sábado, 11 de fevereiro de 2012

As causas da gradual desvalorização dos imóveis



A queda nos preços em uma região é fruto de um processo, diferentemente da valorização, diz especialista

Cátia Toffoletto/Flickr
Cracolândia em São Paulo
Usuários de drogas que formam as cracolândias migram para regiões já em processo de desvalorização
São Paulo – Nas últimas duas semanas, dois desastres de coincidência assustadora alarmaram o país: o desabamento repentino de três prédios na cidade do Rio de Janeiro e de outro edifício em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Para quem investe emimóveis ou busca a casa própria, fica a dúvida: será que notícias como essas podem levar à desvalorização da região em que ocorreram os eventos?
O mercado imobiliário brasileiro continua pujante, e embora a valorização já esteja mais modesta, ninguém acredita numa queda de preços em breve. Notícias negativas, porém, tendem a provocar reações passionais nas pessoas, com consequências reais. Quando há um desastre aéreo, por exemplo, cai o número de pessoas que viajam de avião; e uma casa onde se sabe ter havido um assassinato certamente terá dificuldade de ser vendida.
Mas no mercado imobiliário, as notícias ruins isoladamente não têm grande repercussão, apenas se estiverem inseridas dentro de um contexto negativo mais amplo. “Os fatores que desvalorizam um imóvel são problemas de longo prazo”, afirma o consultor imobiliário Alex Strotbek, que já atuou nos mercados de São Paulo e do Rio.
De acordo com ele, ao contrário da valorização - que pode ser rápida, repentina e provocada por uma melhoria pontual numa região - a queda dos preços dos imóveis demora mais para acontecer, e é resultado de anos de descaso do poder público e da fuga da iniciativa privada para regiões mais bem estruturadas.
Desvalorizações por motivos isolados são bem mais raras. “Os problemas pontuais são consequências da falta de investimento”, diz o consultor, para quem os desastres não passam de manifestações de anos de descaso. Na opinião de Strotbek, portanto, apenas os desabamentos nas duas cidades não são suficientes para desvalorizar as respectivas regiões.
O que desvaloriza uma região
Os fatores que podem levar à desvalorização de uma região no médio e longo prazo se relacionam principalmente com o descaso do poder público. A ausência ou falta de renovação do plano diretor da cidade, permitindo construções desenfreadas e fora do gabarito, tendem a aumentar a população local acima do limite, e consequentemente agravar problemas como engarrafamentos, insuficiência na coleta de lixo, enchentes e até criminalidade.
Todos esses problemas desvalorizam uma região, mas vão ocorrendo lenta e gradativamente, à medida que a falta de investimentos públicos e privados vai permitindo que eles se agravem. O caso "Cracolândia" paulista é emblemático, pois a reunião de usuários de drogas só agravou uma desvalorização que já estava em curso.
“Os usuários de drogas que ali viviam foram migrando aos poucos. A região já estava desvalorizada, porque já havia vários imóveis desocupados e abandonados, que foram ocupados por usuários e outras pessoas que ali chegaram. A iniciativa privada não cuidou de seus imóveis e a prefeitura foi negligente”, diz Strotbek.
Existem também fatores “naturais” que desvalorizam uma região. Trata-se do seu ciclo de desenvolvimento: elas se valorizam até o surgimento de uma nova região que atenda melhor às necessidades do seu público. Caso a antiga área não tenha recebido investimentos e se renovado, ela perde público para a nova região e se desvaloriza.
Em geral, empresas e comércio iniciam esse movimento, migrando para bairros onde a infraestrutura viária e de transportes, a segurança e a modernidade das construções atendam melhor a suas necessidades. A migração das empresas da Avenida Paulista para a região da Faria Lima e da Berrini não desvalorizou a Paulista, que continuou adequada para abrigar empresas. Mas em outros casos, as regiões antigas realmente se tornam obsoletas.
“É o que acontece quando o comércio de rua migra para shoppings por questões de falta de infraestrutura e segurança. As empresas vão para onde existe mais conforto e mais espaço para as suas sedes”, diz Strotbek.
E como a antiga região pode segurar seu público e continuar valorizada? Adequando-se às novas necessidades. Uma região onde os prédios não foram renovados vai perder inquilinos para onde há prédios novos, mais inteligentes e econômicos. “Fazer retrofits e adequar os edifícios internamente é essencial nesse sentido”, diz o consultor.
Desvalorização por motivo pontual
Ao contrário da desvalorização, que é geralmente lenta e gradual, a valorização de uma área pode se dar por motivos pontuais e até repentinamente. Quando se anuncia uma nova estação de metrô – desde que a população encare isso como uma vantagem, é claro – os imóveis e aluguéis do entorno rapidamente vão subir de valor. Foi o que aconteceu, por exemplo, no Jardim Oceânico, sub-bairro da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, que vai receber uma estação de metrô ligada à Zona Sul.
Porém, existe pelo menos um caso em que a desvalorização pode ocorrer por motivo isolado: em caso de superoferta de imóveis numa região. Pode ocorrer em regiões em desenvolvimento e rápida valorização que desencadeiam uma verdadeira euforia. Os lançamentos se multiplicam até atingirem o ponto de não serem absorvidos pela demanda, evidenciando uma falta de limites nas expectativas das incorporadoras.
“Foi o que aconteceu na Avenida Embaixador Abelardo Bueno, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. É uma avenida com vocação comercial, onde houve uma oferta excessiva de novos empreendimentos corporativos”, diz Strotbek.

Queda de braço entre Fox Sports e operadoras prejudica os espectadores


Gabriel Bonis

TV a cabo

11.02.2012 09:03


De um lado, três gigantes midiáticos em negociação (ou em disputa) para fechar um acordo comercial. Do outro, cerca de 13 milhões de domicílios brasileiros na espera para de ter acesso à programação do Fox Sports na grade de seus pacotes de televisão a cabo.
Nesta queda de braço corporativa, no entanto, quem perde é o espectador.
Em meio à disputa para entrar nos pacotes de NET e SKY, operadoras que concentram cerca de 70% do mercado de televisão por assinatura no Brasil, o Fox Sports, ligado ao conglomerado News Corporation, do empresário Rupert Murdoch, estreou no domingo 5 para apenas 33 mil assinantes. Segundo o Pay TV, site ligado a uma empresa especializada em análise do setor no País, a única operadora a disponibilizar o canal é a Nossa TV (DTH).

Ausente na grade de canais das maiores operadoras de tevê paga do Brasil, o Fox Sports apelou para a pressão do público. Imagem: Reprodução

Para reverter a situação, a compahia apelou ao público e lançou em seu site a campanha “Eu quero Fox Sports” para que assinantes de operadoras sem o canal (SKY, GVT, Via Embratel, NET e CTBC) pressionem pela sua inclusão na grade das empresas.
“As operadoras estão sendo crucificadas, mas o Fox Sports não é coitadinho. Faz parte de um  conglomerado de mídia gigante”, destaca André Mermelstein, editor do Tela Viva, publicação especializada na análise do setor.
“Uma negociação depende de concessões de ambos os lados”, completa.
Segundo Mermelstein, a dificuldadede de inserção do canal na NET e SKY não tem relação com a quebra da exclusividade do SportTV, da Rede Globo, na transmissão dos jogos da Copa Libertadores da América na televisão fechada. A emissora carioca, que possui cotas em torno de 30% e 5% das operadoras acima, respectivamente, detém os direitos para veiculação de dois jogos do campeonato por semana entre os canais abertos.
“Quando um canal é lançado, dificilmente consegue uma boa distribuição imediatamente. O canal não está sendo barrado”, explica.
Os problemas para se chegar a um acordo, diz, estão no preço a ser recebido pelo canal e no pacote de assinatura do qual faria parte. O Fox Sports, indica, pede um valor elevado, cerca de 1,5 real por assinante/mês, e a entrada no pacote básico. “Nesta opção, os canais costumam receber valores mais baixos que em uma seleção premium.”
O analista afirma que, no Brasil, cerca de 8 milhões de assinantes possuem o pacote básico. Caso todas as operadoras aceitassem pagar o valor pedido pela Fox Sports, seria gerado um custo mensal de 12 milhões de reais, cerca de 5 milhões a cargo apenas da NET, a maior das operadoras. “É um embate negocial, as operadoras querem que o canal baixe o preço e fique em pacotes mais elevados, ou um misto disso.”
Outro aspecto a ser considerado é que as operadoras não ganhariam nada com a adesão, porque não podem repartir o custo da entrada da Fox Sports na programação com os assinantes. “No pacote mais avançado, porém, seria possível cobrar dos que desejam o canal. Mesmo assim, não seria suficiente para pagar a adesão.”
Mas a guerra pela opinião pública continua e o Fox Sports tenta conquistar a simpatia dos assinantes das operadoras com estratégias de marketing. Um exemplo disso, aponta o analista, foi a transmissão da estreia do Fluminense na Libertadores na quarta-feira 8, realizada pelo canal Speed – também do grupo FOX – na qual o narrador do jogo inflou os espectadores a pedirem o canal em suas grades. “É um jogo de morde e assopra. O canal mostrou uma partida para trazer o espectador para o seu lado. Mas não fará mais isso, porque perderia poder de negociação.”
A campanha parece, no entanto, não estar surtindo o efeito desejado. Nos fóruns do site da Fox Sports, é possível ler diversos comentários de torcedores criticando a demora nas negociações e a atitude do canal em transmitir o jogo do time carioca e não fazer o mesmo com outras equipes brasileiras no campeonato.
Procurada pela reportagem para esclarecer detalhes da negociação, incluindo o valor a ser pago pela exibição do Fox Sports e o pacote em que o canal seria inserido, a NET informou, via assessoria de imprensa, que suas negociações são sigilosas.
A operadora SKY foi procurada, mas não respondeu aos questionamentos da reportagem.

Ex-senador peruano revela que houve acordo entre os governos do Peru e da Argentina na goleada alviceleste que tirou o Brasil da Copa de 1978


Devolvam a taça


Fonte: Revista Isto É


Rodrigo Cardoso
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POLÊMICA
Argentinos comemoram o primeiro título mundial de futebol: título constestado
A fase do futebol argentino não é das melhores. Em 2014, na Copa a ser disputada no Brasil, a Albiceleste, se estiver classificada, irá desembarcar por aqui carregando nas costas o peso de quase três décadas sem levantar a taça – a última conquista foi em 1986. Com duas conquistas no currículo, o nosso maior rival vê, agora, uma delas, a Copa de 1978, ser mais uma vez questionada. Pela primeira vez, porém, uma autoridade política, no caso o ex-senador peruano Genaro Ledesma, vem a público para afirmar que a goleada de 6 x 0 dos argentinos sobre os peruanos que carimbou a passagem dos platinos para a final do torneio ocorreu graças a um acordo político acertado entre as ditaduras dos dois países. 

Na ocasião, a Seleção Brasileira disputaria a final se a Argentina não vencesse os peruanos por mais de três gols. Ledesma revelou que, por conta da Operação Condor, uma rede de troca de informações sobre movimentos de esquerda de países do Cone Sul, ele e outros 12 companheiros foram enviados à Argentina como prisioneiros de guerra, em maio de 1978. Disse isso a um juiz argentino, que investiga sequestros e assassinatos patrocinados pelo ex-ditador peruano Francisco Moralez Bermudez. “(Jorge) Videla (ex-ditador argentino) nos aceitou como prisioneiros na condição de que o Peru permitisse o triunfo da Argentina na Copa”, explicou o ex-senador ao jornal argentino “El Tiempo”. 

Meio-campista da Seleção de 1978, o hoje comentarista esportivo João Batista da Silva, o Batista, se diz indignado. “O título da Copa de 78 deveria ser caçado e ficar vago. Uma conquista dessa maneira não deveria ser válida.” Craque argentino da conquista de 1978, Mario Kempes rechaça o favorecimento dos peruanos. “Dizer que tivemos ajuda de alguém é uma bobagem. Eu não fazia política, fazia gols. E só na final, contra a Holanda, fiz dois”, afirmou.
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DENÚNCIA
O ex-senador Genaro Ledesma diz que título da Argentina foi uma manobra da Operação Condor
Os militares brasileiros também usaram a pressão para manipular a Seleção de 1978. Zico, que jogou as duas primeiras partidas do Brasil naquele Mundial, foi sacado do time titular por ordem de um militar, no caso o almirante Heleno Nunes, então presidente da Confederação Brasileira de Desportos (hoje, CBF), ao capitão do Exército e técnico da Seleção Cláudio Coutinho. “Fui tirado do time por influência política. Na conversa que tive com o Coutinho, ele me disse que já tinha decidido me sacar, só que o Heleno se antecipou e revelou, publicamente, antes”, afirma.

A CBF afirma que só a Fifa tem o poder de questionar e mudar o resultado do seu próprio evento. “Infelizmente, mais uma vez o futebol foi usado como moeda de troca”, diz o ex-goleiro da Seleção Emerson Leão, titular naquele Mundial. Para o jornalista Valmir Storti, coautor de “Todos do Jogos do Brasil”, será difícil mudar oficialmente a história por não haver prova documental. “Todas as revelações são importantes para entendermos melhor o que se passou, mas, num momento em que a América Latina está se democratizando, é melhor buscarmos a consolidação do desenvolvimento do que tensões com o passado”, diz. Daquele passado, difícil é saber se o Mundial de 1978 foi legítimo.
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Má-fé em foco - (Denúncia)



Editorial reproduzido da Folha de S.Paulo, 8/2/2012
A litigância mal-intencionada prolifera no Brasil porque não é levada a sério. Ninguém se peja de multiplicar chicanas para postergar decisões judiciais ou constranger a outra parte num processo.
Eis o que sente na carne, agora, o serviço jornalístico pela internet Congresso em Foco. Uma série de ações movidas por indissimulável má-fé busca cercear seu esforço de dar transparência ao que se passa nas entranhas do Legislativo.
Nada menos do que 43 ações individuais foram apresentadas por servidores do Senado contra o portal em juizados de pequenas causas. Pediam indenização de R$ 21,8 mil para cada funcionário litigante, sob a desculpa de que sua privacidade fora invadida pela publicação da lista de seus proventos.
Na realidade, a página Congresso em Foco deu divulgação, em agosto, a uma relação preparada pelo TCU (Tribunal de Contas da União) com 464 nomes de funcionários que recebiam salários acima do teto constitucional (R$ 26,7 mil). A minoria que abriu os processos segue orientação do Sindilegis (Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do TCU).
As 43 ações são idênticas e foram propostas por uma só advogada, mas distribuídas para vários juízes. Os sete jornalistas do serviço tiveram de desdobrar-se para comparecer às 27 audiências realizadas desde 31 de janeiro.
É evidente a intenção de criar dificuldades práticas e financeiras para o portal. O Sindilegis e seus liderados reeditam a tática maliciosa empregada pela Igreja Universal do Reino de Deus – sem sucesso – contra a Folha e a jornalista Elvira Lobato, autora de reportagem que desagradou à sua cúpula.
Seis das 43 ações contra o Congresso em Foco foram encerradas, por ausência dos queixosos ou porque o juiz decidiu pela improcedência. É pouco provável que outros magistrados deem seguimento a uma manipulação tão impudente.
Não faz sentido o argumento dos servidores públicos de que a publicação – releve-se a redundância vocabular, por eloquente – de seus salários atente contra a privacidade. Mais: é óbvio o interesse público de dar a conhecer que recebem valores acima do teto legal.
Em 2009, o Supremo Tribunal Federal já decidiu que divulgar relações de vencimentos de servidores, como fez a Prefeitura de São Paulo, não apenas é legal como obedece ao princípio constitucional da publicidade de atos oficiais.
São fúteis as ações contra ele, como as dos funcionários do Senado. Cumpre aos juízes rechaçá-las.

Misto de bar e manicure, nail bar é oportunidade para empreendedoras



Aberto em São Paulo, o Cosmopolish reúne manicures em ambiente de bar e atende até 70 clientes por dia

Multimídia nas favelas - Miriam Leitão


Enviado por Míriam Leitão -
11.2.2012
 |
11h00m

POR DENTRO DO GLOBO

A repórter Valéria Maniero teve a ideia e Míriam Leitão se animou. A pauta: visitar favelas do Rio para contar histórias de empreendedores locais em tempos de pacificação e ocupação. Durante três semanas, junto com uma equipe de fotógrafos — Pedro Kirilos, Fabio Rossi e Custódio Coimbra — e de cinegrafistas (Lauro Sobral e Luiz Vieira), elas andaram pelas ruas do Dona Marta, da Rocinha e do Alemão com câmeras, máquinas fotográficas, tripé e bloquinhos nas mãos.
Míriam conta que quando uma moradora da Rocinha viu a equipe toda entrando em sua casa, perguntou: “É para a coluna?” Quando soube que era uma reportagem do jornal, concluiu: “Mas se tem vídeo, vai para o site do GLOBO também.” O fato mostra que ela está antenada com as várias mídias.
— Um vendedor ambulante da Rocinha, o Simpatia, me abordou, perguntando: “O que você está fazendo aqui?” Eu disse que procurava empreendedores, e ele disse que era um e contou que tinha CNPJ — conta Míriam Leitão.
Valéria, que é repórter de Economia do blog da colunista, se dividiu nas últimas semanas. Ficou entre as emergências do blog, em tempos de crise do euro, e as horas dedicadas a ir às comunidades. O trabalho foi muito facilitado pela ajuda de Nathalia Menezes, do Descolando Ideias, do Alemão; de Marcos Barros,
jornalista do Favela da Rocinha.com; e de Thiago Firmino, do Dona Marta. Ruth Jurberg, da Casa Civil, também ajudou, passando histórias, contatos e telefones de moradores.
O resultado desse trabalho multimídia poderá ser lido, amanhã, nas páginas da editoria de Economia e visto no site do GLOBO, num vídeo especial editado por André Vieira. Na editoria de Economia do site também há uma fotogaleria, com mais de 40 imagens feitas pelos três fotógrafos do jornal, mostrando os empreendedores e as favelas visitadas.
Valéria e Miriam na Rocinha: histórias de empreendedores

Harley-Davidson de volta à estrada



Após dois anos de estagnação e uma briga com seu sócio local, a Harley-Davidson voltou a crescer no Brasil — para isso, foi preciso começar tudo do zero

Divulgação
“Harleyro” nos Estados Unidos
“Harleyro” nos Estados Unidos: para recuperar espaço no Brasil, a empresa teve de baixar os preços
São Paulo - É difícil encontrar uma empresa que tenha consumidores tão devotados quanto a montadora americana Harley-Davidson — uma turma cujo maior prazer é ir para lá e para cá em estradas, sem destino, de preferência em bando, com jaquetão de couro, calça jeans surrada e aquele olhar de desprezo para os motoqueiros normais.
No Brasil, eles se autodenominam “harleyros”, ou PhDs para os íntimos — a sigla significa Proprietário de Harley-Davidson, e seu sonho é conseguir gravar as iniciais nas placas de suas­ motos. Pois, apesar da paixão dos harleyros, a vida estava dura para a montadora no Brasil, quinto maior mercado de motos do mundo.
Enquanto as concorrentes cresciam, a Harley-Davidson entrava numa crise sem precedentes em 2009, quando a matriz e seu representante local começaram a brigar. As vendas caíram 35% em dois anos. Para piorar, a falta de peças para manutenção deixou os clientes em polvorosa: as reclamações foram tantas que até o Ministério Público gaúcho decidiu investigar o que estava acontecendo.
No fim de 2010, a matriz da empresa e seu sócio Paulo Izzo desistiram de uma ação na Justiça, e um acordo colocou a Harley-Davidson no comando da operação brasileira. Passado um ano de paz, os primeiros resultados começam a aparecer. As vendas subiram 50% em 2011.
Um ano atrás, era difícil imaginar que a reversão do declínio aconteceria tão rapidamente. Na manhã do dia 8 de fevereiro, todas as oito concessionárias da Harley — que pertenciam à empresa de Izzo — fecharam as portas. Simultaneamente, a matriz inaugurou duas lojas, uma em São Paulo e outra em Belo Horizonte.
“Precisávamos praticamente começar do zero”, diz Longino Morawski, executivo trazido daToyota para comandar a Harley-Davidson no Brasil. “Tínhamos de estar com tudo pronto — concessionárias, pós-venda, entrega de peças — entre dezembro de 2010, data do acordo na Justiça, e fevereiro do ano seguinte, quando a Harley-Davidson assumiria de vez a operação.”
A empresa não tinha sequer um escritório no país. Além das duas revendas abertas em fevereiro, outras oito foram inauguradas em 2011. 
Concorrência
Para reconquistar espaço, a Harley-Davidson teve de se adaptar. Enquanto a montadora patinava, a concorrência aumentava seus investimentos no Brasil. As vendas de motos no segmento de altas cilindradas vêm crescendo 38% ao ano. Para atender à demanda, a BMWexpandiu sua rede de concessionárias (eram 12 em 2009, hoje são 26).
Em sua tentativa de encontrar novos PhDs e minar o terreno da concorrência, a Harley-Davidson teve de ampliar o número de motos — e baixar os preços significativamente. Uma pesquisa realizada com 200 consumidores mostrou que os brasileiros também queriam modelos mais leves e, sobretudo, baratos.
Em vista disso, a Harley-Davidson trouxe oito novas motos ao mercado, entre elas a Street Glide, modelo mais vendido pela empresa no mundo, e uma nova versão da V-Rod, voltada para o público jovem por parecer mais uma moto esportiva do que uma Harley-Davidson tradicional. Ao mesmo tempo, a montadora reduziu, em média, 10% o preço de suas motos — em alguns casos, o desconto chegou a 50%. 
Além de conquistar novos clientes, os executivos da montadora tiveram de se preocupar em remendar a relação com os velhos harleyros. Como a fábrica da empresa fica em Manaus, muitas vezes os clientes tinham de esperar meses até que determinada peça ou acessório fosse enviado, o que gerava uma enxurrada de reclamações.
Para contornar o problema, a Harley construiu um armazém nas proximidades do rodoanel de São Paulo com espaço para mais de 11 000 itens. ­“Tínhamos de esperar meses por uma simples pastilha de freio”, diz o empresário carioca Rodrigo Azevedo, diretor da uma das organizações de proprietários da marca, a Harley’s Owner Group Rio. (Por e-mail, Paulo Izzo afirma que a responsabilidade sobre a fabricação e a importação das peças ficava a cargo da matriz.)
Para melhorar o clima, a empresa passou a apoiar cafés da manhã de consumidores nas concessionárias e trouxe para o Brasil alguns de seus eventos internacionais, como o Harley Day. O primeiro deles, realizado no Rio de Janeiro em novembro do ano passado, reuniu mais de 30 000 pessoas.
A recuperação da operação brasileira não poderia ter chegado em melhor momento para a Harley-Davidson. Impedida de crescer na China devido a restrições ao uso de motocicletas de alta cilindrada e recém-chegada à Índia, a empresa tem no Brasil sua principal aposta de crescimento — as vendas na América Latina subiram 17,5% em 2011, o melhor resultado da Harley no mundo.
“Hoje, quase dois terços da receita vêm dos Estados Unidos, que está em crise”, diz Morawski. Em 2011, a receita global da montadora cresceu pela primeira vez desde 2006.
A participação do Brasil nessa virada foi ínfima: o país representa apenas 2% das unidades vendidas pela Harley no mundo. O objetivo da matriz é fazer o Brasil, hoje o sétimo maior mercado da montadora, chegar a segundo ou terceiro em cinco anos. Haja PhD

As 10 piores coisas a dizer na hora de demitir alguém



Demitir alguém é difícil - mas ser demitido é mais difícil ainda. Para não deixar a situação ainda pior, saiba quais declarações precisam ser evitadas


GettyImages
Homem com fita na boca
Na hora de demitir, dar falsas explicações pode piorar ainda mais a situação
São Paulo – Demitir alguém, por mais necessário que seja em algumas circunstâncias, é uma experiência estressante e até mesmo dolorosa para qualquer gestor. Mas é fato que é bem mais dolorosa para a pessoa que está sendo demitida – por mais que alguns gestores se esqueçam disso.

Saber como dar a notícia evita que a demissão se torne algo ainda pior do que ela já é para o funcionário. E, para isso, é necessário que o gestor coloque de lado o que está se sentindo para colocar em evidência a pessoa que receberá a notícia. O site Inc.com listou dez das piores maneiras de se cumprir essa missão.
1 - "Olha, isso é realmente difícil para mim"
Quem se importa se é difícil para você? O funcionário certamente não. Toda vez que você fala sobre o quão difícil a situação é para você o empregado pensa: "Ah, é? E eu? Quão difícil você acha que isso é em mim?" Se você se sente mal pela atitude, desabafe com outra pessoa depois – menos com o demitido, por favor.
Começar o diálogo com "Olha, eu não sei como dizer isso ..." também pode piorar as coisas. Sim, porque é lógico que você sabe o que e como dizer isso, só está desconfortável em colocar em prática. Insinuar, de qualquer maneira, que o empregado deve sentir a sua dor é egoísta, além de desnecessário.
2 - "Nós decidimos que precisamos fazer uma mudança."
Você não faz parte de um time da NBA que precisa explicar a torcida sobre um insucesso e nem está numa conferencia ou coletiva de imprensa, então, esqueça os chavões. Se você já fez seu trabalho direito o empregado já sabe por que ele está sendo demitido. Seja o mais claro e conciso ao explicar o motivo ou apenas diga que tem de deixa-lo ir por tais razões.
3 - "Vamos cuidar dos detalhes mais tarde"
Para o funcionário, a demissão é o fim de um processo e o início de uma nova história incerta. Ele sairá da sala preocupado em recolher os pertences da mesa o mais rápido possível, ir à sede da companhia, saber sobre seus direitos e benefícios.. tudo menos esperar você arrumar tempo para falar com ele sobre esses procedimentos.
Se ser demitido é ruim o suficiente, não piore as coisas por não saber o que a pessoa deve fazer depois – é preciso que você o oriente sobre isso ou pelo menos indique alguém que possa ajudá-lo nisso.
4 - "Você simplesmente não está se saindo tão bem quanto a Maria "
Nunca compare o empregado demitido à outra pessoa como justificação. Os funcionários devem ser demitidos porque não cumprem as normas, metas ou expectativas de comportamento. Além do que, comparar desempenho entre funcionários dá margem para que uma decisão objetiva se torne uma escolha por "afinidade".
5 - "Ok, vamos falar sobre isso. Aqui está o motivo ..."
A maioria dos funcionários recebe uma notícia de demissão de maneira calma e surpresa. Outros preferem discutir e a sua missão é não permitir que um bate-boca aconteça e piore ainda mais a situação da pessoa. Deixe claro que nada do que a pessoa disser irá mudar a decisão e lembre-se que usar outros argumentos quase sempre faz o funcionário se sentir ainda pior.
A maneira mais profissional de cumprir uma missão dessas é apresentar fatos. Não sinta necessidade de responder caso o funcionário queira desabafar. O mínimo que você pode fazer, nessa hora, é ouvi-o com respeito e atenção.
6. "Você tem sido um bom empregado, mas nós simplesmente temos que cortar pessoal"
Se é realmente isso o que está acontecendo, tudo bem em dizer. Mas se a companhia não está cortando pessoas e a afirmação é apenas uma maneira de você se esconder atrás de uma desculpa fajuta. Dizer isso apenas ilude e desvaloriza o profissional e ainda abre margem para que ele ainda cogite processar a empresa pela falta de honestidade e compromisso para com ele. Não minta para proteger os sentimentos dos empregados, ou melhor, os seus interesses próprios. Seja sincero.
7. "Nós dois sabemos que você não está feliz aqui, então é melhor você deixar a empresa e ficar bem”
Não cabe a você julgar se o profissional ficará mais feliz dentro ou fora da empresa. Mesmo porque, se você já sabia que ele estava infeliz, deveria ter conversado antes da relação entre as partes culminar na demissão. Isso também pode ser interpretado de uma forma errado e até soar como se houvesse uma esperança da permanência dele no emprego, o que é mentira. Deixe-os a encontrar seus próprios vislumbres de possibilidade.
8. "Eu preciso levá-lo até a porta"
Pode parecer estranho, mas algumas empresas tem a política era de escoltar funcionários demitidos imediatamente para fora da companhia. Um funcionário demitido nada tem a ver com um bandido, pelo contrário, é alguém que foi de confiança da empresa até aquele momento. Tratá-lo com respeito é o mínimo que você pode fazer. Oriente para que ele recolha os pertences e o encontre novamente na sala ou na recepção, só não force essa situação.
9. "Nós decidimos deixar você ir"
A palavra "nós" é apropriada em quase todos os cenários. Mas não nesse. Assuma a responsabilidade, mesmo que você, de fato, também seja um empregado. Assuma a sua responsabilidade.
10. "Se eu puder fazer algo por você, é só me avisar"
Como o quê? Escrever uma carta de recomendação brilhante? Acionar seus contatos e indicá-lo como bom funcionário? Claro que, se você estiver demitindo bons funcionários por corte de despesas, seria realmente muito bom ajudá-los. Agora, se não for esse o caso, o melhor é dizer que você pode ajudar o demitido a entender os benefícios, valores de salário a entender e outros detalhes, caso ele tenha alguma dúvida – ou pelo menos poderá indicar quem pode ajudá-lo.
Nunca se ofereça para fazer coisas que você não pode. Você até poderá se sentir melhor por oferecer ajuda, mas o funcionário não vai se você realmente não puder ajudá-lo. O ideal é você se colocar no lugar da pessoa para não trocar os pés pelas mãos e tomar atitudes que façam bem a você e não a ele e demais pessoas de sua equipe.