros” proporcionados pelo aumento médio de 29% nas contas de luz dos pobres do Brasil entre os seus 3.400 funcionários. Houve um que embolsou R$ 152 mil.
A folha de salários da União, sem as estatais que são 142, passará este ano de R$ 100 bilhões, 58% mais, fora inflação, do que o PT recebeu lá atrás.
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Essa boa gente emite 520 novos “regulamentos” (média) todo santo dia. Existem 49.500 e tantas “áreas administrativas” divididas em 53.000 e não sei quantos “núcleos responsáveis por políticas públicas”! Qualquer decisão sobre água tem de passar pela aprovação de 134 órgãos diferentes. Uma sobre saúde pública pode envolver 1.385 “instâncias de decisão”. Na educação podem ser 1.036. Na segurança pública 2.375!
E para trabalhar no inferno que isso cria? Quanto vale a venda de indulgências?
Essa conversa da CPMF como única alternativa para a salvação da pátria face à “incompressibilidade” dos gastos públicos a favor dos pobres não duraria 10 segundos se fatos como esses fossem sistematicamente justapostos às declarações que 100 vezes por dia, os jornais, do papel à telinha, põem no ar para afirmar o contrário. Se fossem editados e perseguidos pelas televisões com as mesmas minúcia, competência técnica e paixão com que seus departamentos de jornalismo fazem de temas desimportantes ou meramente deletérios verdadeiras guerras-santas, então, a Bastilha já teria caído.
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Passados 10 meses de paralisia da nação diante da ferocidade do sítio aos dinheiros públicos e ao que ainda resta no bolso do brasileiro de 2a classe, com a tragédia pairando no ar depois do governo mutilar até à paraplegia todos os investimentos em saúde, educação, segurança pública e infraestrutura, a série do Globo é, no entanto, o único esforço concentrado do jornalismo brasileiro na linha de apontar com fatos e números que dispensam as opiniões de “especialistas” imediatamente contestáveis pelas opiniões de outros “especialistas” para expor a criminosa mentira de que este país está sendo vítima.
Nem por isso deixou de sofrer restrições mesmo “dentro de casa” pois apesar da contundência dos fatos, da oportunidade da denúncia e da exclusividade do que estava sendo apresentado, a 1a página do jornal daquele dia não trazia qualquer “chamada” para o seu próprio “furo” e nem as televisões da casa o repercutiram. O tipo de informação sem a disseminação da qual o Brasil jamais desatolará da condição medieval em que tem sido mantido, tornou-se conhecida, portanto, apenas da ínfima parcela da ínfima minoria dos brasileiros alfabetizados que lê jornal que tenha folheado O Globo inteiro daquele dia até seus olhos esbarrarem nela por acaso e que se deixaram levar pela curiosidade página abaixo.
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É por aí que se agarra insidiosamente ao chão essa cultivada perplexidade do brasileiro que, em plena “era da informação”, traga sem nem sequer argumentar aquilo que já não admitia que lhe impingissem 200 anos atrás mesmo que a custa de se fazer enforcar e esquartejar em praça pública.
Do palco à platéia, Brasília vive imersa no seu "infinito particular". Enquanto o país real, com as veias abertas, segue amarrado ao poste à espera de que a Pátria Estupradora decida quem vai ou não participar da próxima rodada de abusos, os criminosos mandam prender a polícia e a platéia discute apaixonadamente quem deu em quem, entre os atores da farsa, a mais esperta rasteira do dia.
Deter o estupro não entra nas cogitações de ninguém. A pauta da imprensa – e com ela a do Brasil – foi terceirizada para as “fontes” que disputam o comando de um sistema de opressão cuja lógica opõe-se diametralmente à do trabalho. Os fatos, substância da crítica que pode demolir os "factóides", esses todos querem ocultados.
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Perdemos as referências do passado, terceirizamos a “busca da felicidade” no presente, somos avessos à fórmula asiática de sucesso quanto ao futuro. Condenamo-nos a reinventar a roda em matéria de construção de instituições democráticas porque a que foi inventada pela melhor geração da humanidade no seu mais “iluminado” momento e vem libertando povo após povo que dela se serve, está banida das nossas escolas e da pauta terceirizada pela imprensa a quem nos quer para sempre amarrados a um rei e seus barões. Como o resto do mundo resolve os mesmos problemas que temos absolutamente não interessa aos “olheiros” dos nossos jornais e TVs no exterior que, de lá, só nos mostram o que há de pior...
A imprensa nacional está devendo muito mais à democracia brasileira do que tem cobrado aos outros nas suas cada vez mais segregadas páginas de opinião.
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fernaslm | 24 de outubro de 2015 às 06:02 |
FONTE - http://vespeiro.com/2015/10/24/a-libertacao-esta-nos-fatos/

A FALSA "SACRALIDADE" DOS MANDATOS PRESIDENCIAIS


por Percival Puggina. Artigo publicado em 

 Tenho encontrado pessoas que, diante das mobilizações em favor do impeachment da presidente Dilma, expressam preocupação com a intangibilidade, espécie de "sacralidade", que adornaria o mandato de quem ocupa, simultaneamente, as funções de chefe de Estado e de governo.
 É um sentimento de parte da população. Menos de 10% dos brasileiros aprovam o governo da presidente. No entanto, cerca de 30% discordam de seu impeachment. No valão desse sentimento, o petismo se entrincheira e opera para atacar como golpista quem pede às instituições da República o cumprimento dos ritos que podem levar à perda do mandato presidencial. Note-se, a propósito: são tantos os motivos para essa punição que ela pode ocorrer pela via judicial e pela via parlamentar.
 Países que adotam o parlamentarismo substituem governantes com facilidade, inclusive por mau desempenho, permitindo a rápida superação, sem traumas, de crises políticas e administrativas. Em muitos deles, democracias estáveis, legislaturas podem ser interrompidas por convocação extemporânea de eleições parlamentares para atender alterações das tendências da opinião pública. Para que um primeiro-ministro caia do posto basta perder o apoio da maioria parlamentar. Faço estas referências para mostrar que, em boas e sólidas democracias, os mandatos não se revestem da mesma blindagem em nome da qual, entre nós, até grandes culpas e proverbiais incompetências pretendem ser relevadas. Pergunto: seria essa uma irredutível imposição do presidencialismo? Não! A Constituição Federal e a legislação complementar regulam perfeitamente o processo de impeachment e a natureza dos crimes que levam à perda dos mandatos.
 Estou usando neste texto de modo intencional e entre aspas o vocábulo "sacralidade" como um suposto atributo dos mandatos, embora, mais adequadamente, devesse usar a palavra "respeito". Mas se "sacralidade" é um vocábulo que certamente cairia no gosto do Advogado Geral da União para defender a presidente, ele serve ainda melhor a mim para justificar o processo de impeachment.
Assim como só pode ser respeitado aquele que se dá o respeito, não há como considerar sagrado, respeitável, intangível, revestido de dignidade, o mandato de quem antecipadamente proclamou que "faria o diabo na hora da eleição". E fez! Incontáveis vezes. Antes, durante e depois da eleição, conforme abundantemente comprovado nos documentos escrutinados pelo TSE e pelo TCU. Afinal, quem não viu os usos, abusos e mentiras que varreram o país e conspurcaram a sacralidade (esta sim) do pleito de 2014?
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* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.

GRAVÍSSIMO… GENERAL DIZ QUE POLÍTICOS SE ORGANIZARAM EM QUADRILHA IMORAL PARA ROUBAR O PAÍS


by Leudo Costa
O Presidente do Clube Militar, General Gilberto Pimentel usando a página da entidade,  compara a ação dos políticos envolvidos na Lava Jato  ao crime organizado. Que estes  organizam-se como quadrilhas para travar uma guerra imoral. Que igual aos meliantes, praticam uma imensa variedade de crimes, por certo também os hediondos. Que bradam: “Sou imune, sou impune, estou acima da lei”, escarnecem com inominável cinismo” Perderam o respeito!
Gilberto Pimentel
General Gilberto Pimentel- Presidente do Clube Militar
LEIA A NOTA NA ÍNTEGRA…
Já há alguns anos que o crime organizado atormenta a população dos grandes centros urbanos brasileiros. São quadrilhas fortemente armadas que disputam os melhores pontos de distribuição de drogas. O domínio dessas áreas resulta na submissão de comunidades inteiras expondo-as a todo tipo de crimes, incluindo os hediondos.
Diante da ousadia e do poder de fogo dos marginais, da leniência das autoridades e até mesmo da sociedade em geral, as forças policiais, sem o apoio, meios e preparo necessários para lidar com o fenômeno, têm se mostrado impotentes para manter a ordem e conter essa tragédia dos nossos tempos. Isso tem exigido, ainda que de forma episódica, a intervenção das próprias Forças Armadas. Os bandidos perderam o respeito.
Tragédia de muito maior dimensão para nós, no entanto, difícil de crer existir num país minimamente civilizado, se passa hoje na cúpula dirigente do País, exatamente dentre aqueles a quem caberia a nobre tarefa de garantir-nos bem-estar e desenvolvimento. Sem armas de fogo, mas respaldados na imunidade obtida por força do mandato que lhes foi outorgado pelo povo, integrantes dos poderes constituídos, e não são poucos, organizam-se como quadrilhas para travar uma guerra imoral, visando, a que custo for, manterem-se encastelados no poder e/ou ampliar suas vergonhosas regalias. Para isso, igual aos meliantes, praticam uma imensa variedade de crimes, por certo também os hediondos.
Roubam os recursos públicos, extorquem, fraudam. Dilapidam, sem dó nem piedade, um patrimônio duramente construído ao longo de tantos anos pelos verdadeiros brasileiros. “Sou imune, sou impune, estou acima da lei”, escarnecem com inominável cinismo. Perderam o respeito. Os interesses do Brasil, as necessidades das massas, o compromisso assumido com seus representados, nada significam para eles. E ainda há quem queira convencer-nos que nossas instituições funcionam dentro de um quadro de normalidade.
Os danos, esses são incomparavelmente maiores que os causados pelas quadrilhas de traficantes. Neste caso, o “ponto em disputa” é o próprio País. Somos nós, os mais de duzentos milhões de brasileiros os sujeitos à sanha desses autênticos marginais.
A FORÇA DA LEI aqui não pode falhar, precisa alcançá-los a qualquer custo, na plenitude e com todo o rigor, antes que nosso Brasil seja levado a uma situação de insolvência de consequências imprevisíveis.