sábado, 2 de junho de 2012

O mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório confirmou que a esperteza, quando é muita, fica grande e come o dono


Augusto Nunes
Neste sábado, os leitores de VEJA foram confrontados com informações que renovam o prazo de validade da lição de Tancredo Neves: a esperteza, quando é muita, fica grande e come o dono. Provas documentais obtidas pela revista atestam que os arquitetos da CPI do Cachoeira, concebida para embaralhar o julgamento do mensalão, montaram uma lista de alvos prioritários que incluiu, entre outros, o ministro Gilmar Mendes, o procurador-geral Roberto Gurgel e jornalistas independentes. Ruins de mira, os artilheiros trapalhões acabaram acertando o próprio pé ou a testa de bandidos de estimação.
Depois da quebra do sigilo bancário e fiscal da Construtora Delta, o que deveria ser uma devassa restrita ao estado de Goiás escapou do controle dos parteiros malandros. A cachoeira de patifarias vai se mostrando suficientemente caudalosa para alcançar pecadores em qualquer ponto do país ─ e provocar estragos de bom tamanho no coração do poder. No mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório, o Brasil foi confrontado com mais evidências veementes de que o empreiteiro Fernando Cavendish utilizou empresas fantasmas, “laranjas” e notas frias para justificar a saída de dinheiro destinado a figurões incumbidos de ampliar a coleção de contratos multimilionários com o PAC, empresas estatais, ministérios e governos estaduais.
Cavendish valeu-se desses truques criminosos para alugar, por exemplo, os serviços de “consultoria” do mensaleiro José Dirceu, escalado para aumentar a fatia reservada à Delta entre os fornecedores da Petrobras e multiplicar os canteiros de obras públicas explorados pelo melhor amigo de Sérgio Cabral. Dirceu, uma usina de ideias de jerico, foi um dos mais vibrantes defensores da instauração da CPI. Não vai dormir por alguns dias. Talvez o console a certeza de que é só mais um na multidão de companheiros afetados pela epidemia de insônia.

Fla promete ‘bomba jurídica’ e ser ‘implacável’ com Ronaldinho


Dirigentes rubro-negros resumem sentimento de indignação com o craque



O sentimento no Flamengo é de que Ronaldinho traiu a confiança o clube
Foto: Ricardo Moraes / Reuters
O sentimento no Flamengo é de que Ronaldinho traiu a confiança o clubeRICARDO MORAES / REUTERS
RIO - Em um pronunciamento na Gávea que durou menos de 20 minutos, mas resumiu o sentimento de indignação e traição que o clube passou a sentir com a entrada de Ronaldinho na Justiça, a presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, o diretor de futebol, Zinho, e o vice jurídico Rafael de Piro, prometeram nesta sexta-feira responder juridicamente à ação que liberou o craque do clube rubro-negro. De Pirro chegou a falar que o Fla está preparando “uma bomba jurídica” e que a causa era “uma questão de honra”. Já Patrícia afirmou que o Flamengo “será implacável na busca dos seus direitos”.
O vice jurídico foi o único a responder à perguntas dos cerca de 50 jornalistas presentes na Gávea. Ele afirmou que o Fla “fez um esforço hercúleo” para contratar o craque e recebeu em troca um mandado judicial.
- O sentimento do Flamengo é de indignação com o que o Ronaldo fez. Esta indignação vai se transformar em uma mobilização jurídica nacional. Recebi ligações de advogados e pessoas de várias partes do país indignadas com o que aconteceu. Esta causa virou questão de honra para o Flamengo. Estamos preparando um tiro de canhão jurídico - disse De Pirro, sem especificar o que isso representaria.
O vice juridico afirmou ainda que o Flamengo já apresentou à Justiça guias que comprovam o pagamento do FGTS do craque. Ele disse que o clube pode tentar cassar a liminar que rescindiu o contrato do craque e entrar com uma ação contra Ronaldinho, inclusive pedindo indenização por danos morais.
Antes de De Pirro, Patrícia e Zinho se pronunciaram. Emocionada, a presidente falou por cinco minutos em que mostrou o ressentimento do Fla com Ronaldinho.
- O sentimento é de decepção e tristeza. É até difícil falar. Estou muito emocionada e quero dizer que o Flamengo fez um investimento muito grande em 2011 nesse jogador. Uma boa negociação para o clube. Quando a empresa parceira (Traffic) saiu este ano, o Flamengo arcou com a dívida de R$ 3,65 milhões que não era do clube. Assumimos a dívida, pagamos e fizemos um novo contrato. Desde então, estes cinco meses que estão atrasados são exatamente os mesmos cinco meses que pagamos de dívida da Traffic - disse Patrícia, deixando claro que o volume da dívida com Ronaldinho não aumentou.
Para Patrícia, o Flamengo “levou uma pancada” de Ronaldinho:
- Recebemos uma resposta que não é de quem queria sair pela porta da frente (referência a uma declaração recente do meia). Para o Flamengo, fica uma decepção enorme e posso garantir uma coisa: o Flamengo será implacável na busca dos seus direitos. Vamos acionar desembargadores, tribunais, advogados, tudo o que estiver ao nosso alcance. Me desculpem torcedores se em algum momento o Flamengo falhou. Mas a tradição, a instituição, nós não vamos deixar manchar. A luta apenas começa agora.
Zinho cita casos de indisciplina
Ao falar sobre Ronaldinho, Zinho disse que desde que assumiu o clube, o craque teve dois casos de indisciplina. E afirmou que o fato de ele ter imposto disciplina ao grupo foi um dos motivos que levaram o meia a decidir deixar o Flamengo.
- Desde que cheguei, vim para organizar o futebol do Flamengo, mudar a conduta dos jogadores e funcionários que não estava correta. E fui assim com todos, incluindo o Ronaldo. Quando houve a primeira indisciplina (quando chegou ao treino sem condições no quinto dia de Zinho na Gávea), fui direito com ele como sempre faço. Falei na frente de todos que não ia permitir deslizes. Ou seja, acabou a bagunça, acabou a festa - lembrou.
- Ele e todos os outros jogadores disseram que compreendiam e que estavam dispostos a colaborar. Veio depois a segunda indisciplina (Ausência na viagem para o Piauí), tínhamos uma decisão que íamos tomar quando chegássemos ao Rio. Mas para a nossa surpresa, ele entrou na Justiça - completou.
Zinho disse que acabou com todas as regalias.
- A corta apertou mesmo. Não tinha mais regalias. Acredito que este foi um dos motivos para ele tomar essa decisão. É importante ficar claro que quem errou foi ele com o clube. Ele não teve conduta profissional. Não foi o desfecho que queríamos, estou triste, mas a torcida precisa saber que estamos aqui trabalhando em prol do Flamengo. E o Flamengo está muito acima de qualquer nome ou jogador.

Procuradores defendem investigar Thomaz Bastos



09:53:21

Associação Nacional dos Procuradores da República sai em defesa do procurador Manoel Pastana, que ingressou na última segunda-feira com  representação pedindo ao Ministério Público que investigue a origem dos pagamentos feitos pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira a seu advogado, o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, estimados em R$ 15 milhões.

A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) saiu em defesa do procurador Manoel Pastana, que ingressou na última segunda-feira (28) com uma representação contra o advogado de Carlinhos Cachoeira, o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. A entidade entra na disputa política de diversas instituições ligadas ao direito, que há dias se debatem entre o apoio ao procurador ou ao advogado. ...

Manoel Pastana quer que o Ministério Público Federal investigue a origem dos pagamentos feitos pelo bicheiro ao advogado, estimados na ordem de R$ 15 milhões. O procurador questiona a legalidade do dinheiro, já que Cachoeira faz fortuna a custa da exploração de jogos de azar.

O Instituto dos Advogados de São Paulo emitiu nota nesta quarta-feira (30) repudiando a atitude de Pastana. A entidade afirma que "descabe a alegação de que deveria ser fornecida obrigatoriamente ao acusado a defesa por parte do Estado, pois a relação é de escolha livre e de confiança".

A Ordem dos Advogados do Brasil já havia se posicionado ao lado de Thomaz Bastos. Na última terça-feira (29), o presidente da OAB nacional, Ophir Cavalcante, afirmou que "a partir do momento em que se imputa ao advogado a prática de crime por ele estar exercendo, dentro dos limites da lei, o direito de defesa, por óbvio se está a atentar contra as liberdades e contra o legal exercício de uma profissão, constitucionalmente protegida".

A Associação dos Advogados de São Paulo (Aasp) também se posicionou sobre o caso. "Tal intento viola não apenas prerrogativa profissional do advogado, como os mais comezinhos princípios constitucionais que alicerçam o Estado Democrático de Direito, os quais garantem a todo e qualquer cidadão a presunção de inocência e o pleno exercício da ampla defesa e do contraditório", diz a nota da entidade.

Em defesa do procurador, a ANPR diz que a petição de Pastana "louva-se na aplicação da Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei 9.613/98), segundo a qual o recebimento de vultosa quantia de quem não tem renda lícita constitui crime de receptação culposa".

Contrária aos argumentos de que a investigação dos recursos estimados em R$ 15 milhões representaria um cerceamento do direito a defesa, a associação encerra a nota explicando que sua postura "não representa, contudo, menosprezo à advocacia e ao exercício regular da ampla defesa e do contraditório, que os membros do Ministério Público Federal fazem questão de reverenciar como fundamental em um Estado de Direito".

A assessoria de imprensa do próprio Pastana enviou uma nota à imprensa rebatendo as afirmações de que ele esteja tentando intimidar Thomaz Bastos ou cercear a defesa de Cachoeira. Pastana, diz a nota, quer apenas cumprir a Lei de Lavagem de Dinheiro, uma vez que "há indícios de crime de lavagem de dinheiro ou de receptação".

Confira a nota da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR)

A ANPR vem a público manifestar apoio a seu associado, o procurador regional da República Manoel Pastana, que, ao vislumbrar verossimilhança nas informações de que o advogado Márcio Thomaz Bastos teria cobrado R$ 15 milhões do acusado Carlinhos Cachoeira, para defendê-lo em ação penal que lhe imputa vários delitos – entre eles lavagem de dinheiro -, apresentou petição ao MPF de Goiás para que seja apurada a origem dos recursos pagos a título de honorários.

A petição louva-se na aplicação da Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei 9.613/98), segundo a qual o recebimento de vultosa quantia de quem não tem renda lícita constitui crime de receptação culposa. É intuitivo que o advogado, assim como qualquer profissional, não está isento de justificar que a renda recebida de seu trabalho provém de origem lícita. Cuida-se de fazer com que a lei seja cumprida.

Vale lembrar que a análise da petição – de resto exercitável, também, como atributo da cidadania -, do ponto de vista de efetiva ação do Ministério Público Federal, caberá, a princípio, aos procuradores da República destinatários daquela, que detêm a inteira atribuição para agir como lhes parecer adequado sob o ditame da lei. Isto não representa, contudo, menosprezo à Advocacia e ao exercício regular da ampla defesa e do contraditório, que os membros do Ministério Público Federal fazem questão de reverenciar como fundamental em um Estado de Direito – tanto quanto o integral cumprimento da ordem jurídica.

Alexandre Camanho de Assis
Procurador Regional da República
Presidente da ANPR

Com informações do site do Conjur

Fonte: Brasília 247 - 01/06/2012

Como seria possível alguém acreditar em Lula ou em Nelson Jobim?


sexta-feira, 01 de junho de 2012 | 18:23


Jorge Brennand
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ACREDITAR EM LULA?
Possui em seu currículo a ausência de escolaridade e a contumaz omissão perante situações patentes de corrupção no íntimo grupo político que faz parte. Isso, é claro, além de ser reconhecido como acentuadamente vaidoso.
Toda a nação presenciou – na boca de Lula, por seu interesse pessoal e político – José Sarney evoluir de demônio corrupto a imaculado santo milagroso. Lula acha que pode enganar a todos, por todo o tempo. Seu passado é farto em fatos comprobatórios que indicam colocar a luta pelo poder acima de qualquer decisão ética que tenha de tomar.
Corrupção, como tem demonstrado, é um ato necessário, desde que seja ele o beneficiário, como provou Sebastião Nery na matéria editada dia 30/5/2012 na Tribuna, na qual Paulo de Tarso Venceslau, fundador do PT, declarou na CPI dos Bingos ter entregado a Lula uma denúncia formal (escrita) e provas sobre corrupção nas prefeituras administradas pelo PT, nestes termos:
“Tentei levar a informação para dentro do partido, procurei todas as instâncias, mas não consegui ser ouvido. Registrei uma carta em cartório com a denúncia e mandei para Lula, então presidente do PT. Tirei uma cópia e entreguei na mão de Mercadante, Suplicy, Genoíno, Chinaglia, Greenhalgh”.
Lula não fez nada na ocasião nem em data alguma, pois o benefício da corrupção interessava a ele, e o arrecadador da propina (via empresa CPEM) era Roberto Teixeira, compadre de Lula, que cobrava 20% do valor das obras, contratadas sem licitação “para fazer um trabalho com base em notas falsas, rasuradas”. Essa grana era oriunda dos impostos pagos pelos cidadãos e usufruída por Lula e sua tropa de elite no PT.
Lula residiu de graça – com casa, comida e roupa lavada – por proveitoso tempo, numa casa do compadre Roberto Teixeira, o coletor da grana surrupiada dos impostos. Um final feliz para Lula. Fora esse aspecto meramente corrupto-monetário, ainda há o imoral caso dos lutadores de boxe cubanos que foram entregues ao “humanista” Fidel Castro (durante a ditadura, segundo a Anistia Internacional, Fidel Castro mandou matar 86.587 pessoas).
Lula adorou tirar retrato ao lado de Fidel Castro à beira de uma mansão com piscina em Havana, bem como financiar obras em Cuba com o dinheiro arrecadado dos impostos pagos pelos brasileiros…
E o caso do Cesare Battisti, condenado em 1993 à prisão perpétua pela corte de apelações de Milão, Itália, por ter cometido diversos assassinatos, dentre os quais o de um simples comerciante? Battisti foi mantido no Brasil, livre e faceiro, por ato isolado de Lula em seu último dia de mandato?
Ainda há o episódio de seu filho, o “Lulinha”, por ele tratado esportivamente de “fenômeno” empresarial; o orgulho da “famiglia”.
Peço desculpas, mas não posso acreditar em uma pessoa com esse passado. Muito menos sendo um político…
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ACREDITAR EM JOBIM?
Hélio Fernandes, em 31 de dezembro de 2009, na Tribuna da Imprensa, foi peremptório ao afirmar sobre Jobim que a participação dele em cada um dos Poderes foi marcada pela indignidade, irregularidade, até mesmo pela calamidade, confessada por ele.
Hélio Fernandes fez um balanço das atividades de Jobim, que maculou os três Poderes da República: “Como deputado-constituinte, um fracasso, nas comissões ou no plenário. Foi o responsável (em parte) pela derrota do Parlamentarismo. Toda a Constituinte se encaminhava para aprovar o sistema que tinha como grande defensor o senador Afonso Arinos. Ficamos com essa Constituição dúbia e desequilibrada. No conteúdo, Parlamentarismo. Na forma, Presidencialismo-pluripartidarismo, uma excrescência. Essa palavra se aplica maravilhosamente ao Jobim que nos subterrâneos da madrugada, na Comissão de Redação da Constituinte, emendou a “Constituição” que nascia. Ninguém soube. Era o crime perfeito. Como a maldição do crime perfeito é o fato de ninguém saber, passados alguns anos, ele mesmo veio a publico e REVELOU TUDO.”
Afinal, qual foi o delito cometido por Nelson Jobim? Augusto Nunes escreveu na VEJA(06/06/2009), com todas as letras: “Em outubro de 2003, o Brasil foi confrontado com um crime que, praticado 15 anos antes pelo deputado-constituinte Nelson Jobim, assumiu dimensões bem mais perturbadoras ao ser revelado por um Nelson Jobim já vestindo a toga de ministro do Supremo Tribunal Federal. Com a naturalidade de quem explica por que prefere chimarrão a café, o ex-parlamentar do PMDB gaúcho confessou ter infiltrado na Constituição de 1988, cujo texto definitivo lhe coube redigir, dois artigos que não haviam sido votados, muito menos discutidos no plenário.”
Disse Jobim que viu o artigo acrescentado, sabia-o irregular, mas nada fez, deixou passar e pronto. Assim, acabou sendo votado e aprovado o texto final da Constituição com este artigo inserido SEM TER SIDO VOTADO sequer, no primeiro turno.
Pedro Antônio Dourado de Rezende e o advogado e consultor legislativo do Senado Adriano Benayon fizeram importante estudo sobre os efeitos causados no Brasil pela conduta de Nelson Jobim. Em 1988, a dívida externa e a inflação assombravam as contas públicas. A aprovação da alínea “b” do artigo 166 da Constituição (a “emenda” Nelson Jobim) serviu para beneficiar os credores dos mercados financeiros internacionais. “É um cheque em branco para o credor botar a mão na arrecadação”, disseram Rezende e Benayon. E citaram dados da Secretaria do Tesouro Nacional, atualizados em moeda corrente:
“Em 1986, a União pagou o equivalente a R$ 50,5 bilhões no chamado serviço da dívida, isto é, despesas com juros, taxas bancárias e outras obrigações relacionadas com os débitos externos. Quatro anos mais tarde, com a aprovação da nova Carta Magna, o valor passou para R$ 564,1 bilhões, em cifras atuais. Por outro lado, os investimentos caíram de R$ 20,9 bilhões para R$ 12,8 bilhões naquele mesmo período. Na opinião dos dois, a alínea “b” do artigo 166 (a “emenda” Nelson Jobim) contribuiu para essa discrepância.” Um belo presente de Nelson Jobim ao Brasil …
E Hélio Fernandes continua: “Não dá para contar o mínimo das barbaridades cometidas por ele, principalmente na presidência (do STF). Até que mais de 200 advogados e magistrados do Rio Grande do Sul (seu estado) exigiram a saída dele do Supremo. Esse movimento foi liderado no Rio, bravamente, pelo advogado Ivan Nunes Ferreira, que não descansou nunca. Nelson Jobim estava exatamente com 60 anos, a “expulsória” acontece aos 70, ele tinha portanto mais 10 anos no Supremo. Só que não dava para resistir, foi para casa. Literalmente.”
Peço desculpas, mas não posso acreditar em uma pessoa com esse passado. Muito menos sendo um político…

Agentes da tortura falam pela primeira vez: MP ouve depoimento de Guerra e Marival por 16 horas


sexta-feira, 01 de junho de 2012 | 19:19


Betinho Duarte
Em sigilo, começou esta semana a autópsia da ditadura brasileira. Durante 16 horas de depoimento em Vitória, ES, ao longo de segunda e terça-feira, o ex-delegado do DOPS Cláudio Antônio Guerra e o ex-sargento do DOI-CODI Marival Chaves Dias do Canto falaram pela primeira vez e formalmente ao Ministério Público Federal, na presença da coordenadora da Comissão Memória, Verdade e Justiça da Câmara de Deputados, deputada Luiza Erundina de Souza (PSB-SP).
Uma força tarefa de cinco procuradores do MP de quatro Estados (SP, RJ, MG e ES) foi enviada discretamente à capital capixaba pela subprocuradora geral da República, Raquel Elias Ferreira Dodge, para a inédita oitiva dos dois únicos agentes da repressão brasileira que ousaram testemunhar e confessar os abusos e crime praticados nos porões da ditadura.
O depoimento de Guerra e Marival acontece apenas doze dias após a instalação oficial pela presidente Dilma Rousseff da Comissão Nacional da Verdade, ainda enrolada na discussão burocrática de seu regimento de trabalho.
Ninguém da imprensa teve acesso ou soube dos depoimentos em Vitória. Uma equipe da TV Câmara, que acompanhava Erundina e o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), membro da Comissão Memória, Verdade e Justiça, não teve permissão dos procuradores para presenciar o ato. Uma equipe da própria Procuradoria Geral da República gravou os dois depoimentos na íntegra.
O ex-delegado Guerra, autor do livro recém-lançado Memórias de Uma Guerra Suja, em depoimento aos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros, falou durante 12 horas — nove horas na segunda-feira, entre as 9h e as 18h, e outras três horas na manhã seguinte, respondendo a uma bateria de perguntas dos procuradores. Na tarde de terça-feira, entre as 14h e as 18h, o ex-sargento Marival deu o seu testemunho, o primeiro que faz desde a histórica entrevista que concedeu em novembro de 1992 ao repórter Expedito Filho, da revista Veja.
No livro, o delegado do DOPS admite que matou com disparos à queima roupa, envolveu-se em atentados como o Riocentro e coordenou a incineração de corpos de presos políticos no forno de uma usina de açúcar em Campos, interior fluminense. Na revista, o sargento do DOI confirma, na frase dura que ilustra a reportagem de capa: “Eles matavam e esquartejavam”.
“É a primeira vez que o Estado brasileiro ouve formalmente os seus depoimentos”, observou o procurador Sérgio Gardenghi Suiama, que acompanhou o histórico evento na sede do Ministério Público Federal em Vitória, na companhia dos procuradores Antônio Cabral, Ivan Cláudio Marx, Silmara Goulart e Paulo Augusto Guaresqui.
Os dois agentes da repressão falaram longamente sobre o que viveram e viram, apontando nomes e locais que servirão para instruir os três procedimentos criminais já abertos no MP.
Guerra, apesar de se sentir ameaçado por ex-colegas que serviram à rede do DOPS, DOI-CODI e SNI, dispensou a sua inclusão no Programa de Proteção a Testemunhas, instituído em 1998 pela Secretaria Especial de Direitos Humanos do Ministério da Justiça. Apesar disso, a deputada Erundina, como coordenadora da Comissão Memória, Verdade e Justiça, formalizou ali mesmo, em Vitória, um pedido ao procurador da República em Campos dos Goytacazes, RJ, Eduardo Santos de Oliveira. “O depoente encontra-se sob frágil proteção policial executada pela PM do Espírito Santo”, ressaltou Erundina no ofício de terça-feira, 29, solicitando a cobertura da Polícia Federal ao ex-delegado.
“O Estado brasileiro, a partir desse ato formal perante o MP, é o responsável pela segurança pessoal de Guerra e de Marival e pela preservação dos locais e endereços onde foram praticados os crimes de tortura, morte e desaparecimento forçado”, observou Luiza Erundina, animada com as revelações detalhadas e as novas pistas oferecidas.
A deputada da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça espera, agora, que outras pessoas se inspirem no exemplo dos dois agentes da ditadura, contando o que viram e sabem sobre os porões da repressão. “Guerra e Marival provam que podemos e devemos buscar e revelar a verdade, por mais terrível que ela seja. A verdade está aí, basta ter vontade e coragem para ir atrás dela”.
Transcrito do blog Utopia, texto

Existe amizade entre homens e mulheres?


Sim, eles e elas podem ser genuinamente amigos. Porém, pesquisas apontam que a atração física está presente na maioria dessas relações e ainda afirmam que o sexo (para surpresa de muitos) pode fortalecer esses laços

Paula Rocha - Revista Isto É
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DILEMA
Admiração, ciúme, carinho, cumplicidade:
sentimentos que podem confundir o casal de amigos
"Entre um homem e uma mulher não é possível haver amizade. É possível haver paixão, hostilidade, veneração, amor, mas amizade, não." A frase, proferida pelo escritor irlandês Oscar Wilde (1854 – 1900), parece datada, mas não podia estar mais em sintonia com as atuais discussões sobre as relações entre os sexos. Assistido por mais de seis milhões de pessoas, um vídeo amador se tornou viral nos Estados Unidos e no Canadá justamente por explicitar a diferença de opiniões entre homens e mulheres no que tange às amizades intersexuais. Nele, um estudante universitário pergunta a suas colegas de faculdade se elas acreditam ser possível existir amizade entre um homem e uma mulher. A resposta? “Sim, claro”, dizem todas. Já quando ele dirige a mesma questão a seus colegas homens, ouve de todos que “hummm... não!” O tema, abordado de forma lúdica no vídeo, ganhou roupagem científica em três recentes pesquisas que buscam entender melhor as implicações das amizades entre pessoas de sexos opostos. Numa delas, os estudiosos definiram os quatro tipos mais comuns de relações entre eles e elas. Em outro estudo, pesquisadores concluíram que existe ao menos um pequeno nível de atração na maioria das amizades intersexuais, o que não é necessariamente ruim, já que a terceira pesquisa aponta que o sexo, para surpresa (e alegria) de muitos, pode fortalecer os laços entre os amigos. 

As amizades entre homens e mulheres podem até ser comuns nos dias de hoje, porém o mesmo não acontecia há apenas algumas décadas. Considerando o ponto de vista histórico, a interação amistosa entre eles e elas é um fenômeno recente, que surgiu depois da invenção da tevê em cores, em 1954. Até o século XIX, a amizade intersexual era considerada um “mal degenerador”, como conta Rosana Schwartz, pesquisadora de gênero pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e também pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. “Usando argumentos religiosos ou até científicos, os homens acreditavam que as mulheres eram frágeis e propensas a comportamentos desviantes, por isso a convivência com um homem que não fosse da família poderia degenerá-las”, diz Rosana. Ou seja, na época se acreditava que a presença de um homem poderia levar as pobres mulheres indefesas a cometerem um ato absolutamente condenável: o sexo fora do casamento. Numa sociedade em que a maioria das mulheres só convivia com figuras masculinas como o pai, os irmãos ou os padres, a amizade entre os sexos era muito difícil, senão impossível. Esse cenário só começou a mudar quando elas chegaram em massa ao mercado de trabalho, no período pós-Segunda Guerra Mundial. “Mesmo assim, a amizade intersexual como a conhecemos hoje só se solidificou nos anos 1970, pois até uma década antes os únicos amigos homens que as mulheres tinham eram os amigos do seu marido”, afirma Rosana.
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Mais de 40 anos depois, a maior interação entre homens e mulheres possibilitou que a amizade entre os sexos florescesse, mas não eliminou as complicações naturais presentes nesse tipo de relação. Afinal, o conhecimento popular prega que a linha que separa a amizade do amor é tão tênue que, numa relação em que homem e mulher gostam da companhia um do outro, esses sentimentos certamente irão se misturar. Na ficção não faltam exemplos de histórias de amigos que se descobrem apaixonados e fatalmente acabam em romance (leia quadro na pág. 92). Mas será que uma relação de amizade entre homem e mulher sempre contém uma pitada de atração amorosa ou sexual? Dispostos a descobrir isso, uma equipe de professores da Universidade de Wisconsin-Eau Claire, nos Estados Unidos, realizou uma pesquisa com 400 adultos, com idades entre 18 e 52 anos, que mantinham amizade com pessoas do sexo oposto. A maioria declarou sentir ao menos um nível de atração por seu amigo ou amiga, mas os homens em geral demonstraram estar mais atraídos pelas amigas do que elas por eles. Eles também se mostraram mais dispostos a ter um encontro amoroso com as amigas do que elas com os amigos.
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Em outro estudo realizado pelo mesmo time de pesquisadores, os 400 entrevistados foram convidados a nomear os benefícios e malefícios das amizades intersexuais. Em geral, a maioria declarou enxergar mais delícias do que dores nesse tipo de relação. Porém, a atração sexual foi considerada mais um malefício do que um benefício. Esse sentimento seria responsável pela infelicidade dos entrevistados em seus respectivos relacionamentos amorosos – quanto mais atraídos pelos amigos eles se sentiam, pior eles avaliaram sua satisfação em seus namoros ou casamentos. Aceitar que seu parceiro amoroso tem um amigo do sexo oposto também não é uma tarefa fácil para a maioria das pessoas, garante a americana Lillian Rubin, autora do livro “Just Friends” (Apenas Amigos, sem publicação no Brasil). Na obra, a psicóloga discorre sobre as alegrias e os dramas inerentes às amizades intersexuais. “Amigos, independentemente do gênero, existem para suprir as lacunas que não são preenchidas no casamento e dessa forma tornam o casamento possível”, disse Lillian à ISTOÉ. “E é porque sabemos isso que os amigos, especialmente aqueles do sexo oposto, são vistos como uma ameaça.” Mesmo com os possíveis prejuízos às relações amorosas, as amizades entre eles e elas ainda são desejadas pelas maioria. “A atração sexual foi considerada, com frequência, um malefício, mas, mesmo assim, as pessoas se mostraram dispostas a cultivar amizades com indivíduos do sexo oposto porque se sentem realizadas nesse tipo de relação”, diz April Bleske-Rechek, professora de psicologia e uma das autoras do estudo da universidade americana.
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Outra pesquisadora americana, Heidi Reeder, professora de comunicação da Boise State University, publicou recentemente um artigo em que classifica os quatro tipos mais comuns de amizade entre homens e mulheres (leia quadro à esq.). Após realizar centenas de entrevistas com alunos e alunas de diversas idades sobre esse tema, Heidi chegou à conclusão de que o tipo mais comum de amizade entre eles e elas, já experimentado por 96% dos entrevistados, não inclui interesse romântico ou sexual. Em segundo lugar ficou a atração objetiva física ou sexual, em que os amigos reconhecem que o outro pode ser atraente, mas não nutrem atração física entre si. É o caso dos amigos Nicolly Mira, 25 anos, e Aluísio Nahime, 28. Os dois se conheceram há sete anos, quando cursavam faculdade. De tanto se encontrar nos corredores e nas festas, aos poucos foram se tornando mais próximos e hoje se consideram melhores amigos. “Para mim o Aluísio é como um irmão mesmo. Dormimos na mesma cama várias vezes, eu até já vi ele pelado, mas nunca rolou nada entre a gente”, conta Nicolly, que admite achar o amigo lindo, mas diz que ele não faz seu tipo. Nahime, por sua vez, também diz ver Nicolly como uma irmã. “Sempre posso contar com o apoio dela, seja nas horas boas, seja nas horas ruins”, diz. “E, para mim, palavra de mulher vale mais do que a de homem.”
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Na opinião do psicoterapeuta Ailton Amélio, da Universidade de São Paulo (USP), um especialista em relações entre homens e mulheres, o tipo de amizade desfrutado por Nicolly e Nahime é muito benéfico, sim, “mas desde que não haja interesse romântico ou sexual de uma das partes, pois isso poderia desestabilizar a relação”, diz. Já a pesquisadora Rosana Schwartz defende que a atração física não impede que a amizade entre os sexos ocorra. “Muitas vezes essa primeira aproximação se dá por conta de um interesse físico de pelo menos uma das partes”, afirma Rosana. “Mas, se essa atração não é correspondida, a amizade acontece.” Apesar de garantir que não nutre nenhuma atração por Nicolly hoje, Nahime admite que se aproximou dela porque a achou atraente. “No começo eu tinha vontade de ficar com ela, sim. Tentei uma vez, ela não quis, eu respeitei essa decisão e daí a amizade cresceu”, diz. Cláudya Toledo, diretora da agência de relacionamentos A2 Encontros, no entanto, enxerga com mais ceticismo a suposta amizade despretensiosa entre eles e elas. “Pela minha experiência como cupido profissional, acredito que só os homens mais velhos conseguem ter uma relação desinteressada com as mulheres”, afirma Cláudya. “Os mais novos estão muito preocupados com a conquista amorosa ou sexual.”
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Polêmicas à parte, a atração física entre amigos de sexos opostos pode não ser tão ruim assim, como indica outro estudo conduzido pela pesquisadora americana Heidi Reeder. Ao ouvir cerca de 300 pessoas de ambos os sexos sobre suas amizades intersexuais, ela chegou à conclusão de que 20% dos entrevistados já haviam transado com um amigo ou uma amiga pelo menos uma vez na vida. Destes, 76%, surpreendentemente, disseram que a amizade melhorou depois do sexo. Dentre os 76%, metade começou um relacionamento amoroso com o amigo, mesmo que essa não fosse sua intenção original. A outra metade permaneceu apenas na amizade, muitas vezes, colorida. O termo, que define as relações em que os amigos são apenas amigos, mas têm intimidade física, é bem conhecido desde os tempos do amor livre, lá pelos anos 1970. Ainda hoje, contudo, muita gente reprova esse tipo de interação entre os sexos. “A sociedade ainda condena esse comportamento, especialmente nas mulheres”, diz Ailton Amélio. “É difícil encontrar uma que admita desfrutar de uma amizade colorida porque elas têm medo de ficar malfaladas, já que uma relação desse tipo implica que tanto o homem quanto a mulher possuem outros parceiros sexuais.”

Assumir a escolha por uma amizade colorida não é um problema para a publicitária Grace Kelly Toledo Dorta, 33 anos. Há mais de dez anos ela mantém um relacionamento na base do “amigos com benefícios” com o gerente de vendas Alex Savi Monteiro, também de 33 anos. Numa relação ora próxima, ora distante, eles namoraram outras pessoas durante esse período, mas sempre acabaram retomando o contato. “Quando ela estava namorando, eu sentia ciúme sim, mas ficava na minha”, diz Monteiro. “E, quando estamos solteiros, procuramos um ao outro, mas nem sempre ele ou eu estamos disponíveis para atender”, afirma Kelly. Entre encontros e desencontros, a amizade se fortaleceu. “Nossa relação é muito forte, é amor. Sei que posso contar com ela para tudo”, diz Monteiro. “Nós curtimos muito a companhia um do outro, e, se essa relação nunca evoluir para um romance, pelo menos será uma boa história para contar para os meus netos no futuro”, afirma Kelly.
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Nem sempre, porém, misturar sexo com amizade faz bem para as relações. O gerente de marketing C.S.R., 28 anos, que pediu para não ser identificado, perdeu uma amiga depois de se envolver romanticamente com ela. Os dois se conheceram há seis anos, quando trabalhavam juntos em um shopping na capital paulista. Almoço vai, almoço vem, construíram uma relação de amizade. Porém, C., que estava solteiro na época, acabou se envolvendo com a prima da amiga. “Um dia, no entanto, percebi que gostava mesmo da minha amiga. Então terminei o caso com a prima dela e começamos a ficar”, diz C. O problema foi que, por receio de magoar a prima, a amiga de C. não quis assumir o romance, o que gerou muitas brigas. “Claro que isso causou um desgaste grande entre nós e fez com que eu me afastasse dela. No ponto em que estávamos, não havia mais meio-termo, não dava para simplesmente continuarmos amigos”, diz. Depois que eles romperam a amizade, a amiga de C. namorou e se casou com outro homem, mas até hoje ele lamenta o que aconteceu. “Perdemos uma amizade e uma relação fantástica, que nunca tive com outra pessoa desde então.” Para Ailton Amélio, o envolvimento amoroso ou sexual entre amigos pode ser um fator de risco para as amizades, sim, principalmente quando o interesse romântico ou sexual é unilateral. “Nesse caso, o sexo provavelmente aumentará o envolvimento romântico daquele que sentia esse tipo de atração e essa pessoa pode querer transformar o relacionamento em namoro, o que constrangerá a outra”, diz.
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Para felicidade (ou infelicidade) dos amigos de sexos opostos, o que a sabedoria popular perpetua, e os especialistas reforçam, é que se apaixonar por um amigo é mesmo muito fácil. “É mais cômodo se apaixonar por alguém que está ao seu lado, alguém com quem você já tem intimidade e pode se entregar”, diz Cláudya Toledo. Foi o que aconteceu com os empresários Camila Balthazar, 27 anos, e Marcos Trinca, 35. Os dois se conheceram há três anos. A princípio, o que os uniu foi uma empatia mútua. Ambos estavam solteiros e se tornaram amigos próximos, do tipo que dorme na mesma cama e troca revelações sobre suas respectivas experiências sexuais e amorosas. “Não rolava atração de nenhuma das partes”, afirma Camila. Até que o assunto “ficar” entrou em pauta. “Conversamos sobre como seria se a gente se beijasse”, conta Trinca. “Havia essa vontade, mas, ao mesmo tempo, também tínhamos medo de que isso prejudicasse nossa amizade.” Numa noite, o beijo aconteceu. Um mês depois, os dois já cultivavam uma relação amorosa. Hoje vivem juntos, mas não se declaram casados. “Estar em um relacionamento amoroso com seu melhor amigo é ótimo. Não há segredos entre a gente”, diz Camila. 

Por mais que a amizade intersexual ainda seja vista com descrença por muitas pessoas, especialmente pelos homens, a interação amistosa pode acontecer até nos cenários mais improváveis, como comprova a história da assessora Erika Digon, 35 anos, e do gerente comercial Tuco Oliveira, 36. Erika e Oliveira foram casados por sete anos. Alegando desgaste da relação, ela decidiu pedir a separação. “Na época, o Tuco ficou bem chateado e permanecemos alguns meses sem nos falar”, diz. Conforme o baque do divórcio foi passando, os dois retomaram o contato. “Quando eu via algo que me lembrava o Tuco, ligava na hora para ele para contar”, lembra Erika. De ex-marido e ex-mulher, os dois passaram a melhores amigos, tanto que Oliveira fez questão de ir à festa do segundo casamento de Erika. “Acho que o que ficou para nós foi uma ligação muito mais forte do que o normal, de poder trocar confidências sobre relacionamentos, profissionais e até sobre nosso direcionamento de vida. O querer o bem um do outro é o que move a nossa relação”, diz Oliveira. E o ciúme, os dois garantem, ficou para trás. “A atração e o tesão acabaram, mas o amor entre nós permaneceu”, afirma Erika. Prova de que até Oscar Wilde, apesar de ser um ótimo criador de frases de efeito, não podia estar sempre certo.
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Produção: Braga Júnior - Imagemakers;
Agradecimentos: Colcci, Triton, Forum, Calvin Klein

Trio esfria - por Miriam Leitão


Enviado por Míriam Leitão e Alvaro Gribel - 
1.6.2012
 | 
15h00m
COLUNA NO GLOBO


Há uma nova frente fria do mundo: China, Índia e Brasil estão reduzindo o crescimento. Ontem saiu o dado da Índia, o menor em 9 anos. A China já não segura o crescimento de dois dígitos há tempos e agora está desacelerando mais. O Brasil não consegue sustentar 3%. O trio está assustando. Na Europa, a cada dia, uma nova agonia. Ontem foram divulgados dados mostrando que 100 bilhões fugiram do Espanha em três meses.
Os Estados Unidos ainda estão tentando se recuperar com idas e vindas nos indicadores. O crescimento no primeiro trimestre foi ontem revisado para baixo, para 1,9%, anualizado. O dado trimestral que sairá hoje do Brasil deve mostrar quase estagnação na comparação com o último trimestre do ano passado. O PIB em 12 meses ficará ainda menor que o tímido número de 2,7% com que se fechou o ano de 2011.
Que os países de industrialização antiga estão em crise e com baixo crescimento já se sabe há muito tempo. A esperança pousou exageradamente sobre o ritmo dos emergentes. E há uma ligação entre todos eles, o que significa que os países sobem e descem juntos. A China puxa vários países de diferentes níveis de desenvolvimento. A demanda chinesa sustenta as economias maduras, as emergentes e as em desenvolvimento na África. Ela encomenda produtos no mundo inteiro.
O Brasil é muito dependente do ritmo chinês. Para se ter uma ideia, o país saiu de um superávit de US$ 10 bilhões com os Estados Unidos, em 2006, para um déficit de US$ 8,2 bilhões, no ano passado. Saiu de um déficit com a China de US$ 3,5 bilhões, em 2008, para um superávit de US$ 11,5 bi. Quando faltou a força dos Estados Unidos, o Brasil foi puxado pela China.
A Índia teve uma queda no seu ritmo de crescimento neste começo do ano que supera o mergulho do auge da crise de 2008. A alta do PIB tinha sido de 9,2% no primeiro trimestre do ano passado e neste foi de 5,3%. É o pior número em quase uma década. A Índia teve ainda uma desvalorização cambial de 25% - 12% apenas este ano - e a inflação voltou a bater em 7%, o que tornará difícil reduzir os juros. Enfrenta uma paralisia política, que interrompe o programa de reformas, e tem um enorme déficit em transações correntes. A revista eletrônica Slate disse que a queda simultânea do ritmo de crescimento na China, Índia e Brasil é "uma notícia horrível" para o resto do mundo.
Na verdade, o Brasil só teve um ano de aceleração forte, em 2010, quando se recuperava da recessão de 2009. Daí para diante seu ritmo voltou a níveis baixos. Não há comparação com o passo da China e Índia, os dois países responsáveis pelo mundo ter mantido algum ritmo de crescimento mesmo durante o colapso financeiro de 2008-2009.
O Brasil cresce menos que os dois asiáticos. Isso há vários anos. O problema agora é que o encantamento dos investidores com o Brasil está perdendo intensidade. Os analistas começam a apontar cada vez mais os problemas do país - falta de reformas, impostos excessivos, logística ineficiente e corrupção - e falam menos das perspectivas criadas pela expansão do mercado interno.
A indústria brasileira teve a segunda queda seguida, em abril, e nos quatro primeiros meses do ano a redução foi de 2,8%, em relação ao mesmo período de 2011. Mas um dado que impressionou visto de fora não tem exatamente o motivo que os analistas imaginam. A redução forte da venda de caminhões e ônibus, que chegou a uma queda de 22% no começo de maio, foi apontada pela Slate como prova da desaceleração brasileira. Tem, no entanto, um fator bem específico: a mudança tecnológica dos motores para rodar com diesel mais limpo, o Euro 5, produziu um acúmulo de veículos no pátio. Os compradores ficaram em dúvida se valeria a pena pagar mais caro pelo veículo e pelo combustível, e ainda correr o risco de não encontrar o produto porque, inicialmente, a distribuição foi muito ineficiente.
O jornal inglês "Financial Times" também ressaltou a coincidência do trio em desaceleração - China, Índia e Brasil. De nós, o jornal diz que o Banco Central reduziu os juros a níveis históricos para tentar reverter a queda do crescimento de 7,5%, em 2010, para 1% anualizado nos últimos meses.
O que mais assusta é a China. Qualquer movimento que o país faça mexe com os preços dos ativos, as expectativas, as decisões de investimento. O país antes era visto como tendo encontrado uma fórmula infalível de crescimento. Hoje, os defeitos da economia chinesa começam a ser ressaltados. A "Economist" fez uma reportagem de capa empilhando os defeitos da China. Segundo a revista, o modelo econômico não é justo: os bancos exploram os poupadores sub-remunerando o capital, tanto que começa a haver saída de dinheiro para aplicar em outros países; as barreiras comerciais permitem que as empresas estatais cobrem demais pelos produtos que fornecem; o sistema nega aos trabalhadores rurais que vão trabalhar nas cidades os mesmos direitos dos trabalhadores que sempre moraram nos centros urbanos; leis arbitrárias permitem as autoridades locais explorarem os produtores rurais.
Dos Brics, só a Rússia está acelerando, mas é resultado da alta - já revertida - do preço do petróleo. Brasil, China e Índia reduzem o ritmo em patamares diferentes e por motivos diferentes. O que acontece com China, Índia e Brasil é que investidores têm falado mais dos defeitos que das virtudes das três economias.