quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Por que os chineses estão carregando cartazes de Mao nos protestos contra o Japão



Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)
E eis que aparece Mao Tse Tung em cartazes na China, em manifestações contra o Japão no rastro de disputas em torno de ilhas. Numa reportagem de uma emissora chinesa, vejo uma jovem manifestante que diz: “Aprendemos com o Mao que temos que defender nossa pátria quando somos atacados”.
Por que os chineses estão carregando cartazes de Mao nos protestos contra o Japão Mao volta às ruas da China
Não sou e nunca fui maoísta. Isso não me impede de reconhecer, naquilo que a garota falou, a contribuição milionária de Mao à China: a defesa firme diante de ataques.
Os chineses têm uma cultura soberba, alicerçada em dois sábios de 2 500 anos atrás, Confúcio e Lao Tsé. Confúcio jamais falou em guerra. E Lao Tsé disse uma frase muito citada: “O melhor guerreiro muitas vezes é aquele que não luta”.
Isso explica, em grande parte, a facilidade com que a China foi derrotada – e espoliada – pela Inglaterra no século 19, nas vergonhosas Guerras do Ópio. Nelas, sob o pretexto de promover o livre mercado, os ingleses obrigaram os chineses a aceitar que o ópio produzido na Índia fosse vendido sem restrições na China.
Isso explica, também, a quase passividade chinesa nos anos 1930 quando o Japão, com pretensões expansionistas, tomou um grande pedaço da China com o uso de extrema violência. Até armas químicas, já proibidas por leis internacionais, foram empregadas pelos japoneses contra a China.
Quem rompeu com a cultura da inação foi Mao Tsetung, quando tomou o poder na China em 1949. Mao colocou para fora os invasores ocidentais, e jamais se curvou à Rússia comunista com suas pretensões hegemônicas.
Sem Mao, a China estaria ainda hoje fatiada entre as potências ocidentais. Apenas para lembrar: nas Guerras do Ópio a Inglaterra não apenas impôs a droga como ainda acabou tomando para si Hong Kong, só devolvida há poucos anos.
Na mídia chinesa, leio com frequência editoriais que mostram que os líderes do país têm consciência de que os Estados Unidos podem, a qualquer momento, criar um pretexto para devolver pelas armas a China à periferia. Por isso o país tem investido na defesa.
O melhor guerreiro é o que não luta é uma frase perfeita para um mundo perfeito. Mas este em que vivemos está longe de ser perfeito.

Candidatos lançam mão de baixarias e táticas chamativas para conquistar eleitores



Débora Zampier (Agência Brasil)
Com a democratização do acesso à política, candidatos desconhecidos lançam mão de táticas cada vez mais chamativas para conquistar potenciais eleitores. Embora a maioria se limite ao viés cômico, alguns candidatos apostam em propagandas que ficam no limite entre a liberdade de expressão e de ideias, permitida no regime democrático, e práticas ilegais, proibidas pela legislação eleitoral e pela legislação comum.
 
Em Florianópolis, a candidatura de Lucas de Oliveira ao cargo de vereador virou caso de polícia. Defendendo a legalização da maconha como principal proposta de campanha, ele imprimiu a folha da cannabis sativa em seu material de divulgação, e distribuiu santinhos junto com trituradores da erva e papel de seda, usado para consumo da droga.
O candidato alegava o direito de defender a legalização da droga, conforme decisão recente do Supremo Tribunal Federal, mas a campanha foi barrada nesta semana pela Justiça Eleitoral do estado. Em sua decisão, o juiz Luiz Schuch afirma que a campanha “chega a ser chocante pela ousadia e desrespeito à legislação eleitoral e penal”. O promotor de Justiça Sidney Dalabrida pediu a instauração de inquérito policial para investigar Oliveira por tráfico de drogas devido ao material apreendido com o candidato.
Atualmente, a legislação eleitoral proíbe que candidatos usem a propaganda para prometer vantagens, incitar a guerra e a violência, promover preconceito de raça ou de classes, instigar a desobediência às leis ou atacar os símbolos nacionais. Críticas entre rivais são permitidas, desde que os candidatos não pratiquem injúria, calúnia ou difamação.
A lei é vaga, no entanto, ao dizer que os candidatos não devem empregar “meios publicitários destinados a criar, artificialmente, na opinião pública, estados mentais, emocionais ou passionais”. Isso abre brecha para que algumas situações só possam ser decididas caso a caso, quando levadas à Justiça.
   
“Esse é um fenômeno novo. É um assunto muito delicado, então é preciso ter cautela para verificar o que essas propagandas querem passar”, analisa o advogado eleitoral Marcelo Ribeiro, que ocupou vaga de ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nos últimos oito anos. Segundo Ribeiro, esses casos raros sequer chegaram ao TSE, o que dá certa liberdade aos candidatos para avançar em campanhas poucos ortodoxas.
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SEXUALIDADE
É o caso da exploração da sexualidade. No Ceará, a ex-stripper Déborah Soft usa um decote generoso em seu santinho, enquanto em São Paulo a candidata Suelem Aline Mendes Silva, autodenominada Mulher Pêra (como registrado no TSE), postou em seu site oficial uma foto só de calcinha, com o número de registro eleitoral gravado nas nádegas. “Quando a alusão à imoralidade extrapolar o senso comum, o principio de liberdade de expressão pode ser relativizado”, analisa Marcelo Ribeiro.
Para o advogado eleitoral Rodrigo Lago, embora não esteja prevista na lei eleitoral, a exploração de obscenidade com corpus nus ou seminus por candidatos pode ser enquadrada na legislação comum, que proíbe crimes contra a dignidade sexual. Apesar de ser favorável à intervenção mínima da legislação eleitoral no processo político, o advogado acredita que a defesa de uma plataforma pela liberação sexual, de drogas e de porte de armas, por exemplo, não dá ao candidato imunidade para agir como quiser durante a campanha.
“Seria lícito alguém fazer campanha pela maior liberdade sexual, mas não pode, a esse pretexto, aparecer na propaganda sem roupas. Também parece ser lícita a propaganda que exibe um beijo gay, desde que esse beijo não se apresente como um ato obsceno”, argumenta Lago.
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BEIJO GAY
Em Joinville (SC), a exibição de um beijo gay na campanha do candidato a prefeito Leonel Camasão também foi parar na Justiça, mas por iniciativa do próprio candidato. Ele procurou o Ministério Público depois que um jornal local publicou que o beijo era “tão asqueroso quanto alguém defecar em público ou assoar o nariz à mesa”. O colunista responsável pela afirmação e o periódico estão sendo processados, mas ainda não há notícia de processo para tirar a campanha do ar.

A necessária educação sexual



Percival Puggina
A imprensa registra, periodicamente, fatos exóticos ou escandalosos envolvendo iniciativas pedagógicas no campo da educação sexual. Quando isso acontece, escolas que pretendiam atuar responsavelmente nesse campo, recuam, e os pais ainda mais. O tema é delicado. Afinal, educação sexual é necessária? Sim, e muito.
Os equívocos que se tem percebido nas experiências feitas decorrem de idéias erradas sobre o que seja Educação. Isso não é incomum porque raramente quem exerce o poder, ou quem exerce a hegemonia no campo da cultura, abre mão da prerrogativa de instrumentalizar a sala de aula. E a educação – educação de verdade – acaba punida com suspensão. A educação sexual deveria versar sobre responsabilidade moral.
A liberalidade com que o temário é abordado nos meios de comunicação tem feito com que as crianças deste final de milênio pareçam ter vindo ao mundo perfeitamente a par dos “fatos básicos da vida” (como se dizia antigamente), da mesma forma como parecem nascer gostando de ketchup e sabendo mexer com computador e outros instrumentos eletrônicos.
Portanto, a necessária educação sexual não deve ser confundida com simples instrução sobre anatomia sexual, desenvolvimento dos órgãos sexuais e fisiologia do ato sexual. Menos ainda há de ser vista como simples oportunidade curricular para orientar a garotada com vistas à prática do chamado sexo seguro. Educação vai bem além da informação. Nos tempos de FHC já era por esses maus caminhos que as coisas andavam.
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KIT GAY
Com Lula, piorou nuito. A força política dos movimentos ultraliberais dentro do governo quis levar para a sala de aula não apenas a informação, mas a divulgação das alternativas sexuais, apresentando-as aos jovens como um cardápio de degustação. Assim, sob o patrocínio liberal do senhor Haddad, tivemos o kit gay e, em 2010, a distribuição do livreto “Mamãe como eu nasci?” (procure por ele no Google), que levou os desenhos tipo Carlos Zéfiro para dentro da sala de aula, com direito à propaganda da masturbação. Tudo para crianças.
Quanto mais forem estimuladas as “brincadeiras sexuais” entre crianças (é esse o nome dado por muitos peritos em sexualidade infantil que andam por aí) mais estamos preparando o terreno para a pedofilia. Por outro lado, quanto mais os jovens parecem saber sobre sexo, mais evidências dão de andar desorientados sobre os muitos aspectos que transbordam da questão anatômica e fisiológica e que envolvem o caráter incomparavelmente humano da sexualidade.
Ao contrário do que a cultura contemporânea se empenha em sustentar, nenhuma ação que pratiquemos é apenas biológica ou animal. Se tudo o que fazemos é humano por natureza, que dizer-se do ato com que a própria vida tem origem? Quanto mal produz quem transmite a jovens (e a adultos) conceitos que reduzem o sexo a artigo de consumo, a pessoa ao corpo e o corpo a um parque de diversões! Toda ação humana envolve uma escolha entre agir e não agir. E tanto uma quanto a outra implica o discernimento moral e a responsabilidade pessoal ante a opção feita.
Há uma passagem em Lucas (Lc 17.1-3) que merece ser citada para ressaltar a malevolência em que incorre o material pedagógico antes referido, mormente quando reiteradamente se revela política de governo: “É inevitável que haja escândalos, mas ai daquele que os causar! Melhor lhe fora ser lançado ao mar com uma pedra de moinho enfiada no pescoço do que escandalizar um só desses pequeninos.”
Não me surpreendeu saber que o autor do tal livro, que tem um parceiro de prateleira chamado “Menino brinca de boneca?”, graduou-se em Cuba. Faz sentido. Faz sentido que com esse notável background pedagógico conquiste a glória e as facilidades do erário num governo petista.
(Do Blog do Puggina)

CHARGE - Livre pensar é só pensar (Millôr Fernandes)


Livre pensar é só pensar (Millôr Fernandes)

OBRA-PRIMA DO DIA - ARQUITETURA A Torre do Relógio na Piazza San Marco (1496/1499)



A Torre dos Mouros, ou do Relógio, fica do lado norte da Praça de São Marcos, vizinha da Procuradoria Velha. Erguida sobre um arco que dá acesso à principal rua de Veneza, a Merceria, é alta, cinco pisos, com duas alas laterais mais baixas. Está em local donde é visível desde a laguna, para que todos que ali entrassem soubessem da riqueza e glória da República.
Como um dos elementos que distingue a Piazza San Marco de outras belas praças, ela rompe com a arquitetura que circunda os três lados da praça, a das Procuradorias, e o que vem a seguir, a basílica bizantina, mas colabora para a harmonia do conjunto e o embeleza mais ainda com seu grande relógio astronômico, obra-prima da técnica e da engenharia do final do século XV que regula, há mais de 500 anos, a vida, a história, e a passagem do tempo em Veneza.
No alto do terraço duas grandes estátuas em bronze batem no sino para marcar as horas. Nomeados pastores por seu escultor, em 1494, o que combina com a pele de carneiro que cobre sua nudez, ficaram conhecidos como “os mouros”: alguns estudiosos dizem que isso foi para mostrar que havia escravos mouros em Veneza, aprisionados nas muitas guerras travadas por motivo religioso.


O sino onde batem cada um com seu martelo é o original e data de 1497. Os dois mouros não são iguais: o de barba é o mais velho dos dois. O velho bate o sino um pouco antes da hora, é o passado. O novo, o futuro, bate um pouco depois. Logo abaixo do terraço dos mouros em sua labuta está o leão alado de Veneza sobre fundo azul veneziano, salpicado de estrelas em ouro, com o Livro de São Marcos Evangelista aberto diante dele.
No andar de baixo, as imagens do Anjo Gabriel seguido dos Reis Magos saem e entram em procissão, duas vezes ao ano, Dia de Reis e Dia da Ascensão, para reverenciar Maria e o Menino Jesus, cuja imagem fica num pequeno balcão semicircular.


E finalmente, o quadrante do relógio, em mármore, esmalte e ouro, com as 24 horas do dia em algarismos romanos. O engenhoso aparelho mostra as horas, as estações do ano, as fases da Lua e os cinco planetas então conhecidos: Saturno, Júpiter, Marte, Vênus e Mercúrio.


As horas são indicadas por um ponteiro dourado enfeitado por uma imagem do sol. Os signos do zodíaco giram mais lentamente que o ponteiro para mostrar a posição do sol no zodíaco. No centro do mostrador esmaltado em azul ficam a terra e a lua que gira para mostrar suas fases, cercadas por estrelas sempre na mesma posição.

Praça de São Marcos, Veneza, Itália