quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Novos documentos indicam que o estrago pode chegar a 300 mil bolsas de sangue. A Câmara quer explicações do ministro da Saúde, Alexandre Padilha


PROBLEMÃO
Parlamentares defendem ida do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, à Câmara

Documentos internos do Ministério da Saúde sugerem que o desperdício de plasma sanguíneo, denunciado por ISTOÉ na última edição, pode ser bem maior que as 55 mil bolsas de sangue escondidas num depósito nos arredores de Brasília. Uma troca de memorandos entre setores técnicos e a cúpula ministerial, entre os meses de fevereiro e agosto de 2009, indica que o governo tinha em estoque mais de 660 mil bolsas de plasma. Desse total, foram “enviadas para beneficiamento 423 mil bolsas”. Ninguém sabe informar o que houve com outras 237 mil bolsas e por que esse material não foi enviado para a França. Uma pista do destino desse plasma pode estar no mesmo depósito do Ministério da Saúde. Uma fonte do setor garantiu à reportagem que havia cerca de 300 mil bolsas estocadas na câmara fria do ministério. Suspeita-se que a maior parte desse carregamento tenha sido retirada do local no início do ano, quando a denúncia começou a circular. ...

Na quarta-feira 5, o Ministério da Saúde publicou o edital para a contratação da empresa que fará o descarte das 55 mil bolsas, armazenadas desde 2004. A medida foi tomada em caráter emergencial, após denúncia de ISTOÉ, a pedido do próprio ministro Alexandre Padilha. A interlocutores, ele diz que “herdou um problemão”. Na Câmara, o presidente da Comissão de Seguridade, deputado Luiz Mandetta (DEM/MS), conseguiu aprovar requerimento de informação ao Ministério da Saúde. O deputado Eleuses Paiva (PSD/SP), que também é médico, fez coro. “O ministro precisa esclarecer ao Congresso”, diz. Ele defende a convocação de Padilha e de seus antecessores, como o próprio deputado Saraiva Felipe (PMDB/MG), que sucedeu Humberto Costa. “Trata-se de uma questão de alto interesse público”, diz.

ATRASO
Lotes de hemoderivados podem ter chegado já vencidos

Outro personagem que poderá ser convocado é a ex-secretária-executiva do Ministério da Saúde Márcia Bassit, que deixou o cargo em 2011 para assumir a diretoria-geral do Laboratório Francês de Biotecnologia (LFB) no Brasil. Suspeita-se que Márcia tenha agido em benefício dos franceses. ISTOÉ descobriu que os dois primeiros lotes de hemoderivados beneficiados pela empresa chegaram ao Brasil com 223 dias de atraso – o limite contratual é de 180 dias. Como os hemoderivados têm validade de dois anos, há o risco de que tenham chegado ao consumidor próximo do vencimento ou já vencidos. 

Por Claudio Dantas Sequeira
Fonte: Revista ISTOÉ - Edição Nº 2235 - 06/09/2012

Novo corregedor é igual à Eliana Calmon e quer derrubar sigilo fiscal e bancário das autoridades.



Carlos Newton
As sementes plantadas pela ministra Eliana Calmon no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) já estão dando frutos. Seu substituto na Corregedoria, ministro Francisco Falcão, tomou posse hoje dizendo que “temos ainda meia dúzia de vagabundos que precisamos tirar”, garantindo que manterá o rigor de sua antecessora no cargo.
 Falcão mostra a que veio…
“Quem estiver pensando que com a saída de Eliana, vai modificar (o rigor do CNJ), está completamente enganado. Continua do mesmo jeito. Eu sou mais mediador. Nós temos estilos diferentes. Nós somos muito amigos, mas cada um tem o seu estilo. Mas no fundo o rigor será o mesmo” – destacou Falcão, acrescentando ser inaceitável o sigilo bancário e fiscal a que as autoridades brasileiras têm direito.
“”Nos Estados Unidos, como todos sabem, nenhuma autoridade tem sigilo. E eu defendo essa tese. Lamentavelmente, no Brasil, nós temos aí nossa Constituição que garante o sigilo. E nós temos que ser obedientes à Constituição. Temos que trabalhar para mudar essa mentalidade. O Brasil esta mudando e acredito que em pouco tempo nós alcançaremos essa coisa do primeiro mundo” – disse Falcão.
Sonhar não é proibido. Mas é claro que os parlamentares federais não têm a menor intenção de mudar a Constituição para derrubar o sigilo fiscal e  bancário das autoridades, entre as quais deputados e senadores se incluem, é claro. Mas não há dúvida de que o ministro Francisco Falcão agiu muito acertadamente ao trazer o tema a debate. Como diz o velho ditado popular francês, de tanto martelar, o ferreiro acaba desentortando a barra de aço…

Saiba por que o Dieese erra repetidamente quando calcula o preço da cesta básica



Políbio Braga
Há muitos anos a Agas, que representa os supermercados do RS (o Estado tem o maior número de habitantes/supermercados do País) opõe restrições aos resultados anunciados pelo Dieese para os preços da cesta básica.
Na quarta-feira, o Dieese revelou que Porto Alegre foi a campeã do País. Acontece que os economistas da Agas debruçaram-se sobre os preços dos 13 itens que compõem a cesta básica e constataram que Porto Alegre não é a campeã, mas ocupa a sétima posição.
É uma denúncia muito séria. O que há ? É que o Dieese compara o mesmo produto com quantidades e tipos diferentes. É como comparar banana com laranja.
O editor conversou com Antonio Longo, presidente da Agas, que fez questão de ressaltar a importância do serviço do Dieese, mas reclamou mais uma vez da falta de atenção em relação às colocações que faz há muitos e muitos meses.
As razões do desconforto da entidade também dizem respeito à própria composição da cesta básica, montada há 60 anos:
- Artigos de higiene, como papel higiênico, sabonete e pasta de dentes, não podem continuar de fora da cesta básica, assim como manteiga não pode continuar dentro.
Traduzindo: o primeiro passo é repensar o que realmente compõe o que poder-se-ia chamar de cesta básica. Simples assim. Depois, então, é que vamos calcular a evolução.
(Do Blog do Polibio)

Ascensão e queda de uma nobre justiça


Roberto Monteiro Pinho

Os estudiosos da performance do Judiciário  vaticinam que o atual modelo de justiça é um aglomerado de leis, a maioria aplicada de forma errada pelos seus operadores estatais e outras debilitadas e fadadas a cada dia mais mergulhar no caos inaceitável, diria eu de que neste momento já estamos convivendo com um aberratio juris.
Em 2008 o Judiciário brasileiro gastou R$ 177,04 por brasileiro. No ano anterior, foi registrado o custo de R$ 158,87 por habitante. Hoje se fala extraoficialmente em R$$ 294,00. Embora os gastos e a demanda tenham aumentado, em 2007, havia 15.623 juízes, hoje são 18 mil e a demanda de ações cresceu em torno de 20%, com o Judiciário mergulhado em 88 milhões de ações (dados do Conselho Nacional de Justiça).
Em 2008 os tribunais e varas de todo país gastaram (números do CNJ) R$ 33,5 bilhões para funcionar, em 2007 o gasto foi de R$ 29,2 bilhões, e na medida em que chegam mais processos no judiciário, a despesa aumenta, segundo as estimativas para 2012, é de que este ano serão gastos R$ 97 bilhões com o judiciário.
Existe um anacronismo quanto aos serviços/custo beneficio dos serviços da máquina administrativa dos tribunais, começando com o gasto com servidores e magistrados,  hoje em torno de 93% do total do orçamento. Não é preciso dizer mais nada.

OBRA-PRIMA DO DIA - SEMANA DA LOGGIA DEI LANZI O movimento e a fúria na obra de Giambologna



Giambologna nasceu em Douai, Flandres, hoje cidade francesa. Estudou em Antuérpia e foi para Roma continuar seu aprendizado, em 1550. Muito influenciado por Michelangelo, aprofundou-se no estudo das estátuas clássicas e desenvolveu um estilo maneirista muito original. Tinha especial interesse pelos problemas espaciais e dava muita importância às superfícies refinadas, de fria elegância e beleza. O que não impedia que representasse com insuperável realismo a emoção que dominava os personagens cuja ação esculpia.
Suas duas obras na Loggia dei Lanzi, O Rapto das Sabinas e Hércules e o Centauro,são um exemplo expressivo do conhecimento que Giambolgna tinha de seu ofício e de seu imenso talento.


O Rapto das Sabinas (1529/1608) não foi uma encomenda, como acontecia mais frequentemente. Quando o Grão Duque Francesco I a viu, ficou entusiasmado e ordenou que fosse colocada em local de prestígio e nada mais prestigioso, para Florença, do que a Loggia dei Lanzi, onde já estava o célebre Perseu de Cellini.

 

Esculpida em um único bloco de mármore, com 4m10 de altura, o maior já transportado para Florença, é uma composição de grande originalidade. Uma façanha em termos de técnica e uma composição do tipo figura serpentinata, de movimento helicoidal, ou seja, a obra pode ser apreciada em toda a sua inteireza.
Essa tipologia havia sido proposta por Leonardo da Vinci e explorada por Michelangelo, mas a peça de Giambologna foi a primeira das grandes obras da arte renascentista a oferecer múltiplos pontos de interesse para o apreciador da arte da escultura. O Rapto das Sabinas é uma das mais célebres esculturas numa terra onde esse tipo de arte tem representantes do maior quilate...


Embora menos célebre que O Rapto das SabinasHércules e o Centauro é também impressionante. Impossível não sentir, ao olharmos para a estátua, a força exercida por Hércules em seu momento de fúria contra o centauro.
O conhecimento do corpo humano, aliado a uma fantástica sensibilidade, fazem de Giambologna um mestre em sua arte. Gosto especialmente de ver o braço de Hércules em movimento e de notar a determinação em seu rosto.
A Loggia dei Lanzi nos apresenta pois três obras-primas da escultura: o Perseu de Cellini, e as duas obras de Giambologna. Em nossos dias os originais ameaçados pela poluição e pela ação de vândalos, podem ser vistos em museus florentinos, onde são preservados da ação do “progresso”. Como as cópias são perfeitas, a beleza da Loggia, e sua riqueza, estão preservadas. O Ministério da Cultura italiano não brinca em serviço...

Loggia dei Lanzi, Florença

Decadência da política incentiva campanha por voto nulo.


Haroldo Lago
Se nada fizermos enquanto podemos, depois das eleições teremos 5.568 prefeitos, 5.568 vice-prefeitos, e nada menos que 68.544 vereadores eleitos, posando de líderes e prontos a enriquecer ás nossas custas.
Considere apenas 02 (dois) ‘assessores’ para cada um e teremos a trágica equação: 5568 x 2 + 68544 = Y x 2 + Y = X, onde X é = a 239.040. Uma legião de parasitas vivendo às nossas custas e nos roubando descaradamente.
Pergunte a qualquer um desses energúmenos para que serve um vereador, e prepare-se para uma torrente verborrágica inócua, carente de conteúdo e recheada de erros. Os que se deixam enganar – e afirmam que ‘ainda existem bons candidatos’, estão assinando uma confissão de culpa/cumplicidade/estultice.
Os políticos e seus partidos são os únicos beneficiários desse sistema apodrecido. A luta deve visar a mudança do sistema. Chega de vices, chega de suplentes, chega de quociente eleitoral e chega de reeleição. Que prevaleça a vontade do eleitor! Que os mais votados sejam os eleitos. Que os eleitos tomem posse, e que os empossados cumpram atá a última hora do último dia o mandato recebido nas urnas! Vamos anular essa eleição? Vote nulo!

Por que a Escandinávia é tão especial


Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)

Não sei por que, no último final de semana, este texto de 2009 foi o mais lido do Diário. Tentei descobri como ele reaparecera, mas não consegui. Gostei, de toda forma, porque ele trata do fascinante modelo escandinavo — em que o capitalismo não tomou o caráter predador que se vê nos Estados Unidos e em tantos outros países ocidentais. Cada vez mais o mundo se volta para o sucesso escandinavo para tentar entendê-lo e aprender as lições, que não são poucas. Republico o artigo porque o tema é definitivamente inspirador.
 Copenhague é isso
Parei um instante. Estava a uns cem metros da Biblioteca Real, em Copenhague, um prédio que simboliza o espírito da cidade: arrojado, inovador,jovem, informalmente elegante. Alegre.
Era tempo de voltar para Londres.
Olhei para trás. Respirei fundo, como meu filho Emir na noite em que se despediu do luminoso de Picadilly e de Londres, os olhos fixados nas imagens piscantes e a mente nas pessoas e nos lugares que fizeram a temporada londrina ser para ele o conto de fadas que foi.
Volto para cá, pensei. As espreguiçadeiras ao lado da Biblioteca, onde passei parte de uma manhã de sol delicado lendo diante das águas de um canal rasgado, de vez em quando, por lanchas e embarcações turísticas. “Aqui é minha tribo”, pensei, vendo o grupo silencioso de leitores perto de mim.
Copenhague me fascinou por razões mundanas e espirituais. Como passar o resto da vida sem comer o cachorro quente de Copenhague, em que a salsicha é colocada numa espécie de furo feito no pão de alto a baixo? Não é o corte tradicional que o divide em dois. Como nunca mais comer o pão doce de massa folhada?
Posso com certeza passar sem os pratos vanguardistas da cozinha dinamarquesa, tão admirados mundialmente. Um restaurante de Copenhague, o Noma, acaba de ser eleito o melhor do mundo. Vivo sem o Noma. Mas mereço mais cachorros quentes e pães doces de Copenhague antes de morrer.
É belo ver a procissão de bicicletas na cidade. Elas dão um ar único a Copenhague. Fazem-na a cidade mais interessante do mundo hoje. Homens, mulheres, crianças, velhos, a cidade toda pedala. Muitos buscam saúde e economia nas despesas, alguns diversão. As bicicletas são bonitas, simples e inventivas. Um cesto na frente permite aos homens colocar sua valise executiva e às mulheres a bolsa. Algumas bicicletas têm um banquinho especial para bebês e crianças pequenas. Nos finais de semana, é comum ver famílias passeando de bicicleta.
Entre a calçada dos pedestres e a rua dos carros, há um espaço reservado para elas. Um pequeno desnível separa a calçada desse espaço. Numa caminhada, tropecei no desnível e desabei. Soube cair. Deixei meu corpo rumar para o chão de Copenhague, me ergui dignamente e segui, ligeiramente arranhado na mão direita. Meu inesquecível tombo dinamarquês.
De tudo, o que mais me encantou foi a Janteloven. As Leis de Jante, uma cidade imaginária criada em 1933 por um escritor de dupla nacionalidade, dinamarquesa e norueguesa. São dez as leis, mas essencialmente elas se resumem numa linha: você não é melhor que eu e eu não sou melhor que você.
Há um debate em torno da Janteloven. Algumas pessoas vêem nela um aspecto negativo. Uma treinadora de uma equipe feminina de um determinado esporte certa vez provocou celeuma ao usar roupas nas quais estava escrito: “Foda-se a Janteloven.” Ela queria que as jogadoras quisessem ser umas melhores que as outras.
Mas tenho para mim que a Janteloven é o maior motivo para que a Dinamarca, sistematicamente, fique em primeiro lugar em estudos destinados a aferir o grau de felicidade das pessoas nos países. Não se sentir diminuído diante de ninguém faz bem à alma.
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DESPRENDIMENTO
Uma funcionária de um museu nos arredores de Copenhague imprimiu, para mim, a página da Wikipedia que fala da Janteloven. Com a caneta, acrescentou que o código induz à modéstia e ao desprendimento material.
Concordo.
Júlio César tinha um servo incumbido de ficar lembrando-o de que era careca. O objetivo era que ele jamais esquecesse que, no fundo, era um ser humano. Como todos nós. Quando os traidores o apunhalaram, encontraram o corpo frágil de um homem e não a carne inexpugnável de um deus. Sangrou, morreu, virou pó como o homem que limpava seu banheiro.
A Janteloven tem o mesmo efeito. Ela limita egocentrismo e megalomania, duas fontes poderosas de sofrimento. Sem contar que, quando existe uma cultura dessa natureza, é difícil imaginar cultos à personalidade que resultem em tiranos como Stálin, Hitler, Mao Tsetung ou Fidel Castro.
Curiosamente, as únicas pessoas em que percebi raiva da Dinamarca eram do Brasil. Algumas escreveram mensagens em meus textos sobre Copenhague. Uma mulher de meia idade, que encontrei por acaso no avião a caminho de Londres, disse que os dinamarqueses mentem quando dizem que são felizes. Ela está há oito anos na Dinamarca. É casada com um nativo. Imagino que o casamento não vá bem.
Tenho para mim que três coisas explicam o amargor de brasileiros em relação à Dinamarca. A primeira é a saudade das pessoas e lugares queridos. A segunda, a falta que o sol faz. Entre outubro e fevereiro, a Dinamarca sabe ser fria. A terceira é uma neurastenia própria do brasileiro, uma eterna insatisfação que o faz projetar no mundo exterior a culpa pela melancolia interior.
Os dinamarqueses enxergam a vida de outra maneira. E são mais felizes por isso. Ou menos infelizes, se você for mais cínico.
Gostei. Gostei muito. Quero voltar.

Charge do Sponholz



ALPHORN O CORNO DOS ALPES


HOCUS & POCUS

Ralph J. Hofmann
Caros Drs Hocus & Pocus
Gostaria de saber se o nome Alphorn (Alpe + Chifre)  se refere a alguma tendência de habitantes dos países alpinos  a tomarem gosto por serem os últimos a saber como suas esposas passam as tardes junto aos leiteiros e padeiros da vizinhança.
Alceu Pruriginosi
Caro Alceu
Você ouviu a vaca mugir mas não localizou a lata de leite.
Na verdade o Alpenhorn, é uma trompa cuja origem se perde nas brumas do tempo. Há excelentes  exemplares,  em museus, datando de 600 anos. Não se sabe se essas trompas eram originalmente para enviar mensagens de um monte alpino a outro, ou simplesmente são o resultado dos longos invernos em que o pessoal da roça não tendo mais nada para fazer, senão relógios cuco, passou a esculpir estas intrincadas estruturas de madeira.

Por outro lado talvez servissem também para que um irmão, de guarda no caminho pelo vale, avisasse seu irmão com toques de trompa: “Fritz, sai já da casa da Frida porque o marido dela já está chegando.  (Algo como acorda Maria Bonita, Levanta vai fazê o café/ que o dia já vem raiando / e a polícia já está de pé,  apenas mais solene).
Há considerações sobre por que este instrumento nunca se popularizou fora dos Alpes.
Cremos que o nosso amigo Marc Aubert seja o mais qualificado para responder. Dizem que o Marc tentou trazer um Alpenhorn no C-47  (DC-3) reformado que o trouxe ao Brasil em priscas eras.  Como queria trazer um bastante imponente (começam com 2,40 m) o instrumento não coube no avião.
Atenciosamente
Hocus & Pocus

O DEUS HERMES – MERCURIO



Walter Marquart
Condena ao fogo eterno, todos os hereges que ainda contribuem. A grande estátua que homenageia o construtor de Brasília recebeu reforços em suas fundações, elas passarão a suportar o acréscimo, acima da foice e do martelo de outra estátua , a do deus Hermes, para ser adorada pelos fiéis, estrelados ou sarneysianos. Trata-se do deus da fraude, da enganação, da trapaça, da corrupção, da mentira e também para reverenciar o patrono: o jeitinho brasileiro e o seu colega, o levar vantagem em tudo.
Hermes, o “bezerro de ouro” tem uma cabeça e muitos bolsos;/ muitos bolsos que a deidade chama de banco, intermediação bancária, recursos não contabilizados, contas secretas, verba partidária, Banco Central, Receita Federal, estaduais e municipais. Ah! Surgiram outros bolsos, muito ávidos, denominados enganosamente de IURD e IMRD, diletas concorrentes. Mas o bolso que mais arrecada é o lulo-petismo. É Fera, consome o dinheiro público em atividades particulares, partidárias e na implantação do reino ideal, todo ele aparelhado com fiéis da mesma causa. Este tipo de fera aumentou a carga tributária de 22 % para 37 %, e a sociedade está mais desprotegida do que nunca neste país.
É importante que o discípulo seja batizado no Lago Paranoá e que tenha o registro de Micro Empresário, super simples ou exibir o salvo-conduto conhecido por incentivos fiscais. Tudo foi liberado e tornado válido, menos que o fiel se torne um idiota contribuinte. Foi o que representou a criação de mecanismos para não pagar impostos, implantados a partir de 1985. Desde então, todos os políticos falam em reforma tributária, mas tudo de mentirinha, ta!
Os adeptos gozarão as delícias proporcionadas pela hipocrisia e será o incentivo para a sonegação, que será a meta salvadora;/ no final, os aprovados saberão o que é deslealdade e embromação;/ com apenas uma aula se tornarão professores de pirataria, roubo de automóvel, roubo de carga, venda sem ou com meia nota;/ o curso de desmanche e venda de peças avulsas de carro será obrigatório. Para graduar-se e tornar-se chefe, o fiel terá que assumir o compromisso de reunir fiéis consumidores e vendedores de drogas. Todo esforço, a partir de 1985 foi “liberal geral”, facilitar a criação das quadrilhas que lotam os órgãos públicos.
O grande Hermes, amado e respeitado em Brasília, alegra-se com o custo Brasil, porque ele encarece os produtos, quebra os caminhões nas estradas esburacadas, a carga chega atrasada e impõe o frete mais oneroso do mundo. E que progresso! Perda de 20 % da carga, despesas de manutenção dos veículos que excede o valor dos fretes. E a promiscuidade do DNIT, a Delta e suas congêneres, continua sendo aplaudida pelos exatores oficiais de verbas não contabilizadas. Eita! Corrupção maravilhosa.
O departamento das drogas pesadas é gerido pelo deus Caos (o filho de Hermes), também conhecido como deus das trevas, das quotas nas universidades, líder das passeatas do movimento Gay, clube das vadias e as que incentivam a maconha e todas as manifestações que induzem ao consumo de drogas. As famílias são as primeiras atingidas e “guiadas” pelo Caos, deidade que festeja o crescimento de fiéis.
Hermes (foto) aplaude o Brasil, elogia o Caos por ter implantado leis previdenciárias diferentes para o setor público;/ para os pobres ordenou que fossem criadas tantos tipo de bolsas eleitoreiras, que garantissem a vitória de todos os fiéis, em todas as eleições. Todo bolsista deve adorar o inspirado deus Caos. A renda básica de cidadania, invenção de um louco espiritual, é tudo o que faltava, e certamente deixará o povo dependente do paternalismo, não registrará mais a sua presença na carteira de trabalho será o sonho dourado, nenhum carimbo do empregador, sem nenhum vínculo e total liberdade para acompanhar as marchas do MST ou dos sem mamata.
Aleluia! Que corrupção maravilhosa.
O lulo-petismo pode tudo com o dinheiro público. O Presidente do Partido está muito chocado com o rumo do julgamento do mensalão. Prometeu reagir, ameaçou que se algum petista for condenado, o PT crescerá e subjugará o STF, por representar as forças do atraso; ameaçou que já tem o apoio de Hermes para exterminá-lo.
A CPMI (do Cachoeira) não deixará que a Delta, verbas e obras do PAC dos e governos do PMDB ou PT sofram constrangimentos. Hermes não avalizou que sejam fiscalizados. Não devem depor. TADINHOS! O relator da Comissão recebeu uma ordem, curta e grossa: não fugir do “foco”. Afinal, o relator segue a filosofia do meio buraco – verba não contabilizada para os meios que justificam o fim.
Me ajuda aí!

APERTAR O CERCO?


Magu
O jornal diário O Estado de São Paulo publicou, no dia 01 de Setembro, artigo que expõe mais algumas mazelas da “zorra política do país dos brazucas”. É a “ética” do PT e seus cúmplices tentando açambarcar tudo e tudos. Ana Arraes e José Eduardo Cardozo (fotomontagem) na mira dos canhões do supremo. Resta saber se os tiros acertarão. Pessoalmente, penso que não. Está mais para tiro n’água. (Os itálicos são da redação).  
“Muito mais do que confirmar a condenação do ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha e de seus cúmplices, na Ação Penal 470, o voto do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Carlos Ayres Britto, prolatado na última quinta-feira, escancarou a trama urdida no Parlamento e fora dele pelo PT e aliados para proteger seus membros que estão sentados no banco dos réus no julgamento desse que, a cada dia que passa, se confirma como o maior escândalo de corrupção da história da política brasileira. Para Ayres Britto, a emenda introduzida na Lei 12.232/2010, que regula a contratação de serviços de publicidade por órgãos públicos, na qual está baseada a argumentação de defesa dos acusados de se terem apropriado indevidamente, em contrato com o Banco do Brasil, da chamada “bonificação de volume”, foi “preparada intencionalmente, maquinadamente” em benefício dos acusados da Ação Penal 470, constituindo-se em “atentado veemente, desabrido e escancarado” ao preceito constitucional segundo o qual “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.
A manifestação do presidente da Suprema Corte confirma a já clara tendência que a primeira “fatia” do julgamento evidencia, de estarem os juízes do STF firmando “convicção também sobre o imperativo de extirpar qualquer resquício de tolerância à corrupção e de resignação à impunidade”, como pontuamos em editorial publicado ontem. De fato, o contrato firmado entre o Banco do Brasil (BB) e as agências de publicidade de Marcos Valério estipulava claramente que os descontos e outras vantagens obtidas junto aos veículos de comunicação, como o bônus de volume, teriam que ser devolvidos ao banco, em vez de serem apropriados pelas agências, como é comum nos contratos com anunciantes privados. Mas as agências de Marcos Valério simplesmente embolsaram os quase R$ 3 milhões da bonificação, que teriam sido aplicados, segundo a denúncia da Procuradoria-Geral, no esquema do mensalão.  Em 2010 o presidente Lula sancionou a Lei 12.232, aprovada pelo Congresso, que dispõe sobre “as normas gerais para licitação e contratação pela administração pública de serviços de publicidade prestados por intermédio de agências de propaganda”. Atendendo a reivindicações “do mercado”, segundo o autor do projeto, o deputado petista José Eduardo Cardozo (SP), hoje ministro da Justiça, o projeto permitia às agências de propaganda embolsar os descontos e outras bonificações na veiculação de propaganda oficial. Uma emenda apresentada por seu colega de partido Claudio Vignatti (SC), estendeu o benefício às licitações então em andamento e aos contratos em execução. O relator do projeto, deputado Milton Monti (PR-SP), do mesmo partido do réu do mensalão Valdemar Costa Neto (SP), não apenas acolheu a emenda, como estendeu o benefício aos contratos já encerrados na data de publicação da lei. Com base na Lei 12.232, a ministra do TCU Ana Arraes – ex-deputada federal pelo PSB e mãe do governador pernambucano, Eduardo Campos -, contrariando parecer técnico, poucas semanas antes do início do julgamento da Ação Panal 470, considerou regulares as prestações de contas referentes aos famigerados contratos entre o BB e as agências de Marcos Valério.Ou seja, ofereceu de bandeja forte argumento legal para a defesa de vários réus do mensalão. Mas a decisão da ministra Ana Arraes foi contestada pelo Ministério Público de Contas. O TCU decidiu então suspender os efeitos da decisão e a matéria será novamente submetida à apreciação do plenário. Depois da contundente manifestação do presidente do STF, é pouco provável que seja mantida a contribuição de Ana Arraes à absolvição dos mensaleiros. A esta altura do julgamento em curso no STF, já começam a ser sentidos os efeitos saneadores da firmeza com que a maioria dos ministros se mostra disposta a combater a corrupção na vida pública. João Paulo Cunha renunciou à sua candidatura a prefeito de Osasco e está por perder o seu mandato de deputado federal. Há de ter muita gente colocando as barbas de molho”.

Ustra desafia ex-preso político e ironiza Comissão da Anistia


Roldão Arruda, Estadão.com.br
O site A Verdade Sufocada divulgou uma carta aberta atribuída ao coronel da reserva Carlos Alberto Ustra, na qual desafia um ex-preso político a provar as torturas que diz ter sofrido no DOI-Codi de São Paulo. Em tom irônico, desafiador e às vezes sarcástico, a carta também investe contra a Comissão da Anistia, criada para promover reparações de violações de direitos humanos ocorridas no período do regime militar.
Ustra, hoje com 80 anos, chefiou o DOI-Codi do 2.º Exército no período de 1970 a 1974 e é apontado por organizações de direitos humanos como um dos mais notórios torturadores do regime militar. A carta aberta é endereçada especificamente ao médico e vereador paulistano Gilberto Natalini (PV), por causa de declarações feitas ao jornal Folha de S. Paulo. Ele disse que foi torturado por Ustra quando esteve preso.
Natalini, que militou na organização de esquerda Molipo e hoje integra a Comissão da Verdade da Câmara Municipal, afirmou: “Ele me batia com uma vara de cipó… Me bateu durante várias horas e me obrigou a declamar poesias nu e diante dos soldados para me humilhar.”
Na carta aberta, o Major Tibiriçá, codinome de Ustra nos porões da repressão, pede ao vereador que cite, uma a uma, as datas de prisão, período de detenção, julgamento na Justiça Militar, condenação, entre outras. “Para dar maior credibilidade às suas declarações”, desafia.
Ele põe em dúvida as declarações de Natalini e de centenas de outros ex-presos políticos que passaram pelo DOI-Codi, como se existisse uma espécie de complô: “Certamente, como é comum entre os que me acusam, o senhor já terá as testemunhas que o viram ser torturado por mim e que também se dirão torturadas.”
O militar da reserva ainda ironiza as medidas tomadas pelos governos democráticos em relação às vítimas de prisões arbitrárias e torturas, entre elas as indenizações pagas pela Comissão da Anistia: “O senhor, só pelo fato de ter passado quatro meses no DOPS, deve ter recebido uma excelente indenização desta Comissão.”
O site que publica a carta foi organizado e é mantido por Ustra, que hoje vive em Brasília, e outros ex-agentes da repressão política no período do regime militar. A carta aberta é datada de 2 de setembro, cinco dias após a publicação das declarações.
O vereador que foi processado pela Justiça Militar por sua participação no Molipo, a mesma organização à qual pertencia o ex-ministro José Dirceu, não teria dificuldade para reunir as informações pedidas. Mas ele não pretende responder.
Em rápido comentário sobre a iniciativa de Ustra, Natalini observou que ele tenta voltar ao papel de inquisidor: “Quem deve responder às perguntas hoje, perante a Comissão da Verdade, é o coronel Ustra. Quando ele vier prestar depoimento, pode vir tranquilo. Garanto que não usaremos os mesmos métodos que ele utilizava no DOI-Codi.”

Ao perdedor, as batatas, por Miriam Leitão



Miriam Leitão, O Globo
O governo aumentou o imposto de importação de 100 produtos. O primeiro da lista é a batata. Se o tubérculo for de origem estrangeira pagará ao entrar no país o pedágio de 25%. O que há de tão perigoso nas batatas externas? Não se sabe. A batata é o terceiro alimento com maior inflação. Em 12 meses, acumula 24% de alta, e só em agosto subiu 4,4%. A barreira elevará mais o preço.
Pode-se fugir da batata, e de seus tentadores carboidratos, eliminando-a do cardápio. O problema é o que fazer com uma política econômica que resolveu convocar do mundo do além ideias que morreram de velhice.
O ministro Guido Mantega alertou: “Esses produtos serão monitorados pela Fazenda, de modo a verificar se há aumento de preços. Os setores não podem aumentar preços. Caso contrário, derrubaremos a alíquota imediatamente.”
Bom esclarecimento. Com ele, a medida ficou muito pior. Agora temos a reedição de uma dupla que, antes de cair em completo desuso, foi muito prejudicial ao Brasil: tarifa de importação alta e controle de preços.
Na lista de barrados estão químicos, móveis, petroquímicos, material de construção, como tijolo refratário e vidro. Há coisas assim: óleo de vaselina ou de parafina; agentes orgânicos de superfície, exceto sabões; serviços de mesa e outros artigos de uso doméstico, de higiene ou de toucador, de plásticos.
Como mesmo o governo pensa que poderá “monitorar” os preços de tudo isso e outras dezenas de produtos? A Sunab acabou; o CIP (Conselho Interministerial de Preços), também; não existem mais fiscais que apreendem mercadorias invasoras.
Como fazer sem aquelas velharias do tempo da inflação? Se um produtor subir o preço, todos pagarão com o fim do privilégio? O governo imagina que os produtores devem combinar entre si um preço limite para não perder a vantagem da barreira ao produto externo? Pretende nomear fiscais de preço e colocá-los em vigílias nas esquinas?
Qualquer alternativa é espantosamente antiga. O Brasil abriu a economia há 22 anos e jogou na lata de lixo o controle de preços há 18 anos com o Plano Real. Agora o que está em vigor, com sucesso, é a economia aberta e a competição. Deixe-se a economia funcionar e o governo que vá governar em vez de monitorar preços de “artigos de toucador” ou batatas.
A guerra das batatas teve outros capítulos. O governo fechou as fronteiras às batatas congeladas da nação amiga, muy amiga, a Argentina. Era retaliação às medidas protecionistas da vizinha. Mas teve que voltar atrás porque 75% da batatas industrializadas consumidas no Brasil vêm de fora, principalmente da Argentina. E o consumo aumentou.
A área econômica do governo dizia que quando o dólar subisse tudo estaria certo na economia brasileira e a indústria estaria protegida da competição desleal. Ele subiu. E as exportações caíram. Várias empresas tiveram prejuízos com o aumento do custo cambial de suas dívidas, inclusive a Petrobras. Não é apenas com desvalorização da moeda que o país terá competitividade. É com a remoção dos obstáculos à eficiência.
Quem não foi contemplado não perdeu as esperanças. O governo avisou que haverá outra lista de produtos que terão alíquotas elevadas. A lista está em discussão. Anunciar isso já é o bastante para se formar uma fila em Brasília, todos dizendo que o seu produto está sob grave ameaça de desnacionalização se a importação não for barrada.
Tudo isso é do tempo em que os bichos falavam, a inflação era alta, o país era fechado e tinha um czar ao qual as leis da economia teimavam em desobedecer. O governo decidiu errar erro velho.

Minha musa, por Luis Fernando Veríssimo



Telefonei para a minha musa, a Rosinha. Para reclamar. Eu andava sem assunto, sem ideias, sem inspiração. A Rosinha claramente não estava fazendo seu trabalho. Não aparecia. Não mandava notícia.
Minha ligação deu numa secretária eletrônica. Pode, musa com secretária eletrônica? Onde ela se enfiara? Estaria me traindo, inspirando outro? Deixei um recado: preciso de você, me ligue.
Nunca entendi bem esse negócio de musas. Elas vivem juntas? As antigas, as clássicas, convivem com as musas menores como a Rosinha, sem problemas? É difícil imaginar a musa do Virgílio, a musa do Tolstoi — meu Deus, a musa do Shakespeare! — coabitando com musinhas novatas, a não ser que só se dirijam a elas para pedir o cafezinho.
Ou as musas de outros tempos desaparecem junto com os artistas que inspiram, deixando o campo livre para musas contemporâneas? Mesmo assim, que possíveis assuntos poderiam ter a musa do, sei lá, García Márquez e a musa de um grafiteiro?
Finalmente consegui localizar a Rosinha, no seu celular.
— Alô, quem fala? Eu disse o meu nome.
E ela: — Quem?
Demorou, mas a Rosinha acabou se lembrando de mim (“Ah, o cronista”, disse, como se dissesse “Eu mereço”). Perguntou qual era o problema. Respondi que o problema era a falta de inspiração, e que este era o departamento dela.
Ela: — Posso te ligar mais tarde?
Eu: — Não! Preciso de inspiração agora. Está quase na hora de mandar a coluna.
Ela, depois de um longo silêncio:
— Goiabada com queijo.
— O quê?
— Escreve sobre goiabada com queijo. O contraste de sabores e o que isto simboliza. A goiabada e o queijo são o policial simpático e o policial duro da gastronomia. A goiabada é expansiva e o queijo trava.
A goiabada é doce e frívola, o queijo é circunspecto.
Os dois provam que os opostos podem se entender, justamente porque são opostos. A goiabada com queijo...
Eu a interrompi: — Tá bom, Rosinha. Chega. Vou escrever sobre musas.
— Nós agradecemos.
— Contra!

Mensalão: STF condena dois dirigentes do Banco Rural por gestão fraudulenta



Débora Zampier e Danilo Macedo (Agência Brasil)
Já há maioria de votos no Supremo Tribunal Federal (STF) pela condenação de dois dirigentes do Banco Rural por gestão fraudulenta de instituição financeira. O crime é um dos capítulos da acusação da Ação Penal 470, o processo do chamado mensalão.
A maioria de 6 votos entre 10 possíveis pela condenação de Kátia Rabello e José Roberto Salgado foi alcançada com as considerações da ministra Cármen Lúcia. Ela foi a última a votar na sessão de quarta-feira. Embora a maioria já esteja formada, os ministros ainda podem mudar de ideia até o final do julgamento.
Ainda não há maioria de votos em relação aos réus Vinícius Samarane – atual vice-presidente do Rural – e Ayanna Tenório. O placar para ambos está em 5 votos a 1, mas em situações bastante diferentes: enquanto Samarane está sendo condenado por omitir dados do Banco Central, Ayanna está sendo absolvida por falta de provas.
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SIMULACROS
Cármen Lúcia reforçou, em seu voto, a avaliação de outros ministros de que os empréstimos feitos pelo Banco Rural às empresas de publicidade de Marcos Valério eram “simulacros”. “Não se guardou qualquer respeito em correspondência ao que era identificado e as garantias e provisões que eram apresentadas. Isso não foi feito apenas pelo presidente José Augusto Dumont [morto em 2004], mas também por Kátia Rabello. [Ela] quis fazer essas operações ciente [disso], com vontade. O mesmo há de se dizer em relação a José Roberto Salgado. Ele foi alertado dos riscos e mesmo assim permitiu, anuiu com as operações”.
Cármen Lúcia iniciou seu voto citando a Lei de Economia Popular e disse que instituições ligadas ao sistema financeiro, que administram o dinheiro do povo, não podem ser geridas sem regras, como foi constatado nas ações do Banco Rural. “Houve descumprimento não apenas nos contratos e renovações, mas em todas as regras, inclusive relatórios”.
A votação sobre o capítulo de gestão fraudulenta prossegue daqui a pouco com as considerações do ministro Gilmar Mendes. Na sequência, votam Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e o presidente da Corte, Carlos Ayres Britto. O STF está apenas com dez ministros porque Cezar Peluso se aposentou na semana passada e ainda não há substituto.
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PLACAR DE VOTAÇÕES
Veja como está o placar de votações relativo ao quinto capítulo – gestão fraudulenta de instituição financeira:
a) Kátia Rabello: 6 votos pela condenação
b) José Roberto Salgado: 6 votos pela condenação
c) Ayanna Tenório: 5 votos a 1 pela absolvição (Divergência: Joaquim Barbosa)
d) Vinícius Samarane: 5 votos a 1 pela condenação (Divergência: Ricardo Lewandowski)

O sociólogo entrou numa fria



Carlos Chagas
O sociólogo entrou numa fria ao agredir outra vez o Lula e ao declarar guerra contra Dilma. Porque assentada a poeira da recente tertúlia entre Fernando Henrique e a atual presidente, sobrou para a opinião pública comparar a imagem do tucano com a do companheiro, apesar da intervenção de Dilma. E não há como imaginar outro resultado senão o da prevalência do Lula.
Basta verificar que mesmo contido por razões de saúde, o Lula tem contribuído decisivamente para melhorar a situação de alguns candidatos do PT a prefeito. Não significa a vitória de todos, muito pelo contrário, mas a simples presença do primeiro-companheiro nos palanques e nas telinhas, segundo as pesquisas, melhorou a situação de seus indicados. Quanto a Fernando Henrique, ninguém pensou em convocá-lo para as campanhas do PSDB. Sequer participa das andanças de José Serra por São Paulo. E se participasse, quantos votos a mais conseguiria para o candidato?
De tabela, o ex-presidente cortou com Dilma um relacionamento que parecia ameno, pelo menos uma pax armada agora transformada em guerrilha. Porque a chefe do governo não é deixar arrefecer desafios. A partir de agora não perderá oportunidade para acutilar tucanos, em especial nas participações que terá nas campanhas petistas – poucas mas densas.
Em suma, Fernando Henrique perdeu excelente oportunidade de deixar a caneta imobilizada, ou, se quiserem, imóvel o teclado onde digita seus artigos.
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REJEIÇÃO DOS PARTIDÕES
É cedo para conclusões, mas a presumível vitória de Celso Russomano para prefeito de São Paulo demonstra, acima de tudo, a derrota dos partidões pela voz rouca das ruas. PT, PMDB e PSDB estão sendo rejeitados na medida em que seus candidatos não chegam a arranhar a liderança do radialista. Haddad cresceu um pouco, Chalita não aparece e Serra despenca.
Não parece ser novidade essa reação. Ainda há pouco o Tiririca recebeu mais de um milhão de votos para deputado federal, para não falar no fenômeno Jânio Quadros, que por duas vezes, separadas por mais de trinta anos, elegeu-se prefeito contra os grandes partidos.
Resta saber o que seria a administração de Russomano na maior cidade do país. Sempre haverá o risco de amalgamar-se ao modelo clássico encenado pelos partidões, tornando-se mais um político igual aos outros. Mas também pode ser que não…
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“CAVALARIA, AVANÇAR E DEGOLAR”
Comemora-se amanhã mais um ano da Independência do Brasil, mas será sempre bom recordar que em diversas províncias da extinta colônia houve luta para a afirmação do Império. Na Bahia, passaram-se meses de confronto militar entre as tropas portuguesas e os contingentes brasileiros. A situação andava trágica para os partidários da Independência quando, nos arredores de Salvador, travou-se a batalha decisiva. Os batalhões que serviam Portugal estavam vitoriosos, o comandante de nossas tropas chamou o corneteiro, ordenando o toque de “retirada”.
O jovem soldado, por estar nervoso ou por patriotismo, errou ao soar a corneta, tocando “cavalaria, avançar e degolar”. De um lado e de outro os toques eram os mesmos e os portugueses, apavorados, puseram-se em fuga, decidindo a guerra e reafirmando a Independência. Só que nossas tropas não tinham cavalaria…

O Brasil devia se curvar diante da ministra Eliana Calmon, um exemplo como jurista e como cidadã



Carlos Newton
O comentarista Francisco Vieira no enviou ontem, por duas vezes, a reportagem da Folha sobre a despedida da grande ministra Eliana Calmon, uma cidadã admirável, que deixa na corregedoria do Conselho Nacional de Justiça sua marca registrada de grandeza, honra e espírito público.
É triste saber que se abrem três vagas no Supremo (talvez quatro, pois Ricardo Lewandowski também já fala em se aposentar), e a ministra Eliana Calmon não pode ser nomeada para continuar servindo ao país no mais alto cargo jurídico, porque já completou 65 anos e ficou acima do limite de idade.
A reportagem que emocionou Francisco Vieira foi escrita por Filipe Coutinho. Vamos transcrevê-la hoje, como artigo do dia, em homenagem a essa extraordinária jurista baiana, que tanto honra seu país.
“Ainda há juízes em Berlim”, disse o dono do humilde moinho de trigo, em Sans-Souci, quando o imperador da Prússia, Frederico II, o Grande, ameaçou lhe tomar a pequena propriedade, para não atrapalhar a construção de seu castelo. O moinho existe até hoje.
Podemos dizer que ainda há juízes no Brasil, citando Eliana Calmon e o presidente do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, desembargador Feu Rosa, ambos da mesma estirpe.
 Um juíza exemplar
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Corregedora do CNJ diz que usou até “bota
de soldado alemão” para investigar juízes
Filipe Coutinho (Folha)
Em sua última sessão como corregedora do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), a ministra Eliana Calmon disse que os dois anos no cargo foram “extremamente incômodos” e que o principal desafio foi fazer inspeção no Tribunal de Justiça de São Paulo, o maior do país.
Emocionada e com a voz embargada, ela disse que sabia que o cargo seria incômodo. “Não tenho limites, uso de toda a minha autoridade, com humildade, mas com todo empenho. Foi o cargo mais maravilhoso que exerci nesses 34 anos de magistratura. Eu tive a oportunidade de conhecer as entranhas do poder Judiciário”, disse.
Sergio Lima/Folhapress
Eliana Calmon apontou a inspeção no Tribunal de Justiça de São Paulo com o principal caso de seu mandato. A ministra disse que tentou, sem sucesso, colocar desembargadores do tribunal em sua equipe para tentar se aproximar do TJ.
“Calcei as botas de soldado alemão, fiz uma inspeção e todos viram o que aconteceu. As coisas começaram a mudar em São Paulo. Parece que as coisas destravaram. Todos estão de mangas arregaçadas, porque precisa de muita ajuda e está em reconstrução. Eu não fiz aquilo. Mas eu fui uma pedra na reconstrução daquele edifício. Saio com consciência de dever cumprido” disse a ministra.
Nos dois anos como corregedora, Eliana Calmon comprou briga com magistrados ao investigar a evolução patrimonial. Ela chegou a falar, em entrevista, sobre bandidos de toga. “Fui indiscreta quando corregedora, precisei usar a mídia e fazer a população saber o que se passava no Judiciário”, disse.
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GESTÕES EQUIVOCADAS
Em sua última entrevista como corregedora, Eliana Calmon afirmou que o “grande problema” do Judiciário está na gestão dos tribunais. “Nem todo magistrado está sintonizado as novas formas de gerir um tribunal”, afirmou.
Ela disse que sua atuação no CNJ foi “muito profícua” para trazer uma “nova imagem, de que as coisas funcionam”. “Não quero fazer elogios a minha pessoa, mas tive uma equipe de magistrados com M maiúsculo”.
Outro problema apontado por Eliana Calmon foi em relação à segurança dos juízes. Na sessão, sem sucesso, ela tentou apresentar o resultado da investigação que fez no Tribunal de Justiça do Rio, onde trabalhava a juíza Patrícia Acioli, assassinada no ano passado.
“A inteligência da Polícia Federal sabia, desde 2009, que a juíza patrícia Acioli era jurada de morte. O TJ tem 100 policiais e há seguranças que acompanham filhos de desembargadores em jogos de futebol”, disse.
De acordo com a corregedora, falta apoio nos tribunais para dar segurança a juízes, em razão de uma “cultura de não se acreditar em magistrado que se diz ameaçado”. “O crime organizado não vai em cima de juízes que tem apoio do tribunal”, afirmou.

Estaleiro Só, na zona sul de Porto Alegre, pode ter torre de 22 andares



Projeto voltou à empresa dona do terreno, que terá de fazer alterações pedidas pela prefeitura

A altura da torre comercial prevista para a área doEstaleiro Só, na zona sul de Porto Alegre, poderá ter até 22 andares, a exemplo da já existente Cristal Tower, no BarraShoppingSul. O plano original da empresa proprietária do terreno previa 26 andares, e foi modificado pela Comissão de Análise Urbanística e Gerenciamento (Cauge) da prefeitura da Capital.
Apartir de agora, a empresa proprietária da área, BM Par Empreendimentos, deverá modificar o projeto. O objetivo das alterações feitas pela Cauge, segundo a sua presidente, Rosane Zottis, é permitir uma interação maior com a orla do Guaíba. Por isso, deverá ser construído um parque, além de acessos viários, como uma ciclovia. Depois das adequações, o projeto voltará à Cauge.
"É uma área muito especial, nobre. Temos que fazer um bom projeto para a cidade, que seja um ícone na paisagem", afirmou Rosane.
Além da torre comercial, haverá um pequeno shopping no local. A loja âncora deverá ser a Leroy Merlin, de materiais de construção. Ao receber de volta o projeto, a Cauge elaborará um termo de referência para que depois a empresa busque as licenças ambientais. Conforme a BM Par, a obra só deverá começar no final do ano que vem ou no início de 2014.
Na Justiça, outra barreira ao empreendimento caiu. A juíza Deborah Coleto Assumpção de Moraes, da 10ª Vara da Fazenda Pública do Foro Regional da Tristeza, decidiu extinguir o processo que questionava a consulta popular de 2009 — que rejeitou a construção de empreendimentos residenciais, permitindo os comerciais. O resultado foi divulgado ontem.
Na decisão, a juíza questiona a formulação da ação popular contra as leis municipais que regem a situação do Pontal do Estaleiro Só, a 470/02 e a 614/09, mas ressalta não haver julgamento de mérito. Segundo a magistrada, a norma questionada "não excepciona (...) as regras que o município observa e adota para todo empreendimento em consideração, daí porque, em tese, inexiste lesão concreta, ou até mesmo potencial, ao meio ambiente".
Vereador conclama entidades ambientaisO vereador Pedro Ruas (PSOL), que tem um projeto de lei pedindo a revogação da lei 470, lamentou o avanço do processo de construção do empreendimento. Nesta quarta-feira, ele deverá pedir que a matéria seja analisada em conjunto pelas comissões da Câmara para dar agilidade aos trâmites. Ele confia em uma mobilização popular para impedir a obra:
"Isso é uma loucura, é completamente inaceitável. Mas eu acho que as entidades ambientais vão começar a se mobilizar mais, agora."

Brasil é o maior consumidor de crack do mundo, revela estudo


Responsável pela pesquisa, instituto ligado à Universidade Federal de SP revela que o País é vice em consumo de cocaína

Terra
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O Brasil é o maior mercado mundial do crack e o segundo maior de cocaína, conforme revelou o Instituto Nacional de Pesquisa de Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (Inpad) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Os dados do estudo - que ouviu 4,6 mil pessoas com mais de 14 anos em 149 municípios do País - foram apresentados nesta quarta-feira na capital paulista.
Os resultados do pesquisa, que tem o nome de Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), apontam ainda que o Brasil representa 20% do consumo mundial do crack. A cocaína fumada (crack e oxi) já foi usada pelo menos uma vez por 2,6 milhões de brasileiros, representando 1,4% dos adultos. Os adolescentes que já experimentaram esse tipo da droga foram 150 mil, o equivalente a 1%.
De acordo com o relatório, cerca de 4% da população adulta brasileira, 6 milhões de pessoas, já experimentaram cocaína alguma vez na vida. Entre os adolescentes, jovens de 14 a 18 anos, 44 mil admitiram já ter usado a droga, o equivalente a 3% desse público. Em 2011, 2,6 milhões de adultos e 244 mil adolescentes usaram cocaína.
O levantamento do Inpad revelou também que a cocaína usada via intranasal (cheirada) é a mais comum. Aproximadamente 5,6 milhões de pessoas já a experimentaram na vida e, somente no último ano, 2,3 milhões fizeram uso. Entre os adolescentes, o uso é menor, 316 mil experimentaram durante a vida e 226 mil usaram no último ano.
A pesquisa também comparou o consumo de cocaína nas regiões brasileiras em 2011. No Sudeste está concentrado o maior número de usuários, 46% deles. No Nordeste estão 27%, no Norte 10%, Centro-Oeste 10% e Sul 7%. Relatórios com resultado e metodologia estão na página do Inpad na internet.