Em entrevista ao 247, o empreiteiro Zuleido Veras, da Gautama, diz que a ação da Controladoria-Geral da União, comandada pelo ministro Jorge Hage, contra a sua empresa, foi encomendada por concorrentes; nos próximos dias, a CGU deve banir também do mercado a Delta, de Fernando Cavendish
Fernando Cavendish e Zuleido Veras
Cinco anos atrás, o empreiteiro Zuleido Veras, ex-diretor da OAS e dono da construtora Gautama, vivia uma situação parecida com a da Delta, de Fernando Cavendish. Alvo de uma operação da Polícia Federal, a Navalha, Zuleido foi declarado inidôneo pela Controladoria-Geral da União, em tempo recorde. À época, Jorge Hage defendeu o que chamou de “medida exemplar” para coibir que situações parecidas se repetissem. ...
Nos jornais, a Gautama era acusada de tentar “fraudar o PAC”. Hoje, curiosamente, é a Delta, maior empresa do Programa de Aceleração do Crescimento, que pode vir a ser declarada inidônea – o prazo para a defesa termina na próxima terça-feira. E a CGU se encontra numa saia justa porque dificilmente poderá ter, com a Delta, comportamento distinto do que foi adotado em relação à Gautama.
Para a empreiteira de Zuleido Veras, que, em 2007, tinha tamanho parecido com a da Delta, as consequências foram desastrosas. A declaração de inidoneidade equivaleu a um atestado de óbito – proibida de participar de novas licitações, ele tenta apenas receber os valores de contratos já realizados no passado. E, até hoje, seu caso não foi julgado. Ou seja: ele foi banido do mercado de obras públicas sem que o Poder Judiciário tenha atestado se as evidências colhidas pela Polícia Federal constituem ou não indícios de crime. Depois da Navalha, que derrubou o ex-ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, até o ex-presidente Lula condenou a atuação da PF no caso.
Acompanhando de perto o caso Delta, Zuleido Veras decidiu quebrar o silêncio de quase cinco anos e falou ao 247 sobre a atuação da CGU. E partiu para o ataque contra o próprio ministro Jorge Hage. Leia, a seguir, os principais trechos do seu depoimento:
247 – Por que a Gautama foi declarada inidônea?
Zuleido Veras – Foi tudo montado. Havia o interesse de concorrentes em nos atingir. Éramos a empreiteira mais barata e que mais crescia no País. De tudo o que a Polícia Federal apresentou não havia nada que servisse como prova. É por isso que, há cinco anos, eles não conseguem julgar o processo. A denúncia não foi nem sequer analisada. Tanto a Polícia Federal quanto a CGU foram influenciadas por interesses privados. No nosso caso, fomos expulsos do mercado, sem nenhum processo legal.
247 – O senhor está questionando a idoneidade da própria CGU?
ZV – Sim, estou questionando a idoneidade da CGU e do ministro Jorge Hage. Ao nos declarar inidôneos, ele não defendia interesses republicanos. Os relatórios que embasaram a nossa inidoneidade foram todos fraudados. Foram assinados por um contador, e não por engenheiros. Obras que já haviam sido validadas pelo próprio Tribunal de Contas da União várias vezes passaram a ser questionadas.
247 – Houve oportunidade de defesa?
ZV – Mínima. A CGU fez tudo em tempo recorde e tínhamos que nos defender sem saber do que éramos atacados. Não tínhamos nem acesso ao inquérito. Hoje, todos sabem que a Navalha foi uma arbitrariedade, mas nossa empresa foi banida do mercado. Fomos excluídos do mercado com base em gravações montadas, fraudadas e ilegais. Há até perícias do Ricardo Molina, da Unicamp, demonstrando que fraudaram as gravações.
247 – Quais foram as consequências para a Gautama?
ZV – Foram dramáticas. A empresa desapareceu. Hoje, estaríamos faturando mais de R$ 2 bilhões por ano, certamente. Mas estamos há cinco anos sem trabalhar porque um ministro decidiu nos declarar uma empresa inidônea. Foi tudo feito com crueldade e premeditação. Declararam a inidoneidade no dia do meu aniversário e fizeram isso de caso pensado.
247 – O senhor acha que a Delta deve ser declarada inidônea?
ZV – Todos devem ter direito de defesa. E a declaração de inidoneidade é um atestado de óbito, que dá ao Estado um poder absoluto. O ministro da CGU não é juiz e o Brasil é uma democracia. A vontade pessoal de um ministro não deve ser suficiente para decretar a morte de uma empresa. Afinal, quem corrige o corregedor?
247 – A quem interessa esse tipo de postura pela CGU?
ZV – Talvez às grandes empreiteiras, mas tem que perguntar a quem fez isso. Sem a Gautama, todas as obras que nós tocávamos ficaram mais caras. Nós tínhamos as obras mais baratas e mais difíceis do País, tanto no programa Luz para Todos como na Infraero. Era só carne de pescoço. Sem a Delta, é possível que a concentração fique ainda pior no Brasil.
247 – A Gautama recebeu o que tinha em contratos passados?
ZV – Nada. Temos R$ 170 milhões a receber.
247 – A inidoneidade foi uma forma de institucionalizar um calote?
ZV – Não. Os governos não são caloteiros. Querem contratar as obras, querem receber o serviço e querem pagar por elas. Foi uma maneira de matar uma empresa séria. Estamos há cinco anos sem trabalhar porque um ministro decidiu que nós deveríamos ser banidos. Mas, se houvesse razões para isso, por que o Judiciário não avalia o caso?
247 – Por quê?
ZV – Porque não existe um mísero indício de corrupção. Não há nada. E todos sabem que a Operação Navalha foi uma fraude. O que deveriam investigar é quem fez a Operação Navalha e por que fez.
Votos dos senadores passam a integrar o Basômetro, ferramenta desenvolvida pelo Estadão Dados para acompanhar o Congresso
Estadão Dados
Maior dor de cabeça de Luiz Inácio Lula da Silva durante sua gestão, o Senado está cada vez mais dilmista. A taxa média de governismo dos senadores cresceu em 2012 na mesma proporção que diminuiu a adesão dos deputados federais ao governo de Dilma Rousseff.
Hoje, o Senado é mais governista do que a Câmara. É o que revela nova funcionalidade do Basômetro, ferramenta online de avaliação do Congresso desenvolvida pelo Estadão Dados. Os votos nominais dos senadores na atual legislatura foram incorporados pelo Basômetro.
Em 13 votações abertas ocorridas no Senado em 2012, o governo conseguiu em média 84% dos votos. Na Câmara, no mesmo período, ocorreram 18 votações nominais e o governo obteve um resultado pior em 10 pontos porcentuais: capturou "apenas" 74% dos votos dos deputados, em média.
Em 2011 a situação era inversa. A taxa de governismo de 2011 no Senado foi de 78%, enquanto a da Câmara ficou em 80%.
Essa maré mansa para Dilma no Senado resultou em apenas uma derrota do governo entre os senadores. E mesmo assim foi em uma votação secreta (portanto, não incluída no Basômetro pois não é possível identificar os autores dos votos), aquela que rejeitou a recondução de Bernardo Figueiredo para o comando da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT). Ao mesmo tempo, Dilma perdeu cinco votações na Câmara.
Com exceção do PSB e do PMDB, todos os maiores partidos ficaram mais governistas em 2012, ao menos por enquanto. Até os senadores de oposição votaram mais parecido com o líder do governo neste ano.
A proporção dos votos governistas do PSDB teve o maior crescimento proporcional entre todos os grandes partidos, de 33% para 54%. Com os do DEM aconteceu a mesma coisa: o governismo bateu em 59% até agora.
Ou seja, na média, os senadores dos dois principais partidos de oposição votaram mais com do que contra o governo neste ano.
Mais cotado presidenciável do PSDB à sucessão de Dilma, Aécio Neves votou duas vezes mais com a presidente do que contra ela em 2012: 8 a favor e apenas 4 contra - taxa de governismo de 67%. Foi uma mudança radical de comportamento em relação a 2011, quando o senador mineiro votou apenas 35% das vezes junto com o governo.
Aécio não foi o único que migrou para a metade governista do Senado - mesmo que provisoriamente - em 2012. O líder do PSDB, Álvaro Dias, votou 58% das vezes junto com o líder de Dilma.
O presidente do DEM, senador José Agripino, teve a mesma mudança de comportamento de Aécio, com praticamente as mesmas taxas de governismo.
Mas ninguém bate o PSD em 2012. Os dois senadores do partido registraram 100% de votos com o governo este ano. Foram 7 votos a favor de Kátia Abreu e 8 de Petecão, mas nenhum contra. Foi um movimento oposto ao de seus colegas de legenda na Câmara, que votaram mais vezes com a oposição em 2012.
A proporção de senadores no "núcleo duro" do governo chegou a 54% em 2012. Ou seja, a maioria do Senado votou 90% das vezes ou mais com o Planalto este ano.
Muitos leitores já conhecem a história, mas vale revisitá-la à luz das declarações de pelos menos três membros da Comissão da Verdade. Os novos leitores do blog talvez a ignorem e vão ficar espantados. Contei o caso aqui no dia 20 de maio de 2011. Trata-se da história, e de um depoimento, de Carlos Eugênio da Paz, o homem que cuidava da inteligência militar da ALN, o grupo terrorista de Carlos Marighella, aquele que Mano Brown, do baixo de sua ignorância arrogante, exalta em uma música, para delírio dos esquerdopatas da “imprensa burguesa”. Carlos Eugênio FOI INDENIZADO - !!! - PELA COMISSÃO DE ANISTIA. Abaixo, ele conta como matou um empresário que era acusado de financiar um grupo que combatia terroristas. E ficamos sabendo também por que ele matou um amigo seu de militância, “companheiro de luta”. É que havia a suspeita, SEM PROVAS, de que ele pudesse ter passado informações para a polícia. Nos tribunais da esquerda, na dúvida, dá-se um tiro na cabeça. Mano Brown deve gostar — daí ter cantado as glórias do bandido que chefiava essa gangue. CARLOS EUGÊNIO TAMBÉM DEIXA CLARO QUAL É A DIFERENÇA MORAL ENTRE UM TORTURADOR E UM TERRORISTA: NENHUMA!!!
Não obstante, o torturador é considerado lixo pelas Comissões da Anistia e da Verdade — e eu acho isso justo. Já o terrorista vira um santo. E isso é asqueroso! Leiam. Escandalizem-se. *“Eu, atrás [do banco do carro] com um fuzil Mauser 762, que é um fuzil muito bom para execução, de muita precisão. E quando ele [a vítima] chega na esquina da alameda Casa Branca, ele tinha de parar porque tinha uns dois carro (sic) na frente (…). Ele teve que parar. Quando ele parou, eu tava no banco de trás do carro e falei ‘Vou dar um tiro nele’. Peguei o fuzil, o companheiro que tava na frente, no Fusca, baixou a cabeça e já dei um primeiro tiro de fuzil. Não acertei de cheio porque eu sou destro; eu atiro nessa posição [ele mostra a maneira; notem o verbo no presente], como eu tava atrás, no Fusca, eu tive que inverter e atirei assim, então pegou aqui, de cabeça, no occipital dele, mas já começou a sangrar. Ele abre a porta do carro e sai do carro. Nós saímos. Só o motorista que não sai porque o motorista tem que ficar ali, assegurando a fuga. Saímos eu e outro companheiro. Ele sai com a metralhadora, eu saio com o fuzil. Ele [a vítima] saiu correndo em direção à feira, o companheiro metralhando ele, e eu acertando com dois, três, quatro [tiros], acertei três tiros nas costas dele, e o companheiro, com a metralhadora, acertou vários. Aí, de repente, ele caiu; quando ele caiu, eu me aproximei, e, com a última bala, a gente (sic) sempre dá o último tiro de misericórdia, que é para saber que a ação realmente foi cumprida até o fim.
O que é isso? Algumas considerações prévias. Depois volto ao testemunho do herói que fala acima.
O SBT exibia uma novela chamada “Amor e Revolução”. O didatismo bucéfalo do texto e o desempenho melancólico dos atores, tudo amarrado numa direção primária, transformam o que pretendia ser um drama com muito sangue — “revolucionário” — numa comédia involuntária. Silvio Santos trocou “A Semana do Presidente”, programa com que puxou o saco de sucessivos governos, por “O Passado da Presidenta”. O resultado não poderia ser pior.
Ao fim de cada capítulo, ex-revolucionários prestam um depoimento, contando a sua história. José Dirceu esteve lá. Uma das pessoas que deram seu testemunho sobre o período foi Carlos Eugênio da Paz, ex-chefão da ALN (Ação Libertadora Nacional), comandada por Marighella.
No vídeo abaixo, de onde extraí o depoimento que vai em vermelho, Carlos Eugênio conta, com riqueza de detalhes, como assassinou o empresário Henning Albert Boilesen (1916-1971), então presidente do grupo Ultra, que era acusado de organizar a arrecadação de dinheiro entre empresários para financiar a Operação Bandeirantes (Oban), que combatia os terroristas de esquerda. Notem bem: não estou fazendo juízo de valor neste momento. Deixo qualquer questão ideológica de lado. Peço que vocês avaliem com que desenvoltura, precisão e até entusiasmo Carlos Eugênio fala da morte. Assistam ao vídeo. Volto em seguida.
VolteiO que mais impressiona na fala deste senhor é que ele, com todas as letras, justifica a violência que era cometida, naquele período, pelo estado, que prendeu e matou pessoas ao arrepio das leis do próprio regime militar. Carlos Eugênio deixa claro que ele próprio fazia o mesmo. Leiam este outro trecho:
“Um Tribunal Revolucionário da Ação Libertadora Nacional do qual eu fiz parte, um grupo de dez ou 12 pessoas decidiu que, se a pessoa faz parte da guerra e está do outro lado, ele merece ser executado”.
E aí se segue aquela narrativa macabra. Não há a menor sombra de arrependimento, constrangimento, pudor. Boilesen, para Carlos Eugênio, era alguém que merecia morrer - e, como se nota, com requintes de crueldade. Os torturadores do período pensavam o mesmo sobre as esquerdas. A diferença é que eles foram parar na lata de lixo da história - o que é muito bom. Já o senhor que fala acima é tido, ainda hoje, como um homem muito corajoso e um gênio militar. Atenção: sem jamais ter sido preso ou torturado, assassino confesso, Carlos Eugênio é um dos anistiados da tal Comissão de Anistia. Isso quer dizer que ainda teve direito a uma indenização, reconhecida numa das caravanas lideradas por Tarso Genro, em 13 de agosto de 2009.
Observem que quando fala sobre o modo como atira, o homem põe o verbo no presente. Parece que ainda é um apaixonado pelo fuzil Mauser, que, segundo ele, é um “fuzil muito bom para execução”. Evidenciando que nada entende da ética da guerra, mas sabe tudo sobre a morte, afirma:
“Quando ele [Boilesen] caiu, eu me aproximei, e, com a última bala, a gente (sic) sempre dá o último tiro de misericórdia, que é para saber que a ação realmente foi cumprida até o fim.”
Percebam: “A gente sempre dá [verbo no presente] o último tiro…” Atenção! Tiro de misericórdia, como o nome diz, é aquele disparado para encerrar o sofrimento da vítima, mesmo inimiga, não para “saber se a missão foi realmente cumprida”. É asqueroso!
O “anistiado” e indenizado Carlos Eugênio deixa claro que ele era apenas a outra face perversa da tortura. Leiam:
“Em tempo de exceção, você tem tribunal de exceção. Eles não tinham o deles lá, que condenava a gente à morte, informalmente? A gente nunca condenou ninguém à morte informalmente. Nós deixamos um panfleto no local dizendo por que ele tinha sido condenado à morte, o que é que ele fazia…”
Viram? Para ele, um tribunal da ALN nada tinha de “informal”! Reconhece, ao menos, que era de exceção. Aí está o retrato da democracia que teriam construído se tivessem vencido a guerra. Com esse humanismo, com essa coragem, com essa ética.
Mais um assassinatoFoi seu único crime? Não! Ele já confessou num texto que tem sangue pingando das mãos - sem arrependimento. Aquele era o seu trabalho. O “Tribunal Revolucionário” de Carlos Eugênio também matava companheiros. No dia 19 de novembro de 2008. Augusto Nunes narrou, noJornal do Brasil, um outro assassinato cometido pelo valentão. A vítima era Márcio Leite de Toledo, membro da cúpula da ALN. Reproduzo um trecho:
“Márcio Leite de Toledo tinha 19 anos quando foi enviado a Cuba pela Aliança Libertadora Nacional para fazer um curso de guerrilha. Ao voltar em 1970, tornou-se um dos cinco integrantes da Coordenação Nacional da ALN. Com 19 anos, lá estava Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz. Em outubro, durante uma reunião clandestina, os generais garotões souberam da morte de Joaquim Câmara Ferreira, que em novembro do ano anterior substituíra o chefe supremo Carlos Marighela, assassinado numa rua de São Paulo. Márcio propôs uma pausa na guerra antes que fossem todos exterminados.
Já desconfiado de Márcio - não era a primeira vez que divergia dos companheiros - Carlos Eugênio convenceu o restante da cúpula de que o dissidente estava prestes a traí-los e entregar à polícia o muito que sabia. Montou o tribunal que aprovou a condenação à morte e ajudou a executar a sentença no fim da tarde de dia 23 de março de 1971, no centro de São Paulo. Antes de sair para o encontro com a morte, o jovem que iria morrer escreveu que “nada o impediria de continuar combatendo”. Não imaginava que seria impedido por oito tiros.
O assassino quase sessentão admite que o crime foi um erro, mas não se arrepende do que fez. Na guerra, essas coisas acontecem, explica o justiceiro impiedoso. Depois do crime, ele se tornou muito respeitado pelos companheiros, que o conheciam pelo codinome: Clemente.”
Carlos Eugênio, acreditem, responde a Augusto, nestes termos:
“A lembrança dessa época, para mim, é lembrança de uma luta que não me arrependo de ter travado. Era uma luta armada, era dura, precisamos todos, humanistas que éramos, aviltar nossas entranhas, nosso sentimentos, nossas convicções. (…)Tenho sangue em minhas mãos? É claro que tenho. Não era pra lutar? Não era pra fazer uma guerra de guerrilhas? Dá para medir quem estava mais certo? Todos estávamos errados, pois fomos todos derrotados. (…)Mas não se esqueçam também que o sangue que escorre de minhas mãos escorre das mãos de todos aqueles que um dia escolheram o caminho das armas para libertar um povo. E que defenderam a luta armada, mesmo sem ter dado nenhum tiro (…)
Numa coisa, ao menos, ele está certo, não é? Se a pessoa integrou um bando armado, que matava, traz sangue nas mãos, ainda que não tenha dado um tiro…
RetomoVocês conhecem alguém mais “clemente” do que Carlos Eugênio? Não é a primeira vez que a gente assiste a um vídeo em que os terroristas de esquerda justificam os métodos que eram empregados pelos torturadores e paramilitares, deixando claro que faziam e fariam o mesmo, evidenciando que compartilhavam a mesma lógica perversa. Já exibi aqui ofilme em que Franklin Martins - aquele - e seus amigos deixam claro que teriam, sim, matado o embaixador americano Charles Elbrick se o governo militar não tivesse cedido às exigências dos sequestradores. E o fez dando gargalhadas e justificando a decisão.
Carlos Eugênio escreveu um livro chamado “Viagem à Luta Armada”, publicado em 1997. Sabem quem fez um prefácio elogioso e quase emocionado? Franklin Martins!
Marighella, o ídolo de Carlos Eugênio, escreveu até um Minimanual da Guerrilha Urbana. Lá está escrito:
“Hoje, ser “violento” ou um “terrorista” é uma qualidade que enobrece qualquer pessoa honrada, porque é um ato digno de um revolucionário engajado na luta armada contra a vergonhosa ditadura militar e suas atrocidades.”
E mais adiante:“Esta é a razão pela qual o guerrilheiro urbano utiliza a luta e pela qual continua concentrando sua atividade no extermínio físico dos agentes da repressão, e a dedicar 24 horas do dia à expropriação dos exploradores da população.(…) A razão para a existência do guerrilheiro urbano, a condição básica para a qual atua e sobrevive é a de atirar. O guerrilheiro urbano tem que saber disparar bem porque é requerido por este tipo de combate.
Tiro e pontaria são água e ar de um guerrilheiro urbano. Sua perfeição na arte de atirar o fazem um tipo especial de guerrilheiro urbano - ou seja, um franco-atirador, uma categoria de combatente solitário indispensável em ações isoladas. O franco-atirador sabe como atirar, a pouca distância ou a longa distância e suas armas são apropriadas para qualquer tipo de disparo.
O sobrenome de Carlos Eugênio é “da Paz”. E seu codinome no terrorismo era “Clemente”. Essa é a paz dos clementes. Nada mais a acrescentar neste post.
Ex-porteiro da Presidência pedia, segundo a PF, interferência de Sarney para se tornar superintentende da Infraero
“O cara tá avisado, já”, responde o presidente do Senado a um ex-servidor do Palácio que tentava promoção na Infraero, de acordo com grampo da PF. O problema é que esse ex-servidor é acusado de facilitar a entrada de mercadorias contrabandeadas para a quadrilha do bicheiro
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), aparece em diálogos captados pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo. Em um deles, é ele mesmo quem fala. Em outros, ele é mencionado pelos interlocutores. No grampo em que aparece a voz de Sarney, ele atua em favor da promoção de um servidor da Empresa de Infra-Estrutura Aeoroportuária (Infraero), que estava cedido à Presidência da República quando o presidente era Sarney, para trabalhar na portaria. Ocorre que o servidor, Raimundo Costa Ferreira Neto, conhecido como Ferreirinha, segundo a investigação da Polícia Federal, facilitaria a entrada de produtos contrabandeados nos aeroportos para a quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira. ...
Nas demais conversas em que Sarney é mencionado, outros membros da quadrilha de Cachoeira conversam sobre um método de incineração de lixo de tecnologia da Alemanha. E dizem que “o pessoal do Sarney” teria interesse em comprar a parte deles no negócio.
Em nota ao Congresso em Foco, o presidente do Senado disse que o pedido de promoção de Ferreirinha “não foi atendido” pela Infraero. Mesmo questionado especificamente sobre isso, a assessoria de Sarney não responde na nota se ele sabia das ligações de Ferreirinha com o grupo de Cachoeira, embora, em conversas com a reportagem, seus assessores neguem essa possibilidade. Além do próprio Sarney, são citados nos grampos o deputado federal Sarney Filho (PV-MA) e Adriano Sarney, neto do presidente do Senado. Eles aparecem nos grampos sobre sobre lixo. Sarney nega que sua família tenha negócios no setor de resíduos sólidos. Também negam qualquer envolvimento com as pessoas do grupo de Cachoeira que são flagradas nas conversas.
Na conversa monitorada pela PF, Ferreirinha e Sarney falam sobre o cargo na Infraero
Porteiro superintendente
De acordo com Sarney, Ferreirinha trabalhou com ele como porteiro no Palácio do Planalto durante seu mandato presidencial (1985-1990). Estava cedido pela Infraero. Os grampos da PF mostram uma conversa entre ele, que vinha sendo monitorado por fazer parte do esquema de Cachoeira, com Sarney no dia 31 de março de 2011, às 11h37. Ferreirinha fala primeiro com um assessor de Sarney chamado Vanderlei, que passa o telefone para o próprio presidente do Senado. O ex-porteiro presidencial reclama que sua promoção não saiu. E menciona mudanças nos aeroportos de Brasília e do Rio de Janeiro. Sarney responde: “Mas o cara tá avisado, já”. Não se sabe quem seja “o cara”.
Em um diálogo anterior, de 18 de março de 2011, Ferreirinha conversa com o ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Maias de Araújo, o Dadá, araponga que fazia trabalhos de espionagem para o esquema de Cachoeira. Na conversa, eles tratam da liberação de mercadorias no aeroporto de Brasília. De acordo com o juiz da 11ª Vara Federal em Goiânia, Paulo Augusto Lima, há indícios de que Raimundo Costa prestava o serviço de facilitar a entrada de contrabando para o grupo de Cachoeira “mediante vantagem”.
No meio da conversa, os dois terminam por falar em José Sarney. Ferreirinha diz que o presidente do Senado á havia conversado com “Meirelles”. A PF supõe que possa ser o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles). É porque, na sequência, fala-se que Meirelles pediu para Sarney procurar Gustavo do Vale, ex-diretor do BC na gestão de Meirelles e atual presidente da Infraero. Para a PF, o objetivo era “aparentemente indicar Raimundo Costa Ferreira Neto”, um ex-porteiro da Presidência da República, para uma Superintendência Regional” da Infraero.
Segundo a PF, Ferreirinha ambicionava um cargo de "superintentende"
Na nota, Sarney não respondeu se conversou com “Meirelles” sobre a promoção de Ferreirinha. O ex-presidente do Banco Central não retornou os contatos feitos com seus assessores. Hoje, ele é presidente da J&F, holding do grupo JBS, que recentemente comprou a empreiteira Delta Construções, também envolvida com Cachoeira.
Sarney não foi, porém, a única tentativa de Ferreirinha para tentar a promoção. Um dia depois da conversa com Sarney, ele ligou, o dia 1º de abril de 2011, para o ex-diretor da Infraero Rogério Bazelatti. Ele comenta que a nomeação não tenha sido. “Eu fui com o véio, né?”, diz Ferreirinha, provavelmente referindo-se ao presidente do Senado. Bazelati responde: “Você foi no cargo errado, e não com a pessoa errada”.
Na sequência da mesma conversa, o ex-porteiro afirma que, apesar dos reveses, está “tranquilo”, uma vez que tinha “até o apoio até do senador Demóstenes Torres (sem partido, ex-DEM-GO). Demóstenes hoje está ameaçado de perder o mandato por conta das evidências do seu envolvimento com a quadrilha de Cachoeira. “Tem cara até da oposição”, vangolria-se Ferreirinha.
Demóstenes disse ao site que nunca foi procurado por Ferreirinha e nunca atendeu nenhum pedido dele. “Se ele disse isso, o fez para se jactar”, afirmou o senador por meio de seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.
“Não conheço Sarney”
Procurado pelo Congresso em Foco, Raimundo Costa, o Ferreirinha, dá uma versão que difere da versão dada em nota pela assessoria de Sarney. Ele não quis comentar as acusações feitas pela PF, de desvio de mercadorias para facilitar a atuação da quadrilha de Cachoeira. “Eles vão ter que provar o que dizem. Não sou eu que tenho que provar”, afirmou Ferreirinha.
Em seguida, embora apareça em grampo falando com Sarney e o presidente do Senado admita que houve a conversa, Ferreirinha negou qualquer relacionamento com o presidente do Senado. “Eu não conheço Sarney, eu não conheço ninguém”, disse. Ferreirinha, que tem 34 anos de Infraero, negou ainda ter trabalhado na Presidência da República. Como se não bastasse a própria conversa com Sarney, há outro grampo em que ele diz a um interlocutor que, naquele momento, estava chegando na casa do presidente do Senado.
Ferreirinha pediu à reportagem que procurasse a Infraero e a PF para esclarecer o assunto. O site não conseguiu contato com Gustavo do Vale ou com a assessoria da Infraero.
Retorno ao fato porque é de riqueza extraordinária. Quem assistiu "Diários de Motocicleta" há de lembrar da passagem de Che Guevara pelo leprosário de San Pablo, atendido por uma congregação de religiosas no meio da selva, às margens do Amazonas. E há de lembrar que para os sinistros efeitos do filme, Che é apresentado como um santo abrasado de amor aos enfermos, e as irmãs como um perverso corpo de autoridades locais. Pura mistificação! Após duas semanas fazendo travessuras por ali enquanto superava uma crise de asma, Che bateu asas e foi fazer seu turismo revolucionário noutra freguesia. Quanto às irmãs, tão maltratadas pelo filme, continuaram, vida afora, enfiadas no mato, cuidando dos leprosos. Eis um bem torneado exemplo da diferença entre o verdadeiro amor ao próximo e a fantasia que empresta ao marxismo e ao comunismo o brilho vulgar das lantejoulas. Para o cineasta Walter Salles as religiosas eram megeras e Guevara um anjo de bondade.
Tem sido cada vez mais recorrente a publicação de artigos sobre Educação. Junto-me, então, a administradores, economistas, empresários, filósofos que enveredaram por essa pauta. Vou enfocá-la sob um aspecto que - não se surpreenda, leitor - tem muito a ver com o filme abordado acima. Aliás, são tão recorrentes as reflexões sobre o tema da Educação por profissionais das mais variadas especialidades que o fato já despertou reações adversas, contestando a concessão de espaço para quem não é do ramo. Os não educadores seriam meros palpiteiros. Mas convenhamos, é muito difícil ficar calado diante do que se vê.
Imagine um brasileiro que percorra do primeiro ao último degrau o sistema de ensino do país. Qual a corrente filosófica a que mais esteve submetido durante todo esse período, ainda que haja trocado de escola, de cidade e de Estado, em cada trecho do percurso escolar? Pois é. Marxismo. É análise marxista, crítica marxista, economia marxista, visão marxista da história, teologia da libertação, pedagogia do excluído e, como lastro para o materialismo histórico, camadas maciças de maledicência sobre o cristianismo. Esse marxismo de polígrafo escolar tem a profundidade de um pires. Os que o lambem como tema de casa são incapazes de escrever uma lauda a respeito, mas saem do colégio prontinhos para ler a vida com os olhos que lhes deram. Assistem "Diários de Motocicleta" e concluem: no peito de Che batia um coração de mártir; já o coração daquelas beatas do leprosário não se abria nem com formão e martelo.
Só escapam dessa linha de montagem, que inclui a maioria dos estabelecimentos de ensino confessionais, os poucos estudantes que recebem em casa, ou de algum professor achado por pura sorte no meio do caminho, dose suficiente de antídoto para enfrentar o que lhes é ministrado ao longo dos cursos. Se mesmo nos bons educandários, deixa-se de lado a sã filosofia e se depreciam os grandes valores que inspiraram e inspiram a imensa maioria dos melhores vultos da humanidade, pergunto: como esperar das elites brasileiras que junto a esses estabelecimentos buscam formação, coisa melhor do que isso que vemos por aí? Quando parece muito normal que o governo contrate um grupo para escrever o passado (Walter Salles faria excelente documentário sobre a comissão), a temática educacional há de ser, sim, motivo de grave preocupação para quem reflita sobre o futuro do país.